segunda-feira, 15 de maio de 2017

CAPÍTULO 157

CENA 1: Valéria se incomoda por William ainda não ter soltado seus braços.
-Me solta primeiro, cara.
-Desculpa. Não tinha me dado conta.
-Vamos deixar algumas coisas bem claras por aqui, William, que é p'rocê não me dizer depois que eu não avisei, porque eu sempre aviso, como boa aquariana que sou. Então vê se presta bem atenção em tudo.
-Pode falar...
-Eu não sou sua. Nem do Hugo. Não sou propriedade de ninguém, tá entendido? Então nunca mais nessa vida sonhe em me agarrar desse jeito que ocê fez agora. Isso é agressão, sabia?
-Não foi minha intenção.
-Beleza. Outra coisa: não me pressione a decidir nada. Eu resolvi dar uma chance a nós dois sim, mas em momento nenhum eu te garanti que nós namoraríamos, noivaríamos ou casaríamos. O combinado foi a gente ver até onde dá pra ir.
-Sinto ocê com medo... por tudo o que eu já te fiz passar. Te juro que jamais faria tudo aquilo outra vez...
-Você quer dar certo comigo?
-Lógico que sim!
-Então faz um favor e vê se não esquece: nunca mais mencione tudo o que a gente viveu no passado. Tenho memória pra isso. Remexer nesse passado, remoendo, só vai colocar tudo a perder. Melhor deixar o passado como ele deve estar: morto.
-Eu juro que vou tentar.
-Não tente, William... faça. Eu tou cansada de ter que repetir as mesmas coisas o tempo todo p'rocê parar de dar ataque besta de ciúme. Aliás, ciúme é um trem que eu não aguento nem entendo. Então eu preciso que ocê tente colaborar. E só pra te lembrar: nada disso aqui é garantia de que eu vá correr pros seus braços e te chamar de meu amor. Nada é certo ainda. Nem eu entendo direito o que ando sentindo. Então o mínimo que espero de você é que ocê respeite meu tempo e meu espaço, da mesma forma que eu creio que ocê espera ter tudo isso respeitado.
-Já entendi, Valéria. Desculpa por esse papelão desnecessário.
-Tá desculpado, mas não peça desculpas o tempo todo. Não faça coisas que te levem a pedir desculpas o tempo todo.
CORTA A CENA.

CENA 2: No dia seguinte, já na mansão dos di Fiori. Nicole termina de organizar suas coisas quando Sérgio lhe chama.
-Vem cá, Nicole.
-Fala, Sérgio...
-Tá feliz de vir pra cá?
-Nossa, nem fala... é meio maluca essa situação toda, eu estando com o Leopoldo depois de tanto tempo... arrumando o quarto que vai ser nosso daqui em diante...
-Quem diria, minha amiga... que depois de um casamento de mais de trinta anos a gente ainda ia ter que se aturar todo dia, hein?
-Besta. Você sabe que nós fomos sempre, antes de qualquer outra coisa, grandes amigos. Desculpa até repetir isso, mas... nunca tive aquela paixão, aquele sentimento de perder o fôlego por você, sabe? Te amei sim, mas sempre foi esse amor meio amigo. Não mudou muita coisa desde que a gente separou.
-Eu sei disso. Mas ainda acho doido tudo isso. A gente voltar a viver debaixo do mesmo teto, só que com parceiros diferentes...
-É que agora as coisas voltaram pro lugar. Estiveram fora do lugar durante mais de trinta anos, mas precisavam estar. Senão não teríamos acumulado essas experiências maravilhosas que tivemos...
CORTA A CENA.

CENA 3: Cristina vai buscar Arlete na casa de Fábio, que tenta conversar com ela.
-Aproveitando que cê veio buscar a nossa filha... acho que é um bom momento da gente conversar.
-Sim, Fábio. Dessa vez eu acho que é um bom momento. Já consegui esfriar bastante a minha cabeça em relação a tudo.
-Que bom...
-Mas talvez a minha conclusão sobre tudo não seja exatamente a que você esperava ouvir de mim...
-Espera... isso significa que é o nosso fim?
-Você entendeu o que eu quis dizer. Fim é uma palavra dura demais. Temos uma filha... e eu tou esperando mais um filho ou filha que também é nosso. Não é o fim da nossa amizade, nem da parceria. É o fim do relacionamento romântico, só.
-Por um momento senti uma espécie de deja vu... mas lembrei que da outra vez foi bem pior.
-Nem se compara, Fábio. Tivemos momentos maravilhosos. Mas você me feriu de uma forma que eu não sei se um dia sara. Nos resta conviver com isso. Te quero bem, Fábio... e é por amor que acho melhor a gente parar por aqui, antes que a gente acabe se machucando sem necessidade...
Cristina e Fábio se abraçam, chorando. CORTA A CENA.

CENA 4: Horas depois, Hugo escuta conversa de Cristina com Bernadete, Nicole, Leopoldo e Sérgio e resolve chamá-la.
-Gente, cês podem me emprestar a Cris por um instante? - pergunta Hugo.
Todos assentem com a cabeça. Cristina vai até Hugo, no quintal.
-O que foi, Hugo? Precisa me contar alguma novidade? Não vai me dizer que finalmente se acertou de novo com a Valéria! Ai que tudo!
-Não, Cristina... o papo é sobre você.
-Ué... não tou entendendo você... pode ser mais específico?
-Você não pode jogar sua felicidade fora assim. Eu ouvi você dizer que rompeu com o Fábio. Caramba, cê tá esperando outro filho dele e mesmo que não estivesse, tá na cara que vocês se amam! Você ama esse homem!
-Você não sabe o que eu passei. Não sabe o quanto que ele me feriu com as palavras que me disse.
-Não sei e nem quero me meter nisso. Só quero te alertar porque tou vendo que cê tá cometendo o mesmo erro que eu cometi quando abri mão de mim pra favorecer aquele caso insano que eu mantive com a Giovanna...
Cristina fica pensativa. CORTA A CENA.

CENA 5: Cristina desabafa com Nicole, que revela ter ouvido conversa.
-Antes que cê comece a se fazer de incompreendida, filha, eu ouvi o que o Hugo te disse. E quer saber de uma coisa?
-Fala, mãe... cê sabe que eu sempre gosto das coisas que você diz...
-Ele tá coberto de razão quando diz que cê tá jogando a sua felicidade fora por besteira.
-Mãe, eu não posso aceitar ficar ao lado de um homem que na primeira oportunidade, desconfia de mim.
-E você se esforçou em compreender a aflição dele e de todos nós quando você foi sequestrada?
-São coisas diferentes...
-Não, filha, não são! A gente pensou em tudo! Cê acha que eu mesma não pensei que cê podia ter sofrido violência sexual? Claro que pensei!
-Não justifica o machismo dele...
-Tá bom, filha... não adianta mesmo, cê não vai ouvir...
Nicole sai andando. CORTA A CENA.

CENA 6: Elisabete faz proposta a Maria Susana.
-Amor, eu pensei que a gente podia viajar qualquer hora dessas.
-Pra onde?
-Pro Nordeste, até mesmo pra fora do Brasil, sei lá... dar um tempo desse estresse cotidiano, melhorar a nossa relação...
-Sei... olha bem pra mim, Bete: cê acha que isso por si só vai resolver como num passe de mágica as suas questões mal resolvidas?
-Eu sei que não... só pensei que a gente podia relaxar.
-Sou a primeira a apoiar. Mas acho que antes disso, você precisa tratar desse seu excesso de ciúme. Já que você nunca procurou uma psicóloga, acho que essa é a hora de considerar isso.
-Tem razão. Na verdade, nunca me passou pela cabeça que meus problemas podiam ser psicológicos.
-Quase tudo nessa vida tem tratamento. Vai valer a pena, meu amor...
-Assim espero. Tenho medo de me sentir impotente diante das coisas que são mais fortes que eu...
-É pra isso que existe terapia. Pra trabalhar essas questões. Se compreender melhor, você vai ver.
-Você me ajuda a vencer esse medo de encarar minhas próprias sombras?
-Ajudo sim. Mas você vai precisar se ajudar.
-Eu vou tentar.
-Sei que vai conseguir. Essa batalha vai ser vencida, disso eu não tenho mais a mínima dúvida!
CORTA A CENA.

CENA 7: José desabafa com Idina.
-Amor... eu tou apavorado.
-Tem a ver com a ligação que cê recebeu agora?
-Sim. Era a Larissa Gama.
-Eita. E o que ela queria falar exatamente?
-Que ela se reuniu com os quadros do partido.
-Tou começando a entender... e depois dessa reunião, ela ainda liga pra você provavelmente para falar de algo que ficou decidido entre eles...
-Exatamente. Eles querem que eu me candidate a deputado estadual.
-E você tá apavorado com isso por que, amor? Cedo ou tarde isso ia mesmo acabar acontecendo...
-Quando isso tava só no plano das ideias, parecia mais fácil.
-Não vejo a razão de achar difícil agora. O grosso da coisa não chegou nem perto de começar.
-Eu sei... mas dá medo.
-Medo do que? Os movimentos sociais e a militância já não fazem parte da sua, das nossas vidas?
-Sim, mas é que...
-Pensa que a partir de agora vai ser possível fazer cada vez mais pelas minorias, meu amor... fica tranquilo. Tenho a mais absoluta certeza de que sua carreira política vai ser brilhante e reta...
CORTA A CENA.

CENA 8: No dia seguinte, Giovanna faz compras em intervalo do trabalho na agência. Ao olhar vitrines, se sente seguida, mas olha para os lados e não vê ninguém que pareça estar seguindo.
-Gente... que sensação bem ruim! Calma, Giovanna... respira. Cê sabe que a sua cabeça cria coisas. Coloca na sua cabeça que não tem ninguém te seguindo que vai ficar tudo bem... respira...
Giovanna segue circulando pelo shopping, faz compras em uma loja de roupas e ao circular novamente, se sente observada. Giovanna começa a entrar em pânico e resolve se sentar em um banco, falando novamente consigo mesma.
-Tá tudo certo. Isso é tudo coisa da sua cabeça. Não tem ninguém observando, muito menos seguindo. Para, relaxa, pensa, respira... olha à volta, Giovanna... tá tudo no lugar. As pessoas estão tocando a vida como sempre. Não tem nada de errado aqui... tire isso da sua cabeça.
Giovanna se tranquiliza e segue andando. CORTA A CENA.

CENA 9: Daniella almoça com Gustavo durante intervalo dele. Gustavo decide fazer um pedido a Daniella.
-Sabe, Dani... eu andei pensando numas coisas aqui.
-Que coisas? Pode falar, cê sabe que não precisa ter vergonha de me dizer nada, o que quer que seja...
-É que depois de tudo que a gente passou, eu pensei que era uma boa a gente juntar as trouxinhas.
-Como assim, Gustavo? Olha, eu entendo que a gente passou por muita coisa desde que se conheceu e rolou esse amor, essa paixão e tudo mais... mas daí a morar junto? Vamos com calma...
-Eu quero casar com você, não entendeu ainda?
Daniella fica sem reação. CORTA A CENA.

CENA 10: Ao sair do shopping, Giovanna é surpreendida por Madame Marie e se assusta.
-Ai, Madame Marie! Que susto, mulher!
-Então você lembra mesmo de mim, Giovanna.
-Claro que sim. Você aparece de tempos em tempos na casa do Hugo, pra falar aquele monte de coisa bizarra que acaba se confirmando sei lá eu como. Mulher, cê tem parte com alguma coisa oculta, é?
-Nada demoníaco, se é o que cê tá pensando.
-Não é isso que eu pensei.
-É isso sim. Eu sei das coisas. Giovanna. Eu sei de tudo, mas nem sempre digo. Só que hoje preciso ter uma conversa muito séria com você.
Giovanna engole a seco. FIM DO CAPÍTULO 157.

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