quarta-feira, 31 de maio de 2017

CAPÍTULO 171

CENA 1: Guilherme, cada vez mais assustado e temendo ser agredido por Flavinho, se levanta.
-Eu... eu já tava de saída. - fala Guilherme.
-Calma, gente. Calma, Guilherme. Tá tudo bem... eu não vou morder, não vou atacar, não vou bater nem dar escândalo. Fica, Guilherme. Senta aí que eu só quero conversar. - fala Flavinho.
Érico começa a explicar a situação.
-Flavinho... eu vou dizer a verdade. Sabe aquele dia que a gente saiu junto? Pois é... quando você foi no banheiro, bem... a gente se beijou. Não foi ele que me beijou nem eu que beijei ele... nós dois sentimos atração... e tivemos essa vontade. Não aconteceu mais depois... eu juro. - explica Érico.
-É verdade o que ele disse, Flavinho. Foi um momento de fraqueza. - fala Guilherme.
-Gente, sinceramente... chega de tapar o sol com a peneira, né? A gente sabe como isso vai andar. A gente pode simplesmente pular a parte chata de chororô e partir logo pro que cada um quer de verdade. Tá na cara que ocês dois se amam e não perceberam isso a tempo. Quer dizer... o Guilherme que foi o lerdo dessa história. Mas, na boa? É assim que tem que ser. Vocês dois juntos. Desde o começo era pra ser isso. Eu fui só uma distração e sei disso. Não preciso de drama, nem de explicações. Eu vim aqui hoje com a ideia de passar um momento feliz com o Érico. Mas não precisa. Pode ser com vocês. Não nos termos que eu pensei. Tá na cara, vocês que precisam ficar juntos. Não sou eu que preciso enxergar isso por vocês, porque tenho certeza que esse sentimento que une ocês dois é tão forte que resistiria mesmo às mais duras imposições da vida. Só que eu não quero ser essa pedra no caminho de vocês. Não quero ser uma pedra no caminho de ninguém. E por isso que eu tou te libertando, Érico. Vai ser feliz com quem você ama. Guilherme... admite aí: ocê sempre amou o Érico. Não precisa ter medo. Não precisa esconder. Vocês precisam ficar juntos. Isso é amor, puro e simples. Não precisa de explicação. Não precisa de drama, eu não preciso sofrer por estar terminando com você, Érico. A gente sabia que isso ia acontecer cedo ou tarde. A vida às vezes nos dá chances únicas. Não acho legal desperdiçar essas chances. Não desperdicem a de vocês. Vocês podem, devem e merecem ser felizes juntos. Não percam essa oportunidade por nada nesse mundo. Foi bom eu ter vindo aqui sem avisar. Lá no fundo eu tava mesmo querendo encontar um jeito de te libertar, Érico. Fico até aliviado de saber que tou te libertando p'rocê voltar pro seu amor de verdade. Se joga! - fala Flavinho.
CORTA A CENA.

CENA 2: Na manhã seguinte, Cristina desabafa durante café da manhã com Vitório, que dormiu em sua casa.
-É, meu amigo... eu ainda não aceitei essa coisa toda que o Fábio fez.
-Tá difícil até pra mim, compreender as razões dele.
-Pois é, Vitório. Eu sei que ele tem razões pra estar ferido, mas nunca nessa vida eu pensei que ele ia se mandar pra longe, ainda mais pra Espanha...
-Não sei sinceramente o que posso te dizer em relação a isso.
-Vitório... não precisa me dizer nada. Você já tem feito bastante ao me ouvir.
-Não acho o suficiente. Sou seu amigo, antes de mais nada. Se pudesse, eu juro que arrancava essa dor daí de dentro.
-Eu agradeço de coração pela sua boa vontade... mas não tem como. Tudo isso que eu tou passando, de certa forma, é da minha própria responsabilidade.
-Acho meio complicado você se culpar por isso.
-Não tem essa de me culpar. Mas seria infantil da minha parte se eu fugisse do óbvio e não reconhecesse que tudo isso foi responsabilidade minha.
-Pensando por esse lado... faz sentido. Ainda mais que a gente tem essa mania de fugir das coisas.
-A famigerada falta de autocrítica sagitariana. A gente consegue ser bem insuportável. Tenho aprendido a não ser tão dona da verdade, mas é aprendizado diário, cê sabe...
-Pelo menos você conseguiu me resgatar daquela vibe horrível que eu andava...
-Melhor mudar de assunto, né? Senão eu nem consigo comer direito...
CORTA A CENA.

CENA 3: Horas depois, Giovanna vai até Hugo e Valéria, que almoçam juntos.
-Oi, gente. Atrapalho os dois? - pergunta Giovanna.
-De forma alguma, querida. Senta aqui com a gente que a gente tava mesmo planejando a viagem... - fala Valéria.
-Já decidiu se vai com a gente? - pergunta Hugo.
-Sim, gente. Eu pensei bastante e considerei que a melhor coisa que eu posso fazer pra espairecer é ir nessa viagem com vocês! - afirma Giovanna.
-Que coisa boa, Giovanna! Eu tava com receio que ocê acabasse não aceitando, mas tenho certeza que vai te fazer bem esses dias de descanso! - fala Valéria.
-Você vai ver como isso vai acabar sendo um complemento e tanto pro seu tratamento! - fala Hugo.
-Tomara que seja, viu gente? Sinto que não ando conseguindo relaxar ultimamente, apesar do tratamento estar indo maravilhosamente bem... - finaliza Giovanna.
CORTA A CENA.

CENA 4: Daniella e Patrícia retornam da viagem e organizam suas roupas e pertences em casa. Patrícia resolve questionar Daniella sobre Gustavo.
-E o Gustavo?
-O que tem ele, Pati?
-Vai fazer o que em relação a ele? Vai procurar ele ainda hoje?
-Não sei. Acho que não.
-Procura ele, boba... não acha pior se deixar ele ainda mais tempo em standby? Até parece que ocê não sabe que ele nunca teve muita paciência nessa vida...
-Bem, pensando por esse lado, melhor eu ir mesmo ver ele. Acho que vou sim.
-Quando?
-Hoje mesmo.
-Na clínica mesmo?
-Onde mais haveria de ser? Quero ver ele antes de anoitecer. Acho que ele pode ter um tempo pra matar as saudades de mim durante o expediente. Isto é: se ele tiver sentido saudades...
-Deve ter sentido, Dani. A insegura-mor aqui sou eu!
As duas riem. CORTA A CENA.

CENA 5: Valéria conta a Flavinho, por telefone, sobre decisão de Giovanna.
-A Giovanna aceitou mesmo viajar com a gente.
-Gente, isso é loucura. Puta que pariu, Valéria. Cadê a aquariana escaldada que ocê sempre foi?
-Viado, não exagera... ela tá mudada.
-Ai, pelo amor de Deus... não seja ingênua, miga...
-Quem é que te disse que eu tou sendo ingênua, Flavinho?
-Claro que tá! Não era de dar esse mole.
-Isso não é dar mole, Flavinho... e na verdade pra ser bem sincera foi ocê que endureceu demais.
-Eu? Nunca nessa vida!
-Conta outra, viado. Eu entendo suas razões, por ter perdido o Leo e depois a sua mãe, sem mal ter tido tempo de ver a coitada outra vez. Mas não faça dessas dores pretexto pra ser amargo.
-Para, não é nada disso!
-E é o que, então? Acorda enquanto há tempo. Senão ocê vai acabar que nem aquelas pessoas que acham bonito torcer contra as outras!
Flavinho fica abalado. CORTA A CENA.

CENA 6: Cristina recebe alegremente Daniella em sua sala.
-Seja bem vinda de volta, mana! Que saudade!
As duas se abraçam e Daniella percebe que Cristina está triste.
-Mana, tudo isso é saudade ou tem alguma coisa te deixando bem triste?
-Cê não tá sabendo?
-Do seu relacionamento com o Vitório? Eu vi você assumir até na rede social. Não quis dizer nada que cê sabe bem o que penso... a gente já falou sobre isso antes.
-Não, boba. Não é isso. É o Fábio.
-Não entendi.
-Ele foi embora. Se mandou pra Espanha.
-Sério, isso?
-Seríssimo, Dani. Eu nunca nessa vida pensei que ele fosse ser capaz de chegar a esse ponto.
-Mas se ele chegou, é porque ele tá sofrendo com tudo.
-Ah tá... como se eu não tivesse sofrido pelo machismo dele.
-Não disse isso. Mas acho que você tá exagerando pra caramba, mana.
-Logo você me dizendo isso?
-Sim, logo eu. Tem coisas que a gente precisa aprender a superar. A não ser que você não se importe em perder o cara que ama...
-Eu não sei o que fazer, mana...
-Sei disso. Espero que as coisas possam se resolver, ainda.

CENA 7: Guilherme procura Érico.
-Acho que a gente precisa conversar sobre aquela situação de ontem...
-Sim, Gui. O Flávio disse muitas verdades ali.
-Disse. Principalmente sobre o que eu mesmo demorei a perceber, Érico. É você que eu amo, é você que eu sempre amei. Desculpa se demorei tempo demais pra perceber isso. Queria ter percebido antes.
-Podia ser tarde demais, sabia disso?
-Sei sim. Mas não é... é?
-Não.
-Volta pra mim?
-Claro que eu volto. Eu sempre te amei, Guilherme.
-Eu nunca mais nessa vida quero sonhar em te perder.
-Não vai mais me perder. Basta dizer que me ama. Demonstrar esse amor... entender minhas necessidades emocionais.
-Hoje eu entendo. Eu tou pronto pro que você precisa. Eu sinto o mesmo, nunca duvide disso. Eu te amo, te amo, te amo!
Os dois se beijam e reatam namoro. CORTA A CENA.
CENA 8: Daniella conversa com Gustavo.
-Senti tanto sua falta, amor!
-Nem fala, Gustavo. Esse tempo que eu passei fora me deixou numa saudade doida, sabia?
-Fico feliz de saber disso. Tive medo que ocê tivesse esquecido de mim.
-Nem que eu quisesse, bobo. Você faz parte da minha vida e isso nem tem como mudar.
-Então o que nos impede?
-Nos impede do que, Gustavo?
-A gente podia se casar.
-Confesso que se isso fosse dito antes, eu até te xingaria, mas... eu não sei o que anda acontecendo.
-Segue seu coração, amor...
-Eu aceito. Eu posso até me arrepender disso depois. Mas eu quero sim me casar com você!
Gustavo se emociona e os dois se beijam. CORTA A CENA.

CENA 9: Ricardo assusta Giovanna quando ela volta para sua sala e o encontra ali.
-Credo! Tá querendo me matar do coração, Ricardo? Perdeu o caminho do seu lugar?
-Eu e você sabemos porque eu tou aqui.
-A minha bola de cristal infelizmente tá quebrada. Quer fazer favor de ir direto ao ponto?
-Eu vim te dar um recado.
-Então me economiza tempo e fala logo que tou cheia de coisa pra resolver ainda hoje.
-Se você fizer qualquer coisa contra a Valéria, contra o filho dela ou contra o Hugo, você tá perdida, viu?
-Que doideira é essa, Ricardo? Nunca que eu faria nada assim...
-Eu conheço todos os seus lados. E sabe de uma coisa?
-O que?
-Não acredito em você.
-Direito seu. Isso não diminui a transformação pela qual eu tenho passado.
-Você pode enganar a todos, mas não a mim.
-Sai da minha sala, Ricardo. Sinto seu rancor de longe. E cheira mal.
CORTA A CENA.

CENA 10: Daniella e Gustavo vão à sala de Cristina e aguardam pela chegada de Flavinho. Flavinho chega.
-Chamou, chefinha? Dani! Você voltou de viagem! Bem vinda de volta, querida! Senti saudade! - fala Flavinho, abraçando Daniella.
-Eles te chamaram aqui porque tem uma novidade pra contar pra gente. - fala Cristina.
-Isso mesmo. E como ocê é meu melhor amigo de toda a vida, óbvio que a gente tinha que te chamar. - fala Gustavo.
-Então, Flavinho... é que eu senti uma falta danada do Gustavo nesse tempo que estive pela Bahia. Foi então que a gente conversou bem a respeito e decidiu que chegou o momento da gente dar um passo mais adiante. A gente decidiu se casar... e o casamento vai ser mês que vem! - dispara Daniella.
Flavinho fica chocado. FIM DO CAPÍTULO 171.

terça-feira, 30 de maio de 2017

CAPÍTULO 170

CENA 1: Cristina se antecipa a qualquer reação de Fábio e começa a falar.
-Olha aqui, se cê tá pensando que existe a possibilidade da gente voltar com esse monte de coisa mal resolvida, pode tirar seu cavalinho da chuva, porque isso não vai acontecer!
-Você entendeu tudo errado, Cristina. Eu vim conversar com você pra te dizer que eu tou te libertando.
-Que?
-Isso mesmo que você acabou de ouvir. Eu tou libertando você. E de uma vez por todas!
-Isso é sério?
-Sim.
-Posso saber quais são os seus planos, agora que você resolveu desistir de mim?
-Vou viajar pra Espanha. Talvez fique por lá e fixe residência.
-Cê só pode estar de brincadeira.
-Não tou. Já comprei as passagens. Providenciei tudo pela internet.
-Fábio, isso é uma loucura! Não falo por mim, mas falo pela nossa filha! Pelo Maurício, inclusive.
-Maurício já é homem feito. Não precisa de mim.
-Mas a Arlete precisa. Ela e esse filho que ainda vai nascer.
-Ué, o que foi agora? Não é o excelentíssimo Vitório que, mesmo depois de te sequestrar e te levar pra outro país, ainda vai assumir essa criança? Então deixa ele assumir, não era o que você queria?
-Não era. Você que me deixou sem opção.
-Você ficou sem opção porque quis.
-Só que você não pode abandonar a Arlete! Diante da lei você é pai dela! Tem deveres que devem ser cumpridos.
-Fique tranquila em relação a isso, porque eu não vou deixar faltar nada aos nossos filhos. Quer dizer, à Arlete.
-Não faz sentido você viajar assim.
-Por que não?
-Parece que você tá fugindo.
-Eu não tenho bons motivos pra ficar.
-Você que sabe. Só não vai se arrepender depois nem colocar a culpa em mim.
-Eu vou indo... era só isso mesmo que eu tinha a te dizer.
-Vá com Deus.
Fábio parte e Cristina fica abalada. CORTA A CENA.

CENA 2: Na manhã seguinte, Elisabete e Maurício se despedem de Fábio e veem seu voo partir. Elisabete conversa com o filho logo depois.
-Seu pai parecia apressado...
-Só parecia? Mãe... até ontem eu nem sabia de nada. Ele pensou e arranjou tudo isso de última hora...
-Isso significa que ele tá fugindo...
-E você só percebeu isso agora, mãe?
-Filho, eu nem sempre tou prestando atenção no seu pai porque tenho a minha vida pra tocar...
-Justo...
-Mas agora, sabendo que ele tá indo quase fugido... confirma o meu temor.
-Até imagino o que você teme, mãe...
-Pois é, Maurício... seu pai tá fazendo isso de cabeça quente. Não sabe nem nunca soube lidar com rejeição.
-Tem razão, mãe...
-Ele vai se arrepender de ter fugido, quando cair em si.
-Daí já pode ser tarde, mãe... o mundo não vai parar pra ele catar os próprios cacos.
-É esse o meu medo, filho. A Cris não vai esperar por ele.
-Nem deve. Ninguém deve...
CORTA A CENA.

CENA 3: Giovanna se inquieta ao lembrar de proposta de Hugo e Valéria e pensa alto consigo mesma, em sua sala.
-Ai... eles parecem tão sinceros... tão dispostos a me acolher, apesar de tudo o que eu já fui capaz de aprontar... será que eles são tão bondosos e magnânimos desse jeito que tentam ser? A Valéria é tão gente boa... apesar de tudo o que eu já aprontei, ela ainda consegue ser uma pessoa que passa por cima de tudo isso e me enxerga com uma generosidade da qual nem eu mesma sou capaz de ter comigo... ou será que de repente ela não é nada disso? Não, Giovanna... volta a si! Se bem que... no começo de tudo eu não fui com a cara dessa mineirinha... sempre achei que ela era safada. Bem, mas eu achava ela safada porque a safada era eu, quem se escondia era eu. E eu ainda fazia o Hugo de objeto. Óbvio que ia me sentir ameaçada por qualquer coisa... ou será que não? Será que era intuição? Será que essa mineirinha tá preparando um bote tão certeiro que eu jamais desconfiaria? Ai, gente... o que eu faço? Eu fico confusa. Um lado meu gosta dela. O outro não gosta... como é que eu vou lidar com isso? Pior: como é que eu vou explicar um negócio desses sem assustar a garota?
Giovanna segue aflita. CORTA A CENA.

CENA 4: Gustavo procura Flavinho.
-Flavinho, preciso falar com você.
-Tou ocupado.
-Eita... eu sei, viu? É que eu preciso esclarecer uma dúvida.
-De trabalho?
-Sim, por que?
-Nada. Fala de uma vez.
-Nossa, precisa ser seco comigo desse jeito?
-Seja breve, Gustavo.
-Ocê sabe se tem soro no depósito?
-Essa pergunta é a sério?
-Uai, e por que não haveria de ser?
-Ocê tá careca de saber que eu mesmo organizo tudo.
-Sim, mas a gente mal anda se falando, pensei que sei lá...
-Pensou errado. Como profissional é meu dever comunicar da falta.
-Tudo bem.
-É soro que você quer? Tem. Vai lá buscar. Ou quer que eu te leve pela mãozinha?
-Nossa, já fui!
Flavinho sofre por se manter seco, quando Gustavo vira as costas. CORTA A CENA.

CENA 5: José comenta surpreso com Idina sobre o impacto imediato de sua candidatura nas redes sociais.
-Amor, eu ainda tou perplexo!
-Por que?
-As pessoas não param de comentar, de curtir a página, de dizer que estão comigo e apoiando a causa... gente, isso é surreal! Em menos de vinte e quatro horas tem mais de quinze mil pessoas ali!
-Eu sabia que isso aconteceria, amor...
-Como assim, Idina?
-A Larissa não ia convencer todo o pessoal do partido a toa. Ela apostou em você porque viu seu potencial e principalmente seu carisma.
-Carisma? Mas eu sou tímido pra caramba...
-Tímido, porém carismático. Claro que não é só por isso, mas esse é um dos fatores pra essa aceitação tão rápida...
-Isso me deixa aliviado e ao mesmo tempo tenso.
-Quem pergunta como assim agora sou eu. Não entendi...
-Vai que isso atiça a ira daquele pessoal de direita?
-Não se vive sem riscos. Mas você é de paz. Confie nisso...
CORTA A CENA.

CENA 6: Glória tenta abrir os olhos de Valéria.
-Valéria, tá muito ocupada aí?
-Não, querida. Pode falar...
-Menina, cê tá sendo muito ingênua. A Giovanna não é o tipo de pessoa que vá mudar. Sabe porquê?
-Por que?
-Porque a essência dela é corrompida. Isso daí não muda, não. Ela tá é enganando todo mundo. Conheço bem o tipinho dela.
-Caramba, Glória... eu sempre te achei alto astral... agora ocê vem com esse papo todo pessimista...
-Querida, não é pessimismo, é ter noção da realidade das coisas. Achei que você fosse mais espera, toda aquariana que é...
-Uai, mas quem disse que eu não sou esperta?
-Não é o que parece.
-Glória, o Hugo viu de perto o tratamento dela. Eu acompanhei mais ou menos a evolução dela. As pessoas sempre podem mudar. E mudam... algumas pra melhor, outras pra pior. Todo mundo merece uma segunda chance nessa vida.
-Okay, você venceu. Mas tome cuidado, viu?
-Pode deixar que eu sei me cuidar bem...
CORTA A CENA.

CENA 7: Flavinho relembra, em momento de distração, os momentos que viveu ao lado de Leonardo. Sua memória se vê transportada ao momento que ele conheceu Leonardo. Flashback:
-Posso saber quem é esse sujeito malvado que tá roubando os risos de mim?
(...)
-Relaxa, moço... vem participar com a gente! Não é um encanto ver essas crianças tão felizes? - fala o rapaz.
-Desculpa se eu atrapalhei...
-Aqui ninguém atrapalha, só ajuda. Prazer, me chamo Leonardo. E você?
-Meu nome é Flávio. Mas pode me chamar de Flavinho, é como todo mundo me conhece.
-Vem cá, Flavinho... veste esse casaco colorido aqui e vem participar com a gente!
Flavinho volta da lembrança sorrindo e, respirando fundo, percebe estar aliviado.
-Gente... é a primeira vez nesse tempo todo que eu consigo lembrar de tudo sem sentir dor... só uma saudade... acho que eu acabei de perceber que superei totalmente o luto... que loucura, gente... acho que esse trem de que luto dura dois anos deve ser tipo um padrão médio, mas não regra. Que coisa... e eu achando naqueles dias horríveis que nunca mais ia conseguir viver... agora tou aqui... mais duro, talvez. Mas vivo... - fala Flavinho consigo mesmo, perplexo.
CORTA A CENA.

CENA 8: Nicole visita Cristina na clínica a pedido dela.
-Que bom que cê veio, mãe...
-Já sei que bem bomba. Quando você me chama assim, é que precisa falar coisa séria...
-Não, mãe... dessa vez é só pra desabafar. O Fábio me deixou um vazio aqui dentro...
-Ah, Cristina... eu avisei tanto, minha filha! Mas você preferiu voltar pro Vitório e deixar o Fábio querer ir pra outro país. Agora aguenta...
-Aguentar como? Isso dói aqui dentro. É uma dor muda. Sem vazão. Perdida dentro do próprio vazio.
-Não entendo sua dor. Você tá tendo exatamente o que pediu. Escolheu deixar o Fábio. Escolheu também aceitar o Vitório de volta. Lide com as consequências, minha filha. Você já vai fazer trinta anos!
CORTA A CENA.

CENA 9: Horas depois, Flavinho conversa com Cristina, que o percebe empolgado.
-Que bom te ver animado assim, Flavinho!
-Então... sabe o que é? Eu tenho planos pra hoje.
-Pela sua cara, tem a ver com seu namorado, acertei?
-Sim. Queria saber se ocê me libera mais cedo.
-Era só isso? Ah, tranquilo, meu querido! Hoje o dia foi realmente tranquilo por aqui. Vai com tudo! Tá preparando uma surpresa pra ele?
-Não, Cris... nada demais.
-Sei. Quando cê faz essa cara de taurino que não quer nada, já sei que vem coisa aí...
-Ih, tá se achando a conhecedora, hein?
-Olha que eu ainda sou sua chefe, seu insubordinado!
Os dois riem.
-Obrigado, Cris... te devo mais essa!
CORTA A CENA.

CENA 10: Guilherme conversa com Érico na casa dele.
-Não sabia que cê vinha...
-Deu vontade de conversar, Érico.
-Sobre o que, exatamente?
-Sobre aquela noite. Sobre o que aconteceu nela. Vai dizer que o nosso beijo não significou nada pra você?
Nesse momento, Flavinho chega, se espanta, mas fica curioso e interrompe a conversa.
-Beijo? Vocês se beijaram quando? Contaí, gente! - fala Flavinho, surpreendendo Érico, que fica apreensivo. Guilherme fica assustado quando percebe que se trata de Flavinho. FIM DO CAPÍTULO 170.

segunda-feira, 29 de maio de 2017

CAPÍTULO 169

CENA 1: Érico se desespera com atitude de Flavinho e tenta contornar a situação.
-Por favor, Flavinho... não termina comigo. Eu sei que eu preciso melhorar um pouco.
-Um pouco? Ocê precisa melhorar muito, demais! Porque eu não tenho paciência pra esses seus dramas.
-Drama? Tudo o que vem de mim, tudo o que me dói, todo o meu sofrimento e as minhas inseguranças... tudo isso sempre é drama pra você! Você nunca se coloca no meu lugar!
-E por acaso ocê se colocou no meu? Olha bem na minha cara, Érico... e me diz se ocê tem alguma vaga noção do que é passar por tudo o que eu passei na vida! Expulso de casa assim que completei dezoito anos, enviuvei daquele que até então tinha sido o grande amor da minha vida, quando reencontrei minha mãe nove anos depois foi pra dar adeus porque ela tava morrendo, isso sem falar que quando eu fiquei sem a porra de um teto pra morar, quem me abrigou foi o Gustavo, de quem ocê morre de ciúme. Eu não tiro as suas razões, mas exijo em primeiro lugar empatia por tudo o que eu passei e em segundo lugar eu quero deixar claro que eu não quero nunca mais que ocê fale mal do Gustavo ou dê ataquezinho por causa dele. Nem que ocê queira, vai conseguir apagar o que a gente significa um pro outro, tá me ouvindo?
-Tou ouvindo... e entendendo onde eu ando errando. Eu prometo que vou fazer o que estiver ao meu alcance pra mudar.
-Meio tarde demais pra prometer isso, não?
-Não precisa ser tarde. Basta que você desista de terminar comigo. Por favor, Flavinho! Eu te amo!
-É a primeira vez que ocê me diz isso... não espere que eu diga o mesmo de volta.
-Basta que me dê mais uma chance.
-Por que eu deveria te dar uma chance? Érico, eu te adoro, ocê é uma pessoa maravilhosa, mas eu não sei se como meu namorado funcionaria. Por mais sentimental que eu seja, não tenho paciência pra esses seus dramas... e sim, são dramas. Porque ocê pede que eu seja empático, mas dificilmente o é comigo.
-Eu reconheço isso. Me dá uma chance. Uma única chance.
-Tá certo. Mas quero deixar claro que essa, Érico, é a sua última chance. Não vou dar refresco!
CORTA A CENA.

CENA 2: No dia seguinte, durante café da manhã, Bernadete critica duramente a postura de Érico para Flavinho.
-Meu querido, eu sei que cê tá empolgado com esse namoro, mas o comportamento do Érico ontem à noite foi a coisa mais absurda que eu vi. Agiu como uma criança mimada, sem a mínima noção de respeito por você ou pela nossa casa...
-Eu sei disso. Quis terminar com ele.
-Mas não terminou.
-Ah, Bernadete... eu entendo ele. Ele é meio imaturo, apesar de ter sido criado sem um pai... não sabe o que é dor de verdade nessa vida. Por isso cria esses dramas.
-Será mesmo? Filho, já parou pra pensar que cê pode estar dentro de uma relação abusiva? Eu ando lendo muito a respeito desse assunto na internet, sabe? E a manipulação é uma das características.
-Mas ele não tá me manipulando. No máximo, pensa que tá. Mas não me deixaria manipular.
-Será?
-Certeza.
-Fico com a nítida impressão que você tá com o Érico só pra fugir de algo maior que isso... mais precisamente: pra fugir do Gustavo.
-Melhor parar com esse assunto, né?
-Tudo bem... mas pensa nisso.
CORTA A CENA.

CENA 3: José confirma a Idina que sua candidatura foi oficializada e teme não saber como lidar com tudo.
-Pois é, amor... agora que eu sou oficialmente candidato, eu não tenho mais pra onde correr. E tou apavorado! Não sei se consigo lidar com isso.
-Querido... ainda tem tempo de se preparar. A pressa é inimiga da perfeição. Escute com muita atenção ao que a Larissa e o pessoal do partido te disser.
-E se eu fracassar?
-Fracassar em que sentido, Zé?
-No sentido de não conseguir dar conta.
-Vai dar conta sim, amor... você vai ver como vai conseguir.
-Queria ter essa certeza.
-Não é preciso ter certeza. É sempre bom manter uma desconfiança, um pé atrás. Cautela nunca é demais. Mas não permita que seus medos te engulam...
-Meu maior medo é a oposição de direita...
-Compreensível. Eita gente pra nunca saber perder, viu? Já basta o golpe que eles aplicaram na presidência...
-É justamente isso que eu temo.
-Tem que encarar de frente, amor... senão, a esquerda desse país morre.
CORTA A CENA.

CENA 4: A psicóloga estimula Elisabete a falar mais sobre seus sentimentos.
-É notável que você tem feito progressos, Elisabete. Te noto mais tranquila, mas quero ouvir de você como você anda se sentindo...
-Sabe, eu acho que nunca na vida antes de eu ficar com a Susi eu fui realmente estimulada a ter amor próprio...
-Fala mais sobre isso...
-Então, Rosângela... acabou que durante mais de quarenta anos da minha vida, eu me guiei pelo que acreditei que fosse real. Que ao amor era algo completamente desprovido de qualquer sentido de vaidade. Só que eu compreendi isso de uma forma errada e esqueci de mim. Esqueci de olhar pra mim mesma com generosidade e gostar de quem eu via diante do espelho, acolher a pessoa que eu sou e gostar disso tudo... acabei associando amor a total desapego de mim mesma... e acreditei que amores verdadeiros eram assim, onde eu tinha a obrigação de me colocar sempre em segundo plano e colocar em primeiro lugar as necessidades de quem eu amo. Só que isso alimentou meus medos, inseguranças... eu deixei de me conhecer, de saber quem eu sou. A Susi me trouxe esse sentido de volta, mas com isso veio todo o ciúme...
Elisabete segue falando. CORTA A CENA.

CENA 5: Nicole conversa com Bernadete e Bernadete lhe dá uma ideia.
-Amiga... eu tava pensando numa coisa.
-Fala, Dete...
-A gente mora tudo na mesma casa, certo?
-Certo.
-Por que você não casa com o Leopoldo? Já que eu e o Sérgio andamos planejando justamente isso...
-É, mas lembra que o Leopoldo costuma ser de processos mais lentos...
-Será? Pelo que andei acompanhando dele ultimamente, acho que isso mudou.
-Acho que ele sente ainda uma ponta de culpa...
-Pelo que, Marilu?
-Sei lá... eu sinto ele travado.
-Vou chamar o Sérgio e pedir pra eles conversarem... isso se resolve em dois tempos, vai por mim!
CORTA A CENA.

CENA 6: Fábio teme estar atrapalhando Maurício.
-Filho... se eu estiver sendo inconveniente aqui no seu apê, só me avisa...
-Besteira, seu Fábio. Enquanto você estiver assim, precisando de companhia e de ombro amigo, fica aqui. Depois, eu sou filho ou o que? Esse apartamento foi seu e da mãe a vida inteira. Nunca vou me incomodar com a presença de vocês aqui...
-É que eu fico com medo de atrapalhar seus lances, Maurício.
-Relaxa. Não tem nenhuma garota que eu esteja ficando agora. Mas me fala de você, pai... tá se sentindo melhor?
-Sinceramente? Não. E nem acho que vá melhorar. Não espero mais por essa melhora...
-Nossa, nunca nessa vida te vi tão pessimista assim.
-É cansaço, filho. Cansaço misturado com alguma possível crise de meia idade, vai saber...
-Se eu fosse você, não desistia da Cristina.
-Pra que? Ela desistiu de mim. Desistiu de nós... e eu acho que eu vou ir pra Espanha.
-Que? Sério?
-Sim, filho... eu ando precisado de dar um tempo disso tudo aqui. Quem sabe até me mudar em definitivo...
-Pai... me escuta: fugir não vai resolver seus problemas. Depois, tem mais um irmãozinho meu ou irmãzinha vindo pra esse mundo. Tem certeza que quer perder de ver um filho nascer?
-E me manter perto vai adiantar? Ela não quer. Ela disse até que não quer que eu assuma esse filho...
-Te falta assertividade, pai. Francamente! Não é fugindo que as coisas vão mudar ou melhorar...
CORTA A CENA.

CENA 7: Maria Susana faz proposta a Elisabete.
-Amor... cê tá pra quase se dar alta do tratamento com a psicóloga, não?
-Sim, Susi. Me sinto ótima. Por que?
-Porque eu ando com uma saudade danada da minha terra...
-Tá com vontade de visitar Curitiba?
-Bem, amor... visitar não é bem a palavra. Eu sinto vontade de voltar pra lá... mas não posso obviamente decidir isso sozinha. Então eu quero saber o que você acha da gente começar uma vida por lá...
-Sabe o que é? Eu tenho medo.
-Por que?
-Não sei se me adaptaria ao sul. Tenho medo de encontrar lá mais preconceito do que aqui.
-Amor, sabe Niterói?
-Sei. A maior concentração de imbecis racistas... e eu cresci lá.
-Não é muito diferente. Aliás, é diferente sim: as pessoas são meio coxinhas e idiotas? São. Mas não costumam dar escândalo.
-Se você me diz...
-De qualquer maneira a gente não vai se você não quiser, viu?
-Tudo bem... a gente vai pensando nisso com mais calma...
CORTA A CENA.

CENA 8: Daniella desabafa com Patrícia.
-Amiga, tem um tempo pra me ouvir?
-Sempre, boba. Senão eu não tinha viajado com você, uai...
-É que ando com medo.
-Sei... alguma coisa me diz que esse medo tem nome, sobrenome, é mineiro e de escorpião...
-Acertou. Tento ficar numa boa, mas a verdade é que eu tenho medo de encontrar ele totalmente desligado de mim.
-É um risco que ocê assumiu...
-Sim... e eu sou a primeira a reconhecer isso. Mas tenho medo que na verdade ele nem me ame o suficiente pra ficar.
-Ele te ama.
-Mas pode não ser suficiente... e você sabe a razão.
CORTA A CENA.

CENA 9: Nicole pergunta a Leopoldo sobre conversa com Sérgio.
-Então, amor... como foi?
-Exatamente como você e a Bernadete disseram.
-Falei!
-Então eu acho que a gente tá pronto de vez pra dar esse passo. Quer casar comigo?
-Claro que quero, Leopoldo! É o que eu mais quero nessa vida! Esperei por esse momento por mais de trinta anos...
-A vida é doida, né?
-Nem fala. Tanta coisa passou e nós voltamos pro ponto de partida.
-É onde a gente devia estar desde o começo. Disso, eu não tenho a mínima dúvida.
-Nem eu. Já pensou numa data?
-Acho que a gente podia conversar com eles...
-Pra que?
-Acho que devemos isso a nós mesmos: casar no mesmo dia, na mesma cerimônia!
-Amei! Claro que a gente merece isso! Vai ser lindo!
CORTA A CENA.

CENA 10: Fábio procura Cristina na clínica e Cristina o recebe em sua sala.
-Pensei que você ia me mandar embora.
-Sua sorte é que tinha gente vendo.
-Não precisa me tratar assim...
-Fala logo o que você quer...
-Eu vim ter uma conversa definitiva com você. Resolver as questões pendentes de uma vez por todas.
Cristina se espanta. FIM DO CAPÍTULO 169.