sábado, 27 de maio de 2017

CAPÍTULO 168

CENA 1: Hugo e Valéria percebem que Giovanna foi pega de surpresa pela proposta. Hugo tenta tranquilizar Giovanna.
-Precisa ficar assim não, boba. A gente tá te convidando de coração! - afirma Hugo.
-Gente. Eu vou ser sincera porque não tenho mesmo mais nada nessa vida a perder e vocês sabem muito bem disso: eu tenho um pouco de receio de que a Valéria não tenha me perdoado de verdade. E que esse convite seja apenas uma maneira de tentar provar que não ficou ressentimento, quando pode ter ficado... - desabafa Giovanna.
Valéria percebe sinceridade de Giovanna e a tranquiliza.
-Querida, com a mesma sinceridade que eu vejo transbordar de você, eu digo com muita tranquilidade que te perdoei completamente. Mais que isso: simpatizo com essa nova Giovanna. De coração. - fala Valéria.
-A Valéria falou uma grande verdade. E falo por mim também, Giovanna, porque eu vi o tanto que você tem se esforçado nesses tempos de tratamento... - fala Hugo.
-Desse jeito eu acabo me convencendo em ir com vocês, hein? - fala Giovanna.
-Querida, sem pressa. Ainda temos mais ou menos umas duas semanas antes de ir. Ocê vai ter tempo de pensar nisso tudo com calma. - fala Valéria.
-Eu agradeço de coração pelo convite de vocês, mas já vou antecipando que vai ser muito difícil de eu aceitar... - fala Giovanna.
-Não precisa pensar nisso agora, Giovanna. Vai ter tempo ainda... - relembra Hugo.
-Eu sei, gente. Mas acho melhor deixar as coisas como elas estão... - insiste Giovanna.
-Querida, se tem algo que eu posso afirmar nessa vida, é que as coisas não estão nem perto de estar como elas eram ano passado. Tudo mudou. E eu tenho certeza de que essas mudanças vieram todas pra melhorar. Pra melhorar a vida, pra melhorar cada um de nós... - fala Valéria.
-Vocês estão mesmo decididos a me levar pra essa viagem, né? - percebe Giovanna.
-Claro que sim. A gente sabe que um descanso nunca é demais. Depois, eu sei que você ainda precisa de uma bela espairecida pra voltar completamente cheia de gás depois... - fala Hugo.
-Ai, gente. Desse jeito a proposta fica tentadora... - fala Giovanna.
-É essa a ideia... - fala Valéria.
-Tá certo, queridos. Eu vou pensar bastante, prometo. E juro que vou pensar com carinho, tá? - fala Giovanna.
CORTA A CENA.

CENA 2: Mauro examina quantia em dinheiro entregue por Leopoldo, que se impacienta.
-Já faz quase cinco minutos que cê tá contando esse dinheiro. Já falei que tem o suficiente e ainda sobra. Desista, Mauro: é melhor você aceitar do que se complicar com a justiça...
-Quer saber? Eu aceito esse dinheiro mesmo. Te devolvo tudo o que te pertence.
Leopoldo se espanta.
-Assim, tão fácil?
-Sabe, Leopoldo... eu tou ficando velho. Velho e sozinho. Meu filho me abandonou e voltou pra Inglaterra. Na verdade eu ando me arrependendo de tudo o que eu fiz. A solidão tá me mostrando que nada disso aqui realmente vale tudo o que eu pensei que valesse...
-Antes tarde do que nunca... pelo menos percebeu ainda em vida.
-Você me perdoa?
-Não tenho o que perdoar. A gente erra. O importante é reconhecer e aprender. Depois, quem castiga é Deus e eu creio que você já esteja recebendo o troco por tudo o que fez na vida...
-Eu sei que sim. Errei demais. Eu percebi que esses anos todos só cultivei a solidão. Agora me vejo sozinho e não sei o que fazer com isso.
-Conviva com essa dor. A maior dor é a dor da solidão. Castigo pior não há. Adeus, Mauro.
CORTA A CENA.

CENA 3: Horas mais tarde, Flavinho conversa com Valéria e a critica.
-Porra Valéria, como é que ocê consegue ser tão ingênua?
-Se tem uma coisa nessa vida que eu não sou, meu querido... é ingênua, disso ocê pode ter certeza!
-Não é o que parece.
-Olha, eu sei que ocê não vai nem um pouco com a cara da Giovanna.
-Até pouquíssimo tempo atrás, ocê também não ia...
-As coisas mudam, meu amigo. As pessoas também podem mudar pra melhor, Não vê a Patrícia? Fez tudo o que fez, até facada já te deu e é amiga de todo mundo...
-São coisas completamente diferentes.
-Será que são? Não vejo honestamente nenhuma diferença entre as duas.
-A diferença é que a Pati nunca passou a perna em ninguém do jeito que a Giovanna fez por anos.
-E daí? Isso impede a pessoa de perceber que tava agindo errado e se redimit por tudo isso?
-Não, mas eu não consigo sentir verdade nela...
-Bem, isso é uma percepção sua. Respeito isso. Só que ocê não pode impor isso como se fosse verdade absoluta... vai ajudar a dona Bernadete a arrumar as coisas pra receber o seu namorado, vai...
CORTA A CENA.

CENA 4: Horas mais tarde, durante jantar, Bernadete se incomoda com comportamento de Érico ao perceber que ele vigia excessivamente cada gesto de Flavinho.
-Ei, Érico, meu querido... o Flavinho não precisa da sua ajuda pra se servir, ele sabe se virar sozinho... - fala Bernadete, ao perceber que Flavinho disfarça incômodo com excessos de Érico.
-Desculpe... eu pensei que tava sendo útil... - fala Érico, se constrangendo.
Flavinho percebe constrangimento do namorado e tenta contemporizar.
-Então, é que a dona Bernadete sabe como eu sou. E sabe que se eu precisasse de ajuda, eu pediria. Ela só tá tentando evitar que eu me irrite sem necessidade... - explica Flavinho.
-Mas você tá irritado, amor? - preocupa-se Érico.
-Não. Mas podia ter ficado. Relaxa. - fala Flavinho.
Bernadete segue incomodada com postura de Érico. CORTA A CENA.

CENA 5: Leopoldo e Nicole conversam no quintal a respeito de Mauro.
-Não consigo parar de pensar no Mauro, querida.
-Sinceramente? Nada disso chega a me surpreender, Leopoldo.
-Nem a mim. A gente sabia que isso aconteceria a ele, cedo ou tarde. Mas não vou mentir: senti uma ponta de pena dele.
-É normal. No seu lugar, eu acho que também sentiria. Mas ele tá só colhendo o que plantou... não há nada que ele possa fazer a não ser encarar as consequências das próprias atitudes.
-Sabe o que isso me faz pesar?
-O que?
-Por muito pouco eu não me tornei coisa parecida ou mesmo pior ainda...
-Você fala isso por causa da homofobia que tinha?
-Sim. Demorei tempo demais pra perceber o mal que isso causava a quem eu amava e até a mim mesmo.
-O importante é que você reconheceu a tempo os seus erros. Aprendeu com eles.
-A duras penas. A custa de muita dor e sofrimento.
-Quem sabe a solidão não tem o mesmo efeito pro velho, já parou pra pensar?
-Bem, olhando por esse lado...
CORTA A CENA.

CENA 6: Cristina e Vitório relembram passado e acaba surgindo uma atração entre eles.
-De repente eu vi nos seus olhos o Vitório que um dia eu amei...
-Eu nunca deixei de te amar e você sabe muito bem disso, Cristina.
-Você... o seu cheiro, o seu olhar... a sua boca. Tudo isso me traz lembranças.
-Não precisa ser só lembrança.
Cristina se deixa beijar por Vitório, mas se arrepende depois.
-Vitório... isso não pode acontecer outra vez.
-Como não?
-Você tá cansado de saber o que a gente combinou como ia ser. Sem chance de qualquer mudança.
-É que esse momento foi real...
-Foi sim. Ternura real. Carinho e consideração reais. Mas eu não quero que você alimente falsas esperanças. Nós somos amigos e é isso que nós dois vamos ser pro resto dessa vida.
-Tou ciente disso. É que tive uma ponta de esperança. Mas sou feliz pelas oportunidades que tenho nessa vida.
-É essa sua coisa rasgadamente sagitariana que eu gosto de ver. É com isso que me identifico...
-Eu acho melhor voltar pro meu apê...
-Fica. Não precisa sair correndo...
CORTA A CENA.

CENA 7: Patrícia desabafa com Daniella.
-Eu sei que não devia, mas às vezes fico aqui remoendo umas coisas.
-Tipo o que, Pati?
-As coisas que eu fazia.
-Quando?
-Quando eu não sabia que tinha esse transtorno e não aceitava a ideia de me tratar.
-Será que vale mesmo a pena pensar nisso tudo?
-Acho que sim. Porque eu olho pra trás agora e percebo que eu tava totalmente descontrolada, o tempo todo. O pior disso tudo é que eu acreditava que tava fazendo as coisas certas, com perfeito juízo... e não tava.
-Deixa isso pra lá... já passou.
-Não deixo. Relembrar tudo isso me protege de mim mesma.
-Como assim?
-Dessa maneira eu evito de sequer pensar na possibilidade de recair naqueles comportamentos...
CORTA A CENA.

CENA 8: Valéria conversa com Flavinho durante jantar e Érico elogia sua beleza.
-Cê tá muito bonita hoje, sabia disso, Valéria? - fala Érico.
-Obrigada, querido. Mas não sou nada comparada ao meu irmão. Ocê conhece o Gustavo, não conhece? - fala Valéria.
-Conheço sim. É realmente muito bonito... - fala Érico, ficando desconfortável. Flavinho não percebe e segue falando.
-Besteira. Os dois são maravilhosos. Lindos por dentro e por fora. Os melhores amigos que já pude sonhar em ter nessa vida. Tanta história pra contar, tanta coisa que a gente viveu desde criança praticamente... - divaga Flavinho.
Érico vai se impacientando diante de conversa, mas continua tentando disfarçar incômodo.
A conversa vai seguindo, até que Érico perde completamente a paciência e, ao se levantar, bate na mesa e vai ao pátio intempestivamente, deixando Flavinho completamente constrangido e perplexo. CORTA A CENA.

CENA 9: Mauro pergunta a Cláudia se William ligou.
-Cláudia, ocê tem certeza que meu filho não deixou nem uma mensagem que seja na secretária eletrônica?
-Ih, seu Mauro... desculpa o mau jeito, mas hoje em dia ninguém usa mais essas coisas não. Até aquelas conversas de vídeo que o senhor gosta de ter não tão lá mais com muita coisa, não... já pensou em usar aquele aplicativo de mensagens?
-Ah, não... eu não consigo lidar com todas essas modernidades, Cláudia.
-Vai ter que aprender. Ou vai deixar de falar com o seu filho?
-Se ele quisesse, ele teria me procurado, você não acha, Cláudia?
-Bem... eu nem sei o que dizer...
-Pode falar. Senta aqui no sofá. Ocê não é só uma empregada dentro dessa casa. É uma amiga pra mim. Demorei a reconhecer isso... espero que ocê tenha algum apreço por mim.
-Tenho respeito e admiração pelo senhor, mas...
-Você é a única companhia que eu tenho, querida. Me sinto menos miserável sabendo que alguém nesse mundo ainda me admira minimamente...
CORTA A CENA.

CENA 10: Flavinho vai atrás de Érico no quintal.
-Que cena foi essa, Érico?
-Você ainda pergunta, Flavinho? É Gustavo pra cá, Gustavo pra lá... e aquela irmã dele bem que quer vocês dois juntos, não quer? Cê acha mesmo que eu sou obrigado a aguentar isso sem fazer nada e fingir que não tou vendo?
-Não sei se ocê se deu conta de uma coisa, mas ocê tá dentro da minha casa. E estando dentro da minha casa, eu não admito que ocê dê seus showzinhos particulares, porque suas crises de ciúme não precisam ser de conhecimento público, muito menos da minha família! Minha casa, minhas regras!
-É mesmo? Engraçado, porque até onde eu sei até expulso você já foi daqui e nem de sangue essa sua família é. Para de querer botar moral pra cima de mim!
-Vai embora, Érico. Eu quero terminar, você tá se tornando insuportável.
Érico se espanta. FIM DO CAPÍTULO 168.

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