CENA 1: Cristina fica apreensiva e teme que o plano seja por demais arriscado.
-Dona Valentina, eu admiro demais seu peito e a sua coragem de enfrentar o próprio filho, mas... eu tenho medo que nós três acabemos nos complicando se alguma coisa der errado... - fala Cristina.
-Não acho que vá dar errado. Tanto eu quanto a dona Valentina sabemos muito bem como dar a volta no Vitório sem que ele nem perceba. - argumenta Margarete.
-Exatamente, querida. Não se preocupe que somos fortes unidas. Vai dar tudo certo. Simplesmente porque você já não anda bem do estômago por conta dessa situação, não vai ser difícil simular um mal estar, vai? Sua cara já tá meio abatidinha e você precisa usar isso a seu favor. O resto do plano eu e a Margarete resolvemos. Eu fazendo a preocupada, porque desse jeito o Peppino e o Vitório acreditam sem nem pensar duas vezes. A Margarete cuida de distrair o bando de troglodita que fica lá fora, se for preciso. - fala Valentina.
-Ai, gente... mas e se eu não conseguir mentir? Eu quero dizer que eu não sei dissimular... posso acabar entregando que tudo isso não passa de uma encenação e que não tou passando mal coisa nenhuma... - fala Cristina.
-Tenta confiar que vai dar certo. A melhor hora pra gente começar a agir é logo após o jantar. - fala Margarete.
-Taí, Cris... escuta a Margarete que ela sabe muito bem o que tá dizendo. Ela convive com os trogloditas quase em tempo integral. Sabe muito bem do que tá falando... - encoraja Valentina.
-Mas então a gente vai fazer tão logo todo mundo termine de comer, assim na bucha, debaixo do nariz do Vitório? - questiona Cristina.
-Exatamente. - afirma Margarete.
-Até porque a gente ainda pega um horário bom de atendimento no hospital. É mais tempo que a gente ganha pra execução das outras partes desse plano. - complementa Valentina.
-Eu tenho medo de entrar nessa loucura toda... - fala Cristina.
-Querida, nós estamos encontrando maneiras de livrar você desse cativeiro. É preciso arriscar tudo. Não há nada a perder, porque nesse momento você nem direito a liberdade tem... - argumenta Margarete.
-Tá certo. Eu topo o plano. Não tem outro jeito... eu preciso dar um jeito de ir embora daqui... - fala Cristina, apreensiva.
CORTA A CENA.
CENA 2: Hugo desabafa com Bernadete.
-Mãe... você acha absurdo demais eu sentir culpa pela Cristina?
-Acho sim. Como assim sentir culpa? Pelo que, Hugo? Isso sequer faz algum sentido, meu filho...
-Como que não faz?
-Não fazendo, ué. Simples assim. Culpa pelo que?
-Por ter me distanciado dela nesses últimos meses, desde o fim do nosso relacionamento...
-Que besteira, Hugo. Não houve distanciamento proposital da parte de vocês, o que aconteceu é que os rumos das vidas de vocês mudaram completamente. Nada além disso.
-É, mas já parou pra pensar que talvez ela não tivesse sido sequestrada?
-Pode me explicar como, meu filho? Ela tinha saído de viagem com o Fábio, como é que você poderia evitar alguma coisa, me diz?
-De repente eles nem teriam viajado pra longe, eu poderia ter sugerido algo mais perto...
-Para, meu filho... não é justo você se sentir responsável por algo que não tem de forma alguma qualquer responsabilidade. Afastado dela ou não, esse sequestro aconteceria, era inevitável... esse tal de Vitório ia surtar igual.
CORTA A CENA.
CENA 3: Flavinho se surpreende com a inesperada presença de Valéria na clínica.
-Ué... que bons ventos são esses que te trazem aqui?
-Tava passando aqui perto pra resolver umas questões da revista. Resolvi passar aqui pra ver meu velho amigo. O Gustavo tá aí?
-Tá sim, mas ele tá trocando o medicamento das crianças.
-Isso leva um tempão, tou até sabendo... bem, se não der tempo de eu dar um abraço nele, avisa que eu vim...
-Sabe o que é? Acho que ele não tá querendo saber de muito papo comigo...
-Uai, como assim? Ocês não tavam começando a se entender?
-Eu acabei começando a namorar. Ele se chama Érico.
-Viado, como é que ocê faz uma coisa dessas? Francamente, Flavinho! Sabe o que isso faz parecer?
-O que?
-Que tudo isso é pura fuga, sinceramente! Uma fuga do meu irmão.
-Não é isso...
-É sim, nós dois sabemos que é. Tou honestamente decepcionada com essa sua atitude...
CORTA A CENA.
CENA 4: Mauro conversa com William.
-Tou gostando de ver, filho!
-Não tou entendendo. Gostando de ver o que, pai?
-Essa aproximação entre ocê e a Valéria... cada vez melhor, né?
-Sim, pai. Só que dessa vez tá sendo espontâneo. A gente tá refazendo laços. Em novos termos.
-É, mas isso tem sido muito conveniente pra mim.
-Não se meta nisso, pai. Já basta tudo o que ocê fez... pelo menos ocê pensa em devolver a agência pro Leopoldo se tudo correr como ocê espera?
-Sim, filho. Eu sou um homem de palavra. Sempre fui.
-É mesmo bom que seja. Porque essa é a única forma de eu achar mais aceitável toda essa loucura...
CORTA A CENA.
CENA 5: Valentina conversa a sós com Cristina no quarto, antes do jantar.
-Querida, agora que a Margarete voltou pra cozinha, eu preciso te explicar melhor uma coisa sobre o Vitório.
-Fala, dona Valentina...
-Eu sempre soube que ele era loucamente apaixonado por você, mas nunca pensei que ele ia envolver a máfia nisso.
-Que? Eu sei que ele é mafioso, mas onde que a máfia entra nisso?
-Os homens que estão lá fora são mafiosos. Não são qualquer troglodita.
-Gente, mas isso não é pior pra gente?
-Nada, boba. É melhor! Você finge mal estar, eu encarno a mamma italiana e tá tudo certo...
-Eu não sei mais quem é o Vitório. Tenho medo dele.
-Confia em mim. Vai dar tudo certo, Cristina.
CORTA A CENA.
CENA 6: Margarete é surpreendida por Vitório enquanto termina de preparar o jantar.
-Ai que susto, seu Vitório!
-Não entendo sua insistência em falar português depois de tantos anos aqui na Itália... até seus filhos são italianos...
-Eu ainda sou brasileira, patrão. Eu estou concentrada fazendo o jantar, me desculpe.
-Falta muito pra ficar pronto?
-Não. Em menos de quinze minutos eu acredito que já esteja tudo pronto pra ser servido.
-Posso provar?
-Ainda não... o senhor sabe como sou exigente na hora de fazer a comida.
-É por isso que você sempre acerta... mas sabe no que eu tava pensando?
-No que, seu Vitório?
-Que eu vou pedir a Cristina oficialmente em casamento.
-Não me diga!
-O que você acha?
-Acho ótimo...
Margarete disfarça desagrado. Vitório segue falando.
-Então... eu tou pensando em fazer o pedido durante ou logo após o jantar. Aproveitar enquanto meus pais ainda estão aqui pra já ir fazendo o pedido. Não é incrível essa ideia que eu tive?
-Ah, é sim... claro... mas você não acha que a Cristina anda meio adoentada?
-Ela não estaria se estivesse se alimentando bem. Inclusive é sua responsabilidade cobrar que ela se alimente mais. Como estamos indo?
-As coisas vão bem dentro do possível, patrão...
CORTA A CENA.
CENA 7: Gustavo conversa com Daniella na sala de Cristina na clínica.
-Muito ocupada?
-Pra você eu nunca tou ocupada, bobo...
-Queria agradecer mais uma vez.
-Ué, agradecer pelo que, Gustavo?
-Por tudo de maravilhoso que foi esse fim de semana. Por tudo o que ocê e a Pati fizeram por mim, pra me ver sorrir, pela compreensão, por tudo. Eu me senti amado.
-Nunca tenha dúvidas disso, Gustavo: você é amado. Muito amado. Por mim e pela Pati.
-Isso me deixa até com vontade de dizer uma coisa p'rocê...
-Dizer o que?
-Que eu acho que a gente ainda pode tentar ficar junto.
-Gustavo, tem certeza que isso que cê tá sentindo não é uma forma de fugir do Flavinho?
-Não. Eu nunca neguei que amo ocês dois. Acho até que na mesma intensidade. Mas eu sinto falta de nós dois. De verdade, pra valer. Se ocê aceitar, a gente podia tentar de novo.
-O namoro? Olha, Gustavo... eu nunca pensei que ia dizer isso, mas...
-Só diz que aceita dar essa chance pra gente...
-Eu sempre te amei, Gustavo. Nunca pensei que ia te dizer isso, mas sinto falta da época que a gente namorava. A Pati que me abriu os olhos em relação a isso.
-Isso é um sim?
-Sim. A gente merece tentar outra vez.
Os dois se beijam, selando o namoro reatado. CORTA A CENA.
CENA 8: Hugo, ao chegar na clínica onde Giovanna está internada, se surpreende ao encontrá-la aos prantos, encolhida num canto.
-Ei, Giovanna... sou eu, o Hugo. O que tá acontecendo?
-Tudo, Hugo! Eu fiz tudo errado. Eu sou o próprio erro. Nunca nessa vida eu dei uma dentro que fosse!
-Calma. Respira... volta a si. Me dá um abraço.
Giovanna abraça Hugo e se tranquiliza.
-Consegue falar agora, Giovanna?
-Sim. Obrigado por me oferecer seu abraço.
-Sempre vou estar aqui. O que te deixou assim?
-Culpa. Eu nunca devia ter feito ao filho da Valéria o que eu fiz.
-Já passou. O que importa é que o erro foi reconhecido.
-Você devia sentir raiva de mim por tudo, mas não sente. Quero ser magnânima assim um dia...
CORTA A CENA.
CENA 9: Antes de encerrar expediente na revista e na agência, Valéria conversa com Glória.
-Menina, eu não sei como pode, mas ocê acredita que eu tou balançando de novo pelo William?
-Ah, Valéria... é compreensível. Ele é o pai do seu filho.
-Mas isso não significa muita coisa nos dias de hoje. O fato é que eu acho que tou me apaixonando por ele outra vez.
-Como assim acha, Valéria? A gente costuma ter certeza com esse tipo de sentimento.
-É difícil na situação que eu vivo. Aqui no trabalho eu tou mais que realizada, mas tou longe da minha casa, daqueles que eu considero família. Entende agora? É por isso que fico confusa. Eu posso estar carente.
-E disse isso ao William?
-Sim, com todas as letras. Não há segredos entre nós.
-É isso que importa. O resto, minha querida, é só o tempo que vai responder.
CORTA A CENA.
CENA 10: Assim que Margarete tira os pratos da mesa, Cristina olha para Valentina com cumplicidade e Valentina faz sinal de que chegou a hora de iniciar o plano. Cristina finge ter um desmaio e Valentina imediatamente a acode.
-Filho, Peppino! Ajudem a Cristina! Ela está passando mal! - fala Valentina.
Cristina finge acordar do desmaio e simula fraqueza.
-O que tá acontecendo aqui? De repente tudo ficou escuro... - dissimula Cristina.
Vitório se aproxima e Valentina o afasta.
-Deixa a Cristina respirar, filho. Não tá vendo que ela tá passando mal? - prossegue Valentina.
Margarete chega à sala e finge acudir Cristina, sussurrando em seu ouvido.
-Chegou a hora. Força na peruca!
Cristina fica apreensiva. FIM DO CAPÍTULO 145.
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