CENA 1: Flavinho estranha reação de Érico, mas não compreende o que acontece.
-Vamos, Érico... o que é que eu não posso saber?
Guilherme, percebendo que Érico ficou assustado diante da situação, inventa uma desculpa.
-Ah, não... foi uma coisa besta minha. Mas agora eu até vou falar porque é melhor: eu tenho verrugas lá... bem, naquela região, entende? - despista Guilherme.
-Gente, por que eu não podia saber disso? Que coisa besta, Érico. Até parece que sou de julgar essas bobeiras... bem, eu vou ali pegar mais cerveja pra gente... - fala Flavinho, andando novamente.
Érico olha aliviado para Guilherme, mas o repreende.
-Obrigado por salvar a minha pele. Mas que isso não se repita, viu?
-É o mínimo que eu podia fazer depois de te enfiar nessa situação pelo impulso besta que eu tive.
-Sabe, Guilherme, eu não te entendo...
-Como assim?
-Você praticamente acabou com o nosso namoro, não fez nada pra que eu ficasse. Mas também não me liberta.
-Não é simples como parece.
-Como que não? Ou você me liberta, ou então me pega de jeito. Mas não fica em cima do muro, não fica ocupando esse espaço porque esse espaço é o meio do meu caminho. Não seja um obstáculo à minha felicidade.
-Quem não tá entendendo agora sou eu. É você que tá namorando. Como assim me sugere pra eu pegar você de jeito?
-Depois do que você fez... acho que tenho motivos pra dizer isso.
-Você se torna uma incógnita, às vezes, Érico...
-Melhor mudar o assunto.
-Por que?
-Meu namorado tá vindo.
-Cê enche a boca pra dizer isso, né?
-Quieto! Flavinho tá chegando!
CORTA A CENA.
CENA 2: Fábio, antes de dormir, olha para Cristina, que estranha.
-Eita, amor... tá me olhando com uma cara. Parece que perdeu algo aqui...
-Sabe o que é? Uma coisa ficou martelando aqui na minha cabeça...
-O que, Fábio?
-Sobre a sua gravidez...
-O que tem ela?
-Tem como saber já de quanto tempo cê tá grávida?
-Claro que tem. Tou de oito semanas. Dois meses, em outras palavras.
-Tem certeza?
-Claro que tenho! Confirmei com a Júlia.
-É que eu pensei que, de repente...
-De repente o que, amor? Eu não tou gostando dessas voltas que cê tá dando...
-O Vitório não te violentou, certo?
Cristina dá um tapa em Fábio.
-Nunca mais insinue uma coisa dessas. Eu sei me defender, sabia? Ele não tocou em mim, mas nem tinha que justificar isso. Achei que você, como meu marido ou quase isso, confiasse mais em mim!
-Eu não quis ofender...
-Mas ofendeu e muito!
CORTA A CENA.
CENA 3: Com a noite avançada, ainda no pub e já sem a presença de Guilherme, Érico se sente cansado.
-Flavinho, amor... que horas são?
-Vão ser duas da manhã, por que?
-Tou ficando bem cansado e meio tonto da cerveja... vamos embora?
-Ai, sim... tou ficando meio bebaço aqui...
-A gente vai de carro?
-Vou chamar um aqui pelo aplicativo. Ei, não quer ir pra minha casa essa noite?
-Mas e a sua mãe?
-Ela não é minha mãe biológica...
-Ah, cê entendeu...
-Vai ser tranquilo. Tenho liberdade pro que eu quiser. E pra levar meu namorado não ia ser diferente.
-Se você diz... posso chamar o carro pelo aplicativo?
-Sim. No estado que tou agora eu vou me confundir legal...
CORTA A CENA.
CENA 4: Fábio se desespera quando Cristina começa a fazer as malas no meio da noite.
-O que é isso, amor?
-Isso que cê tá vendo. Eu não posso ficar debaixo do mesmo teto de um cara que diz que me ama, mas que levanta uma suspeita infundada a meu respeito e a respeito do nosso filho!
-Não foi minha intenção!
-Fala baixo que eu não quero acordar minha mãe! De bem intencionado, o inferno já deu superlotação, querido. Me ofendeu. Colocou em xeque meu caráter. É difícil aceitar isso.
-E pra onde você vai?
-Pra casa da minha irmã... do meu pai... eu não sei! Eu não quero olhar na sua cara!
-Tenta me perdoar!
-Não é uma questão de perdão. O erro foi seu e tá doendo em mim. Assuma as consequências disso.
-Eu não sei porque pensei isso.
-E eu não sei se vale a pena continuar com um homem que questiona minha integridade. Sai da minha frente e me deixa ir.
CORTA A CENA.
CENA 5: Flavinho chega em casa silenciosamente com Érico.
-Ai Flavinho, será que a sua mãe não vai ouvir?
-E daí se ela ouvir? Ela sabe que eu tenho namorado, bobo... deixa de besteira. Ocê me espera que eu já arrumo tudo aqui no quarto? Eu preciso urgentemente de um café...
-Tudo bem. Eu fico aqui esperando.
Flavinho desce e Érico se distrai. De repente, surge Bernadete. Érico se assusta.
-Ai, desculpa! Eu te acordei?
-Não, querido... eu tava lendo uns artigos no meu computador, até o Flavinho chegar.
-Ele avisou que eu vinha, não avisou?
-Nem me mandou mensagem. Deve pensar que eu tava dormindo. Eu só queria saber quais são as suas intenções com ele...
-Dona Bernadete, eu tenho as melhores intenções possíveis, acredite.
-Desculpe, Érico, mal te conheço. Mas só acredito vendo. Faça valer suas palavras...
-Por que me toma desse jeito? Se quiser, eu vou embora.
-Fica. A casa é sua enquanto você for namorado do Flavinho. Ele é um filho pra mim e eu espero que você esteja ciente de que, se machucar o coração dele, vai comprar uma briga comigo também. Boa noite.
Bernadete deixa o quarto e Érico fica perplexo. CORTA A CENA.
CENA 6: William flagra Valéria ainda acordada.
-Perdeu o sono?
-Foi. Ocê também?
-Um pouco. Na verdade meu sono sempre foi meio quebrado.
-Eu lembro disso. Quando a gente namorava e ocê ia dormir comigo lá na casa dos meninos, sempre acabava se levantando no meio da madrugada...
-Mas o que tá te deixando assim?
-Essas coisas todas, sabe? Esses trem esquisito da vida...
-Tipo o que?
-Essa mudança repentina da Giovanna, sabe? Eu acho que às vezes ela tá sendo sincera, viu?
-Também acho, afinal os traumas mudam uma pessoa.
-Verdade. Ela não passou por pouca coisa. Deve ter sido uma barra tremenda perceber que a gravidez nunca existiu, que foi o inconsciente dela que tinha criado tudo aquilo...
-Sim. Mas se eu fosse ocê, confiava desconfiando.
-Confiar naquela doida? É ruim, hein...
-É, mas ocê tá começando a sentir pena...
-Quem tem pena é galinha. Eu só acho doido como a vida dá voltas, William... só isso.
CORTA A CENA.
CENA 7: Sérgio recebe Cristina em seu apartamento.
-Te acordei, pai?
-Sim, mas não se preocupe, minha menina... fica aqui sempre que precisar. Só me explica direito o que aconteceu pra você sair desarvorada da casa do seu marido...
-Ele ainda não é meu marido. Eu vou explicar: sabe o que aconteceu? Ele teve a cara de pau de perguntar pra mim se o bebê que eu tou esperando é realmente dele. Levantou a suspeita de que eu podia ter sido estuprada pelo Vitório.
-E é compreensível que ele tenha pensado isso.
-Compreensível onde, pai? Se eu tivesse sofrido violência sexual, eu não pensaria duas vezes em denunciar.
-Mas, minha filha... foram semanas que você ficou sumida. Sequestrada, sabe? A gente nem sabia se você tava viva ainda...
-Mas pai, desde quando essa incerteza inquietante de vocês serve de justificativa pro Fábio ser machista?
-Querida, a vida não é perfeita. Nós não somos perfeitas. Tenho certeza que ele não teve a intenção de ser machista.
-E daí? De bem intencionados, o inferno tá cheio. Não importa que não tenha sido a intenção dele. Importa que machucou. Sei que pode ter sido sem querer, mas ele precisa ser mais prudente no que diz. Responsável pelas próprias palavras e atitudes, entende, pai? Eu amo o Fábio e só saí de casa agora pra respirar, pra salvar o nosso amor. Eu quero deixar essa raiva e essa mágoa passarem...
CORTA A CENA.
CENA 8: Na manhã seguinte, durante café da manhã, Flavinho conversa com Bernadete.
-Eu achei estranho um negócio...
-O que, filho?
-O Érico. Mal se acordou e saiu daqui sem nem comer...
-De repente ele gosta de tomar café em casa, sabe como é, né? Cancerianos costumam ser assim. Eu mesma sempre prefiro a minha casinha...
-Não sei. Ele parecia ter pressa... parecia desconfortável, sabe?
-Besteira, querido. De repente ele podia estar estranho pelo que vocês beberam ontem à noite, não?
-Pode ser. Mas isso ainda não me convenceu.
-Larga de ficar pensando nisso, Flavinho... daqui a pouco cê tem trabalho e tem que estar bem alimentado...
CORTA A CENA.
CENA 9: Hugo surge na agência logo depois que Valéria chega. Hugo a segue até sua mesa.
-Valéria, cê tá muito ocupada hoje?
-Em primeiro lugar, bom dia, Hugo.
-Bom dia...
-Não tou muito ocupada até as onze e meia, por que?
-Só pra saber.
-Hugo, eu conheço as voltas que ocê dá.
-Voltas? Que voltas?
-Se eu não tou vendo coisa onde não tem, ocê não ia se desabalar da sua casa até aqui simplesmente pra jogar conversa fora comigo ou com a Giovanna, a Glória, a Mônica ou o Ricardo...
-Tem razão. Eu tento ser sutil, mas...
-Você é qualquer coisa nessa vida, menos sutil.
-A gente precisa conversar, Valéria.
-Me dá uns minutos que a gente já conversa.
CORTA A CENA.
CENA 10: Cristina se surpreende ao chegar em sua sala na clínica e encontrar Fábio ali.
-Como é que você entrou na clínica antes de eu abrir, cara?
-Se esqueceu que tem uma cópia das chaves lá em casa?
-Verdade. Fábio, olha só... eu tenho um dia bem longo e cansativo de trabalho pela frente, viu?
-Eu sei. Não pretendo tomar muito do seu tempo.
-Ah, mas não vai mesmo, sabe por que? Porque você vai levantar essa sua bunda daí e sair da minha sala. Volta pra sua casa, Fábio.
-Eu volto, mas antes eu preciso dizer uma coisa.
-Fala logo.
-Eu sei que fui idiota. Errei por presumir coisas erradas. Só peço que você me perdoe, Cristina...
Cristina fica pensativa. FIM DO CAPÍTULO 152.
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