quinta-feira, 11 de maio de 2017

CAPÍTULO 154

CENA 1: Nicole fica surpresa e sem reação diante de Leopoldo.
-Não vai me convidar pra entrar?
-Ah, claro... entra, Leopoldo, por favor...
-Acho que chegou a hora da gente conversar sobre uma coisa que precisa de resolução... algo definitivo.
-Fala, Leopoldo... eu acho que esperei por mais tempo do que pensava pelo que você tem a dizer. Sobre o que você tem a dizer sobre nós dois, sobretudo...
-É verdade, Nicole. Eu te dei um nome, o nome que você carrega até hoje. Nunca deixei de te amar.
Nicole se emociona.
-Nunca vou esquecer desse carinho que você me fez. Eu sempre odiei meu nome. Achava horrível ser chamada de Marilu... foi ali que eu percebi o quanto você me amava, sabe?
-Quando?
-Naquela conversa que eu te falei, toda cheia de vergonha, que eu tinha vergonha do meu nome.
-Ah, sim... foi quando eu disse que você tinha cara de Nicole. Seus olhos brilharam na hora!
-Sim. Eu sabia que eu tinha um nome ali. O meu nome. O nome que você me deu. Eu nunca te esqueci, Leopoldo. Você foi e é meu único grande amor dessa vida.
Os dois se beijam, mas Leopoldo recua. Nicole estranha.
-O que foi? Não gostou?
-Gostei, mas é que tudo isso é novo pra mim. Foram mais de trinta anos sem sentir a sua boca, o seu gosto... preciso que cê tenha paciência comigo até eu me acostumar.
-Acostumar? Isso é um pedido de namoro?
-É... você aceita?
-Claro que eu aceito, meu amor. Meu único amor! Fica aqui comigo, passa o dia...
Os dois tornam a se beijar.
-Tudo bem. A gente merece passar esse tempo juntos, pra compensar o tempo que a gente perdeu.
-Sabe, Leopoldo... eu não acho que a gente perdeu. A gente ganhou em maturidade, isso é maravilhoso...
CORTA A CENA.

CENA 2: Antes de deixar Giovanna na frente da agência, Hugo lhe puxa suavemente pelo braço.
-Espera, Giovanna...
-O que foi, Hugo? Esqueci de alguma coisa?
-Não. Na verdade eu queria te dar um conselho.
-Hugo... se conselho fosse uma coisa boa, não se dava...
-Eu me importo com você.
-Isso me emociona, sabe? Não mereço que você se importe depois de tudo que aprontei.
-Não tou falando de merecimento, mas de necessidade. E você precisa respeitar o tempo de cada pessoa.
-É difícil, Hugo. Eu vivi praticamente quarenta anos num sistema de valores completamente deturpado, que hoje me assusta.
-Fico feliz por essa constatação. Querida, eu preciso ir agora. Fique bem.
CORTA A CENA.

CENA 3: Anoitece. Nicole cuida de Arlete e Leopoldo se levanta.
-Querida... eu preciso ir embora. Já tá ficando escuro e a Dete já já me liga pro jantar.
-Fica, Leopoldo... janta comigo. Fica comigo aqui, por essa noite, se quiser...
-Vamos com calma, Nicole... eu tou separado da Dete, mas ainda moro na mesma casa que ela.
-E qual o problema?
-Eu não me sinto ainda com liberdade pra certas coisas.
-Sinto sua falta. Do seu gosto. Do seu corpo. Faz mais de trinta anos que eu não te sinto dentro de mim, Leopoldo...
-Por favor, procura entender. Eu te pedi paciência.
-Eu sei disso... mas é que sinto tanta vontade de recuperar tudo aquilo que a gente foi um dia...
-O tempo nos moldou, Nicole. Não somos os mesmos.
-Mas ainda nos amamos.
-Sim. Mas vamos dar tempo ao tempo.
-Me beija antes de ir...
Leopoldo beija Nicole e parte. CORTA A CENA.

CENA 4: Na manhã do dia seguinte, Bernadete nota expressão leve em Leopoldo durante café da manhã.
-Tava esperando o Flavinho sair pro trabalho pra te perguntar...
-Perguntar o que, Bernadete?
-Você saiu ontem cedo, voltou só pro jantar... veio todo leve e agora tá com essa cara de quem dormiu o sono dos justos. Isso porque eu sei que você foi ver a Nicole... e aí, rolou?
-Fico meio sem graça de falar essas coisas assim... ainda mais pra você.
-Somos amigos. Eu sei que vocês se acertaram. Não foi isso?
-Foi! E sabe o que eu acho?
-Que vai casar com ela? Eu não tenho dúvida disso!
-Devagar com o andor dessa carruagem! Não é isso.
-É o que, então?
-Que você devia fazer o mesmo com o Sérgio.
-Como é que é? Quem te disse uma coisa dessas?
-Eu sei que vocês nunca deixaram de se amar.
-Confesso que fiquei surpresa com essa sua atitude, viu? Quem diria...
-Sabe o que é? Não quero mais perder tempo nessa vida com falso moralismo e deixando de ser feliz...
CORTA A CENA.

CENA 5: Valéria se surpreende ao ver Giovanna sentada em sua cadeira.
-Ai que susto, Giovanna! Perdeu o caminho da sua sala?
-Não, Valéria... eu acho que é tempo de a gente conversar outra vez...
-Tá certo. Vamos pra sua sala. Sua sorte é que eu não tenho muito a fazer hoje na revista...
Valéria acompanha Giovanna à sala.
-Bem, Valéria... eu só quero te dizer mais uma vez que eu mudei de verdade, viu?
-Giovanna... eu não sou ninguém pra te dizer que essa mudança não é de verdade, sabe?
-Mas é importante pra mim que você acredite.
-Deve ser mais importante p'rocê saber que tudo isso que aconteceu aí dentro é real. É isso que realmente importa.
-Eu preciso que você acredite minimamente em mim.
-Não precisa, Giovanna... ocê só precisa da sua consciência limpa. A sua consciência tá limpa?
-Tá sim... eu juro que sim. Acredita agora em mim?
-Digamos que sim. Acredito um pouco. Mas prefiro ainda me manter com o benefício da dúvida. Não tenho nada contra você, Giovanna, mas você teve tudo contra mim. É difícil fingir que nada disso aconteceu ou que não me atingiu, mas vou tentar, se perceber que essa sua mudança é mesmo pra valer. Agora me dá licença que eu preciso voltar ao trabalho...
CORTA A CENA.

CENA 6: Guilherme almoça com os pais e critica atitudes de Érico.
-Ai, eu não me aguento. O Érico tá visivelmente fazendo besteira com a vida dele e acha que eu não percebo... - fala Guilherme.
-Sim, filho... mas se ele estiver fazendo besteira, é direito dele. A gente é humano, a gente erra... - contemporiza Humberto.
-Seu pai tá coberto de razão. Guilherme, meu filho... afinal de contas, o que é que te incomoda tanto no comportamento do Érico? Será mesmo só o medo de ele estar fazendo besteira ou será que você não tá se mordendo de ciúme de ele ter arranjado um namorado bom e bonito que não é você? - questiona Armênia.
-Ai não! Que ideia, gente! Eu não posso falar que tou preocupado com o meu amigo que já começa esse papo chato de que eu tou arrependido de ter terminado com ele? Ah, me poupem, vocês dois! Vou comer no meu quarto que assim não escuto essas abobrinhas de vocês! - revolta-se Guilherme.
Guilherme levanta-se e deixa a mesa. Humberto olha para Armênia.
-O que cê acha, Armênia?
-Tá se mordendo de ciúme e tá assustado com isso...
-Ué... assustado por que, amor?
-Nosso filho até hoje vivia muito bem acomodado na teoria – muito boa por sinal – de que ciúme é insegurança e não deve ser a tônica de relacionamento nenhum...
-Mas é inevitável, querida... cedo ou tarde nossas inseguranças viram ciúme.
-Ele tá perturbado por isso. Pensava que podia controlar até isso. E de fato ele pode, que é quando escolhe não jogar isso pro outro, pro Érico, pra quem quer que seja. Mas tá sofrendo em negação. Nosso filho tá descobrindo que ama mais o Érico do que pensava...
CORTA A CENA.

CENA 7: Nicole almoça com Cristina, que desabafa com a mãe.
-Não aguento mais, mãe...
-Não aguenta o que, Cris?
-Essa sensação amarga de me sentir ultrajada pelas desconfianças e pelas palavras do Fábio.
-Sinceramente... eu acho que cê tá dando uma proporção maior do que devia a tudo isso.
-Fácil pra você falar, né mãe?
-Não sei porque. Filha, eu entendo que ele foi machista, mas não foi intencional. Ele percebeu o erro e se desculpou por isso. Não devia bastar?
-Devia? Me responda você, mãe: você passaria uma borracha se o seu namorado, noivo ou marido perguntasse na sua cara se o filho que você está esperando é mesmo dele?
-Bem, eu não sei... agora você me pegou.
-Tá vendo, mãe? É o tipo de coisa que nem você sabe responder...
-Mas isso não significa que eu como sua mãe não possa te aconselhar.
-Será mesmo, dona Nicole? Ou cê tá com medo que o genro querido te mande pra fora de casa?
-Credo, filha! Claro que não! Cê sabe que qualquer coisa eu peço abrigo pra sua irmã...
-Mãe... eu acho melhor a gente mudar de assunto.
-Mas foi você que começou, sua avoada!
-Que seja, não quero mais falar nisso.
CORTA A CENA.

CENA 8: Gustavo se anima e Daniella se alegra com empolgação do namorado.
-Eita que dá pra sentir sua empolgação daqui, amor!
-De repente me deu uma vontade de aproveitar tudo isso, sabe?
-Que ótimo, amor! Tá pensando em fazer alguma coisa, algum programa?
-Então, eu tava pensando em mergulhar.
-Com aqueles equipamentos e tudo mais? Eu falo com o Geraldo.
-O instrutor?
-Isso. Eu tava mesmo com vontade.
-Maravilha. Eu vou tomar uma chuveirada e a gente já vai, tá?
-Perfeito!
Quando Gustavo deixa a sala, Daniella tem um mau pressentimento e leva a mão ao peito, preocupada. CORTA A CENA.

CENA 9: Valéria almoça com Flavinho na cantina da clínica e estranha expressão do amigo.
-Tá acontecendo alguma coisa, Flavinho?
-De verdade nada. Mas por dentro tou me sentindo pequenininho, sabe?
-Uai, por que isso agora, viado?
-Não me reconheço mais.
-Gente, como assim? Não tou entendendo.
-As minhas escolhas. As coisas que eu tenho feito. Não são minhas. Não sou eu...
-Me explica melhor isso, migo...
-Não sei se tem como.
-Tenta, pelo menos. Tem a ver com o namoro com o Érico?
-Tem. Eu não sei se realmente quero...
Flavinho segue desabafando. CORTA A CENA.

CENA 10: O instrutor de mergulho deixa Gustavo e Daniella a sós e parte. Daniella faz gestos amorosos a Gustavo, que retribui. Após algum tempo, Daniella sinaliza que quer emergir e Gustavo começa a segui-la. Daniella vai na frente, sem olhar para trás e não percebe quando o tubo de oxigênio de Gustavo apresenta um problema. Gustavo se apavora por estar perdendo o ar e puxa o equipamento. Gustavo começa a se afogar enquanto Daniella emerge à superfície, sem desconfiar ainda do que está acontecendo. Daniella começa a estranhar a demora de Gustavo.
-Ai gente... ele tava logo atrás de mim. Já tem quase um minuto que eu tou aqui e nada dele! Ai, meu Deus! Cadê o instrutor?
Daniella se apavora e lembra do mau pressentimento que teve antes de sair.
-Ele tá afogando! Socorro!
Ninguém ouve e Daniella mergulha, afoita. FIM DO CAPÍTULO 154.

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