CENA 1: Sérgio começa a rir, acreditando se tratar de mais uma piada contada por Cristina.
-Ah, já sei! Isso é mais uma daquelas pegadinhas suas, né filha? - pergunta Sérgio.
Cristina olha séria para todos.
-Não, gente. Não é piada. Eu tou falando sério. Trouxe o Vitório aqui justamente pra mostrar que ele tá mudado como ser humano e que nesse momento eu considero uma boa ideia aceitar ele de volta. - afirma Cristina.
Sérgio parte furiosamente em direção a Vitório e o segura pelo colarinho.
-Olha aqui, seu filho da puta: se tu pensa que vai enganar minha filha de novo, só passando por cima do meu cadáver! - grita Sérgio.
Bernadete percebe que o namorado está prestes a agredir Vitório e o contém.
-Para com isso, Sérgio! Deixa o rapaz e a sua filha explicarem, poxa! - repreende Bernadete.
Cristina intervém antes que a confusão comece e aumenta a voz.
-Chega, gente! Vou ter que gritar pra mandar todo mundo ficar quieto e se comportar? Virou jardim de infância isso daqui e ninguém me contou? De uma vez por todas: eu sei de cada coisa que o Vitório fez. Lembro do sequestro. Mas ele se redimiu. Assumiu os crimes que cometeu, está pagando por isso. Se entregou à polícia, está cumprindo a pena. Só que, apesar dessas coisas todas, ele é um cara companheiro. Acima de tudo, tenho certeza de que ele jamais duvidaria de mim e das coisas que eu digo, ao contrário do Fábio, que teve o desplante de me perguntar se meu filho era realmente dele. Vitório jamais me sujeitaria a esse tipo cretino de pergunta. Tou prezando não só pelo meu filho que carrego aqui dentro, mas pela paz que eu mereço! - afirma Cristina.
Todos permanecem atônitos diante das palavras de Cristina. Nicole tenta aconselhar a filha.
-Mas querida, mesmo assim... cê tem certeza de que uma decisão dessas seria a melhor? - preocupa-se Nicole.
-Gente... eu agradeço pela boa intenção da preocupação de vocês. Mas eu não estou aberta a críticas nem a sugestões. Eu só vim aqui com o Vitório pra anunciar pra vocês todos que a gente voltou e que ele vai assumir o meu filho. Só isso. Tudo o que eu vim fazer aqui foi falar, comunicar. Não quero nem admito qualquer tipo de crítica, de qualquer natureza. É isso, gente. Agora, se você nos dão licença, a gente já vai embora. Até mais, pai, até mais, mãe... e um beijo a todos.
Cristina pega Vitório pela mão e parte. Todos se olham perplexos. CORTA A CENA.
CENA 2: UMA SEMANA DEPOIS. Durante café da manhã na cama, Valéria conversa com Hugo.
-Sabe, amor... eu acho que as coisas estão indo cada vez melhores...
-Em que sentido?
-Todos. Na agência, na revista... apesar do seu Mauro não ter facilitado em nada a nossa vida nem a vida do seu pai...
-Ah, isso é verdade. Se bem que eu ainda tou perplexo com o lance da Cris.
-Sabe o que eu acho, a sério?
-O que?
-Tem alguma coisa nessa história que não se encaixa. Depois, a Cris nunca foi de dar ponto sem nó. Tem algo maior nisso.
-O que seria?
-Não faço ideia. Nem consigo teorizar a respeito disso. Melhor deixar quieto.
-Falando em deixar quieto, a Giovanna não insistiu mais naquele assunto chato?
-Sabe que não? Foi só aquele dia e acabou ali. Tou começando a sentir firmeza e confiança nela, sabia?
-Fico aliviado com isso. Pensei que eu fosse o único a perceber a boa vontade dela.
-Com certeza não. Aos poucos eu vou sentindo confiança nela. Inclusive acho que ela já pode saber que eu e você voltamos. Acho até que ela vai ficar aliviada de saber que não estragou pra valer a vida da gente...
CORTA A CENA.
CENA 3: William comunica ao pai sobre decisão.
-Pai, senta aqui. A gente precisa conversar.
-Olha aqui, se for pra me dar sermão sobre aquele assunto de novo, pode esquecer que eu nem vou ouvir!
-Calma, seu Mauro! Pode baixar a guarda. Eu só quero avisar que já comprei minhas passagens e vou voltar pra Inglaterra.
-Isso é alguma espécie de pegadinha?
-Não, pai. É sério. Vou voltar pra Londres.
-Pra ficar?
-Talvez. Ainda não sei. Mas tou de saco cheio de tudo isso. Já deu o que tinha que dar. Quero tentar uma vida nova. Ressignificar meus horizontes, meus desejos, meus afetos. Me libertar do que não serve mais pra mim, sabe?
-Sei. Discordo, mas compreendo.
-Não sofre, pai. Vai ser melhor pro senhor também...
CORTA A CENA.
CENA 4: Horas mais tarde, William procura Valéria em horário de almoço.
-Não entendi a razão d'ocê vir aqui... parece que tem urgência em falar...
-Tenho mesmo.
-Pois então fale, homem...
-Eu vou embora do Brasil. Vou voltar pra Londres, de onde eu nem devia ter saído.
-Eu confesso que me surpreende um pouco, mas de certa forma eu esperava por isso. Ocê nunca foi como seu pai. Deve estar sendo insuportável conviver com ele.
-Exatamente. Essa é uma das razões principais... mas fica tranquila que eu vou ver nosso filho quando der.
-Sei disso.
-Foi bom a gente tentar pela última vez.
-Sem dúvida. Acabou mostrando pra nós dois que nossa história tinha realmente acabado, não como amigos, mas como casal.
-Exatamente. Demorei pra aceitar isso. Mas nossos rumos são outros agora.
-Te desejo felicidades, William...
-Desejo tudo de melhor a você, Valéria...
CORTA A CENA.
CENA 5: Instantes depois, Giovanna conversa com Valéria na agência.
-Que coisa, gente. Tá certo que ele nunca foi com a minha cara, mas fico pensando no Mauro sozinho...
-Sinceramente, Giovanna? Sei que o seu Mauro é seu amigo, mas ele meio que merece essa solidão. Ao contrário d'ocê, ele não fez nada pra se redimir.
-Isso é bem verdade. Fica até difícil defender ele. Aliás, impossível.
-Mas mudando de alho pra bugalho... queria te contar uma coisa que já vem acontecendo, mas que achei melhor contar só agora.
-Eita, Valéria... conta!
-Eu e o Hugo voltamos.
-Não creio! Que maravilha! Gente, que alívio imenso que eu sinto de saber disso! Significa que o estrago que eu fiz aquela vez não foi permanente! Ai gente, que tudo!
-Nossa, ocê ficou feliz mesmo, hein?
-É um alívio tremendo saber que tá tudo certo. Minha consciência fica limpa agora, sabe?
-Sei...
-A gente podia pensar num jeito de comemorar isso, né?
-Taí... gostei da ideia.
CORTA A CENA.
CENA 6: Daniella conversa com Patrícia sobre sua evolução após iniciar tratamento.
-Sabe, amiga... eu andei observando a sua evolução desde que começou a levar a sério o tratamento...
-Ai, Dani... será que eu ando mesmo evoluindo? Às vezes eu mesma não vejo diferença nenhuma. Meus medos estão todos aqui, ainda...
-Caramba, você mudou demais! Da água pro vinho. Digo mais externamente, sabe? Mas isso só foi possível porque você tem mudado seu padrão de pensamento.
-Acho isso tudo tão natural que nem sei se é uma mudança efetiva.
-Claro que é, boba.
-Sei lá. Na real eu sinto que não tou fazendo nada além da minha obrigação... burrice minha foi não perceber isso antes.
-Como assim?
-Uai, entender que as pessoas são livres, né. E ocê é quem mais me ajuda a entender isso, Dani. Eu era muito sozinha na vida, De repente ganho uma irmã feito ocê. Que tá comigo pro que der e vier... aprendo demais, sabia?
-Ai, para...
-Paro nada!
-Vai parar sim que a leonina boba aqui já fica toda emocionada e com vontade de chorar. Até parece que cê não sabe!
As duas se abraçam.
-Obrigada por tudo, Dani. Por ser a única noção que eu tenho de família nessa vida...
CORTA A CENA.
CENA 7: Érico se impacienta com Flavinho no horário de almoço e discute com o namorado.
-Pra mim chega dessa palhaçada, chega de fingir que tá tudo bem quando eu sei e você também sabe que a gente não anda nada bem!
-Que? Érico, eu não sei o que foi agora, mas baixa essa voz em primeiro lugar!
-Você ainda tem a capacidade de me perguntar?
-Se tou perguntando é porque minha bola de cristal anda realmente quebrada e eu ainda não pesquei qual foi o drama dessa vez.
-Tá vendo? Trata tudo como drama! Não aguento isso.
-Você tá ferido pelos seus próprios motivos e me culpa por isso. Não tenho paciência nem disposição pra lidar com gente ferida. Cure sozinho essas feridas, viu?
-Isso tudo é desculpa esfarrapada, não é? Admite! A verdade é que cê não me dá atenção porque não tira o Gustavo da sua cabeça.
-Falou o que queria, lindo?
-Falei. Agora se defenda.
-Não vou me defender de nada, Érico. Isso tudo pra mim é um drama totalmente desnecessário. Ou ocê para com isso, ou eu vou pedir p'rocê ir embora e me deixar almoçar em paz e com sossego.
-Quer saber? Eu vou mesmo. Essa sua calmaria me exaspera.
-Problema seu.
Érico sai andando, intempestivo. CORTA A CENA.
CENA 8: Horas mais tarde, Valéria vai se despedir de William no aeroporto, com o filho no colo. Hugo observa de longe, com cumplicidade. William se emociona ao perceber que o voo foi chamado.
-Chegou a hora, Valéria. Eu tenho que embarcar.
-Obrigado por tudo, William.
-Quem agradece sou eu. Não te dei razões pra ser grata a mim.
-Deu sim, muito mais do que ocê possa imaginar. Me deu novas lembranças. Um novo sentimento, ressignificado por você. Desfez aquele sabor amargo da sua partida antes, quando eu engravidei... e eu te agradeço pra sempre por isso.
Os dois se abraçam, emocionados.
-Cuida bem do nosso filho?
-Sempre. Volta logo pra ver ele crescer, tá?
-Sempre vou estar por perto.
William embarca. CORTA A CENA.
CENA 9: Cristina é surpreendida ao entrar em sua sala na clínica e se deparar com Sérgio.
-Pai? Eu achei que você não quisesse conversa comigo...
-Não sei de onde cê tirou isso, filha.
-Concluí isso pela sua reação negativa semana passada quando eu falei que tinha voltado com o Vitório...
-Não é bem assim. Eu fiquei chocado, sim. Mas jamais viraria as costas pra você, minha filha...
-Ai, que bom! Porque na verdade eu queria te esclarecer que eu não voltei de verdade com ele. É tudo fachada.
-Sério? Como assim?
-Foi a maneira que eu encontrei de punir o Fábio por ele ter duvidado de mim, entendeu?
-Entendi, mas acho complicado...
Os dois seguem conversando. CORTA A CENA.
CENA 10: Com a noite avançada, Flavinho acaba bebendo demais e Gustavo considera melhor levá-lo para sua casa. Ao chegarem ao apartamento de Gustavo, Flavinho senta-se desajeitado no sofá e, ao acomodá-lo, Gustavo sente atração por Flavinho, que percebe tensão sexual crescendo entre eles.
-Eita... eu que bebo e ocê que fica me querendo?
-Para de falar besteira, Flavinho. Eu tinha era que te colocar debaixo do chuveiro, isso sim.
-Mas não é o que ocê quer... fala pra mim olhando no meu olho que ocê não me deseja...
Os dois acabam se beijando. FIM DO CAPÍTULO 165.
Nenhum comentário:
Postar um comentário