segunda-feira, 19 de junho de 2017

CAPÍTULO 187 - ÚLTIMA SEMANA

CENA 1: Valéria tenta manter a calma e fala calmamente com Giovanna.
-Giovanna... isso é uma pegadinha, né? Ocê tá brincando com a minha cara. Claro! Sabe que eu sei do seu transtorno e quer me pregar uma peça, porque tá voltando pra clínica toda noite e...
-Se engana, vadia.
-Deu, Giovanna. Sério mesmo. Pode suspender a brincadeira. Já vi que ocê tem talento pra ser atriz.
-Não se faça de idiota. De idiota você nunca teve nada, mineirinha assassina. Ladra. Sorrateira. Roubou meu amor, meu homem, meu filho, minha vida!
-Volta a si, Giovanna! Não tinha filho nenhum, mulher! Ocê nunca ficou grávida nessa vida!
Giovanna freia bruscamente o carro e olha com raiva para Valéria.
-É mentira! Tudo mentira! Vocês mentem pra mim. Consciência pesada sua, não é? E o Hugo te acoberta, claro! Tá enfeitiçado pela sua chave de coxa!
-Ocê tá me assustando, Giovanna.
Valéria tenta abrir o carro e percebe que as portas estão trancadas.
-Por favor, Giovanna. Deixa eu ir! Abre esse carro!
-Nunca! Você acabou com a minha vida! Agora é a minha vez de retribuir o que você fez por mim!
-Quem é essa Giovanna que tá aí? Não é a minha amiga!
-Bobinha. A sua amiguinha não existia. Era só uma maneira de eu continuar viva. Eu preciso da boazinha.
-Você tá louca.
-Louca é a boazinha de achar que ia ser melhor que eu! Coitada... se iludiu pensando que sendo songa monga ia ser melhor que eu. Só que eu sou quem comanda. Sou eu quem chegou aos lugares que cheguei. Sou eu que conquistei tudo! A songa monga só ia colocar tudo a perder!
-Abre esse carro, Giovanna. Eu imploro.
-Ah, você implora? Que emocionante, Valéria! Você se importou quando meu filho, que era só um embrião, implorou pra viver dentro de mim e você acabou com tudo me falando aquelas coisas?
-Giovanna... isso não é real.
-É sim! E eu vou fazer você sentir na carne cada dor que eu passei. Eu faço questão que você passe pelo mesmo. Ou pior ainda.
-Não toca no meu filho.
-O fedelho veio por acidente. Não tenho nada contra esse bebê chorão. Pode ficar tranquila que não é ele que me interessa.
Giovanna arranca o carro. Poucos instantes depois, Giovanna chega a uma casa e tira Valéria do carro.
-Que casa é essa, Giovanna?
-Um esconderijo que tenho faz algum tempo.
-Isso aqui parece abandonado.
-Ah, é mesmo? Não me diga! Nunca pensei! Claro que isso aqui é casa abandonada, sua trouxa! Nem precisei te vendar, panaca. Você mal conhece o estado do Rio... não sabe como sair daqui.
-Será mesmo que não sei?
-Já superestimei sua inteligência antes, mas não mais. Você foi burra de acreditar que eu podia ser aquela Giovanna boazinha. Agora já pro quarto.
-Pra onde ocê tá me levando?
-Não é nenhuma masmorra, madame. Fica tranquila. Seu bebê chorão vai te fazer companhia pra não dar muita alteração. Depois eu vejo o que faço. Quero que o Hugo sinta na pele o desespero.
Giovanna leva Valéria a um quarto escuro. Valéria percebe que continua com o celular no bolso da calça e resolve ligar para Hugo, ao perceber que tem sinal. Hugo atende prontamente.
-Amor? Que voz é essa?
-Pres'tenção, Hugo. Eu fui sequestrada pela Giovanna. Nosso filho tá junto. Não posso falar muito e nem alto. Usa o seu localizador pra me achar que eu não vou desligar. Ela me deixou com o celular sem querer. Corre com isso, amor!
Hugo tenta manter a calma enquanto tenta rastrear Valéria. CORTA A CENA.

CENA 2: Instantes depois, Hugo consegue localizar paradeiro de Valéria e faz anotações.
-Perfeito! Agora eu vou conseguir tirar a Valéria de onde quer que ela esteja! - fala Hugo consigo mesmo.
Hugo sai em disparada e Bernadete estranha pressa do filho. Bernadete comenta com Sérgio que não está com um bom pressentimento.
-Amor... não gostei nada disso.
-Por que? Seu filho só saiu com pressa...
-Conheço o Hugo. Ele não sai sem me dizer pra que tá saindo.
-Já te ocorreu que ele já passou dos trinta e pode não achar necessário te dar relatório de tudo?
-Eu queria muito que fosse isso, mas sei que não é.
-Será que essa sua convicção não é só medo de mãe?
-Sérgio... eu sei que cê quer me tranquilizar. Mas se tem uma coisa que eu sou nessa vida, ainda mais como mãe, é escaldada.
-É justamente por isso, amor. Eu sei que isso pode te deixar mais alerta que o recomendável.
-Amor... tem a ver com intuição. Algo que a razão não explica. E essa minha intuição é matéria que nem você, nem qualquer pessoa nessa vida é capaz de alcançar. Só eu sei do que ela é feita e nem sei explicar.
-De qualquer forma. Precisa ter essa preocupação toda só porque o Hugo saiu sem avisar pra onde ia?
-Precisa sim. Ele tava tenso. Não se esqueça que eu já enterrei um filho.
-Desculpa...
-Não precisa se desculpar. Mas não é exatamente com ele que me preocupo.
-Não?
-A Valéria tá correndo risco. Eu sei, eu sinto.
-Credo, amor! Vira essa boca pra lá!
CORTA A CENA.

CENA 3: Flavinho e Gustavo abordam Hugo antes que ele alcance o carro. Flavinho grita.
-Hugo! Espera, cara! - fala Flavinho.
-O que foi, Flavinho? - pergunta Hugo, assustado.
-Eu sei que ocê tá apressado desse jeito porque a Giovanna aprontou alguma e foi coisa feia. - fala Flavinho.
-Amor, para de afirmar coisas que ocê nem sabe... - repreende Gustavo.
-O Flavinho tá certo, cara. A Giovanna aprontou coisa feia sim. Pior é que nem sei como dizer isso pra vocês... - fala Hugo.
-Falando, uai! - preocupa-se Gustavo.
-É que tem a ver com a Valéria. A Giovanna sequestrou a Valéria e eu acabei de rastrear o local. - esclarece Hugo.
Gustavo se apavora.
-Minha irmã! Meu Deus do céu! Ok, não é momento de pânico... - fala Gustavo.
Flavinho esbraveja.
-Eu avisei o tempo todo, Hugo! Eu avisei! Ninguém nessa porcaria de casa me ouviu! - fala Flavinho.
-Mano, eu sei que cê tá com razão, mas tudo o que eu não preciso nesse momento é de lição de moral! Eu preciso ir correndo pra lá! E vê se não abre o bocão pra mãe ou pro pai! - fala Hugo, entrando no carro e arrancando.
Flavinho e Gustavo se abraçam, apavorados. CORTA A CENA.

CENA 4: Flavinho e Gustavo se fecham no quarto e Gustavo treme de medo.
-A minha irmã, Flavinho! Nas mãos daquela psicótica!
-Baixa a voz, amor. Agora não é hora de se apavorar. A gente precisa pensar num jeito de segurar as pontas enquanto o Hugo não dá notícia.
-Como é que a gente vai segurar? Eu tou apavorado.
-E como que ocê acha que eu tou? É a minha cunhada e melhor amiga! Eu avisei o tempo todo que não botava fé na mudança da Giovanna, mas todo mundo me ignorou nessa casa! Deram asas pra cobra!
-A gente não podia adivinhar que um trem desses ia acontecer.
-Ah, Gustavo, pelo amor de Deus! Era só juntar lé com cré, amor... a Giovanna sempre foi isso. Independente de transtorno. É questão de caráter.
-No caso dela, péssimo caráter.
-Tá vendo? Até ocê sabia...
-Mas nunca pensei que ela fosse fazer o que tá fazendo.
-Sinceramente? Nada disso me surpreende. Mas fico morto de medo do que ela pode fazer com a Valéria.
-Minha maninha... sempre passando por tanta barra nessa vida, precisava passar por mais essa?
-Não é justo, amor... eu sei.
-A gente precisa avisar a polícia.
-Ainda não. Pensa nos meus pais, gente. Como é que eles vão ficar?
-Mas eles vão precisar saber.
-Depois. Não é o momento. Quando o Hugo vier com algum retorno a gente decide o que fazer.
CORTA A CENA.

CENA 5: Hugo chega à casa que Giovanna está utilizando de cativeiro para Valéria e Leonardo. Ao olhar pela janela e se certificar de que é Giovanna quem está dentro, Hugo invade a casa arrombando a porta. Giovanna, pega de surpresa, se apavora.
-Assustou de me ver, Giovanna?
-Não pode ser... não pode ser!
-Acabou pra você, Giovanna. Se o seu plano era diferente, saiba que eu fui avisado pela própria Valéria.
-Não é possível.
-Achou que não ia ter sinal de celular aqui, foi? Pois tinha. Devia ter tirado o celular da Valéria.
-Eu devia era ter tirado mais que o celular dela. Devia ter tirado a vida dela. Ela acabou com a minha vida! Merece morrer!
-Volta a si, Giovanna! Não foi ela nem ninguém que acabou com a sua vida. A sua vida nem mesmo tá acabada. Isso é só um surto!
-É a isso que eu me reduzi, né? A uma louca. Uma desvairada que só faz surtar nessa vida. Não! Eu não sou louca!
-Não disse que você é louca. Mas tem um transtorno que gera surtos.
-Por acaso isso não é ser louca? Para de ser libriano, pelo menos uma vez na vida, cara! Fala o que pensa na minha cara! Diz que acha que eu sou louca mesmo. Ia ser mais honesto!
-Giovanna, para. Chega. Tudo isso aqui é sem sentido.
-Sem sentido? Sem sentido foi eu perder o meu filho, o meu bebê, daquela maneira estúpida. Sem sentido é todo mundo acobertar uma assassina porque essa desgraçada conquistou todo mundo!
Hugo fica apreensivo diante de surto de Giovanna. CORTA A CENA.

CENA 6: Bernadete bate na porta do quarto de Flavinho.
-Tou atrapalhando, filho? - pergunta Bernadete.
-Não, mãe... só dá um momento aqui que eu tava contando umas coisas pro Gustavo... - fala Flavinho, apavorado.
Gustavo percebe que Flavinho ficou apreensivo.
-Amor... não acha melhor abrir a porta logo?
-Querer eu quero, mas como é que eu vou olhar pra cara dela e fingir que tá tudo bem?
-Eu tenho uma ideia.
-Que ideia?
-A gente precisa agir rápdio. Deita na cama.
-Que?
-Amor, deita na cama e diz que tá indisposto, com mal estar.
-Tou começando a entender...
-Deita aí que eu abro pra dona Bernadete.
Bernadete bate na porta outra vez.
-Tou ouvindo esses cochichos de vocês, hein? Se quiserem, eu venho outra hora. - fala Bernadete.
Gustavo se apressa em abrir a porta e justificar.
-Sabe o que é? O Flavinho andou sentindo uma indisposição. Já dei até chá pra ele tomar pra ver se ele melhora... - fala Gustavo.
Bernadete caminha até Flavinho.
-Engraçado. Você parece ótimo, Flavinho. Cês tão me escondendo alguma coisa? - questiona Bernadete.
-Que ideia... claro que não! - fala Flavinho.
-É verdade, sogrinha... ele parece estar bem, mas quase desmaiou mais cedo. Foi quando ele foi me buscar lá na clínica depois de acertar meu desligamento. - explica Gustavo.
-Sei. Tá mal contado isso daí. Mas qualquer coisa não pensem duas vezes antes de me chamar, viu? - finaliza Bernadete.
Bernadete sai e os dois se olham aliviados.
-Essa foi por pouco! - fala Flavinho.
CORTA A CENA.
CENA 7: Carla e Maurício conversam sobre seus planos para o futuro na companhia de Margarida, Érico e Guilherme.
-Mas fala uma coisa pra gente, Maurício... - começa a falar Guilherme.
-O que? - pergunta Maurício.
-Cê parece tão dentro dessa família que parece que tá mesmo querendo coisa séria com a irmã do Érico, hein? - observa Guilherme.
-E tou mesmo! A ideia é até mesmo casar mais pra frente, se a gente perceber que esse é mesmo o nosso caminho. - esclarece Maurício.
-É, gente... parece mesmo que apareceu um cara bom, maravilhoso querendo casar comigo. E eu me achando uma tonta de sonhar à moda antiga... - divaga Carla.
-Sonhar à moda antiga nada, boba! Eu também sou desses. Sempre quis algo assim, um amor pra chamar de meu, pra casar e tudo mais... - fala Érico.
-Meu filho! Não tá vendo que desse jeito deixa o seu namorado sem jeito? - repreende Margarida.
-Mas, mãe... - começa a falar Érico, sendo interrompido por Guilherme.
-A verdade é que eu venho pensando nisso, viu sogrinha? Nem é de agora, não... é desde que eu e o seu filho voltamos a namorar. Pra mim é cada vez mais claro que eu quero passar minha vida com ele e o movimento natural das coisas, nesse caso, indica o casamento, mesmo. - fala Guilherme.
-Tá vendo, mãe? Era isso que eu tava querendo te explicar: o Gui já pensa nisso desde que a gente voltou. Não precisava me chamar atenção assim na frente do Maurício... - reclama Érico.
-Ai, começou o chiliquinho, tava demorando pra fazer o pós emo que nunca superou dois mil e cinco... - implica Carla.
-Deixa de ser implicante, Carla. Até porque eu mesmo passei pela fase emo, cadê seu Deus agora? - brinca Maurício.
Todos seguem conversando descontraídamente. CORTA A CENA.

CENA 8: Daniella está arrumando suas malas para passar alguns dias fora quando seu celular toca e ela estranha.
-Ai caçamba! Custava a pessoa me mandar uma mensagem escrita ou por áudio no zap? Mas não, tem que fazer a barroca e me ligar! Nem o Gustavo seria capaz dessa coisa ultrapassada! - esbraveja consigo mesma.
Daniella pega o celular e vê que se trata de Flavinho, atendendo contrariada.
-Ai viado, precisava ligar? Mandasse um áudio...
-Dani, pres'tenção! Eu liguei porque sei que ocê tá ocupada nessa coisa de se organizar pra viajar.
-Ainda bem que sabe. Quer me dizer o que é, criatura?
-A Valéria foi sequestrada.
-Que? Isso é realmente sério? Como foi isso? E o Gustavo, cadê?
-Tá tentando segurar as pontas aqui em casa. Só a gente e o Hugo sabem de tudo.
-Como foi isso, gente?
-A Giovanna sequestrou a Valéria. Ela e o Leonardo.
-Eu sabia que aquela mulher tava tramando alguma coisa! Sabia!
-Te liguei por isso, não tem condição de viajar agora.
-Compreendo e te dou razão. Eu vou cancelar... quer dizer, adiar a minha viagem. Você e o Gustavo precisam de mim. Me avisem de qualquer novidade, tá?
-Pode deixar.
CORTA A CENA.

CENA 9: Depois de muita insistência, Hugo convence Giovanna a abrir a porta do quarto onde estão Valéria e Leonardo.
-Obrigado por isso, Giovanna.
Hugo entra no quarto e Valéria o abraça, chorando. Hugo tenta se manter firme.
-A Giovanna deu um minuto pra gente. Ou ela mesma vem e me arranca daqui a força.
-E ocê vai deixar essa louca fazer isso, Hugo?
-Ela tá completamente pirada. Melhor não contrariar maluco.
-Leva o Leozinho daqui. Eu sei que ela não quer o nosso filho aqui, que foi um acidente. Leva ele daqui.
-Eu levo. Mas eu vou voltar, amor. Eu vou voltar e te tirar daqui.
-Pensa no nosso filho agora, Hugo. O resto se pensa depois. Eu não sei se vou sair viva daqui.
-Claro que vai! Aguenta firme!
Giovanna abre a porta.
-Acabou a visita íntima do casal entojado. Pega o remelento e se manda daqui, Hugo! - ordena Giovanna.
Hugo parte com Leonardo nos braços, chorando. CORTA A CENA.

CENA 10: Flavinho e Gustavo conversam no quintal da mansão e não percebem que Bernadete está perto.
-Falou com o Hugo, amor?
-Falei, Gustavo. Ele tá voltando.
-Com a Valéria?
-Não, só com o Leonardo. Parece que a Giovanna não quis livrar a Valéria do cárcere ainda. Só espero que não precise ter polícia pra acabar com esse sequestro maldito!
-Nem fala, amor... esse pesadelo precisa acabar. A Giovanna pode acabar fazendo algo horrível contra a minha irmã...
Bernadete ouve chocada a tudo e sai andando desorientada pela casa. CORTA A CENA.

CENA 11: Valéria está na sala da casa e Giovanna lhe cobra agradecimentos.
-Não vai me agradecer pela generosidade, ingrata? Eu podia ter te deixado lá naquele quarto escuro...
-Obrigada.
-Não senti firmeza. Você devia ser mais grata. Tou até preparando o seu último banquete. Pelo menos vai morrer de bucho cheio! Vamos, vadia: agradeça!
-Muito obrigada, Giovanna.
-Ainda não gostei. Mas tá melhorzinho. Sabia que vai ter sobremesa?
-É mesmo? Não vai ter arsênico em nada?
-Relaxa, Valéria. Eu não sou covarde. Eu gosto de mortes lentas e dolorosas. Veneno mata rápido demais. Eu quero te ver sofrer, implorar pela vida. Quero te ver tremer, quero ver seus olhos transpirando desespero. A sua pele suando frio, você perdendo qualquer confiança no futuro. E só então te ver morrer. Devagar.
Giovanna ri e se vira de costas para Valéria, que aproveita a chance para pegar um castiçal. Valéria se certifica de que Giovanna está distraída e a golpeia com toda a sua força. Giovanna cai desmaiada.
-Eu preciso dar o fora daqui! - fala Valéria, consigo mesma.
FIM DO CAPÍTULO 187.

Nenhum comentário:

Postar um comentário