sábado, 13 de maio de 2017

CAPÍTULO 156

CENA 1: Sérgio fica incrédulo, apesar de emocionado.
-Isso é realmente sério, Bernadete?
-Sim. Eu cansei de negar a mim mesma tudo isso. Eu sempre te quis, assim... só pra mim, sempre te amei, te desejei... mas a gente acabou se afastando. A vida tem esses caprichos...
-Foi você que abriu mão de mim em oitenta e quatro.
-Eu sei disso. Lembro de tudo. Mas eu precisava limpar minha consciência, porque a Marilu tava gamada em você...
-Mas era só um lance de pele...
-Nem eu nem você tínhamos como saber. Depois, o Leopoldo já vinha dando em cima de mim.
-Tudo porque ele já era meio metido a conservador e implicava com o fato da Nicole ser toda liberada...
-E eu me entreguei a ele. Me senti protegida, compreendida depois das coisas que aconteceram... as coisas foram assim.
-Mas não são mais. E eu esperei por você esses anos todos, mais de trinta anos.
-Como é que a gente permitiu que as nossas vidas chegassem ao ponto que chegaram? Se bem que eu não substituiria meus filhos por nada. Mesmo depois da morte do Leo... ainda ganhei o Flavinho, meu filho do coração...
-Chega de conversa, Dete...
Os dois se beijam.
-Sérgio... eu tava pensando que você não precisa mais alugar esse apartamento.
-Como assim?
-A gente já perdeu tempo demais. Se muda pra minha casa...
-Ah, eu não sei... tem o Leopoldo morando lá... e o Hugo pode estranhar também.
-Os dois querem a minha felicidade e o Leopoldo é seu amigo. Aceita, vai...
-Tá bem. Eu aceito me mudar.
-Isso é sério, amor?
-Não foi você que pediu? Eu acho que é bom viver ao seu lado depois de tanto tempo longe...
-Eu te amo tanto, Sérgio!
Bernadete pula empolgada nos braços de Sérgio. CORTA A CENA.

CENA 2: No dia seguinte, já instalado na mansão dos di Fiori, Sérgio chama Leopoldo para conversar.
-Acho que eu te devo um pedido de desculpas, meu amigo...
-Por que, Sérgio? Tá tudo certo... mesmo.
-É que eu não imaginava mesmo que a vida fosse dar essas voltas todas. Nem que terminaríamos todos na mesma casa.
-Relaxa. A casa é da Bernadete. É ela quem manda e quem decide. Estamos separados e eu não tenho razão pra reclamar da presença do meu melhor amigo aqui...
-Poxa, cara... cê nem sabe como eu fico aliviado com isso. Meu medo é que você estivesse muito reaça ainda...
-A vida tem me ensinado a não ser tão conservador. Depois, cá entre nós, esqueceu que tou pegando a tua ex também?
Os dois riem.
-Que situação, Leopoldo. Depois de mais de trinta anos... a troca foi desfeita.
-Loucura esse destino da gente, hein? Troca, destroca... e no fim todos aqui, perto uns dos outros, como na época do segundo grau!
-Ah, o terceirão... a expectativa pro vestibular. Parece que foi ontem...
Os dois seguem conversando. CORTA A CENA.

CENA 3: Fábio liga para celular de Cristina, que lhe atende na sala da clínica.
-Fala, Fábio.
-Queria saber se a gente podia conversar...
-É sobre a nossa filha? Ela tá precisando de alguma coisa? Cadê a minha mãe? Chama a minha mãe que eu falo com ela...
-Não tem nada a ver com a Arlete. Dona Nicole ainda tá dormindo.
-Então eu posso saber por que você me ligou em pleno horário de expediente, Fábio?
-Queria conversar com você.
-Eu já te falei que quando for pra gente conversar, eu te ligo, eu te procuro. A gente já se vê todos os dias em função da nossa filha.
-É que eu pensei que...
-Pensou errado. Sou cordial e gentil sim, mas não significa que eu esteja menos ferida pelas coisas que você me disse.
-Eu te entendo...
-Que bom que me entende. É melhor pra todos nós.
-Vou esperar.
-Quieto, de preferência. Preciso trabalhar, Fábio. Tchau.
CORTA A CENA.

CENA 4: Daniella e Gustavo, já de volta, contam a Patrícia e Flavinho, que aproveita horário de almoço para ir vê-los, tudo sobre o afogamento de Gustavo.
-Bom, no fim das contas foi isso, gente. Apesar do susto, eu saí bem vivo e a Dani foi uma maravilhosa de me socorrer sozinha, porque se dependesse do instrutor fujão, eu nem tava mais aqui... - fala Gustavo.
-Agora, eu tou impressionada é com um negócio, gente... ocê, Flavinho... sentiu que tinha alguma coisa de errado que nem a Dani sentiu, com a diferença que ela tava perto e ele não... - comenta Patrícia.
-Eu não sei como é que pode um trem desses, sinceramente. Nem acredito direito nessas coisas meio sobrenaturais, mas abafa... - fala Flavinho.
-Nem eu. De repente foi só uma coincidência... - fala Gustavo, tentando disfarçar que ficou impressionado.
-Pois eu não acho que é coincidência, muito menos acho que isso seja algo espantoso. Intuição e mediunidade são coisas que existem na gente em maior ou menor grau. Pra mim isso é tudo tão natural... - fala Daniella.
Os quatro seguem conversando. CORTA A CENA.

CENA 5: Minutos depois, Flavinho deixa a casa de Daniella para voltar ao trabalho e é surpreendido por Érico.
-Que isso, Érico? Como é que ocê chegou aqui?
-Eu tinha certeza que era pra cá que cê tinha vindo quando cancelou o nosso almoço juntos.
-E daí? Te devo esse tipo de satisfação, por um acaso?
-Você é meu namorado, cara! Eu tenho que saber onde você vai, sabia disso?
-Não, não tem que saber. Eu ainda sou um sujeito livre. E não tou gostando nada dessa sua cena absurda de ciúme.
-Quem disse que é ciúme?
-Tá na sua cara.
-Quer saber de uma coisa? É ciúme sim! Cê me troca pelo seu amiguinho na primeira oportunidade, sendo que já tiveram um rolo antes. Quer que eu pense o que?
-Que a gente é amigo. Eu não sei se ocê sabe, mas existiu uma vida antes de você. Eu enviuvei inclusive, não sei se ocê lembra desse detalhe. Então pensa duas vezes antes de dar chiliquinho imaturo pra cima de mim porque se tem uma coisa que eu não suporto nessa vida, depois de passar por tudo o que passei, é drama de gente carente que só quer chamar a porcaria da atenção!
Flavinho sai andando e Érico vai atrás dele.
-Volta aqui!
CORTA A CENA.

CENA 6: Bernadete e Sérgio conversam animadamente com Leopoldo. Os três relembram a época do colégio.
-Eu acho doido que, mesmo com tudo que já passou, cê continua com aquela graça meio infantil quando sorri. Essas covinhas sempre dando esse ar... - fala Sérgio, para Bernadete.
-Bondade sua, querido. Ninguém passa imune aos cinquenta... - fala Bernadete.
-Tá falando isso pra ser elogiada, quer apostar quanto? - brinca Leopoldo.
-Tou ligado, meu amigo... certas coisas nunca mudam, mesmo! - fala Sérgio, olhando encantado para Bernadete.
-Sabe, gente... esse momento, esse clima maravilhoso... me fez pensar que você podia chamar a Nicole pra vir morar aqui, sabe? - fala Bernadete.
Leopoldo gargalha. Bernadete estranha.
-Posso saber qual a razão desse riso? - questiona Bernadete.
-Quem diria, gente... mais de trinta anos depois, essa situação. Desculpa, mas não pude deixar de achar engraçado... - fala Leopoldo.
-Pois eu acho uma boa ideia. Apesar de ser meio inusitada essa ideia dos casais trocados vivendo na mesma casa. Maior que isso é amizade que nós sempre tivemos, desde que nos conhecemos... - fala Sérgio.
-Isso é verdade. Cês lembram daquela vez que a gente tava fazendo manifestação pelas eleições diretas e eu tomei uma cacetada de um policial? Caramba, de repente esse fogo juvenil voltou, sabe? Parece que o meu eu conservador foi uma forma de me defender do que eu vi cair na minha vida, a começar pela morte dos meus pais... - fala Leopoldo.
-Chama a Nicole, cara. Ela vai concordar em morar aqui, certeza! - fala Sérgio.
-Vocês venceram, eu vou falar com ela! - determina Leopoldo.
CORTA A CENA.

CENA 7: Horas depois, Hugo vai buscar Valéria na casa de Mauro. William observa de longe.
-Tudo certo, Valéria?
-Sim, Hugo. Acabei de vestir a roupinha do Leozinho.
-Maravilha. O seu Mauro e o William não se incomodaram de você ir dar uma volta comigo?
-Deixa de besteira, Hugo. Se eles se incomodarem, eles tem dois trabalhos: se incomodar e deixar de se incomodar, porque euzinha que não vou colocar a minha liberdade em negociação.
-Gosto quando você fala assim, sinto uma esperança.
-Esperança?
-Deixa pra lá...
-Acho bom, mesmo. Hugo, me ajuda aqui a destravar a rodinha do carrinho? Não tou conseguindo...
William observa, enciumado, interação entre Hugo e Valéria. Hugo e Valéria partem para passeio. CORTA A CENA.

CENA 8: Flavinho vai à casa de Érico, que o recebe envergonhado.
-Obrigado por vir. E desculpa pela cena ridícula de mais cedo.
-Tá desculpado. Mas Érico, eu queria deixar clara uma coisa.
-Por favor, fale...
-É a última vez que eu vou deixar passar uma coisa dessas. Eu não tenho tolerância nenhuma com esse tipo de cena, com esse tipo de drama, tá entendendo?
-Cê tem que entender que não é drama. Eu te amo!
-Será que ama? Cara, eu acho que a gente nem teve tempo suficiente ainda pra mensurar o que a gente realmente sente. Será que isso daí não é carência?
-Claro que não é. Eu gosto de estar ao seu lado, você me faz bem.
-Se eu te faço bem, eu não vou admitir que as suas inseguranças escorreguem pra cima de mim, tá entendido?
-Tudo bem... pode deixar.
-Não vai haver segunda chance. Não me custa nada acabar com o namoro se ele se tornar algo tóxico pra nós.
CORTA A CENA.

CENA 9: Nicole gargalha com proposta de Leopoldo.
-Tá certo que a proposta é meio absurda, mas precisa gargalhar desse jeito?
-Ai, querido... desculpa. É que eu ri mais da sua cara, todo sem graça pra falar só isso...
-Nossa, tinha esquecido desse seu lado debochado.
-Não é deboche, Leopoldo. A verdade é que eu acho essa ideia bem boa, sabia disso?
-Sério?
-Sim. Depois, o Fábio pode ficar aqui com a Arlete, afinal tem trabalhado de casa...
-Você aceita mesmo se mudar pra minha casa?
-A casa da Dete, cê quer dizer...
-Que seja...
-Claro que aceito. Vai ser ótimo relembrar nossos tempos de juventude todos os dias!
CORTA A CENA.

CENA 10: Valéria volta para casa e coloca Leonardo para dormir. Quando está saindo do quarto, é surpreendida por William.
-Que susto, William! Sempre chegando tão silencioso...
-Foi bom o passeio com o Hugo?
-Não gostei desse seu tom. Sinceramente? Foi bom sim, foi maravilhoso.
-Nossa...
-Na verdade nem te devo esse tipo de satisfação, mas pode ter a mais absoluta certeza de que foi um excelente momento. Tava precisando dessa leveza, sabe?
William perde a cabeça e agarra com força os braços de Valéria.
-Ocê para de me provocar!
-Me larga, William. Agora! Provocar o que, criatura?
-Eu tenho medo, Valéria. Fico com a sensação de que a qualquer momento posso te perder pra ele.
Valéria fica chocada. FIM DO CAPÍTULO 156.

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