CENA 1: Vitório entra em desespero e começa a disparar acusações contra a mãe.
-Mamma! A signora me traiu! Uma traição que nunca nessa vida um filho pensa que uma mãe possa ser capaz! Mas a signora foi! Sabe o que isso significa? Que eu tou sendo entregue pro predador. Pra ser comido vivo!
-Para com isso, Vitório! Olha pro que você se tornou, meu filho! Em que momento você deixou de ser aquele menino leve e otimista pra se tornar esse facínora extremista? Me recuso a crer que você se perdeu pra sempre. Saiba que eu tou fazendo tudo isso pra te proteger de você mesmo!
-Mamma... eu vou acabar preso. Se não for aqui, vai ser no Brasil.
-Não me culpe. A responsabilidade pelos seus atos é completamente sua. Aceite o que você fez. Assuma os crimes que cometeu. Eu sei que no fundo ainda existe mio bambino...
Vitório começa a chorar e Valentina o abraça.
-Eu fiz tudo errado, mamma...
-Nunca esqueça o quanto eu amo você. Nunca esqueça, meu filho amado, que tudo isso que tou fazendo é por amor. Pra te salvar.
-A signora vai precisar ir ao Brasil, não vai?
-Como você sabe, filho?
-Sozinha a Cristina não foi. O pai já sabe de tudo, não sabe?
-Sim. Ele está com a Cristina lá em São Paulo. Na nossa casa.
-Só tem um jeito de eu me redimir por tudo, mamma...
-Qual?
-Voltar ao Brasil com a senhora.
-Você tá certo disso? Porque vai ter que se entregar à polícia. Pode acabar preso...
-Eu sei disso. Mas agora caí na real de tudo o que fiz. Preciso pagar.
-Onde foi que eu ou o seu pai erramos, mio bambino?
-Vocês não erraram. Eu que sou um péssimo perdedor.
-Querido... as coisas podem sempre melhorar. É como diz aquela canção de um artista brasileiro: “não aprende a ganhar quem não sabe perder”. Eu vou sempre estar ao seu lado, filho. Mas sempre pelo lado certo.
Os dois se abraçam. CORTA A CENA.
CENA 2: No dia seguinte, Fábio abre as portas de seu apartamento para receber Cristina e Peppino. Sérgio, Nicole e Daniella aguardam na sala. Fábio abraça Cristina emocionado.
-Meu amor! Eu tive tanto medo de que a gente nunca mais fosse se ver! - fala Fábio.
Nicole, Daniella e Sérgio abraçam Cristina, ao mesmo tempo, emocionados. Cristina, após se emocionar, brinca com todos.
-Tá tudo muito meloso, parece até final de novela, mas cês querem me soltar que senão eu sufoco? - brinca Cristina.
Todos riem.
-Que maneira da gente te rever, meu velho amigo Pepe... - lamenta Sérgio.
-O importante é que, entre mortos e feridos, todos se salvaram... - contemporiza Nicole.
-Mas foi horrível, gente. Eu nunca nessa vida imaginei que o Vitório estivesse fora de si da maneira que estava, quanto mais que pudesse ser capaz de arquitetar meu sequestro... é um alívio muito grande poder estar de volta. - fala Cristina.
Todos seguem conversando. CORTA A CENA.
CENA 3: Idina chega acompanhada de José ao apartamento de Fábio e se dirige a Cristina.
-É bom saber que você conseguiu escapar dessa situação horrível. Mas agora, Cristina, não é exatamente o momento de descansar... - fala Idina.
-Sei bem disso. Você precisa falar comigo e eu presumo que seja melhor que essa nossa conversa seja a sós. Me acompanhe até meu quarto, por favor... - fala Cristina.
As duas chegam ao quarto de Cristina.
-E a sua filha?
-Está com a minha mãe no quarto dela. Enfim... eu queria dizer que já prestei depoimento lá em São Paulo. Fiz uma denúncia formal.
-Que tipo de denúncia, Cristina?
-Faz diferença?
-Claro que faz! Você falou que ele tem dupla nacionalidade?
-Não, não disse... por que?
-Querida, você perdeu a oportunidade de acionar a polícia internacional!
-Ah, não...
-Mas nem tudo está perdido. Como ele tem trânsito livre entre o Brasil e a Itália, talvez seja mais fácil dele ser pego...
CORTA A CENA.
CENA 4: Maria Susana repreende Elisabete e as duas discutem.
-Caramba, Bete! Será que não dá pra dar um tempo?
-Ah, lá vem você se fazendo de pobrezinha!
-Nunca disse que sou pobrezinha. Só que esse seu ciúme já tá completamente descabido! Ainda mais pela motivação!
-Não posso ficar insegura, não?
-Pode, tem todo o direito, meu amor. Só não tem o direito de jogar as suas inseguranças, que são responsabilidades suas, em cima de mim, como se fossem responsabilidades minhas. Pior ainda: transformando isso em culpa. Não percebe que é justamente isso que causa esse conflito?
-Você precisa entender que eu fui colocada em segundo plano por toda uma vida antes da gente casar...
-Certo. Mas me fala uma coisa: que culpa eu tenho nisso?
-Nenhuma.
-Chegamos onde eu queria. Percebe o quanto tudo isso é despropositado e irracional?
-Desculpa... eu sei que preciso dominar minhas inseguranças.
-Faça isso por você mesma, não por mim. Os resultados aparecem naturalmente.
CORTA A CENA.
CENA 5: Cristina conversa com Fábio.
-Amor... eu andei tendo umas orientações com a Idina.
-E o que ela disse?
-Que eu devo fazer uma nova denúncia.
-Aqui mesmo no Rio?
-Sim. Vitório tem dupla cidadania, lembra?
-Verdade. Você quer ele preso, mesmo?
-Como não haveria de querer, amor? Me surpreende você, Fábio, pensar que eu não iria querer esse maluco preso depois de tudo o que ele nos fez passar...
-É que isso pode aumentar a raiva dele contra você e nós...
-Problema é dele. Não é por causa da loucura dele que eu vou deixar de fazer justiça, pode escrever...
-Tenho medo...
-Pois depois desse sequestro eu perdi o medo, isso sim. Não tenho medo de maluco, não. Sei me defender. Fica tranquilo, amor... a gente tá andando pelo lado certo e justo das coisas...
CORTA A CENA.
CENA 6: Valentina tenta dissuadir Vitório de ir para o Brasil.
-Bambino, pensa duas vezes...
-Pensar o que? Não foi a signora que me abriu os olhos?
-Sim, é verdade, mas...
-Que que há, mamma? Vai dizer que se arrependeu agora?
-É que dá um aperto no peito saber que você vai acabar sendo preso quando chegar lá...
-É o preço que eu tenho a pagar, mamma... é justo.
-Poderia ter sido diferente, se você tivesse aprendido a perder.
-Mas ainda não aprendi, mãe. Preciso aprender. Se não for pelo amor, vai ter que ser pela dor.
-Ah, meu filho... por que você não teve toda essa percepção antes? Teria evitado tudo isso. Teria evitado essa vida criminosa...
-Eu sei. Mas também tou indo pro Brasil pra me proteger. A signora sabe disso.
-Nada disso teria sido necessário se você não tivesse se envolvido com esses mafiosos.
-Mas me envolvi. É tarde demais pra chorar sobre o leite derramado. Pelo menos no Brasil eu cumpro a pena em segurança.
-Espero que um dia você consiga voltar pra cá... pra sua casa, em segurança.
-Primeiro eu preciso olhar a Cristina nos olhos. Pedir perdão por tudo que eu fiz ela passar. E pagar pelos meus crimes. Não tenho medo.
-Vocês são feitos praticamente da mesma matéria. Uma pena que você tenha se distanciado tanto de si mesmo, meu filho...
-Me ajuda com a mala, mamma... não quero perder tempo.
CORTA A CENA.
CENA 7: Antes de deixar apartamento de Sérgio, Nicole lembra de lhe falar algo.
-Ah, já ia esquecendo, no meio dessa emoção toda da volta da nossa filha...
-Esquecendo do que, Nicole?
-Sabe a Dete?
-Sim.
-Tá mesmo separando do Leopoldo, dá pra acreditar?
-Caramba. Nunca pensei...
-Ela conversou comigo a respeito de tudo. Nessa correria toda eu acabei esquecendo de te contaer.
-É realmente impressionante...
-Não pra mim. Não sei qual o motivo da sua surpresa. Pra mim sempre foi claro que o casamento deles não seria pra toda vida, assim como o nosso também não foi, nem poderia ter sido.
-O que cê tá querendo insinuar com isso?
-Nada insinuado. Mas você sabe do que se trata, querido. Sua consciência é seu maior mestre. Agora eu preciso ir. A gente vai se falando conforme der.
Sérgio abraça Nicole, que vai embora. CORTA A CENA.
CENA 8: Ao anoitecer, Flavinho se encontra com Érico e os dois vão beber num bar. Érico se empolga falando sobre o dia.
-Sabe, Flavinho... hoje o dia foi maravilhoso, sabe?
-É mesmo? Que coisa boa...
-Foi. Ajudei minha mãe nas tarefas que ela tava com dificuldade por causa da tendinite e ainda encontrei uma amiga de infância quando fui no mercado...
-Poxa, que legal...
-Não é o máximo? Ela não sabia da minha homossexualidade. Tomou um susto quando falei que tou namorando com um cara e que na real ele é meu segundo namorado. Ah, ela disse que quer te conhecer, viu? Ela mora ali pela Barra da Tijuca...
-A gente pode ir lá...
-Ei, cê tá desanimado?
-Não, imagina...
-Tá distante, com o pensamento longe. Dá pra ver, dá pra sentir.
-Só tou com a cabeça cheia, nada além disso. Pare com essas cobranças veladas, Érico... por favor.
CORTA A CENA.
CENA 9: Daniella conta a Gustavo sobre seu alívio ao rever Cristina.
-Conta mais, Dani...
-Foi incrível. Acho que a maior emoção que já senti nessa vida, ver minha irmã ali, sã e salva.
-Que bom...
-Eu tive muito medo. Ela tinha ido pra outro país contra vontade, sequestrada.
-Um horror...
-Ei, impressão minha ou cê tá distante?
-Sei lá. Acho que tou com a cabeça cheia, só.
-Cheia de coisa ou cheia de alguém?
-Que ideia é essa?
-Sejamos honestos aqui, por favor.
-Mas eu sou honesto, amor.
-Não duvido disso. Mas você não consegue parar de pensar no Flavinho...
-Não é bem assim...
-É assim sim. Mas eu sabia disso. Preciso só aprender a conviver com tudo.
CORTA A CENA.
CENA 10: Bernadete se surpreende ao atender a porta e se deparar com Sérgio ali.
-Sérgio? Que surpresa... não esperava que você fosse vir aqui, ainda mais depois da volta da Cristina...
-É justamente por isso. A conta tá zerada.
-Como assim?
-Nicole me contou sobre a sua separação.
-Achei que você já soubesse...
-Não sabia, mas foi importante demais saber disso.
-Não tou entendendo...
-Mas vai entender. Vai entender a partir do momento que eu disser tudo o que ficou guardado aqui por tanto tempo. Nós precisamos ter uma conversa séria.
Bernadete se espanta. FIM DO CAPÍTULO 147.
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