CENA 1: Cristina percebe que Fábio está surpreso e tenta explicar situação.
-Fábio... o que eu tenho a te dizer é coisa bem séria. Coisa que talvez faça com que você nunca mais queira me ver ou mesmo falar comigo nessa vida.
-Fala, Cristina. Eu posso parecer surpreso, mas tou preparado pra tudo. Mesmo.
-Eu nunca voltei pro Vitório. É tudo uma grande farsa que eu mesma fiz questão de inventar. Eu senti raiva de você pela sua atitude machista de ter desconfiado de mim. Eu quis te punir por isso.
-Eu já sabia disso.
-Que?
-Vitório me contou tudo. Confesso que cheguei a duvidar dele.
-Não acredito! Eu proibi ele de ir atrás de você para esclarecer toda a verdade sobre tudo...
-Mas ele fez. E quer saber de uma coisa? Ele agiu certo.
-Eu sei no fundo que ele fez a coisa certa. Mas você precisa entender que eu só fiz tudo o que eu fiz porque tava ferida.
-Você tava ferida porque escolheu remexer nessa ferida. Não me culpe por isso.
-Não te culpo mais, mas te culpei muito. Sei que você tem todas as razões do mundo pra nunca mais querer olhar na minha cara depois de saber de tudo isso. Eu fui uma imbecil, uma covarde, além de claramente infantil por ter feito você passar por tudo isso.
-A gente não nasce sabendo das coisas, Cristina. Não vê meu caso? Com quase cinquenta anos na cara, eu tive a capacidade de ser machista com você. Acho que talvez nós dois estejamos quites.
-Não, Fábio. De jeito nenhum que o que você fez se compara com o que eu fiz. Eu fui imatura, infantil, inconsequente. Joguei com os seus sentimentos achando que desse jeito eu tava me defendendo.
-De certa forma, estava.
-Mas não do jeito certo. Eu podia ter me defendido sem ter que te machucar. Não tinha o direito de bancar a sua juíza.
-Já é passado, de qualquer forma.
-Tá completamente preso ao meu presente. Ao seu e ao nosso presente. Eu errei de um jeito que não podia. Te perdoei e nem me dei conta disso.
-Me perdoou mesmo?
-Sim, mas de que me adianta te perdoar pelo seu machismo e agir da maneira que agi?
-Mais do que você possa imaginar.
-Não. Eu entendo que você sinta raiva. Eu menti.
-Eu compreendo. Continuo te amando.
-Isso é sério?
-Por que não haveria de ser? Eu fiz uma promessa lá atrás.
-Que promessa, Fábio? Desculpa, mas eu devo estar desmemoriada, porque não consigo lembrar.
-Mas eu não esqueci. Eu prometi que te esperaria.
-Fábio... não é justo com você, não depois de tudo o que te fiz passar por puro instinto infantil e inconsequente de vingança.
-Você me ama, Cristina?
-Claro que eu te amo.
-Então é o que nos basta. Eu também te amo.
-Ainda custo a acreditar que o Vitório teve a coragem de te contar tudo.
-Esquece isso, Cristina. Ele foi grande. Agiu de maneira nobre. Mas o que importa agora é nós dois.
-Como você pode ainda falar em nós dois?
-Porque a gente se ama. Volta pra mim, Cristina.
-Claro que eu volto. Fábio, eu nunca amei e nunca vou amar ninguém nessa vida do jeito que amo você. Me perdoa...
-Eu já te perdoei. Desde o começo.
Os dois se beijam, oficializando a reconciliação. Cristina recua e Fábio estranha.
-Tem uma coisa que eu preciso que você saiba, Fábio. Não é pra se assustar nem me tratar como moribunda...
-Como assim? Não me assusta...
-Essa gravidez é uma gravidez de risco. Minha pressão anda pregando peças. Talvez eu tenha de providenciar o parto do bebê antes do tempo. Isso é um risco pra mim e pra ele. Mas eu decidi lutar por esse filho.
-Eu vou estar ao seu lado, meu amor... não importa como for.
CORTA A CENA.
CENA 2: Na manhã seguinte, durante café da manhã, Daniella questiona Gustavo.
-Amor... me responde uma coisa?
-Claro, Dani... pode perguntar.
-Você ainda me acha atraente como me achava ano passado?
-Claro que sim. Que ideia...
-Não é o que parece, sinceramente.
-Por que isso?
-Porque mais uma vez a gente não transou. Tem mais de uma semana que a gente não transa.
-Mas isso não significa que eu não te ame.
-Eu sei disso, Gustavo. Só que amor e atração definitivamente não são a mesma coisa. E eu tenho minhas próprias necessidades.
-Desculpa, amor... não queria te decepcionar.
-Querido... deixa disso. Não me decepciona em nada. Eu só quero te entender. Saber se tem alguma coisa que eu possa fazer pra te ajudar.
-Eu ainda ando meio estressado, Dani. É só isso.
-Tem certeza que é só isso? Gustavo, pode confiar em mim pra me dizer qualquer coisa. Mesmo.
-Eu confio em você. Não tem nada além disso, mesmo.
-Acredito em você. Só quero te ver bem.
Gustavo segue comendo e Daniella tenta se convencer que Gustavo não lhe esconde nada. CORTA A CENA.
CENA 3: Maurício se acorda na casa de Carla e vai tomar café da manhã na companhia de Margarida e Carla. Margarida lhe faz perguntas.
-Quer café preto, querido? - pergunta Margarida.
-Com leite, se não for incomodar. - responde Maurício.
-Deixa que eu pego pra ele, mãe... - fala Carla.
Assim que Carla se afasta para pegar o café, Margarida se volta para Maurício.
-Querido... não vai levar a mal o que eu vou dizer, mas é que... bem, eu acho que cê tá bem ciente de como a Carla funciona, né?
-Como assim, dona Margarida?
-Que ela só entra em relacionamento quando já formou toda a ideia na cabeça dela.
-Ela me falou disso por cima.
-Ela leva tudo isso a sério, Maurício. Pra ela ter te trazido aqui em casa, ela já pensou em casamento, filhos, no pacote completo!
-Eu sei disso.
-Mesmo assim achou tranquilo?
-Sim, porque eu pretendo casar com ela. Nunca amei ninguém nessa vida como eu amo a sua filha, dona Margarida. Vocês já fazem parte da minha vida.
Marigarida se surpreende. CORTA A CENA.
CENA 4: No dia seguinte, Sérgio e Leopoldo conversam e falam sobre ansiedade para a cerimônia.
-Nem parece que é hoje, cara... a gente vai desfazer de vez os enganos. - fala Sérgio.
-Nem fala, meu amigo. Casar com a Nicole é tudo o que eu sempre quis desde garoto. - fala Leopoldo.
Nesse momento, Nicole chega e vê os dois conversando.
-Acho mesmo bom, viu Leopoldo? Porque o Sérgio é testemunha do quanto eu sou exigente com certas coisas! - brinca Nicole.
-E isso é mesmo verdade, viu? Quando ela enfia na cabeça que é hora de coisinha, sai da frente! - fala Sérgio.
-Nossa, desse jeito talvez eu tenha até que recorrer às pílulas azuis! - brinca Leopoldo.
-Bobos. Do jeito que vocês falam, parece que eu sou uma fornalha gigante de tanto fogo. - segue Nicole na brincadeira.
-Mais boba que você? Impossível. A dona das piadas sempre foi você! - fala Sérgio.
-O papo tá maravilhoso, mas acho bom vocês irem começando a organizar tudo porque já tá confirmado o horário que o juiz vem aqui em casa pra fazer os trâmites do casamento, então bora mexer esses traseiros aí! - finaliza Nicole.
CORTA A CENA.
CENA 5: William faz chamada de vídeo para Valéria, que lhe atende do computador da agência.
-William! Não esperava pela sua chamada agora!
-Atrapalho o seu trabalho?
-Nada, bobo! Hoje eu tou com uma boa frente de coisas já feitas. Pode falar.
-Ando com uma saudade imensa de tudo.
-Por que não vem ao Brasil, bobo?
-Ainda não. Tenho coisas a resolver por aqui.
-Bem, ocê que sabe. Mas menino, seria até bom vir aqui, sabia? Porque tenho cada coisa pra te contar que ocê nem ia acreditar!
-Coisas sobre o Leo?
-Também, mas muito mais babados fortíssimos!
-Os babados podem esperar. Quero saber do nosso filho... como está?
-Cada vez mais esperto. Dá gosto de ver.
-Tem foto recente dele?
-Claro que tenho. Tiro foto dele todo dia.
-Estão no seu celular?
-Sim. Pera só um pouquinho que eu já coloco p'rocê ver. Mas me fala antes d'ocê... como é que estão as coisas aí na Inglaterra?
-Indo.
-Nossa... só indo? Achei que ocê gostasse daí.
-Gosto, mas ainda tou naquele período de encontrar novo significado nas coisas.
-Ah, meu amigo... tenho certeza que logo ocê vai encontrar alguém.
-Quem te disse que quero alguém, sabichona?
-Precisa mesmo dizer? William... ocê não nasceu pra ficar sozinho, sei que logo vai encontrar uma mulher boa pro seu coração.
-Que os deuses passem por aqui e digam amém.
-Já disseram, bobo. Já disseram.
CORTA A CENA.
CENA 6: Hugo e Valéria vão até a sala de Giovanna na agência. Giovanna se surpreende ao ver Hugo.
-Voltou a trabalhar aqui, Hugo? - questiona Giovanna.
-Não, querida. Vim aqui a pedido da Valéria. - fala Hugo.
-Já explico, Giovanna: é que os pais dele vão se casar hoje, lembra? A Bernadete com o Sérgio e o Leopoldo com a Nicole. - fala Valéria.
-Entendi. Mas por que relembraram disso? - questiona novamente Giovanna.
-Porque a gente tá te convidando pra ir à cerimônia. - esclarece Hugo.
Giovanna se surpreende.
-Como assim, gente? E os seus pais vão achar tranquilo eu aparecer por lá depois de tudo? - questiona Giovanna.
-Por que não achariam, boba? Tanto a Bernadete quanto o Leopoldo estão carecas de saber que você não teve culpa pelas criações da sua mente. Não tem razão para eles implicarem com a sua presença. Vem com a gente! - estimula Valéria.
-Desse jeito eu fico tentada a ir. Que horas vai ser? - pergunta Giovanna.
-A partir das quinze horas. Pode atrasar um pouco, mas o importante é ir. - esclarece Hugo.
-Tá certo, queridos. Eu vou. Muito obrigada, de todo o meu coração, por esse convite. - fala Giovanna, emocionada.
CORTA A CENA.
CENA 7: Cristina chama Júlio e lhe passa instruções.
-Júlio, me confirma uma coisa,
-O que?
-Você tá fazendo medicina há quanto tempo?
-Três anos, por que?
-Então... é que eu não vejo hoje no meu quadro de funcionários ninguém mais capacitado que você...
-Capacitado pra que?
-Pra ficar no meu lugar pelo resto do dia.
-Que? Mas eu nem saberia por onde começar!
-Calma, Júlio. Eu te explico tudo, sem pânico.
-Tudo bem. Vou me acalmar.
-É que meus pais casam hoje.
-Que? Fiquei ainda mais confuso.
-Ah, sim: eles são separados. E vão se casar com seus respectivos parceiros atuais na mesma cerimônia, porque os quatro são amigos há mais de trinta anos.
-Gente, que loucura. Parece coisa de novela. Coisa linda!
-Por isso preciso me ausentar. Pra poder estar presente lá no momento que eles forem se casar com os parceiros de agora.
-Certo. Mas vou precisar saber do básico.
-Sem problema, porque ainda tenho tempo de te mostrar o caminho das pedras e você vai ver que é superfácil.
CORTA A CENA.
CENA 8: Daniella percebe Gustavo muito tenso e resolve tentar relaxá-lo.
-Vem cá, amor.
-Que foi, Dani?
-Cê chega a estar tremendo de tanto que tá tenso.
-Não sou acostumado a ir nesses trem de casamento...
-Nossa. Mas precisa ficar nessa tensão toda como se fosse você a próxima vítima?
-Não é pra tanto.
-Às vezes parece que sim.
-Mas não.
-Então vem cá. Vem cá que eu te relaxo.
-Ocê parece querer outra coisa.
-Então vem se acalmar comigo, bobo!
Os dois se agarram. CORTA A CENA.
CENA 9: Nicole e Bernadete esperam, acompanhadas de Sérgio e Leopoldo, todos eles já vestidos para a ocasião, pela chegada do juiz de paz.
-Ai meu Deus! E o Ronaldo que não chega? - impacienta-se Bernadete.
-Nem fala. Esse juiz de meia tigela garantiu que não atrasava pra esse tipo de ocasião. - fala Nicole.
-Parem de ficar nervosas. A gente ainda tá dentro do horário previsto! - fala Sergio.
-É, eu não tou entendendo esse nervosismo. A gente esperou mais de trinta anos. Trinta minutos a mais não tira pedaço de ninguém. - fala Leopoldo.
CENA 10: Gustavo se sente culpado por não conseguir transar com Daniella.
-Desculpa, Dani. Eu falhei, mais uma vez...
-Não se sinta culpado. Isso pode acontecer com qualquer um.
-Mas comigo? E de novo?
-Gustavo, ninguém nessa vida tá livre de falhar na hora do “vamos ver”. Tá tudo certo.
-Eu me sinto péssimo com isso. Você merece um cara que te satisfaça.
-Gustavo, pode se abrir comigo. Eu sei que cê não tá mais feliz comigo, não é nem justo te prender.
-Mas o que?
-É isso, amor... eu cansei de tapar o sol com a peneira. Seu coração tá em outro lugar. Eu e você sabemos muito bem disso.
Gustavo fica perplexo com palavras de Daniella. FIM DO CAPÍTULO 184.
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