CENA 1: Gustavo, ainda perplexo, tenta reagir diante da afirmação de Flavinho.
-Cara, isso é absurdo! Completamente sem pé nem cabeça. Não faz o mínimo sentido!
-Fácil p'rocê falar. Não sabe o que eu tou passando.
-O que ocê tá passando não justifica em momento nenhum destruir nossa amizade. Velho, a gente se conhece tem uma vida inteira! A gente se ama! Antes de mais nada a gente sempre teve um amor amigo, poxa! Vai dizer que nada disso vale mais?
-Claro que vale. Mas vai doer mais se eu não cortar o mal pela raiz. Vai ser menos sofrido pra mim me manter afastado.
-Do jeito que ocê fala, faz parecer que eu sou o próprio mal. E isso me faz sentir péssimo, pra ser sincero.
-Gustavo... o mal sou eu mesmo, a mim mesmo. Tenho sido mau comigo quando me deixo levar pelos impulsos e nem meço as consequências. Antes elas fossem só pra mim, mas não... eu traí, nós traímos a Dani! Uma pessoa sensacional que sempre fez tudo pela gente! Percebe como isso é injusto?
-Eu sei que é. Eu sei que a gente errou e que eu errei mais ainda traindo duas pessoas que eu amo. Eu traí ocê também, Flavinho... sei que não devia ter dado vazão a nada disso. Mas a gente não vai deixar de se falar.
-Será que não? Gustavo, não tem mais razão ou motivo pra gente continuar se vendo ou se falando. Não enquanto essa ferida estiver aberta dentro de mim.
-De nós. Também é uma ferida que dói em mim.
-Tá vendo como é melhor a gente se afastar? Não consigo ver outra alternativa pra gente...
-Mas Flavinho, isso é impossível.
-Difícil, mas não impossível.
-Não, é impossível mesmo. A gente trabalha junto. As crianças perguntam por você quando eu fico sozinho fazendo palhaçada. Não tem como a gente deixar de se ver ou se falar. A não ser que ocê peça demissão e isso eu espero que ocê não faça. Me sentiria muito culpado.
-É o que vai acontecer.
-Como?
-Não agora. Essa situação da gente conviver ainda é temporária. Eu vou procurar outro emprego.
Flavinho parte chorando e Gustavo também chora ao vê-lo ir embora. CORTA A CENA.
CENA 2: Flavinho chega em casa aos prantos e acaba alarmando Bernadete e Valéria, que vão atrás dele.
-O que aconteceu, migo? - pergunta Valéria, preocupada.
-Pra que essa revolta, esse choro? - questiona Bernadete.
-Ai, gente... eu fiz tudo errado! Tudo! - fala Flavinho.
-Uai, não tou entendendo... ocê tava todo empolgado ontem quando avisou pra gente que ia esticar no apartamento do meu irmão... agora isso? - estranha Valéria.
-Pois é... eu pensei que pelo menos você fosse voltar mais bem humorado pra casa, meu filho... - fala Bernadete.
-É justamente isso. O Gustavo... eu e ele. Nós fomos horríveis. Fizemos algo que não tem perdão. E eu decidi me afastar dele. - desabafa Flavinho.
-Mas pra que isso, gente? Brigaram? - espanta-se Valéria.
-Não. Talvez se a gente tivesse brigado fosse mais fácil. Eu preciso me afastar dele. Mudar de emprego. Qualquer coisa que me mantenha longe dele... - fala Flavinho.
-Ai, para... não precisa disso tudo, filho... - contemporiza Bernadete.
-Eu não sei o que aconteceu e nem vou perguntar, mas também acho que não precisava disso tudo não... - fala Valéria.
-Ai... eu só preciso que vocês me entendam, preciso de carinho e saber que não tou sozinho... - fala Flavinho.
As duas consolam Flavinho. CORTA A CENA.
CENA 3: Cristina elogia Vitório pelo jantar preparado por ele.
-Taí... não é que o italiano continha cozinheiro de mão cheia?
-Gostou da comida?
-Nossa, tava divina, Vitório. Cê não perdeu a mão mesmo, hein?
-Fico feliz que cê tenha gostado...
-Eu que agradeço pela sua presteza de fazer o jantar numa hora dessas e ainda caprichar tanto!
-Sabe... esse momento, tudo isso... me lembrou de antigamente.
-Antigamente você diz de quando a gente ainda tava junto?
-Sim. São lembranças boas.
-Sim... é verdade: são mesmo boas lembranças. Gosto de manter o que ficou de bom. Mas cê sabe que acabou, não sabe?
-Claro que sei. Mas quem sabe isso tudo aqui não significa uma pontinha de esperança?
-Não, cara... é sem condições. Eu e você sabemos muito bem dos motivos... e pensei que você estivesse tranquilo em relação a isso. Somos amigos, não somos?
-Claro que somos. Mas às vezes eu gostaria de poder te amar.
-Você já me ama. Como eu te amo. Como amigo, somente.
-Não é só isso.
-Vitório... seria preciso no mínimo recuperar totalmente minha confiança. Ainda assim, sem nenhuma garantia. Eu ainda amo o Fábio e não te escondi isso...
CORTA A CENA.
CENA 4: No dia seguinte, José comemora com Idina, que não entende motivo de sua alegria.
-Nossa, amor. Viu passarinho verde pra já ir estourando champagne a essa hora do dia?
-Idina, meu amor... deu tudo certo!
-Sim, mas deu tudo certo no que? Tou me sentindo a própria Zileide Silva. Me perdi aqui, desculpe, vamos tentar...
-Sem brincadeira. Eu tive a minha candidatura a deputado estadual oficializada pelo partido, é mole?
-Sério? Que maravilha, amor! Eu sabia que tudo ia dar certo! E depois, quando a Larissa enfia uma coisa na cabeça... não há nada nesse mundo capaz de tirar! Sabe o que eu pensei?
-O que?
-A gente podia fechar o Cantinho Francês essa noite. Pra comemorar esse passo seu.
CORTA A CENA.
CENA 5: Nicole e Sérgio conversam com Leopoldo.
-Leopoldo... a gente te chamou aqui pra te dizer que a gente conseguiu o dinheiro pra você cobrir a oferta do Mauro. - fala Sérgio.
-Isso é sério? - anima-se Leopoldo.
-Claro que é. A gente não te falou que conseguia, amor? Agora é só correr pro abraço. - fala Nicole.
-Vocês não tem noção da alegria que estão me trazendo, queridos. É impressionante como nada nessa vida acontece por acaso. Eu sinto que era assim mesmo que era pra ser... - alegra-se Leopoldo.
-Com certeza, meu amigo. A vida deu tantas voltas e reviravoltas e nós paramos aqui. Todos morando na mesma casa... - divaga Sérgio.
-E com os casais finalmente destrocados! - descontrai Nicole.
Todos riem. Leopoldo segue a falar.
-É isso que eu chamo de família. A que o coração da gente escolhe... - emociona-se Leopoldo.
CORTA A CENA.
CENA 6: Valéria surpreende Hugo ao chegar cedo em casa.
-Ué, logo você cansando da revista? Que bicho te mordeu?
-Bicho nenhum, amor... é que eu já tou com as pautas e meus trabalhos bem adiantados. Não tinha absolutamente mais nada pra eu fazer lá hoje, então eu ia morrer de tédio...
-Eita, mulherzinha eficiente que eu fui arranjar, hein?
-Ocê sabia que fica forçado demais quando tenta imitar o sotaque mineiro, não sabe?
-Sei sim, mas de vez em quando vale a pena o mico.
-Bobo. Amor, sabe o que eu tava pensando, na verdade?
-O que?
-Eu tou a fim de visitar BH. Saudade da minha terra, sabe? Eu tenho tempo livre de sobra com o tanto de trabalho que adiantei pra mim e pro pessoal da revista... daí pensei que podia aproveitar esse tempo que sobra...
-Adorei a ideia, sabia? Inclusive pensei que a gente podia já ir pensando em como e quando ir...
-Sério, amor? Eu tava com medo de ocê achar uma loucura da minha cabeça, viajar assim, no meio do ano praticamente...
-Loucura é a gente deixar de fazer o que sente vontade de fazer por medo de se permitir e arriscar...
Os dois se beijam. CORTA A CENA.
CENA 7: Horas mais tarde, Ricardo chama Hugo para uma conversa quando ele e Valéria visitam a agência para anunciar que Valéria viajará em breve.
-Se eu fosse você, tomava cuidado, cara...
-Não tou entendendo, Ricardo... a Valéria e eu só viemos aqui avisar que em mais ou menos duas semanas ela viaja comigo...
-Não acha imprudente avisar quase que publicamente desse jeito?
-Cara... onde exatamente cê tá querendo chegar?
-Na parte que vocês baixaram a guarda rápido demais pra Giovanna. Ela pode estar dissimulando mais uma vez.
-Pode. Mas eu duvido muito disso. Ela tem se esforçado desde que começou a levar a sério o tratamento.
-Não sei, cara... se eu fosse você ou a Valéria, não colocaria a mão no fogo por ela. Nem os psicólogos e psiquiatras ainda foram capazes de determinar que tipo de transtorno ela tem.
-Exatamente por isso. Tudo o que ela menos precisa é ser excluída nesse momento. Seria preconceito...
-Você que sabe. Mas eu encararia tudo isso com desconfiança... quem avisa amigo é: eu acreditei nela e tomei na cara. Acho complicado acreditar que ela tenha mudado tão rápido e por tão pouco.
CORTA A CENA.
CENA 8: Guilherme resolve desabafar com sua mãe.
-Mãe... tem cinco minutos pra me ouvir?
-Até quinze se você quiser, filho. Hoje o seu pai chamou o seu Etelvino pra ajudar lá na Ilha de Malta.
-Sabe o que é? Eu descobri que eu tou apaixonado pelo Érico.
-Eu sabia! Sempre soube. E imagino que você tenha demorado pra admitir isso por medo de encarar a realidade...
-É que eu nunca tinha tido a experiência de amar profundamente alguém do jeito que eu amo esse menino... então eu assustei.
-Desde quando?
-Não sei dizer, mãe... no fundo eu acho que eu amei o Érico desde o primeiro momento. Mas não soube lidar com esse sentimento. E agora eu perdi a chance de estar ao lado dele...
-Filho... isso acontece. Esses tombos fazem parte da vida. E falta de aviso não foi, porque a gente avisou...
CORTA A CENA.
CENA 9: Mauro é surpreendido pela chegada de Leopoldo em sua casa, sem se anunciar.
-Você aqui? Eu juro que demito a Cláudia, nem pra me avisar!
-Não perca seu tempo. A sua empregada não me viu entrar. Tava regando as plantas no quintal.
-Eu vou chamar a polícia.
-Não será preciso. Eu vim aqui te pagar.
-Pagar pelo que, Leopoldo? Eu que sou o idoso aqui e ocê que tá com comportamento senil?
-O senil pelo visto é você. Lembra do empréstimo? Tou devolvendo, com juros e correção monetária.
-Se for em cheque, pode se voador. Só acredito se for em cash.
-Então toma que a criança é sua.
Leopoldo entrega um bolo de dinheiro a Mauro, deixando ele surpreso. CORTA A CENA.
CENA 10: Valéria e Hugo conversam com Giovanna na sala dela na agência. Valéria decide falar detalhadamente sobre viagem.
-Então é isso... a gente andou pensando e só tá definindo ainda qual que vai ser o melhor dia pra ir pra BH... - fala Valéria.
-Descanso mais que merecido. Você não apenas salvou a revista como deu um gás novo pra agência... - constata Giovanna.
-Mas não é só isso, Giovanna. A gente na verdade quer que você viaje com a gente. - fala Hugo.
-Isso mesmo. Ocê provou ser uma pessoa do bem e amiga da gente. Confiamos em você. - fala Valéria.
Giovanna fica surpresa. FIM DO CAPÍTULO 167.
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