sábado, 20 de maio de 2017

CAPÍTULO 162

CENA 1: Flavinho se indigna com postura de Érico.
-Olha aqui, moleque: não é porque eu tou na sua casa que ocê pode falar assim comigo, tá?
-Flávio, para de jogo de cena. Chega! Tá na cara que cê tá me usando!
-Que? Que absurdo é esse que eu acabei de ouvir?
-Isso mesmo: você tá me usando. Agora as coisas estão ficando claras. Eu sou útil pra você.
-Cara... ocê não sabe o que tá falando...
-Sei sim, sei muito bem! Eu sou seu estepe. Vira e mexe cê fala no Gustavo, não sei se você lembra, mas até o apelido de barrigudinho que cê deu a ele você já me contou!
-E daí? Ele é meu amigo faz uma vida!
-Mas cês tiveram um lance antes de mim. Eu sou seu estepe. Porque lá no fundo, cê não consegue esquecer o seu barrigudinho do coração, essa que é a verdade!
-Falou o que queria, Érico?
-Falei.
-Pois vai ouvir o que não queria. Esse namoro também é útil pra você. Se esqueceu que me contou todo o rolo que ocê e o Guilherme viveram? Que o namoro d'ocês dois acabou porque ocê meteu uma pressão absurda sobre ele?
-Não tenta virar o jogo a seu favor.
-Para com isso, Érico! Não tem porcaria de jogo nenhum, tá me entendendo? Você me usa de estepe sim! É por isso que me acusa!
-Assim eu me sinto ultrajado.
-A maneira que ocê reage a isso é responsabilidade sua. Eu só não vou aceitar que ocê me diga essas coisas sem ouvir antes o que eu acho de tudo isso.
-Retira o que cê disse.
-Que? Não retiro mesmo, meu querido. O que eu digo eu mantenho. Cada palavra!
-Vai embora daqui, Flávio.
-Eu vou mesmo, viu?
-Tá esperando o que, então? Quebrou o celular? Não consegue chamar um carro pelo aplicativo? Vaza!
-Eu vou. Mas antes eu vou me despedir da sua mãe que não tem nada a ver com isso.
CORTA A CENA.

CENA 2: Ainda durante ligação, Daniella estranha silêncio de Gustavo.
-O gato comeu sua língua, Gustavo?
-Não... é que eu não sei o que te dizer.
-Só me diz que tá tudo bem...
-Queria dizer. Não consigo.
-Amor, faz uma força. Aqui não tem nenhuma surpresa. Nenhuma enganação. Eu sempre coloquei todas as cartas na mesa.
-Eu sei disso, Dani. Te admiro por isso.
-Então diz que entende...
-Entender eu entendo. Difícil vai ser aguentar esse tempo longe.
-Faça isso por nós. Pensa que vai ser melhor pra gente, no final das contas.
-E se não for?
-Pode significar que simplesmente não somos as pessoas certas um pro outro. O que não necessariamente diminui o amor que sentimos um pelo outro.
-Ocê tem um jeito estranho de amar...
-Estranho não, bobo: eu tenho, ou pelo menos procuro ter nessa vida, um jeito livre de amar. É só isso... promete que me espera?
-Claro que espero!
-Então tá fechado. Beijo, te amo!
CORTA A CENA.

CENA 3: Antes de deixar antigo apartamento de Sérgio, onde Cristina está morando, Nicole ouve desabafo da filha.
-Ai, mãe... eu não sei mais sinceramente o que eu faço da vida. Tudo parecia tão certo, essa criança apesar de inesperada poderia coroar a felicidade ao lado do Fábio, mas... não. Nada deu certo...
-Não deu certo porque você não quer, né?
-Queria que fosse simples assim, mãe... mas é difícil demais pra mim, depois de tudo, baixar a guarda.
-Tenta, filha. Ninguém é perfeito. Nem ele, nem você.
-Mas ele bem que podia ter evitado aquela desconfiança infundada.
-De novo isso, filha?
-Sim, de novo e enquanto isso for uma ferida aberta dentro do meu coração...
-Você escolhe o que te fere, Cristina.
-Será? Queria que fosse assim, simples. Queria aceitar ele de volta, passar uma borracha nisso e esquecer o que aconteceu. Mas não consigo.
-Talvez não tenha se esforçado o suficiente, filha...
Cristina fica pensativa. CORTA A CENA.

CENA 4: Valéria surpreende Hugo ao entrar em seu quarto.
-Acho que você perdeu o caminho do seu quarto.
-Não, Hugo. Eu sei exatamente o que eu tou fazendo e quero estar exatamente aqui.
-Como é que é?
-Eu tou cansada. Cansada de resistir, de fingir que não sinto mais nada. Meu corpo e meu coração pedem por você. Eu ainda te amo... e te quero!
Hugo se emociona e beija Valéria, que avança sobre ele.
-Eu quero mais.
-Também quero.
Os dois se entregam à paixão e transam. Instantes depois, já ao lado um do outro na cama, conversam sobre o futuro.
-A gente tá junto de novo, Valéria?
-Acho que sim, né? Eu nunca me senti totalmente desligada d'ocê. Agora eu sei que ocê é sim o meu verdadeiro amor.
-Fico aliviado por isso.
-Mas a gente precisa ir com calma. Nada de assumir pra todo mundo nesse momento...
-Por que isso?
-Precaução. Basta que a família saiba. Que é pra não jogarem urucubaca em cima...
CORTA A CENA.

CENA 5: Flavinho liga para Érico, que atende de má vontade.
-O que é que cê quer?
-Nossa, podia me tratar melhor, né?
-Podia, mas não quero.
-Só achei que a gente podia conversar.
-Prefiro que vá direto ao ponto, que poupa meu tempo.
-Tá com pressa? Sono?
-Nem uma coisa, nem outra. Só quero objetividade, Flavinho... dá pra ser?
-Que seja. Eu quero que a gente dê um tempo.
-E cê me fala isso por telefone?
-Uai, ocê acabou de me pedir objetividade. Tou sendo objetivo, né. Até porque as coisas não andam no melhor dos climas...
-Sim, mas isso é coisa que se diga por telefone?
-Ah tá. E por acaso ocê ia querer me ver amanhã se soubesse do que eu queria falar?
-Bem, eu não sei.
-Então corta o drama. Acho que a gente tá precisando desse tempo.
-Eu não sou homem de aceitar um tempo. Ou estamos namorando, ou não estamos. Como é que eu vou explicar pra minha mãe esse tempo?
-Explicando, uai. A não ser que ocê esteja mais preocupado com o que o Guilherme vai achar...
-Que ideia absurda, Flavinho!
-Será tão absurda assim?
-A gente se fala outra hora. Sério.
CORTA A CENA.

CENA 6: Enquanto Érico vai à geladeira pegar água, Margarida aborda o filho.
-Que feio, meu filho... não foi assim que eu te eduquei, Érico...
-Do que cê tá falando, mãe?
-Eu ouvi a conversa entre você e o Flavinho.
-Deu pra ouvir atrás da porta e ainda presumir o que a gente falou no celular? Não esperava isso de você...
-Ouvi porque tava de passagem, não foi proposital. E sabe o que eu concluí? Que você precisa ser honesto e sincero com o seu namorado, coisa que claramente você não tem sido ultimamente.
-Que absurdo, mãe... claro que tenho sido.
-Não, não tem. E sabe muito bem ao que e a quem eu me refiro.
-Nossa, tudo isso é vontade de continuar sendo sogra do Guilherme? Caramba...
-A minha vontade é o que menos importa, filho. Só que eu tou vendo que você não anda feliz. Pior que isso: anda nervoso, irritadiço. Andei lendo na internet sobre isso e tenho medo que isso seja depressão.
-Mãe, eu não tou deprimido. Vai por mim.
-Quero acreditar nisso, mas me preocupo com você. Agora não tem a Carla pra te dar os sacodes que só ela sabe...
-Mãe... esquece isso. Eu tou bem.
-A cabeça pode estar bem. Mas o coração não está.
-Sinceramente? Eu nem sei o que anda acontecendo aqui no meu coração, mãe...
-Procura prestar atenção e ouvir de verdade o que o seu coração realmente quer te dizer.
-Talvez não me diga nada.
-Besteira duvidar disso, filho. O coração sempre tem as respostas que a mente precisa.
-E se não for o que eu queria?
-Aceita. O coração tem caprichos que a mente desconhece. E é por desconhecer, que respeita. Só segue seu coração. Fazendo o que ele manda, não tem arrependimento que dure...
CORTA A CENA.

CENA 7: Vitório, em liberdade provisória, chega em seu apartamento antigo do Rio de Janeiro e se percebe completamente sozinho. Olha para o apartamento e relembra os momentos vividos ali ao lado de Cristina. Entristecido, senta-se sobre uma caixa deixada no chão da sala e começa a falar consigo mesmo.
-Meu Deus... o que eu fiz da minha vida? Só agora, depois de tudo, depois de toda essa loucura, toda essa destruição que eu causei a mim mesmo e à minha própria família, eu percebi a merda que eu fiz.
Vitório começa a chorar e olha para o apartamento.
-Esse lugar já foi tão cheio de alegria! Agora tá assim... vazio. Vazio de vida. De alegria, de amor... de tudo o que tem valor de verdade. E a culpa foi minha. Eu pensei que com dinheiro podia comprar tudo. Até mesmo o amor. Eu fiquei cego, cego pelo poder. Seduzido pelas ilusões. Ignorei os meus pais porque achei que eles estavam me privando do que realmente era bom nessa vida... e eles tinham razão. Eu me tornei esse rascunho. Nada além de um rascunho...
CORTA A CENA.

CENA 8: Antes de dormir, Nicole desabafa com Leopoldo.
-Sabe, querido... eu não consigo me sentir plena ainda. Essa coisa toda com a Cris me preocupa pra caramba...
-Posso imaginar. Mas cê tem que confiar que Deus sabe o que faz...
-Ah, Leopoldo... queria ter essa sua fé inabalável, viu? Mas a Cristina tá cometendo um grandessíssímo erro e sequer percebe que a maior responsável por estar separada mais uma vez do Fábio.
-Amor... nós erramos a direção por mais de trinta anos. Não espere que a sua filha já saiba todo o caminho. Às vezes a dor ensina a ver a felicidade...
-Sabia que eu te amo? Sempre admirei essa sua capacidade de, mesmo diante de uma tempestade, ver o lado positivo dela.
-Se não fosse isso, eu não sei se teria sobrevivido à morte dos meus pais...
-Eu nunca soube que isso tinha te abalado tanto...
-Preferi guardar essa dor pra mim. Acho que isso me deixou até cascudo demais... mas pelo menos não endureci pra sempre...
-Sorte a minha.
-Sorte a nossa...
CORTA A CENA.

CENA 9: Cristina coloca Arlete adormecida no berço, após amamentá-la. Quando está se preparando para finalmente dormir, a campainha toca.
-Ai, eu não acredito que a mãe inventou de voltar aqui! Eu falei que tava precisada de um bom descanso! - esbraveja Cristina.
A campainha segue tocando e Cristina se impacienta.
-Merda! Não posso nem gritar que isso vai acordar a Letinha! Poxa, que inconveniência! Será que avó esquece como é ser mãe? Porra!
Cristina se apressa e corre para abrir a porta. Quando abre a porta, se depara com Vitório.
-Você? Livre? E como descobriu que tou morando aqui?
-Minha mãe sabe de tudo, esqueceu?
-Sei.
-Vim aqui te pedir perdão por tudo. Preciso do seu perdão...
Cristina gela. FIM DO CAPÍTULO 162.

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