sexta-feira, 9 de junho de 2017

CAPÍTULO 179 - ÚLTIMAS SEMANAS

CENA 1: Bernadete segue incrédula diante da afirmação de Flavinho e tenta acreditar se tratar de uma decisão precipitada.
-Querido... você não pode estar falando sério.
-Mas eu tou. Eu preciso arejar a mente.
-Pensa melhor.
-Não tem mais o que pensar.
-Não quero perder mais um filho. Já perdi o Leonardo. Não aguentaria perder você também...
-Esquece isso. Ocê nunca vai me perder. Eu te prometo.
-Mas quer ir embora, como quer que eu não sinta que tou te perdendo?
-Porque não tá.
-Então fica! Fica nessa casa, perto da gente... aqui é o seu lugar. Aqui é a sua família.
-Sim. Vocês são a minha família. Mas eu não sei mais a qual lugar nesse mundo eu pertenço, mãe... é isso que eu quero que ocê entenda.
-Eu quero entender, meu filho. Mas eu não sei se consigo. Ainda mais depois de tudo que a gente passou... depois de eu aprender a conviver com a diferença.
-Sei disso. E agradeço pela acolhida depois que a minha mãe de sangue se foi... mas eu preciso descobrir meu rumo.
-Posso te recomendar um psicólogo se for depressão. Só não quero ficar longe de você, Flavinho...
-Eu saberia se fosse depressão e ocê mesma sabe que não é.
-Só quero que você repense isso. Que reflita com calma sobre tudo. Ainda dá tempo de mudar de ideia.
-Não sei se vou mudar. Eu preciso de um tempo meu, pra mim, comigo mesmo... entende?
-Entendo, só não acho realmente necessário sair daqui de casa, muito menos da cidade ou do estado. Da maneira que eu penso, qualquer questão mais espinhosa nossa vai nos acompanhar por onde a gente for.
-Concordo com isso. Mas no meu caso é um tanto diferente, tudo isso. Eu preciso me ver.
-Mas você não se vê o suficiente estando aqui?
-Não.
-Por que, meu querido?
-Já me demiti procurando evitar o Gustavo. Mas não posso evitar de continuar convivendo com ele. Ele é irmão da Valéria e vai casar com a Daniella que é irmã da Cristina. Eu preciso me afastar de tudo isso pra entender como posso lidar com essa dor.
-É por isso que eu insisto, meu querido... uma terapia poderia operar verdadeiros milagres em você sem que seja necessário você nos deixar aqui, entendeu?
-Que milagre? Não tem milagre. Eu não vou deixar de ver o Gustavo. E isso me machuca.
-Não é fugindo que as coisas vão se resolver.
-Pelo menos eu vou poder dimensionar o que realmente sinto.
-Precisa estar longe pra isso, meu filho?
-Tenta me entender...
-Eu sinceramente espero do fundo do meu coração que dê tempo de você mudar de ideia.
-Não sei se vai acontecer. Eu tou muito ferido. Precisando me reencontrar e descobrir quem eu realmente sou no meio disso tudo.
-Ainda tenho esperança.
-Não contaria com isso.
CORTA A CENA.

CENA 2: Cristina encontra Maurício no pub de Idina e os dois bebem uma cerveja.
-Bem, agora que a gente já tá sentado e bem relaxado, eu quero entender direito a razão de você ter me chamado aqui.
-Então, Cris... cê sabe que antes de você ter tido uma história ou filhos com meu pai, eu te vejo como uma amiga, não sabe?
-Ih... quando você começa com essas enrolações e explicando pela enésima vez que nunca me viu como madrasta e bla bla bla, já sei que tem coisa. Eu tou doida ou cê tá pensando na possibilidade de defender o Fábio?
-Ele é meu pai, né. Mas não, eu não tou aqui pra tomar partido de ninguém.
-Então eu realmente não entendi ainda qual é o ponto de tudo isso. Pode me explicar?
-É sobre ele sim. Mas não é sobre defender ele.
-Duvido. Um filho sempre vai se colocar na defesa do pai ou da mãe.
-Mas não é esse o caso. Juro que não.
-Então é bom que você vá direto ao ponto pra eu não achar que é exatamente isso...
-Sabe o que é? Ele tá pra voltar ao Brasil. Só eu sei disso, mas precisava te dizer.
-Pra que? Não faz diferença. Bom pra ele que resolveu parar de fugir e se acovardar. Bom pra ele que vai ver mais um filho nascer. É tudo o que posso dizer sobre isso...
-Cristina, pelo amor de Deus... será que não dá pra dar o braço a torcer?
-Pra que? Pra no primeiro momento ele vir com outra desconfiança sem fundamento e me soterrar com o pior do machismo? Não, obrigada.
-As pessoas não nascem sabendo das coisas.
-E você quer me convencer que uma pessoa que tá mais pros cinquenta do que pros quarenta não teve oportunidade de aprender essas coisas?
-Às vezes o meio não colabora pra que se revejam os privilégios.
-Sei. E por que eu deveria dar mais uma chance pro seu pai?
-Porque vocês se amam. Tá na cara.
-Nem sempre amor basta, Maurício. Quisera eu que fosse assim, mas infelizmente as coisas não são tão simples quanto parecem.
-Podem ser, se você se dispuser.
-Acontece que eu realmente não estou disposta.
-Tudo bem. Melhor mudar de assunto.
-Também acho. Até porque essa cerveja sem álcool tá uma delícia e nem vale a pena estragar o sabor dela.
CORTA A CENA.

CENA 3: Bruno e Geórgia conversam com Mônica sobre importante decisão que tomaram.
-Mônica... tem um tempinho pra ouvir a gente? - pergunta Geórgia.
-Precisa perguntar? Claro que sim, queridos. Sempre. - fala Mônica.
-Então... é que eu e a Geórgia tomamos uma decisão... - fala Bruno.
-Sei. Pela cara de vocês parece ser algo realmente importante. - observa Mônica.
-E é. Desde que eu e o Bruno começamos a namorar, a gente sentiu uma conexão forte. Uma coisa diferente... - começa Geórgia.
-Então a gente foi percebendo que éramos pro outro mais do que qualquer namorado ou namorada foi pra gente antes... - prossegue Bruno.
Mônica percebe onde os dois desejam chegar.
-Já até sei onde vocês querem chegar com esse ensaio todo. Mas vou deixar vocês mesmos dizerem... - fala Mônica.
-Bem... o fato é que a gente conversou bastante sobre tudo. Concluiu bastante coisa. E no fim de tudo isso, o Bruno me pediu em casamento. - explica Geórgia.
-E ela aceitou. A gente vai casar, Mônica! - vibra Bruno.
-Que maravilha, queridos! Quando? - pergunta Mônica.
-O quanto antes. E a gente já tá vendo um lugar pra morar. É por isso que a gente veio te dizer. Acima de tudo, te agradecer por tudo e... dizer que a gente vai sentir uma tremenda falta daqui... - emociona-se Geórgia.
-Ah, queridos... lógico que vou sentir falta de vocês. Mas já esperava por isso. O Alexandre vai se juntar à Raphaela pra selecionar o pessoal que vai ficar no lugar de vocês. Vivam, se permitam! E venham visitar sempre, tá? Que eu posso parecer durona, mas tenho sentimentos! - fala Mônica.
Os três se abraçam. CORTA A CENA.

CENA 4: Já em casa, Cristina conta a Vitório sobre conversa com Maurício.
-No final das contas, o Maurício tinha me chamado só pra falar do Fábio, acredita?
-Só não entendi essa sua indignação ao falar. Cê não é amiga do garoto?
-Sou, mas por que ele tinha que jogar na minha cara que o pai dele vai voltar pro Brasil?
-Não é óbvio? Ele também percebe e acredita que a história de vocês ainda não acabou.
-Ai, não começa com isso de novo, Vitório.
-Começo sim. E digo mais: quando eu souber que ele voltou, eu vou atrás dele sim!
-Você não seria capaz disso. Sabe que ele pode te receber na base de pancada, não sabe?
-E daí? Sou homem ou um rato?
-Vitório, isso é loucura. E seria inútil.
-Você não era derrotista assim, Cris.
-Não é derrotismo, meu amigo. Eu só prefiro encarar a realidade como ela é, sem nenhum tipo de ilusão alimentada.
-Sei.
-É verdade, cara...
-Tou dizendo que não é?
-Nem precisa, com esse seu tom irônico...
CORTA A CENA.

CENA 5: Bernadete, Nicole, Leopoldo e Sérgio conversam e bebem vinho no quintal da mansão, rindo das lembranças.
-Lembra daquela vez que o Sérgio ficou entalado na janela, na oitava série? - pergunta Nicole a Bernadete.
-Nem fala! Foi difícil ficar séria naquele dia. Me segurei demais pra não rir na cara dele! - ri Bernadete.
-Isso, muito bonito vocês! Nos dias de hoje isso ia ser bullying, sabia? Até porque eu sempre tive ossos largos... - descontrai Sérgio.
-Sei, ossos largos. Cê quer dizer gordo, né! - gargalha Leopoldo.
-É, mas o gordo mais bonito que eu já vi na vida... - derrete-se Bernadete.
-Ih, mal entrou o vinho na cabeça da bonita e ela já pensa que tem catorze anos de novo, toda bobona se derretendo pro Sérgio. Parece que eu tou vendo ela toda arrumada na formatura de oitenta e um! - gargalha Nicole.
-Ah tá, né dona Marilu! Como se você não tivesse feito a putiane precoce naquela noite. Tava vestida pra matar que eu lembro direitinho! - prossegue Bernadete.
Todos gargalham. Sérgio divaga.
-É doido como a gente passou por tudo o que passou e no fim das contas a gente tá aqui. Igual ao que era lá atrás... vida doida, né? - fala Sérgio.
-Que bom que a gente tá aqui, meu amigo. É assim que tinha que ser... - prossegue Leopoldo.
-Ai, calem a boca e bebam, fazendo favor! - descontrai Nicole.
CORTA A CENA.

CENA 6: Na manhã seguinte, Mônica se surpreende ao ver Geórgia e Bruno fazendo as malas.
-Gente, o que é isso? Não precisam ter pressa de sair daqui de casa, não! - espanta-se Mônica.
-Então... a gente meio que esqueceu de explicar detalhadamente a coisa antes, mas é que a gente não tava vendo apartamento pra alugar. A gente já tinha fechado um aluguel. - explica Geórgia.
-Mas não se preocupe, Mônica. Fica na Barra da Tijuca. Pertíssimo daqui. - explica Bruno.
-Ai, gente. Tanta surpresa boa pra ser feita nessa vida e cês me aprontam uma falseta dessas? Pelo menos tomem café da manhã, seus doidos! - fala Mônica.
-A gente levantou mais cedo, Mônica. Antes de todo mundo. A ideia era que você não visse a gente ir embora. Sabe o que é? Nunca soube lidar muito bem com despedidas... e o Bruno sabe disso. - explica Geórgia.
-Eu entendo. Não sou a pessoa mais habilidosa desse mundo com despedidas, também. Mas deixem eu ajudar vocês com as malas, pelo menos? - propõe Mônica.
-Não vai ser abuso da nossa parte? - pergunta Bruno.
-Quem te viu e quem te vê, Bruno! Claro que não, seu bobo! Posso cair dentro ou não posso? - pergunta Mônica.
-Já é! - fala Geórgia.
CORTA A CENA.

CENA 7: Vitório se certifica de que Cristina já saiu pra trabalhar e vasculha pertences dela na sala.
-Vamos! Eu sei que ela tem mania de anotar tudo numa agenda... tem que ter o contato do Maurício! - fala Vitório consigo mesmo.
Ao abrir uma gaveta, Vitório encontra a agenda.
-Ah, sabia! A mesma agenda há mais de quinze anos! Vamos... tem que ter o número do Maurício aqui!
Vitório acha o número de Maurício.
-Achei!
Vitório liga para Maurício, que atente prontamente.
-Alô?
-Alô... aqui quem fala é o Vitório.
-O que é que cê quer, cara?
-Calma, Maurício. Eu tou ligando em missão de paz. Eu sei de uma maneira de ajudar seu pai a se acertar com a Cristina.
-Que? Velho, essa conversa não tá fazendo sentido. Cê não tá com ela?
-Não.
-Como é que é?
-Longa história. Se quiser ouvir, eu conto e ainda te explico o que andei planejando.
-Bem, não custa nada... fala aí, cara...
Vitório começa a explicar toda a situação e sobre seu plano a Maurício. CORTA A CENA.

CENA 8: Horas depois, Daniella chama Gustavo para conversar, intrigada.
-Chamou pra que, amor?
-Pra tentar te entender, Gustavo.
-Uai, por que isso agora?
-Porque de repente eu comecei a perceber que você é mais difícil de ler do que eu imaginei.
-Que bobeira...
-Será mesmo bobeira?
-Claro que sim!
-Estranho, porque eu tou notando que cê tá bem pra baixo, bem descontente com tudo. Só não sei se é com o trabalho ou é outra coisa.
-Só ando cansado. Podemos mudar de assunto?
-Sei... podemos.
Daniella permanece desconfiada. CORTA A CENA.

CENA 9: Cristina chega em casa depois do trabalho e encontra um bilhete deixado por Vitório.
“Cris:
Tive que sair pra resolver uma pendência meio urgente. Não se preocupe que não tem nada a ver com qualquer coisa ilícita e nem tou descumprindo os termos da minha liberdade provisória. Deixei o jantar quase todo pronto, mas falta ainda colocar a pizza pra aquecer no forno. Volto antes da meia noite, não se preocupe.
Vitório.”
Cristina fica desconfiada.
-Não tou gostando nem um pouco disso, alguma coisa me diz que o Vitório foi se meter onde não devia...
Cristina tenta esquecer de suas desconfianças. CORTA A CENA.

CENA 10: Fábio retorna ao Rio de Janeiro e vai diretamente à casa que Maurício está morando. Ao chegar com o filho em casa, Fábio ouve um barulho vindo de dentro da casa.
-Filho, eu não quero te assustar, mas...
-Que foi, pai? Cê ficou pálido...
-É que eu escutei um barulho sinistro aqui dentro, acho que invadiram a casa.
-Tenho certeza que não.
-Mas eu ouvi!
-Então... pai... essa é a parte que eu não te contei. Tem alguém aqui. Esperando pra poder conversar com você.
-É a Cristina?
-Não. Vem comigo até o escritório que cê vai saber quem é.
-Não me assusta, filho...
-Confia em mim, pai.
Maurício abre a porta do escritório e Fábio toma um susto ao se deparar com Vitório.
-Você aqui?
Fábio segue incrédulo. FIM DO CAPÍTULO 179.

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