CENA 1: Flavinho percebe que Gustavo realmente sente necessidade de esclarecer as coisas e resolve dar o braço a torcer.
-Tá certo. A gente conversa. Mas tem que ser rápido que em menos de cinco minutos o meu namorado chega aqui. E não vai gostar nadinha de ver ocê sentado aqui com essa cara de cão desesperado.
-Ocê enche a boca pra dizer que Érico é seu namorado, não é?
-É mentira, por acaso? Não é. Então vamos ao que interessa. Objetividade, por favor.
-Eu queria te pedir desculpas.
-Pelo que, cara? Não tem que pedir desculpas por nada.
-Sua boca diz isso, mas eu vejo no seu olhar que ocê tá chateado com alguma coisa que eu fiz. Eu não queria que ocê ficasse ferido desse jeito. Nem adianta me dizer que não, eu vejo isso nos seus olhos. Eu te conheço. Só quero deixar bem claro que nunca quis te ferir, eu juro.
-Sei disso. Mas não importa mais. O que está feito, está feito. Não cabe aqui falar sobre como eu reajo a tudo.
-Mas ocê pode se abrir comigo, se quiser.
-Seria inútil, agora. Fosse algum tempo atrás, quem sabe eu diria alguma coisa. Mas não agora. Tudo mudou. Nós mudamos. Só não tou certo de que essas mudanças tenham sido pra melhor...
-Você me desculpa?
-Sim. Mas isso realmente não devia importar.
-A mim importa. Acredite.
-Não devia. Nós dois estamos em outro momento. Eu com o Érico e você de volta com a Dani. Estão noivos, quem sabe acabem realmente se casando...
-Se isso serve de consolo, ela não pensa e se casar e fez questão de me deixar ciente disso.
-Bom pra ela, pra vocês, sei lá. Só que sinceramente ocê não precisa me justificar nada a respeito disso. Não mais. Eu te libertei. Só peço que me liberte também.
-Mas quem disse que eu não te libertei, Flavinho?
-Eu não me sinto libertado. Deixa pra lá... o Érico tá vindo e é melhor que ocê dê o fora daqui que eu não tou a fim de aturar chilique canceriano dele.
CORTA A CENA.
CENA 2: Mauro encara Valéria e Leopoldo com firmeza.
-Ocês acham mesmo que eu, Mauro de Souza Martínez, um dos homens mais poderosos desse paiseco de merda, vou negociar assim tão fácil com vocês? Amadores. Isso que ocês são. Não se trata só do dinheiro. Mesmo que ocês tenham uma fortuna pra me oferecer, eu já sou suficientemente rico até morrer e ainda deixo meu filho e meu neto numa situação muito da confortável. Se trata de poder, seus panacas. Poder vicia. Mais que sexo, mais que comida, mais que qualquer coisa. Eu não vou perder a oportunidade de mostrar que tenho poder. Não vai ser nada fácil resgatar essas ações. Mesmo porque a lei está ao meu lado. - fala Mauro.
-Em primeiro lugar, dinheiro não é problema. Com as economias da Valéria mais o dinheiro que minha namorada e meu amigo, ex marido dela, guardaram para emergências e se dispuseram a me doar, definitivamente dinheiro não vai ser problema. Dá e sobra. Inclusive pra eu contratar um bom advogado. - fala Leopoldo.
-Inclusive, seu Mauro, não sei se ocê lembra do detalhe que eu não sou leiga em direito. Li bastante a respeito. Não é fácil que qualquer advogado verifique falhas e erros crassos nessa transação, erros esses que, veja só, favorecem o senhor. Todos eles. Qualquer análise minusciosa feita por um profissional competente vai comprovar que essa transação ocorreu de forma indevida e alguns termos foram totalmente ignorados, o que denota evidente má-fé. Isso caindo na mão de um bom advogado, já era.
Mauro se impacienta e se irrita.
-Ocês não seriam capazes disso! - brada Mauro.
-Com mau caráter a gente precisa baixar o nível pra falar a mesma língua. Me aguarde! - finaliza Leopoldo.
CORTA A CENA.
CENA 3: Mauro ainda treme de raiva quando William o aborda.
-Isso é só o começo, pai.
-Que foi agora, fedelho? Resolveu tripudiar, foi?
-Não. Não preciso disso, felizmente não sou sua imagem e semelhança nessa vida, ficaria triste se assim eu fosse.
-Vai vendo. Ocê fala isso porque é frouxo.
-Não sou frouxo. Eu tento nessa vida amar do jeito certo. Mais que amar, é preciso saber amar. E eu sinceramente não sei se o senhor é capaz de qualquer uma dessas coisas. Ocê diz que faz as coisas por amor, mas que amor é esse que só pensa no próprio benefício, em tirar vantagem de tudo e todos o tempo todo? Até a Giovanna, sua amiguinha, pulou fora desse barco a tempo!
-A Giovanna é uma fraca. Resolveu acreditar que ser boazinha leva a algum lugar. Quando ocê envelhecer, vai me entender e me dar razão.
-Prefiro morrer antes disso. Eu nunca quero me tornar isso que ocê se tornou. Não vou me tornar um homem seco, desprovido de amor, empatia ou qualquer sentimento positivo em relação ao mundo, a vida e as pessoas.
CORTA A CENA.
CENA 4: Valéria volta à agência e Giovanna vai até ela.
-E aí... como foi lá? Hugo me contou sobre o que cês foram fazer. Dobraram o velho?
-Tá difícil, Giovanna. Bem difícil. Esse cara tem um coração de pedra. Só pensa em poder.
-Eu sei disso. Sou amiga dele. Pelo menos, era. Não sei mais se sou. Eu fazia coisas iguais e piores que as coisas que ele faz.
-Admiro sua sinceridade.
-Faz parte do processo, Valéria. Preciso reconhecer tudo de errado que fiz. Faz parte do meu crescimento, inclusive.
-Gosto de ver isso. Prova que ocê realmente anda disposta a não apenas se melhorar, mas a fazer mais.
-Queria mesmo é poder fazer mais por você e pelo Hugo. Falei isso pra ele, inclusive.
-Querida... muito ajuda quem não atrapalha. Não leve a mal isso... mas é que não há nada realmente que possa ser feito. Agradeço, ainda assim, pela sua boa vontade.
CORTA A CENA.
CENA 5: Ricardo vai atrás de Valéria quando ela vai à máquina de café da sala principal.
-Valéria... desculpa interromper seu cafézinho, mas precisamos falar sobre a Giovanna.
-Até sei o que ocê quer falar.
-Sabe?
-Sim. Quer me alertar sobre o caráter dela e tudo e tal...
-Exatamente. Se eu fosse você, não acreditava na mudança dela.
-Confesso que ando acreditando sim. Não totalmente, claro. Mas se o seu medo é que eu acabe abrindo demais da minha vida pra ela, fica tranquilo. Confio desconfiando, sou escaldada.
-Fico tranquilo de sabe disso, pelo menos.
-Relaxa, Ricardo. Posso ter menos de trinta anos, mas já vi de um tudo nessa vida, pode ter certeza disso.
-Toma cuidado. Ela é sorrateira e traiçoeira.
-Se preocupa com isso, não... eu tou sempre preparada pro pior.
-É que vi que ela quer te ajudar num troço aí...
-Fica tranquilo. Não há nada que ela realmente possa fazer pelo que ela se propôs a ajudar.
CORTA A CENA.
CENA 6: Mônica pede um minuto de atenção a todos da agência.
-Queridos! Desculpa interromper o trabalho de vocês, mas eu preciso de um minuto da atenção de vocês! - fala Mônica.
Todos se voltam para ela atentamente.
-Bem, gente, é o seguinte: eu vou precisar passar alguns meses fora. Fora do Brasil, no caso. Surgiu uma oportunidade de trabalho incrível para mim, uma oportunidade única para eu me aperfeiçoar. Eu ainda não posso entrar em maiores detalhes porque cês sabem como eu sou com minhas coisas, quanto menos expuser, mais elas dão certo. Bem, tudo isso é pra não apenas dizer que vou morrer saudade disso tudo aqui, como já tenho tomado minhas providências pra que não fique nenhum desfalque aqui, tanto na agência quanto na revista. Para isso, eu tou nomeando a Glória como editora-chefe interina, não apenas pra essa ocasião, mas pra qualquer outra ocasião na qual eu vir a necessidade de me ausentar, seja por motivos profissionais ou pessoais. - fala Mônica.
Glória fica surpresa e abraça Mônica.
-Muito obrigada pela confiança. - fala Glória.
-Você é e sempre foi digna da mais absoluta confiança. Vai fundo e arrasa, gata! Você pode!
CORTA A CENA.
CENA 7: Horas depois, Mônica chega ao apartamento e chama Raphaela para uma conversa a sós.
-Estranhei esse seu chamado. Parece que vai me dar notícia ruim...
-Não, Rapha... vou sim dar uma notícia, mas não é ruim, pode ficar tranquila. Eu vou precisar passar alguns meses no exterior.
-Eita. Quantos?
-Ainda não tenho certeza. Uns três, mais ou menos. Oportunidade única de aperfeiçoamento profissional que não posso perder. Mas o mais importante é que você é a minha escolhida.
-Escolhida pra que?
-Pra comandar essa república na minha ausência.
-Isso é sério?
-Sim. Sabe por que?
-Por que?
-Desde sempre você se mostrou responsável, uma boa conselheira, ajudou até mesmo o Bruno quando eu julgava ele um caso perdido...
-Nossa, acho que não é pra tanto, não sou tudo isso. Na verdade tenho até medo de não dar conta.
-Sei que vai. Pensei em chamar a Geórgia, mas ela anda focada demais em viver pro Bruno...
-Isso é bem verdade... bem, eu espero que consiga dar conta.
-Vai sim.
CORTA A CENA.
CENA 8: José e Idina visitam Maria Susana e Elisabete. Idina vai brincar com Miguel e José decide contar a novidade.
-Bem, queridas... eu queria esperar a Idina voltar aqui, mas sei que ela perde horas ali com o Miguel quando começam as brincadeiras... - fala José.
-Isso é bem verdade, Zé... melhor madrasta não podia existir. Miguel ama a Idina e a recíproca é claramente verdadeira. - fala Maria Susana.
-O que eu queria contar a vocês é que eu vou sair candidato nas próximas eleições. Já é garantido. - afirma José.
-Gente... nunca pensei. - fala Elisabete.
-Já eu imaginei que esse seria o rumo. E graças à Idina, claro. Fico feliz por esse passo, porém receosa de que isso represente exposição demais, principalmente ao nosso filho... - teme Maria Susana.
-Quando eu me candidatar pra valer, eu espero que todos nós estejamos mais confiantes... - fala José.
CORTA A CENA.
CENA 9: Ao chegar em casa, Gustavo ouve uma mensagem de áudio de Daniella no celular.
“Amor, eu tou mandando esse áudio pra ver se você me liga assim que ouvir. Tou precisando falar com você antes de dormir porque preciso te falar sobre uma decisão que eu tomei com a Patrícia: a gente vai passar duas semanas viajando. Beijo!”
Gustavo se indigna e liga imediatamente para Daniella.
-Que história é essa de viajar sem mim?
-Oi pra você também, amor...
-Explica isso.
-Eu acho que já tinha sido suficientemente clara sobre eu ser uma pessoa que não se prende, né?
-Sim, mas desse jeito?
-Você não viu nada ainda, amor... acho que essas duas semanas podem servir pra gente ter certeza do que sente um pelo outro.
Gustavo fica pensativo. CORTA A CENA.
CENA 10: Flavinho janta com Érico na casa do namorado.
-Ah, Érico... cê vai no jantar?
-Que jantar?
-O de comemoração do noivado do Gustavo com a Daniella...
-Sério isso? Quando vai ser?
-Não sei ainda. Não confirmaram nada, mas você vai.
-Sinceramente? Não vou coisíssima nenhuma! Para de querer incluir o Gustavo nas nossas vidas, na minha vida principalmente, porque isso não vai acontecer, tá me entendendo?
Flavinho se espanta. FIM DO CAPÍTULO 161.
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