terça-feira, 20 de junho de 2017

CAPÍTULO 188 - ÚLTIMA SEMANA

CENA 1: Valéria procura pela chave do carro de Giovanna.
-Onde é que essa maluca enfiou as chaves do carro dela? Eu preciso achar essa porcaria antes dessa infeliz acordar! - fala Valéria, consigo mesma.
Giovanna começa a se mexer e Valéria se apavora, mas consegue encontrar a chave.
-Achei! Essa desgraçada não vai mais me tocar, mas não vai mesmo!
Valéria sai correndo e pula a janela, chegando até o carro de Giovanna. Depois de se confundir com o molho de chaves, abre o carro e quando está colocando a chave na ignição, vê Giovanna entrando no lado do carona.
-Pensou que ia escapar, vadia?
-Merda. Eu devia ter trancado essas portas quando eu entrei no seu carro.
-Sua ladra. Roubou primeiro meu homem, meu filho e minha vida e agora quer roubar meu carro?
-Giovanna, me escuta, eu não roubei nada de ocê. Eu só quero escapar daqui. Se quiser eu nem te denuncio à polícia, porque sei que ocê tá passando por um momento difícil.
-Oh, pobrezinha! Coitadinha da mineirinha. Tão boazinha, tão generosinha! Devo agradecer por não me denunciar?
-Dispenso suas ironias. Eu te deixo na sua casa se ocê quiser.
-Não mesmo! Eu quero você morta antes.
-Giovanna, não viaja. Não tem como ocê me matar agora.
-É mesmo?
Giovanna gira a direção do carro. Valéria se apavora.
-Que isso?
-Eu posso ir junto, mas você também vai pro inferno!
Valéria perde o controle do carro, que acaba saindo da pista e capotando. Após a capotagem, Giovanna percebe que não teve ferimentos graves a não ser alguns cortes.
-Merda! Nem pra matar a mineirinha eu sirvo!
Giovanna percebe que Valéria está desacordada.
-Chega de número, Valéria. Não faz a bela adormecida que eu não tou vendo uma única marca de sangue nessa sua cara de pau.
Ao perceber que Valéria não acorda, Giovanna perde o controle e a sacode, gritando.
-Acorda, vadia! Para com essa palhaçada que a gente tem que dar o fora daqui!
Giovanna acredita que Valéria está morta e suas personalidades começam a variar. Giovanna entra em desespero.
-O que eu fiz, meu Deus? Eu matei a minha amiga! A única que me estendeu a mão! Eu sou um monstro! - fala Giovanna consigo mesma.
Giovanna sai completamente transtornada do carro após se desprender do cinto de segurança e desprender suas pernas e vaga sem rumo pela estrada, com suas personalidades brigando entre si.
-Ela mereceu! Aquela ladra de sonhos, de vida, de tudo! Não... ela não mereceu não! Era uma menina boa. Estendeu a mão pra mim quando ninguém mais estenderia além do Hugo. Ah, mas só estendeu porque queria laçar o macho dela, claro! Bondade é o caramba! Aquela ariranha ali nunca fez nada de graça, não! Mereceu esse fim sim! Se bem que... nem relógio trabalha de graça nessa vida. E ela foi minha amiga apesar de todas as coisas que eu aprontei pra cima dela. Eu matei uma mãe. Eu sou um monstro, eu mereço cadeira elétrica, meu Deus...
Giovanna chora, mas logo para de chorar.
-Para de lamúria. A merda já tá feita. Cê tem que pensar num jeito de escapar de ser pega, porque senão já era, Giovanna... é no mínimo cadeia pro seu lado. Pra não dizer coisa pior...
Giovanna segue vagando pela estrada. CORTA A CENA.

CENA 2: Instantes depois, ainda andando pela estrada, Giovanna acena desesperadamente para todos os veículos que passam na rodovia. Um caminhoneiro acaba parando para ela e ela vai até a porta do carona e a abre. O caminhoneiro se mostra disposto a ouvir Giovanna.
-Tá precisando de carona, moça?
-Sim. Eu preciso voltar pra cidade.
-Você parece assustada.
-Fui assaltada.
-Oh, não me diga! Esses machucados são disso?
Giovanna percebe que está ferida e usa isso a seu favor.
-Sim. Roubaram meu carro!
-Bateram em você?
-Sim. Tem espelho aí?
-Tem sim, pode se olhar.
Giovanna se olha no espelho.
-Pelo menos foram só uns cortes. Espero que não dê hematoma.
-Sobe aí.
-Cê me dá carona mesmo? Mas cê nem sabe quem sou...
-Você é uma pessoa que precisa de ajuda. Qual seu nome?
-Regina. - mente Giovanna.
-Sobe aí, Regina. Tou indo pro Rio de Janeiro, mesmo. É só me dizer onde eu devo te deixar.
-Obrigada. Qual seu nome?
-Pedro.
Giovanna sobe e o caminhão parte. CORTA A CENA.

CENA 3: Hugo chega em casa com Leonardo no colo e Bernadete vai diretamente a eles.
-Mãe! Que susto...
-Eu sei que a Giovanna sequestrou a Valéria.
-Poxa, eu pedi pros meninos não contarem nada!
-Eles não contaram, eu ouvi por acidente. A Giovanna tá muito fora de si?
-Tá, mãe. É isso que me assusta.
-Não seria o caso de acionar a polícia?
-Os meninos não querem.
-Mas Hugo, meu filho, é uma situação delicada! A mulher tá fora de si, ela não vai libertar a Valéria fácil!
-Ai, mãe... pior que você tem toda a razão...
-Chama a polícia, Hugo. É um risco que a gente precisa correr.
-Nem fala, mãe... esse dia parece que nunca mais acaba...
-Vai acabar. E eu espero que acabe bem.
-Não é o que a sua cara demonstra.
-Ah, filho, pelo amor de Deus! Com que cara cê espera que eu esteja diante de uma situação horrorosa dessas?
-Eu sei, mãe... mas tá sendo pior ainda pra mim...
Bernadete abraça Hugo e não conta a ele sobre mau pressentimento que acabou de ter. CORTA A CENA.

CENA 4: A polícia chega à cena do acidente e encontram Valéria desacordada dentro do carro capotado.
-Percival, chama uma ambulância já! - fala um dos policiais.
-Edmundo, eu vou chamar o Sandro que entende dessas coisas de examinar. - fala outro.
-Chama ele. Mas a gente precisa de médico pra socorrer a mulher! - insiste o policial.
O policial que entende de primeiros socorros chega.
-Sandro, verifica como tá essa menina...
O policial verifica.
-Tem pulsação. Mas parece estar inconsciente. Péssimo sinal. Não posso determinar, mas tudo indica que ela entrou em coma.
Instantes depois, a ambulância chega. Sandro informa aos médicos seu prognóstico.
-A moça está provavelmente em coma. Tenham cuidado na remoção dela do carro, porque ela pode ter fraturado alguma vértebra. - avisa o policial.
Os médicos a retiram do carro e a colocam na ambulância, deitada em uma maca. Um dos médicos a examina.
-Realmente. Ela está em coma. Não tem reflexos. - informa o médico.
Um dos policiais encontra no carro o celular de Valéria.
-Aqui, gente! O celular da moça. Tem um dos contatos que tá registrado como amor. Deve ser namorado ou namorada, esposa ou marido. Melhor ligar pra esse contato avisando do acidente. - fala o policial.
-Por favor, faça isso. Porque já vamos preparar a remoção dela pro hospital. - avisa o médico. CORTA A CENA.

CENA 5: Hugo recebe ligação de número desconhecido e se apavora.
-Não vai atender, filho? - questiona Bernadete.
-Número desconhecido. Tenho medo de ser coisa da Giovanna ou mesmo coisa pior.
-Fugir da verdade vai resolver alguma coisa, filho? Então eu acho melhor você atender isso daí logo.
Hugo atende o celular.
-Alô?
-Você é o companheiro de Valéria Varela de Andrade?
-Sou noivo dela. O que está acontecendo?
-Aqui quem fala é Márcio. Sou médico e estou levando a sua noiva na ambulância para pronto atendimento.
-Meu Deus! O que aconteceu? Em qual hospital?
-Ela sofreu um acidente de carro.
Hugo termina de ouvir ao médico, apavorado.
-Certo. Estamos indo para o hospital.
Hugo desliga e começa a chorar de preocupação. Bernadete teme pelo pior.
-Fala alguma coisa, filho!
-A Valéria se acidentou. Acho que tava tentando fugir da Giovanna.
-Meu Deus! E como ela tá?
-A gente vai saber quando for ao hospital.
-Como a gente vai avisar o irmão dela? E o Flavinho? Que situação, meu Deus! Queria que isso fosse um pesadelo.
-Nem fala, mãe...
CORTA A CENA.

CENA 6: Flavinho e Gustavo chegam à agência e Gustavo vai falar com Mônica.
-Mônica... vem cá comigo.
-Tá me assustando, rapaz. Você é o irmão da Valéria, não é?
-Sim. Ela foi sequestrada pela Giovanna e sofreu um acidente de carro gravíssimo. A gente tá indo no hospital agora e quer saber se vocês vão junto. - fala Gustavo.
Flavinho conversa com Glória e Ricardo.
-É isso, gente. A Giovanna enlouqueceu e no meio desse surto acabou sequestrando a Valéria. Ela tá acidentada e a gente passou aqui antes pra saber se vocês querem acompanhar a gente no hospital. - fala Flavinho.
Ricardo, Glória e Mônica abraçam Flavinho e Gustavo. Gustavo torna a falar.
-Gente. Eu vim aqui representando a Valéria. - fala Gustavo.
-Isso mesmo, gente. Se quiserem fechar a agência por hoje ou suspender por algumas horas, a gente tá liberando. Eu sei que ocês vão querer saber como tá a Valéria. - fala Flavinho.
-Sem a mínima dúvida. - fala Ricardo.
-A gente vai visitar a Valéria e torcer pra que aquela maluca da Giovanna apareça e seja presa. - fala Glória.
-Eu fecho as coisas aqui. A gente vai junto. - fala Mônica.
-Não precisam encerrar tudo se não quiserem. Até porque eu sei que é complicado fechar a agência pelo dia inteiro em pleno dia de semana. - fala Gustavo.
-Tá certo. - fala Glória.
-A gente tá indo agora pro hospital. Ocês vem com a gente? - pergunta Flavinho.
Todos acompanham Flavinho e Gustavo. CORTA A CENA.

CENA 7: Giovanna consegue chegar a seu apartamento, completamente exausta e desesperada por tudo o que fez. Em profunda crise de consciência, Giovanna começa a surtar e grita consigo mesma.
-Monstra! Covarde!
Giovanna começa a chorar e a andar pelo apartamento em busca de registros seus.
-Eu preciso acabar com tudo isso!
Giovanna pega um álbum de fotos sua e o rasga. Quebra os porta-retratos com suas fotos e rasga as fotos. Depois, vai em seu quarto e pega mais registros de sua imagem e os destrói. Vasculha sua bolsa em busca dos seus documentos.
-Cadê a minha identidade? Eu preciso sumir. Eu preciso deixar de existir. Giovanna não pode mais viver!
Giovanna encontra seus documentos e junta os documentos aos seus retratos rasgados, indo logo após à cozinha. Giovanna pega um grande recipiente metálico e o leva até o banheiro. Volta à cozinha à procura de álcool e o encontra, voltando ao banheiro com o álcool e uma caixa de fósforos na mão.
-É hora de deixar morrer. De me deixar morrer. Giovanna Salgado não pode mais existir nesse mundo. Não depois de todos os crimes que cometeu.
Giovanna ateia fogo aos seus documentos e registros. Ao observar tudo queimando, divaga consigo mesma.
-Pra onde eu vou eu só preciso de dinheiro. E dinheiro é uma coisa que nunca me faltou nessa vida, graças ao meu trabalho.
Giovanna pega todo o dinheiro que guarda e antes de deixar o apartamento, assiste seus documentos e fotos terminarem de queimar.
-Isso é só o começo do fim de Giovanna Salgado. - fala, enigmática. CORTA A CENA.

CENA 8: O médico conversa isoladamente com Hugo sobre o estado de saúde de Valéria.
-E então, doutor Otacílio... alguma notícia concreta sobre o estado da Valéria?
-Sim, Hugo. É por isso que te chamei para essa conversa a sós. Você é mesmo o companheiro dela, certo?
-Claro que sou. Fala logo como ela tá, doutor. Ela vai sair dessa?
-A boa notícia é que as chances dela sobreviver são grandes.
-Mas tem uma má notícia?
-Infelizmente sim. Ela entrou em coma profundo.
-Deus do céu! Isso significa o que? Que ela não vai acordar?
-Não sabemos dizer. Pode levar dias, semanas, meses ou anos.
-Ela pode ter sequelas?
-Não vou mentir. Quanto mais tempo ela ficar em coma, maiores são as chances dela apresentar sequelas, que podem variar desde a simples atrofia de músculos, um quadro facilmente reversível, até mesmo lesões cerebrais graves que possam prejudicar a cognição e até mesmo a comunicação.
-Vocês não tem como avaliar as lesões cerebrais ainda?
-Ainda não. É preciso esperar pelas primeiras vinte e quatro horas.
Hugo se apavora. CORTA A CENA.

CENA 9: Fora de si, Giovanna chega à Natural High e encontra a agência vazia.
-Não pode ser. Isso é melhor do que eu imaginei! - vibra Giovanna.
Giovanna vai primeiro à sua sala e destrói seu computador.
-Não é suficiente. O jeito é acabar com tudo isso aqui. Tudo nesse lugar tem registro da minha existência.
Giovanna joga álcool por todas as mesas e papeis, por toda a agência. Decidida, pega a caixa de fósforos, risca um fósforo e olha triunfante para tudo.
-A Giovanna acaba aqui. Mas essa agência maldita também!
Giovanna joga o fósforo sobre uma mesa.
-Ainda tá pouco. Preciso de mais fogo. Preciso ver isso tudo aqui sendo consumido pelas chamas.
Giovanna repete procedimento por todas as mesas, mas ainda teme que fogo não se espalhe, decidindo atear fogo nas cortinas.
-Pronto. Serviço completo. Au revoir, Natural High. Nos vemos no inferno!
Giovanna sai fugida da agência. CORTA A CENA.

CENA 10: Instantes depois, Hugo chega e encontra a agência em chamas. Mônica chora desconsolada. Ricardo e Glória, revoltados, apoiam Hugo, que começa a chorar em desespero.
-Como pode isso, gente? Minha vida desmoronar tanto em um só dia? - lamenta Hugo.
-As nossas vidas também... - lamenta Glória.
-Mas a Giovanna há de pagar muito caro por isso. Há de pagar! - afirma Ricardo.
Hugo se surpreende.
-A Giovanna? Como assim? - questiona Hugo.
-Foi ela. Hugo. Foi ela. - segue afirmando Ricardo.
FIM DO CAPÍTULO 188.

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