CENA 1: Cristina olha raivosamente para Vitório, que suspira sentido.
-Eu mereci esse cuspe.
Fábio deixa a sala para que a acareação possa prosseguir. Cristina segue olhando raivosamente para Vitório.
-Sabe quando eu vou te perdoar, Vitório? Nunca! Nunca nessa vida eu vou ser capaz de perdoar você pelo que você se tornou! Nunca!
-Mas eu me entreguei por vontade própria depois da minha mãe abrir meus olhos.
-É o mínimo que você poderia fazer tanto pela dona Valentina quanto pelo seu Peppino. Nada além da sua obrigação. Não existe mérito nenhum nisso, seu verme.
-Mas eu mudei. Estou mudando.
-Já mudou antes e foi pra pior. Eu até acredito na sua mudança. Só não tenho a mínima esperança de que seja pra melhor.
-Cristina... eu preciso do seu perdão.
-Não precisa de nada.
-Você não tá dentro de mim pra saber do que eu sinto.
-Ah, é mesmo? Veja a grande ironia disso tudo: e por acaso cê tava dentro de mim, pra saber o que eu sentia, quando resolveu armar aquela coisa toda e me sequestrar? Parou pra pensar por um segundo que fosse em como eu me senti sendo levada à força pra outro país?
-Eu tava fora de mim, procura entender.
-Que você tava fora de si, isso é óbvio. Mas em algum momento isso justifica o que foi feito?
-Não, mas...
-Cala a boca que eu não terminei!
De repente, o delegado interrompe a conversa.
-Dona Cristina, eu entendo sua raiva, mas precisamos prosseguir com a acareação, afinal de contas, Vitório está sendo indiciado por formação de quadrilha, sequestro e ainda com o agravante de ser um crime contra mulher. - fala o delegado.
-Tudo bem, delegado Ventura. Prossigamos. - fala Cristina.
A acareação segue. CORTA A CENA.
CENA 2: Cristina sai enfurecida da acareação e Fábio procura acalmá-la.
-Ei, amor... já passou.
-É, mas a raiva tá bem viva.
-Como foi?
-Melhor do que eu imaginava. Mas eu me segurei demais pra não avançar no pescoço daquele infeliz!
-Pelo menos ele colaborou?
-Sim. Fiquei até perplexa. Ele confessou todos os crimes. Alguns até que eu nem fazia ideia de que ele já tinha cometido.
-Bem, isso é sinal de que ele realmente quer pagar pelo que fez.
-Tento acreditar nisso, mas sabe quando cê fica com aquela sensação de que é esmola demais?
-Eu entendo a razão das desconfianças, amor... mas será que cabe desconfiar agora?
-O seguro morreu de velho, Fábio... eu só acredito nesse arrependimento quando ele estiver não apenas preso, mas também condenado.
-Isso me faz me perguntar uma coisa.
-O que?
-Isso é justiça ou vingança?
-Que ideia! É óbvio que é justiça!
Nesse momento, Cristina sente forte tontura e quase cai, sendo amparada por Fábio.
-De novo essa tontura, amor?
-Deve ser estresse, Fábio... me leva pra casa.
CORTA A CENA.
CENA 3: Flavinho visita Valéria na casa de Mauro e William.
-Flavinho, me responde um troço...
-O que, Valéria?
-Ocê não ia ver seu namorado hoje?
-Ah, todo dia cansa...
-Credo, viado... achei que ia te ver mais empolgado... mal começou a namorar o Érico e já tá desse jeito?
-Ah, eu e ele somos jogo aberto. Não tem segredos...
-Não é esse o problema, Flavinho. O problema é que claramente tem algo de errado aí...
-Deixa isso pra lá, vamos mudar de assunto...
-Ocê que sabe...
-Eu ando encasquetado com a Cris...
-Uai, por que? Não vai dizer que ela tá com aquela tal de Síndrome de Estocolmo...
-Não, boba... nada disso.
-O que é então, afinal de contas?
-Eu acho que ela tá é grávida!
-Sério? Não brinca... mas assim, tão rápido de novo?
-Pois é, olha o risco!
-Tomara que não, né? Imagina que loucura, além de ser uma gravidez atrás da outra, ainda ter todo esse estresse vivido nos últimos tempos...
-Nem fala, Valéria. A vida não andou sendo fácil pra chefinha...
CORTA A CENA.
CENA 4: No dia seguinte, Gustavo chega de surpresa na casa de Daniella.
-Conseguiu folgas extras, amor?
-Melhor que isso: a Cris me deu férias. Faltavam poucas semanas pra elas vencerem, mesmo...
-Gente, que tudo! Minha irmã é a melhor desse mundo, mesmo depois de tudo o que ela passou ainda te conceder férias!
Patrícia ouve conversa e se manifesta.
-Férias? Eu ouvi férias? Ai que tudo, Gustavo! Ocê merece! - fala Patrícia.
-Sim! Inclusive é bom que cê tenha aparecido aqui na sala agora, Pati... porque já que o Gustavo entrou em férias, eu pensei em dar uma viajada com ele... e daí eu pensei que você podia aproveitar esses dias cuidando aqui de casa... - fala Daniella.
-Sozinha? Ai gente... ocês confiam esse tanto em mim, é? - espanta-se Patrícia.
-Eu não confiava, mas ocê foi se mostrando uma pessoa melhor. Hoje eu confio. - fala Gustavo.
-E eu sempre confiei, amiga. Antes mesmo de você perceber o quão incrível pode ser... - fala Daniella.
-Bem, eu posso garantir que vou cuidar dessa casa como se fosse minha! - fala Patrícia.
-E é! - finaliza Daniella.
CORTA A CENA.
CENA 5: Hugo vai à clínica a pedido de Evandro, o psiquiatra responsável pela internação de Giovanna.
-Bom dia, Hugo.
-Bom dia, doutor Evandro.
-Te chamei pra vir aqui para dar um novo parecer sobre o atual quadro da Giovanna.
-Imaginei que fosse isso. E então, como ela está?
-Indo muito melhor do que as expectativas inicialmente feitas sobre o caso dela.
-Sério?
-Muito sério. Ela evoluiu bem num curto período de tempo.
-Isso é muito bom! Quanto tempo ela ainda fica por aqui?
-Sinceramente? Ela tem plenas condições de voltar a conviver em sociedade sem problema algum hoje mesmo, se ela quiser.
-E você já disse isso a ela, doutor?
-Ainda não, porque considerei que fosse melhor alguém da confiança dela dar a boa notícia.
-E você quer que eu esteja ali pra dar a notícia?
-Exatamente.
CORTA A CENA.
CENA 6: Horas depois, Gustavo e Daniella terminam de arrumar as malas e se preparam para partir em viagem. Patrícia observa os dois.
-Gente, ocês tem certeza que não vai ter problema de eu ficar aqui sozinha, cuidando da casa? E se a dona Nicole implicar? - questiona Patrícia.
-Querida, se a minha mãe implicar, você me liga, manda mensagem de voz, qualquer coisa, mas me avisa na hora que com ela eu me entendo. A casa é minha e eu decido quem cuida dela na minha ausência... - fala Daniella.
-É que eu fico preocupada... - prossegue Patrícia.
-Pois não devia. Sabe, Pati, nesses últimos tempos ocê tem se mostrado uma grande amiga da gente, uma amiga que eu pensei que nunca teria n'ocê... - fala Gustavo.
-Ai para, Gustavo... falando assim, desse jeito, eu fico até emocionada. No fundo todas as burradas que eu fiz foi implorando por esse amor... esse amor que eu tenho hoje... - fala Patrícia, emocionada.
Daniella e Gustavo abraçam Patrícia. Daniella segue falando.
-É justamente por isso que eu insisti em você, amiga. Vi a pureza do seu coração quando ninguém conseguia ver. O tempo e a sua boa vontade e disposição pra melhorar só comprovaram que eu tava certa em não desistir de você... - fala Daniella.
-Sem falar que eu fico feliz demais em ver como ocê tá melhor, Pati. Apesar de tudo, eu sempre te amei, não do jeito que você queria. Mas sempre foi amor... - fala Gustavo.
-Vocês fazem parte desse meu crescimento. Vou ser sempre grata por isso. - finaliza Patrícia.
-Bem, a gente precisa ir. Qualquer coisa, já sabe, né? Liga pra mim, manda sms, mensagem de áudio, só não vale fazer vídeo dançando ragatanga! - brinca Daniella.
-Nem fazer a doida que fica empatando o lance dos amigos no meio da madrugada, né? - segue Gustavo, na brincadeira.
Os três riem.
-Vão com Deus, seus lindos! - fala Patrícia.
Gustavo e Daniella partem. CORTA A CENA.
CENA 7: Horas depois, Nicole nota Cristina preocupada.
-Que ruga é essa na sua testa, filha? Preocupação do Fábio estar na rua numa hora dessas?
-Claro que não. Sei que ele sabe se cuidar aqui no Rio...
-É o que, então?
-Mãe... eu acho que tou grávida de novo. Eu tou achando isso desde o sequestro.
-Mas isso não é bom?
-Não, mãe! Não vê que a Arlete nasceu antes do tempo e que foi uma gravidez pra lá de complicada?
-Mas dessa vez, se for mesmo gravidez, pode ser diferente, não?
-Vamos ser realistas... eu sou médica, mãe. Mesmo que não fosse, saberia que uma gravidez atrás da outra não é a melhor coisa que pode acontecer.
-Eu sei disso, mas já parou pra pensar que o fator preponderante pro nascimento prematuro da Arlete foi o estresse que você passou?
-Ah, jura? E eu nem passei por estresse nessas últimas semanas, né? É isso que me deixa ainda com mais medo de estar grávida outra vez!
-Calma, filha... o que tiver de ser, será...
CORTA A CENA.
CENA 8: Hugo acompanha Giovanna até seu apartamento, após ela receber alta.
-Obrigada por tudo, Hugo. Pelo apoio, por estar comigo nesses momentos decisivos...
-Que isso, Giovanna. Não fiz nada além da minha obrigação.
-Você fez muito mais. Você e seus pais. Aguentaram eu naquele delírio de gravidez que nem existia. Vocês foram ótimos.
-Para com isso... mas me diz, tá tudo tranquilo agora, mesmo?
-Claro que sim.
-Não quer que eu fique aqui essa noite?
-Prefiro ficar só. Eu me redescobri na minha solitude. Aprendi a amar minha companhia, a apreciar esses momentos. E sabe do que mais?
-O que?
-Eu quero uma vida leve. Limpa.
-Como assim?
-Sem rancores, sem ódios. Sem desejos de vingança... uma vida livre, livre do que me aprisiona.
Hugo se impressiona com postura de Giovanna. CORTA A CENA.
CENA 9: No começo da semana seguinte, Valéria chega à agência e é surpreendida por Giovanna sentada em sua cadeira.
-Giovanna? Eu achei que ocê...
-Estivesse internada? E tava, até sábado. Ganhei alta. Queria levar uma conversa com você, lá na minha sala.
-Tem certeza disso?
-Sim, estou desarmada. Querendo recomeçar do zero.
-Fico feliz por você.
-Eu mudei, Valéria. As coisas se transformaram dentro de mim. Sou uma nova Giovanna. Sem rancores, sem mágoas. Limpa, aberta, livre.
-Poxa, fico feliz por isso.
Giovanna abraça Valéria num impulso, na frente de todos e Valéria fica constrangida. FIM DO CAPÍTULO 150.
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