CENA 1: Mauro tenta se justificar para Valéria.
-Valéria, minha querida... as coisas não são bem assim. Eu posso explicar, juro que posso.
-Não me interessam as suas justificativas, seu Mauro. Agora eu tou entendendo tudo... como é que eu não percebi tudo com clareza antes? Sempre foi isso, não foi?
William permanece calado, enquanto Valéria segue falando. Mauro tenta se justificar.
-Era a única maneira de lutar pela felicidade do meu filho!
-Lutar pela felicidade? Como o senhor ainda tem coragem de dizer isso, seu Mauro? Você não pode manipular a mim, muito menos ao seu próprio filho ao seu bel prazer em nome de um suposto zelo por uma felicidade que o senhor mesmo idealizou, mas que não passa de uma grande farsa! A farsa que ocê fez questão de alimentar e transformar nesse monstro!
Mauro ouve a tudo calado. William resolve falar.
-Valéria, eu juro que fiz de tudo pro meu pai desistir dessa ideia absurda. O que ele fez é desumano. Eu não quis que nada fosse assim...
Valéria olha para William com piedade.
-Eu sei disso, William. Agora eu vejo as coisas com uma clareza cristalina. Eu e você fomos vítimas nessa história. Você foi tão vítima quanto eu e agora eu consigo enxergar tudo isso. E é justamente por tudo isso que eu me recuso a continuar nessa casa, dividindo o mesmo teto que esse senhor aí. Definitivamente idade não é sinônimo de sabedoria. Sinto muito por ocê, William... ninguém nessa vida merece um pai desses. E ah, seu Mauro, o senhor que ouse tentar me tirar da revista que eu boto a boca no mundo! Todo mundo vai ficar do meu lado e disso o senhor não tenha a mínima dúvida. Chamo imprensa e tudo, mas da minha família o senhor não tira um centavo e nem mexe num patrimônio que não é nem nunca foi seu de direito!
William, chorando, abraça Valéria.
-Obrigado por entender que nunca tive culpa disso...
-Eu que agradeço por me poupar disso tudo esse tempo todo. Senão eu não suportaria nem respirar debaixo desse teto. Ocê me ajuda com as malas? Quero ir embora daqui hoje mesmo!
-Ajudo sim...
William acompanha Valéria e Mauro permanece sentado, sem reação. CORTA A CENA.
CENA 2: Horas depois, Valéria, já de volta em casa, conversa com Bernadete e Leopoldo e o orienta sobre como proceder.
-Bem, gente, é isso. E ocê, seu Leopoldo, tem que correr atrás dos seus direitos o quanto antes! Se for por falta de advogado, se tiver em dificuldade financeira, eu mesma pago um advogado. Mas corra atrás dos seus direitos, porque o seu Mauro não pode dilapidar o patrimônio da nossa família dessa forma e amparado pela lei falha desse país! - fala Valéria.
-Eu sei disso, querida. Agradeço pela sua preocupação. Você se tornou de fato uma filha para nós... mas não sei se tem como garantir tudo isso. - fala Leopoldo.
-Corre atrás, seu Leopoldo. O seu Mauro é mais garganta do que ação. Ocês não devem ter engrossado o suficiente com ele. Eu acho mais que certo que ocê encare ele de frente e diga que exige as suas ações de volta! - fala Valéria.
-Não sei, gente. Esse cara é sorrateiro, tanto que ele aproveitou que eu não sabia de nada pra chantagear o Leopoldo... - pontua Bernadete.
-Justamente por isso, Bernadete... para e pensa comigo: se ele contava com a sua ignorância antes, agora não tem mais isso. Nós nos fortalecemos não apenas com isso, mas comigo na revista e sendo uma peça desse jogo que não tem a mínima chance de ser descartada. - conclui Valéria.
-Realmente, Dete... olhando por esse lado ela tá coberta de razão... - considera Leopoldo.
Os três seguem conversando. CORTA A CENA.
CENA 3: Hugo conversa com Valéria, antes de dormir.
-Quem diria, hein? Eu sabia que aquele velho não valia muita coisa, mas chegar a esse ponto, francamente...
-Ocê não tem ideia da raiva e do nojo que eu senti quando ouvi o seu Mauro dizendo aqueles absurdos todos...
-Posso imaginar, Valéria. Mas o importante é que cê tá aqui, já passou.
-Passou pra mim, mas ainda fico com medo do que pode acabar repingando pra gente, pro seu pai principalmente...
-Cê tava tão confiante... não combina com medo.
-Na frente dos seus pais eu tenho de estar confiante. Mas tou atirando no escuro e ocê sabe muito bem disso.
-Pelo menos você voltou pra casa. Você e o nosso filho...
-Pelo menos isso, Hugo... assim as coisas ficam ao menos mais suportáveis.
-Podem melhorar, se você quiser.
Hugo tenta beijar e Valéria recua.
-Hugo, o fato de eu ter descartado qualquer relação com o William não me empurra automaticamente pros seus braços. Vamos dar tempo ao tempo. Boa noite.
CORTA A CENA.
CENA 4: Daniella passa a noite com Gustavo no apartamento dele e, antes de adormecer, o nota preocupado.
-O que é que tá te deixando aflito desse jeito, amor?
-Tá tão na cara assim?
-Se estivesse escrito na sua testa, não estaria tão claro...
-Ando preocupado com o Flavinho.
-Preocupado com o que? Eu acho que ele tá indo muito bem na vida profissional e afetiva, inclusive.
-Será?
-Não tou te entendendo, Gustavo...
-Acho que ele não vai gostar de saber que eu e você noivamos.
-Ué, mas a ideia disso tudo não começou com você? Nada mais natural que todos encarem a verdade dos fatos, inclusive o Flavinho. Nesse momento, eu sou bem egoísta sim... ele tem que saber, sem ser poupado.
CORTA A CENA.
CENA 5: No dia seguinte, Cristina chega impaciente à clínica e uma das funcionárias da limpeza nota isso, tentando ajudar Cristina.
-Eu posso ajudar, dona Cristina?
-Pode sim, vazando da minha frente e parando de bancar a solícita com essa cara de cachorro abanando o rabo. Sai daqui e me erra, vai!
Flavinho assiste a tudo chocado e intervém.
-Releva, Edileusa. A Cris não tá num bom dia.
Flavinho leva Cristina à sua sala. Cristina senta, impressionada com o que fez.
-Eu não sei o que me deu, Flavinho. Nunca fui rude assim com o pessoal da limpeza.
-Por isso que segurei as pontas.
-Obrigada por isso. Eu realmente não faço ideia do que me deu.
-Mas eu tenho uma ideia. Ocê anda estressada, de novo... sobrecarregada, sabe?
-Tou vivendo uma fase difícil, Flavinho... cê sabe disso.
-Eu sei, mas isso não justifica em momento algum sua postura arrogante e elitista com o pessoal da faxina. Ocê nunca foi essa riquinha metida a besta, coxinha... vê se não descarrega seus problemas em quem não tem nada a ver com isso, viu? Eu vou trabalhar e você devia fazer o mesmo, chefinha...
CORTA A CENA.
CENA 6: Giovanna se encontra com Hugo durante horário de almoço. Hugo conta a Giovanna sobre volta de Valéria para sua casa.
-Ficou sabendo que a Valéria voltou lá pra casa?
-É mesmo, Hugo? Me conta isso direito... vocês voltaram a ficar juntos?
-Não. Eu bem queria, mas ela decidiu voltar. Parece que rolou umas tretas com o seu amigo.
-Com o Mauro?
-Exatamente.
-Que coisa, gente... mas bem, pelo menos ela conseguiu se livrar do que não tava mais agradando ela, né?
-Eu queria mesmo que ela voltasse pra mim.
-Isso me deixa triste, mas eu compreendo. Compreendo vocês. Não agi certo com vocês e espero que um dia vocês possam reconstruir o que eu destruí...
-Fica assim não... as coisas vão ser como tiverem de ser.
-É, mas podiam ter sido mais fáceis se eu não tivesse feito a louca e armado tanto pra ficar com você...
-Sim, as coisas podiam ter sido mais fáceis. Mas não foi assim que aconteceu.
-Queria ter essa facilidade que você tem pra me conformar com essas burradas do passado.
-Não disse que me conformo. Só acho inútil remoer.
-Cê tem razão.
-Procura relaxar em relação a isso. Dar tempo ao tempo. Ainda mais agora que cê tá se dando bem com a Valéria...
CORTA A CENA.
CENA 7: Érico almoça com Flavinho no horário de almoço dele e acaba notando que o namorado está distante.
-Eita, Flavinho...
-Que foi, Érico?
-Tá mesmo com a cabeça longe daqui, hein?
-Muita coisa. Trabalho pegando pesado, sabe?
-Sei. O que anda pegando?
-Acredita que a minha chefe deu piti hoje?
-Nossa... que coisa! Me conta melhor isso...
-Foi, menino! Eu tava chegando ainda, de repente vi ela explodir do nada com a Edileusa, que é responsável pela faxina.
-Gente, que loucura!
-Daí eu conversei com ela, ela desabafou dizendo que tá cheia de problemas e tudo mais.
-Que coisa... mas ainda acho que cê tá distante por outros motivos.
-Que outros motivos eu teria?
-Não sei... me diga você.
-Ai, Érico... menos, bem menos. Quase nada, por favor.
CORTA A CENA.
CENA 8: Horas depois, Valéria, já em casa, se diverte com Bernadete, Sérgio, Leopoldo e Nicole.
-Ai, gente. Desculpa rir, mas é meio impagável essa situação d'ocês todos! Nunca na vida eu ia pensar que os casais iam trocar! - diverte-se Valéria.
-Na verdade, Valéria, os casais foram destrocados! - esclarece Nicole.
-Uai, como assim, gente? - confunde-se Valéria.
-Simples, querida: nós todos somos amigos desde a época do segundo grau, o que vocês chamam hoje de ensino médio. Eu era namorada do Sérgio e a Nicole era namorada do Leopoldo. Em algum momento, devido a uma série de questões, trocamos de casais. Agora a troca foi desfeita. - esclarece Bernadete.
-Eu sei que cê tá confusa, Valéria... mas o fato é que tudo isso é a mais pura verdade. Chega a ser divertido tudo isso... - fala Leopoldo.
Os cinco seguem conversando e rindo de tudo. CORTA A CENA.
CENA 9: Na saída da clínica, Gustavo alcança Flavinho.
-Ei Flavinho! Espera!
-Fala, Gustavo...
-Nossa, que má vontade comigo...
-Tou só cansado, morto de vontade de ir pra minha casa. Se puder ser breve...
-Ah, pena... bem, fica pra outro dia. Queria te convidar pra um jantar lá em casa. Comemoração...
-Comemoração do que, cara?
-Do meu noivado com a Daniella.
Flavinho sente um baque, mas disfarça diante de Gustavo.
-Nossa... não sabia que tava pra tanto! Parabéns...
-Posso contar com a sua presença?
-Ahm... claro que pode. Só me dizer o dia. Agora preciso ir embora que eu tou podre de cansado...
Flavinho vai embora, abalado. CORTA A CENA.
CENA 10: Mauro ouve sua campainha tocar e estranha.
-Cláudia, vá ver quem é para mim, por favor! - ordena Mauro.
Cláudia abre a porta e vê que se trata de Leopoldo.
-Seu Leopoldo?
-Vim falar com o seu patrão. Ele está?
-Sim.
-Ótimo. Me dá licença, Cláudia...
Leopoldo invade a sala e surpreende Mauro.
-Não te ensinaram a se anunciar antes de chegar invadindo a sala dos outros? Podia chamar a polícia, isso é invasão de domicílio, sabia?
-Bom você falar em polícia, Mauro. Porque eu exijo que você me devolva minhas ações, ou chamo eu a polícia!
Mauro paralisa diante de Leopoldo. FIM DO CAPÍTULO 159.
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