CENA 1: Vitório fica tenso com situação e se desespera ao constatar que Cristina irá precisar de atendimento médico.
-Gente... ela vai precisar ir pro hospital! Não tá nada bem! Eu preciso avisar aos seguranças, pra pelo menos três deles irem junto! - fala Vitório.
-Ficou maluco, filho? Segurança particular em hospital? - estranha Peppino.
-Isso é completamente descabido, meu filho! Num momento desses, a sua noiva passando mal e você pensando em um esquema desproporcional de segurança? Ela precisa é de atendimento médico, não de seguranças na cola! - esbraveja Valentina.
-Eu não quero saber desses trogloditas por perto. Eu tou passando mal, não deu pra perceber? - protesta Cristina.
Margarete faz sinal discreto para que Cristina não aumente muito a voz e coloque tudo a perder.
-Seu Vitório, a dona Cristina tá passando muito mal e a única coisa que ela precisa agora é de um médico. Ela precisa ir ao hospital. - insiste Margarete.
-Está certo. Eu vou preparar meu carro. - fala Vitório.
-Tá doido, filho? Seu carro é compacto. Eu vou pegar o meu e vamos todos ao hospital assim! - decide Peppino.
Valentina faz sinal para que Cristina permaneça se fingindo de fraca.
-Tudo bem. O seu carro é mesmo melhor pra isso, pai... - fala Vitório.
-Eu preciso se ajuda. Ainda me sinto tonta. Dona Valentina, Margarete... vocês me ajudam a andar, por favor? - fala Cristina, fingindo estar fragilizada.
Margarete e Valentina prontamente fingem ajudar Cristina a se locomover.
-Bem, é melhor a gente já ir pro carro. Quanto antes a gente se mandar pro hospital, melhor. - fala Vitório.
-Isso mesmo. Abram caminho, por favor. - fala Valentina.
CORTA A CENA.
CENA 2: Instantes depois, Cristina, já em observação no quarto de hospital, conversa com Valentina.
-Querida, eu falei com o médico.
-E então?
-Expliquei a ele toda a situação. Falei a ele que você tá sendo vítima de cárcere privado e não está com a saúde prejudicada.
-E ele?
-Concordou em te examinar e dar informações falsas ao meu filho e ao Peppino, se assim for preciso.
-Mas e o restante?
-Isso você deixa comigo e com a Margarete. A gente vai facilitar a sua fuga. A Margarete inclusive já providenciou toda a sua documentação, que ela encontrou lá na casa.
-Sei... mas o que eu quero saber é se o médico tá de acordo com tudo... se vai facilitar a minha vida.
-Claro que tá.
-Isso significa que vou ter facilidade pra fugir?
-Sim. Ele tá ciente de tudo e durante a madrugada vai ser o momento certo de iniciar a sua fuga.
-Tou com medo, dona Valentina...
-Não tenha. Vai dar tudo certo.
CORTA A CENA.
CENA 3: Já com a madrugada avançando, Valentina vai novamente ao quarto de Cristina no hospital e a encontra dormindo.
-Acorda, menina!
-Desculpa... acabei pegando no sono aqui.
-Melhor assim. Sinal de que a sua ansiedade não atrapalhou muito.
-Chegou a hora?
-Sim. Vão ser três da manhã. A melhor hora... é agora, Cristina. Margarete já trouxe suas coisas.
-Gente, como é que o Vitório não viu nada?
-Esqueceu que a Margarete sabe colocar ele pra dormir sem que ele nem desconfie? Tá capotado na sala de espera.
-Mas e o seu Peppino?
-Já expliquei pra ele a situação. Ele tá chocado, triste e decepcionado com o nosso filho. Mas está ao nosso lado, sem a mínima dúvida. E é por isso que você vem com a gente antes de seguir pro aeroporto.
-Como assim?
-Querida, nós precisamos te arranjar um disfarce, no caso de você ser procurada pelo meu filho...
CORTA A CENA.
CENA 4: Já na casa de Valentina e Peppino, Cristina termina de arranjar seu disfarce com auxílio de Valentina e Margarete. Cristina se olha no espelho e ri.
-Gente... eu tou ridícula loira e de cabelo liso! Isso não sou eu nem daqui vinte encarnações! - diverte-se Cristina.
-É, mas o disfarce tá excelente. Quanto menos reconhecível você estiver, melhor... - pondera Margarete.
-Eu ainda não acredito que eu fui tão cego. Como o meu filho se tornou esse mafioso, esse sequestrador? Pior: como eu não vi isso? - fala Peppino, olhando para o vazio.
-Desculpa, Peppino. Eu não tive coragem de falar nada antes com medo que te desse um treco... - justifica-se Valentina.
-Não tem problema. Eu achei justo. Na verdade eu sempre fui meio desligado mesmo, não culpo ninguém... - compreende Peppino.
-Gente, tá tudo muito lindo, mas já passa das cinco... - alerta Margarete.
-Precisamos largar de conversa furada e nos apurar pra chegar cedíssimo no aeroporto e livrar a Cristina de uma vez das mãos do Vitório! Não tem tempo pra conversa furada, queridos... - determina Valentina.
CORTA A CENA.
CENA 5: Horas depois, prestes a embarcar, Cristina e Peppino são orientados por Valentina.
-Peppino, você acompanha a Cristina ao Brasil. Faz como combinamos: endossa tudo o que ela disser em depoimento à polícia. Eu fico aqui em Milão por enquanto e me resolvo com o Vitório. Quando der, eu vou ao Brasil. - fala Valentina.
-Mas e se eu me embananar todo? Na hora da raiva eu sempre me confundo entre português e italiano... - fala Peppino.
-Deixa que eu explico a situação até onde eu puder e estiver tranquila pra poder falar. O senhor só precisa confirmar meu depoimento, num primeiro momento... - fala Cristina.
-Isso. Pepe, meu amor... agora é hora de ir. Eu vejo vocês no Brasil assim que for possível... - fala Valentina.
-Eu tenho medo de avião... - fala Peppino.
-Ah, não, ex sogrinho do coração! Não vai fazer o Belchior justo agora, vai? Deixa o coitado descansar em paz... - brinca Cristina.
-Essa sua capacidade de manter o otimismo me encanta... - fala Peppino.
-Queridos, vocês precisam embarcar, senão perdem o voo... - alerta Valentina.
-Vê se não pega pesado com o nosso filho... - preocupa-se Peppino.
-Eu sei exatamente como lidar com ele. Fiquem sossegados e viajem tranquilos. - assegura Valentina.
Cristina e Peppino embarcam. CORTA A CENA.
CENA 6: Cristina e Peppino chegam à casa de Peppino e Valentina em São Paulo. Peppino encara Cristina, envergonhado. Cristina percebe.
-Ei, seu Peppino... o senhor não precisa me olhar desse jeito. Nem o senhor nem a dona Valentina tem culpa do Vitório ter se tornado um mafioso.
-Sei disso, querida... mas fico envergonhado pelo que ele fez você passar. Até agora não consigo compreender como ele foi capaz de não apenas se ligar à máfia, mas de cometer um sequestro! E pior: chamar isso de amor...
-Não dá pra se culpar ou se envergonhar com isso, seu Peppino. O que não tem remédio nessa vida, já está remediado. Meu pai sempre diz isso.
-Saudades do Sérgio. Espero que ainda possa beber uma cerveja com ele.
-Ah, isso com certeza ainda vai acontecer. Mas agora eu preciso saber de uma coisa, seu Peppino...
-Fala, minha querida...
-O senhor vai mesmo ter coragem de denunciar o próprio filho?
-Crime é crime. Não importa de quem venha. Esse é um valor que eu e Valentina cultivamos desde sempre.
-Mas o senhor não pode se arrepender depois? O Vitório vai acabar preso...
-Se eu me arrepender, isso é uma questão minha. Acima disso está a justiça, minha filha... o meu filho te sequestrou. Em nome de um amor que se tornou uma obsessão. E ainda por cima está envolvido até o pescoço com a máfia italiana e eu não fazia a mínima ideia disso. Eu preciso ajudar a deter meu filho, independente do laço sanguíneo que nos una... - afirma Peppino.
CORTA A CENA.
CENA 7: Fábio recebe ligação de número desconhecido e estranha.
-Ué, número de São Paulo? Se for mais uma daquelas atendentes de telemarketing, tasco uma não perturbe na empresa! - esbraveja consigo mesmo.
Ao atender, no entanto, escuta a voz de Cristina antes mesmo de falar.
-Sou eu, Fábio.
-Cristina? Meu amor... eu pensei que você estivesse morta! Eu tou tremendo...
-Calma, Fábio... eu fui sequestrada pelo Vitório. Estava em Milão, na Itália. Consegui fugir com a ajuda dos pais dele. Vim pra casa deles em São Paulo. Seu Peppino, pai dele, tá aqui comigo.
-Você tá bem, meu amor?
-Fisicamente, sim. Emocionalmente, tou escangalhada.
-Quando você volta pro Rio?
-Se tudo correr bem, amanhã.
-Não tem como ser hoje? Eu morri de saudade, de medo de ter te perdido...
-Não dá. Essa noite e essa madrugada possivelmente serão ocupadíssimas, comigo e com o seu Peppino denunciando todos os crimes do Vitório. Só depois disso eu vou poder voltar pra casa.
-Tudo bem, meu amor... fico aliviado de saber que você tá viva e bem. Aviso seus pais?
-Pode avisar.
CORTA A CENA.
CENA 8: Daniella é surpreendida pela súbita chegada de Nicole e Sérgio à sala da clínica.
-Eita... o que traz vocês aqui? - estranha Daniella.
-A melhor notícia de todas! - fala Sérgio.
Daniella compreende que se trata de Cristina.
-Não vai me dizer que encontraram a Cristina e que ela tá bem! - vibra Daniella.
-Não encontraram, ela mesma fugiu! O Fábio falou pra gente há pouco! Ela tava em Milão, encarcerada numa casa comprada pelo Vitório. Fugiu de lá com a ajuda dos pais dele e tá em São Paulo denunciando tudo. Amanhã a sua irmã volta pro Rio! - vibra Nicole.
-Que maravilha! Que alívio! Mas... como assim ela tá em São Paulo? Na casa de quem? - questiona Daniella.
-Na casa do Peppino e da Valentina. Lembra, filha? Passamos uns dias lá no inverno de 2002, você ainda era pequena... - esclarece Sérgio.
-Ah, sim... que bom que ela tá segura...
Os três se abraçam. CORTA A CENA.
CENA 9: Vitório chega descontrolado em casa e confronta Margarete.
-Fala de uma vez, Margarete!
-Falar o que, sue Vitório?
-Você ajudou a Cristina a fugir, não ajudou?
Margarete finge surpresa.
-Não me diga uma coisa dessas, patrão... ela fugiu mesmo? Que loucura! Eu achei que ela estivesse passando mal...
-Você mente muito mal, Margarete. Não tem amor pelos seus filhos, não?
-Claro que tenho! Para de inventar coisa na sua cabeça, patrãozinho! Se ela fugiu, foi acidental...
-Não acredito nisso. Você e minha mãe sabem de tudo. Devem ter se juntado. Conheço esse seu tipinho.
De repente, a campainha toca.
-Sua sorte é a campainha ter tocado, sua ingrata. Mais tarde a gente se entende!
CORTA A CENA.
CENA 10: Margarete abre para Valentina.
-Dona Valentina, a senhora não podia ter chegado em melhor hora...
-Por que?
-O Vitório sacou que o plano foi nosso. E tá fora de si.
-Fica sossegada que com mio bambino eu me entendo!
Valentina surpreende Vitório, que queda paralisado diante da mãe.
-M... mamma, eu não sabia que a signora...
-Você nunca mais ameace a Margarete, muito menos os filhos dela, tá me ouvindo?
-Mas é que... a Cristina fugiu...
-Sim, com a nossa ajuda. Eu também contei pro seu pai que eu sei de tudo. Da máfia, do sequestro. Você está acabado nessa sua vida de crimes, meu filho.
Vitório fica perplexo. FIM DO CAPÍTULO 146.
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