quarta-feira, 21 de junho de 2017

CAPÍTULO 189 - ÚLTIMA SEMANA

CENA 1: Glória e Mônica concordam com Ricardo.
-É verdade, Hugo. Um incêndio desse tamanho só pode ter sido criminoso. Não vejo como outra pessoa possa ter causado esse incêndio... - considera Mônica.
-A Mônica tá certa. A Giovanna tem várias personalidades. Em surto, é capaz de tudo. - complementa Glória.
-O que me dói mais nisso tudo é que vocês todos estão certos. Tudo indica que foi mesmo ela. - constata Hugo.
-Essa vadia precisa ser parada. Ser presa, internada, sei lá... alguém precisa parar essa mulher. - fala Ricardo.
-Isso tudo ainda vai precisar ser investigado, gente. Não se acusa ninguém sem provas. - considera Hugo.
-Ai gente, pelo amor de Deus! Tá completamente na cara que foi essa desvairada maluca da Giovanna que botou fogo aqui na agência. Raciocinem e juntem lé com cré, pô! A Natural High pega fogo no mesmo dia que a Valéria é sequestrada pela Giovanna e horas depois do acidente da Valéria e você tem a capacidade de dizer que é preciso provas, Hugo? Queria ter esse seu sangue frio, porque olha... - protesta Glória.
-Glória, pelo amor de Deus! Se coloca no lugar do Hugo, caramba! Ele tá coberto de razão quando fala que tudo isso vai precisar ser investigado e provado. Senão isso se transforma em mais um linchamento de justiceiro e disso esse mundo já tá cheio! - contrapõe Ricardo.
-Se acalmem, vocês! Mal marcaram casamento e já vão brigar? - protesta Mônica.
-Não, querida. A gente não tá brigando. A gente tem o costume de se empolgar além da medida falando, mesmo. - fala Glória.
-Gente... eu sei que vocês todos tem razão e pontos que devem e vão ser levados em consideração. Não tá sendo uma situação fácil pra nenhum de nós. Vocês ficaram sem o trabalho de vocês sabe-se lá por quanto tempo até a seguradora resolver essa situação. Mas antes disso a gente precisa levar isso à polícia. Investigar toda essa quizumba que aconteceu aqui. Esse incêndio não vai ficar impune se realmente for criminoso. Quem colocou fogo aqui, se é que alguém colocou fogo aqui, vai pagar por isso. Só que esse não pode nem deve ser o nosso foco agora. A gente precisa pensar friamente e tentar apressar a reforma da Natural High. Assim que a seguradora avaliar os danos, a gente já faz um orçamento dos nossos gastos extras. Quanto antes isso for feito, melhor pra todos vocês. - fala Hugo.
-É isso, gente. O Hugo tá coberto de razão. Mais que nunca a gente vai precisar manter a mente tranquila e o sangue frio pra enfrentar essa tempestade encarando tudo de frente. Iansã não vai deixar a gente cair, disso vocês podem ter certeza! - afirma Mônica.
-Muito menos Oxum! - fala Glória.
-Não brinca que você é da religião e de Oxum ainda por cima, menina? Tá tudo explicado agora! - fala Mônica.
Ricardo e Hugo, apesar da desolação do momento, riem das duas.
-Tá vendo, Hugo? Essas duas aí são feito duas forças inexplicáveis da natureza. Mesmo diante desse mau tempo todo são capazes de sorrir e pensar de maneira leve... - fala Ricardo.
-Queria essa leveza pra mim... - fala Hugo.
-As coisas vão mudar, meu amigo. - fala Ricardo.
-Espero só que sejam para melhor, viu? E que a Valéria saia de uma vez desse coma sem sequelas. É tudo o que peço a Deus e aos orixás. - finaliza Hugo.
CORTA A CENA.

CENA 2: Giovanna consegue alugar um carro e ao sair da concessionária, debocha da situação, rindo e falando consigo mesma.
-Bando de trouxa. Acreditam na primeira mulher encolhida chorando que aparece. Se der uns tremeliques, é batata. Até o papa ia acreditar em mim! É tão fácil passar essa gente pra trás... basta ser convincente. Ser a vítima perfeita. A pobrezinha. Caíram todos na história que eu tive meu carro e meus documentos roubados. Bando de imbecis. Não olharam sequer o banco de dados pra ver se o nome que eu dei era real. Quando se derem conta da falcatrua, eu vou estar longe daqui.
Giovanna gargalha, mas logo tem um lapso de clareza.
-Mas eu preciso aterrissar. Não basta só essas mentirinhas. Elas não se sustentam. Eu preciso começar literalmente do zero. Mas sozinha vai ser osso, quase impossível de conseguir. Vou precisar de gente acreditando em mim. Nem que seja pra servir de álibi pra qualquer coisa lá pra frente.
Giovanna respira fundo.
-Foco, mulher. Foco que cê chega lá!
CORTA A CENA.

CENA 3: Alguns quilômetros adiante, Giovanna vê uma oficina de beira de estrada e resolve parar ali para calibrar os pneus do carro. Ao parar com o carro na oficina e descer, se depara com um jovem rapaz, de corpo definido e que considera bonito.
-Boa noite, senhora.
-Nossa, rapazinho! Tou tão destruída pelo tempo assim, é?
-Não, é que...
-Me chame de moça, de você... ou mesmo pelo meu nome. Aliás, você é um rapaz muito bonito, sabia?
-Assim cê me deixa sem graça, dona.
-Qual o seu nome?
-Caio. E o seu?
-Eloísa. - mente Giovanna.
-Belo nome. Vai querer cablibrar os pneus da caranga?
-Sim. Aproveita e dá uma olhadinha na suspensão pra ver se tá tudo certo, por favor?
-Olho sim, mas isso vai gerar uma cobrança extra.
-Não tem problema, Caio. Eu pago o que for preciso. Já te disseram que você serve pra ser modelo?
-Que ideia... nunca me disseram isso.
-Não perceberam o seu talento e a sua beleza.
-Que isso, dona Eloísa...
-Só Eloísa, por favor. Não precisa se sentir envergonhado nem sem graça. Se bem que até essa sua reação de timidez é um charme.
-Nunca ninguém me disse essas coisas, dona... quer dizer, Eloísa...
-Eu sou agenciadora, sabia?
-Isso é sério?
-Seríssimo. Eu tenho olho pra essas coisas. Você é feito pedra bruta. Polido, vira uma joia, uma pedra preciosa. Eu vou te polir. Você quer ser modelo?
-Nunca pensei realmente nisso.
-Confia em mim, Caio. Você tem talento pra coisa.
-Se você diz.
-Vem comigo. Larga essa oficina. Eu vou te dar uma vida nova.
CORTA A CENA.

CENA 4: O médico informa Hugo, Bernadete, Sérgio, Leopoldo, Nicole, Flavinho e Gustavo sobre o estado de saúde de Valéria após cirurgia.
-Bem, pessoal. O negócio é o seguinte: a cirurgia para conter a hemorragia interna que surgiu há pouco na Valéria foi um sucesso. Podem ficar despreocupados quanto à saúde física dela. Essa garota é muito resistente e tem uma constituição física de menina de vinte anos. Tem tudo isso a favor dela. Só que ela continua em coma. - informa o médico.
-Mas doutor Otacílio, se ela tem todas essas coisas favorecendo ela, por que ela não acorda? - pergunta Gustavo, inconformado.
-Rapaz, o que ocorre é que a lesão cerebral dela é imprevisível. E não se relaciona com as excelentes condições físicas dela... eu sinto muito, gente. Vamos fazer o que estiver ao nosso alcance por ela. - prossegue o médico.
Todos se abraçam, apreensivos. CORTA A CENA.

CENA 5: UM MÊS DEPOIS.
Valéria acorda do coma e surpreende a todos por não apresentar nenhuma sequela. Hugo é o primeiro a ir falar com ela no quarto, a sós.
-Amor, eu mal acreditei quando o doutor Otacílio olhou pra gente e disse que você tinha acordado sem sequela nenhuma!
-E o meu choque então, Hugo? Tou sem acreditar até agora que passei um mês inteirinho totalmente fora do ar, apagada mesmo...
-Esse mês foi uma eternidade pra todos nós. Vivíamos na incerteza de quando você acordaria, ou como acordaria.
-Ou mesmo se eu acordaria desse coma. Gente, que loucura tudo isso! Imaginar que toda essa situação foi por culpa de um surto da Giovanna... chega a ser difícil de acreditar que ela tenha sido capaz de tudo que foi.
-Mas foi. Pior que tudo isso, doutor Ezequiel explicou depois, era possível de acontecer na manifestação de uma das múltiplas personalidades dela.
-Falando nisso... que rumo ela tomou?
-Sumiu no mundo. Desapareceu completamente.
-Isso é sério?
-Sim. Sumiu com registros próprios no apartamento que morava e provavelmente foi ela que incendiou a Natural High.
-A agência incendiou?
-No dia do seu acidente.
-Gente...
CORTA A CENA.

CENA 6: No dia seguinte, Valéria recebe alta e chega em casa. Flavinho e Gustavo anunciam a todos que chegou o momento de partir.
-A gente só tava esperando ocê chegar, mana. Já estamos de malas feitas pra voltar pra BH. - anuncia Gustavo.
-Eu sinto muito que essa situação toda tenha adiado a mudança d'ocês, meninos... - lamenta Valéria.
-Fica assim não, boba. A gente nunca ia te deixar na mão nessa vida. Agora a gente pode partir tranquilamente. - fala Flavinho.
-Meu filho... não de sangue, mas de coração e sempre meu filho. Vou sentir saudade... - fala Bernadete, emocionada e abraçando Flavinho.
Leopoldo se junta ao abraço.
-Vai ser feliz, meu filho. Vai ser livre. Sem peso na consciência por nada. Do jeito que o Leo sempre mereceu. E que você, mais que ninguém, merece nessa vida. Vai com Deus, meu filho. - fala Leopoldo.
-A nossa casa é de vocês. Tá sempre aberta pra quando vocês quiserem visitar. O quarto que é de vocês continua sendo de vocês. Vai que um dia cês queiram voltar... - fala Bernadete.
Todos se emocionam ao se despedirem de Flavinho e Gustavo. Os dois partem com as malas. CORTA A CENA.

CENA 7: O perito responsável pela investigação do incêndio conversa com Hugo.
-E então, Marcelo?
-Não resta mais nenhuma dúvida de que o incêndio criminoso foi mesmo causado pela senhora Giovanna Salgado.
-Como se chegou a essa conclusão?
-Havia sangue queimado sobre alguns papeis que não queimaram completamente no incêndio. Provavelmente a criminosa acidentalmente fez um corte de baixa profundidade em alguma extremidade durante a execução do crime e nem se apercebeu. Acreditou que o sangue ia se queimar completamente no incêndio, possivelmente. Mas mesmo que tivesse se queimado, existem outras evidências.
-Como quais?
-O computador destruído na sala dela. Foi destruído por ela mesma.
-Talvez tenha sido ali que ela se cortou.
-Exatamente.
-É uma pena que ela tenha desaparecido no mundo. Devia estar presa. Ou mesmo internada.
-Compreendo sua revolta. Pelo menos temos agora esse crime solucionado de uma vez por todas.
-Pelo menos isso, investigador. Pelo menos isso.
CORTA A CENA.

CENA 8: Gustavo e Flavinho chegam a Belo Horizonte e se acomodam na casa que foi de Cleusa, mãe biológica de Flavinho.
-Amor... eu só não entendi porque ocê fez todo esse segredo pra sua mãe sobre a casa que a gente tava se mudando.
-E ocê acha que eu não conheço a dona Bernadete? Sei bem da mãe que a vida me deu.
-Não acredito que depois de tudo ocê acha que ela ia ficar enciumada com a gente se mudar pra casa que ocê viveu na infância e na adolescência.
-Não só acho como tenho certeza, amor. A mãe finge que não tem ciúme, mas se rasga inteira por dentro.
-E mesmo assim quis se mudar pra cá?
-Claro! Amor, a ideia é que a gente reforme toda essa casa. Dê uma nova cara. Novos significados. Não quero saber de nostalgia nenhuma pro meu ou pro seu lado. A gente só se mudou pra cá porque é casa própria. Tá no meu nome pela herança. Foi a única coisa que a minha mãe biológica deixou pra mim antes de morrer.
-Que lindo isso, amor!
-Ocê que é lindo, Gustavo.
-Para com isso. É sério. Eu até me empolguei aqui.
-Como assim?
-Pensei nos filhos que a gente pode adotar mais pra frente. Essa casa é grande. Tem espaço pra dar e vender.
-Ah tá, por acaso ocê tá pensando em adotar um orfanato inteiro, é isso mesmo?
-Não seria uma má ideia.
-Bobo.
Os dois se divertem. CORTA A CENA.

CENA 9: Um olheiro interrompe o ensaio de Daniella e pede para conversar com ela.
-Espera aí... você não é o Silvio Carneiro?
-Eu mesmo.
-Caramba! Você é um dos meus ídolos!
-Eu vim aqui hoje como olheiro. Fiquei absolutamente encantado com o seu talento, leveza e desenvoltura.
-Isso é sério?
-Seríssimo. Daniella, o seu nome, certo?
-Daniella Blanco Oliveira. Mas pode me chamar de Daniella Oliveira.
-Nada! Daniella Blanco é mais forte. Tem mais presença de nome artístico. Vai por mim.
-Sério?
-Sem dúvida. Eu vim te chamar pra fazer teste de elenco pra próxima novela.
Daniella vibra. CORTA A CENA.

CENA 10: Fábio e Cristina, no aeroporto, se despedem emocionados de Vitório. Valentina acompanha o filho, agradecida.
-Queridos... muito obrigada por tudo que vocês fizeram pelo meu filho. - fala Valentina.
-Vocês lutaram. Foram comigo até a última instância. Agora eu preciso voltar pra Itália... mas quando tudo isso se resolver, eu prometo que volto ao Brasil. Fiquei devendo aquela cerveja artesanal que prometi a vocês. - fala Vitório.
-Se concentra apenas em cumprir o que resta da sua pena, Vitório. Sei que vai tirar de letra tudo isso. - encoraja Cristina.
-Eu não tenho dúvida. Pra alguém que, debaixo de tanto mau tempo, conseguiu mostrar tanta força de caráter, eu sei que passar por isso vai ser fichinha. Toda a sorte do mundo, meu amigo! - fala Fábio.
Vitório e Valentina abraçam Fábio e Cristina e partem. CORTA A CENA.

CENA 11: Meses depois. Na tela aparece a curta passagem de tempo sendo simbolizada pelo avanço da gravidez de Cristina, que escreve, aliviada em seu diário, que conseguiu ultrapassar o sétimo mês de gestação.
Corta para Cristina na clínica, na presença de Júlio.
-Precisando de mim, chefinha?
-Sim, Júlio. Eu vim te passar mais orientações.
-Como assim? Aconteceu alguma coisa?
-Ainda não, mas pode vir a acontecer.
-Eu hein, que papo esquisito.
-Não tem nada de esquisito aqui, Júlio. O fato é que eu já consegui passar pela grande prova de fogo da minha gravidez, consegui vencer os sete meses de gestação. Mas essa é uma gravidez de risco e eu sou ciente disso desde o começo.
-Sim, mas onde eu entro nisso, Cristina?
-Você vai ser meu substituto.
-Que?
-Se alguma coisa me acontecer, você assume a clínica no meu lugar.
Júlio fica atônito. FIM DO CAPÍTULO 189.

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