CENA 1: Érico se desespera com atitude de Flavinho e tenta contornar a situação.
-Por favor, Flavinho... não termina comigo. Eu sei que eu preciso melhorar um pouco.
-Um pouco? Ocê precisa melhorar muito, demais! Porque eu não tenho paciência pra esses seus dramas.
-Drama? Tudo o que vem de mim, tudo o que me dói, todo o meu sofrimento e as minhas inseguranças... tudo isso sempre é drama pra você! Você nunca se coloca no meu lugar!
-E por acaso ocê se colocou no meu? Olha bem na minha cara, Érico... e me diz se ocê tem alguma vaga noção do que é passar por tudo o que eu passei na vida! Expulso de casa assim que completei dezoito anos, enviuvei daquele que até então tinha sido o grande amor da minha vida, quando reencontrei minha mãe nove anos depois foi pra dar adeus porque ela tava morrendo, isso sem falar que quando eu fiquei sem a porra de um teto pra morar, quem me abrigou foi o Gustavo, de quem ocê morre de ciúme. Eu não tiro as suas razões, mas exijo em primeiro lugar empatia por tudo o que eu passei e em segundo lugar eu quero deixar claro que eu não quero nunca mais que ocê fale mal do Gustavo ou dê ataquezinho por causa dele. Nem que ocê queira, vai conseguir apagar o que a gente significa um pro outro, tá me ouvindo?
-Tou ouvindo... e entendendo onde eu ando errando. Eu prometo que vou fazer o que estiver ao meu alcance pra mudar.
-Meio tarde demais pra prometer isso, não?
-Não precisa ser tarde. Basta que você desista de terminar comigo. Por favor, Flavinho! Eu te amo!
-É a primeira vez que ocê me diz isso... não espere que eu diga o mesmo de volta.
-Basta que me dê mais uma chance.
-Por que eu deveria te dar uma chance? Érico, eu te adoro, ocê é uma pessoa maravilhosa, mas eu não sei se como meu namorado funcionaria. Por mais sentimental que eu seja, não tenho paciência pra esses seus dramas... e sim, são dramas. Porque ocê pede que eu seja empático, mas dificilmente o é comigo.
-Eu reconheço isso. Me dá uma chance. Uma única chance.
-Tá certo. Mas quero deixar claro que essa, Érico, é a sua última chance. Não vou dar refresco!
CORTA A CENA.
CENA 2: No dia seguinte, durante café da manhã, Bernadete critica duramente a postura de Érico para Flavinho.
-Meu querido, eu sei que cê tá empolgado com esse namoro, mas o comportamento do Érico ontem à noite foi a coisa mais absurda que eu vi. Agiu como uma criança mimada, sem a mínima noção de respeito por você ou pela nossa casa...
-Eu sei disso. Quis terminar com ele.
-Mas não terminou.
-Ah, Bernadete... eu entendo ele. Ele é meio imaturo, apesar de ter sido criado sem um pai... não sabe o que é dor de verdade nessa vida. Por isso cria esses dramas.
-Será mesmo? Filho, já parou pra pensar que cê pode estar dentro de uma relação abusiva? Eu ando lendo muito a respeito desse assunto na internet, sabe? E a manipulação é uma das características.
-Mas ele não tá me manipulando. No máximo, pensa que tá. Mas não me deixaria manipular.
-Será?
-Certeza.
-Fico com a nítida impressão que você tá com o Érico só pra fugir de algo maior que isso... mais precisamente: pra fugir do Gustavo.
-Melhor parar com esse assunto, né?
-Tudo bem... mas pensa nisso.
CORTA A CENA.
CENA 3: José confirma a Idina que sua candidatura foi oficializada e teme não saber como lidar com tudo.
-Pois é, amor... agora que eu sou oficialmente candidato, eu não tenho mais pra onde correr. E tou apavorado! Não sei se consigo lidar com isso.
-Querido... ainda tem tempo de se preparar. A pressa é inimiga da perfeição. Escute com muita atenção ao que a Larissa e o pessoal do partido te disser.
-E se eu fracassar?
-Fracassar em que sentido, Zé?
-No sentido de não conseguir dar conta.
-Vai dar conta sim, amor... você vai ver como vai conseguir.
-Queria ter essa certeza.
-Não é preciso ter certeza. É sempre bom manter uma desconfiança, um pé atrás. Cautela nunca é demais. Mas não permita que seus medos te engulam...
-Meu maior medo é a oposição de direita...
-Compreensível. Eita gente pra nunca saber perder, viu? Já basta o golpe que eles aplicaram na presidência...
-É justamente isso que eu temo.
-Tem que encarar de frente, amor... senão, a esquerda desse país morre.
CORTA A CENA.
CENA 4: A psicóloga estimula Elisabete a falar mais sobre seus sentimentos.
-É notável que você tem feito progressos, Elisabete. Te noto mais tranquila, mas quero ouvir de você como você anda se sentindo...
-Sabe, eu acho que nunca na vida antes de eu ficar com a Susi eu fui realmente estimulada a ter amor próprio...
-Fala mais sobre isso...
-Então, Rosângela... acabou que durante mais de quarenta anos da minha vida, eu me guiei pelo que acreditei que fosse real. Que ao amor era algo completamente desprovido de qualquer sentido de vaidade. Só que eu compreendi isso de uma forma errada e esqueci de mim. Esqueci de olhar pra mim mesma com generosidade e gostar de quem eu via diante do espelho, acolher a pessoa que eu sou e gostar disso tudo... acabei associando amor a total desapego de mim mesma... e acreditei que amores verdadeiros eram assim, onde eu tinha a obrigação de me colocar sempre em segundo plano e colocar em primeiro lugar as necessidades de quem eu amo. Só que isso alimentou meus medos, inseguranças... eu deixei de me conhecer, de saber quem eu sou. A Susi me trouxe esse sentido de volta, mas com isso veio todo o ciúme...
Elisabete segue falando. CORTA A CENA.
CENA 5: Nicole conversa com Bernadete e Bernadete lhe dá uma ideia.
-Amiga... eu tava pensando numa coisa.
-Fala, Dete...
-A gente mora tudo na mesma casa, certo?
-Certo.
-Por que você não casa com o Leopoldo? Já que eu e o Sérgio andamos planejando justamente isso...
-É, mas lembra que o Leopoldo costuma ser de processos mais lentos...
-Será? Pelo que andei acompanhando dele ultimamente, acho que isso mudou.
-Acho que ele sente ainda uma ponta de culpa...
-Pelo que, Marilu?
-Sei lá... eu sinto ele travado.
-Vou chamar o Sérgio e pedir pra eles conversarem... isso se resolve em dois tempos, vai por mim!
CORTA A CENA.
CENA 6: Fábio teme estar atrapalhando Maurício.
-Filho... se eu estiver sendo inconveniente aqui no seu apê, só me avisa...
-Besteira, seu Fábio. Enquanto você estiver assim, precisando de companhia e de ombro amigo, fica aqui. Depois, eu sou filho ou o que? Esse apartamento foi seu e da mãe a vida inteira. Nunca vou me incomodar com a presença de vocês aqui...
-É que eu fico com medo de atrapalhar seus lances, Maurício.
-Relaxa. Não tem nenhuma garota que eu esteja ficando agora. Mas me fala de você, pai... tá se sentindo melhor?
-Sinceramente? Não. E nem acho que vá melhorar. Não espero mais por essa melhora...
-Nossa, nunca nessa vida te vi tão pessimista assim.
-É cansaço, filho. Cansaço misturado com alguma possível crise de meia idade, vai saber...
-Se eu fosse você, não desistia da Cristina.
-Pra que? Ela desistiu de mim. Desistiu de nós... e eu acho que eu vou ir pra Espanha.
-Que? Sério?
-Sim, filho... eu ando precisado de dar um tempo disso tudo aqui. Quem sabe até me mudar em definitivo...
-Pai... me escuta: fugir não vai resolver seus problemas. Depois, tem mais um irmãozinho meu ou irmãzinha vindo pra esse mundo. Tem certeza que quer perder de ver um filho nascer?
-E me manter perto vai adiantar? Ela não quer. Ela disse até que não quer que eu assuma esse filho...
-Te falta assertividade, pai. Francamente! Não é fugindo que as coisas vão mudar ou melhorar...
CORTA A CENA.
CENA 7: Maria Susana faz proposta a Elisabete.
-Amor... cê tá pra quase se dar alta do tratamento com a psicóloga, não?
-Sim, Susi. Me sinto ótima. Por que?
-Porque eu ando com uma saudade danada da minha terra...
-Tá com vontade de visitar Curitiba?
-Bem, amor... visitar não é bem a palavra. Eu sinto vontade de voltar pra lá... mas não posso obviamente decidir isso sozinha. Então eu quero saber o que você acha da gente começar uma vida por lá...
-Sabe o que é? Eu tenho medo.
-Por que?
-Não sei se me adaptaria ao sul. Tenho medo de encontrar lá mais preconceito do que aqui.
-Amor, sabe Niterói?
-Sei. A maior concentração de imbecis racistas... e eu cresci lá.
-Não é muito diferente. Aliás, é diferente sim: as pessoas são meio coxinhas e idiotas? São. Mas não costumam dar escândalo.
-Se você me diz...
-De qualquer maneira a gente não vai se você não quiser, viu?
-Tudo bem... a gente vai pensando nisso com mais calma...
CORTA A CENA.
CENA 8: Daniella desabafa com Patrícia.
-Amiga, tem um tempo pra me ouvir?
-Sempre, boba. Senão eu não tinha viajado com você, uai...
-É que ando com medo.
-Sei... alguma coisa me diz que esse medo tem nome, sobrenome, é mineiro e de escorpião...
-Acertou. Tento ficar numa boa, mas a verdade é que eu tenho medo de encontrar ele totalmente desligado de mim.
-É um risco que ocê assumiu...
-Sim... e eu sou a primeira a reconhecer isso. Mas tenho medo que na verdade ele nem me ame o suficiente pra ficar.
-Ele te ama.
-Mas pode não ser suficiente... e você sabe a razão.
CORTA A CENA.
CENA 9: Nicole pergunta a Leopoldo sobre conversa com Sérgio.
-Então, amor... como foi?
-Exatamente como você e a Bernadete disseram.
-Falei!
-Então eu acho que a gente tá pronto de vez pra dar esse passo. Quer casar comigo?
-Claro que quero, Leopoldo! É o que eu mais quero nessa vida! Esperei por esse momento por mais de trinta anos...
-A vida é doida, né?
-Nem fala. Tanta coisa passou e nós voltamos pro ponto de partida.
-É onde a gente devia estar desde o começo. Disso, eu não tenho a mínima dúvida.
-Nem eu. Já pensou numa data?
-Acho que a gente podia conversar com eles...
-Pra que?
-Acho que devemos isso a nós mesmos: casar no mesmo dia, na mesma cerimônia!
-Amei! Claro que a gente merece isso! Vai ser lindo!
CORTA A CENA.
CENA 10: Fábio procura Cristina na clínica e Cristina o recebe em sua sala.
-Pensei que você ia me mandar embora.
-Sua sorte é que tinha gente vendo.
-Não precisa me tratar assim...
-Fala logo o que você quer...
-Eu vim ter uma conversa definitiva com você. Resolver as questões pendentes de uma vez por todas.
Cristina se espanta. FIM DO CAPÍTULO 169.
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