CENA 1: Cristina se antecipa a qualquer reação de Fábio e começa a falar.
-Olha aqui, se cê tá pensando que existe a possibilidade da gente voltar com esse monte de coisa mal resolvida, pode tirar seu cavalinho da chuva, porque isso não vai acontecer!
-Você entendeu tudo errado, Cristina. Eu vim conversar com você pra te dizer que eu tou te libertando.
-Que?
-Isso mesmo que você acabou de ouvir. Eu tou libertando você. E de uma vez por todas!
-Isso é sério?
-Sim.
-Posso saber quais são os seus planos, agora que você resolveu desistir de mim?
-Vou viajar pra Espanha. Talvez fique por lá e fixe residência.
-Cê só pode estar de brincadeira.
-Não tou. Já comprei as passagens. Providenciei tudo pela internet.
-Fábio, isso é uma loucura! Não falo por mim, mas falo pela nossa filha! Pelo Maurício, inclusive.
-Maurício já é homem feito. Não precisa de mim.
-Mas a Arlete precisa. Ela e esse filho que ainda vai nascer.
-Ué, o que foi agora? Não é o excelentíssimo Vitório que, mesmo depois de te sequestrar e te levar pra outro país, ainda vai assumir essa criança? Então deixa ele assumir, não era o que você queria?
-Não era. Você que me deixou sem opção.
-Você ficou sem opção porque quis.
-Só que você não pode abandonar a Arlete! Diante da lei você é pai dela! Tem deveres que devem ser cumpridos.
-Fique tranquila em relação a isso, porque eu não vou deixar faltar nada aos nossos filhos. Quer dizer, à Arlete.
-Não faz sentido você viajar assim.
-Por que não?
-Parece que você tá fugindo.
-Eu não tenho bons motivos pra ficar.
-Você que sabe. Só não vai se arrepender depois nem colocar a culpa em mim.
-Eu vou indo... era só isso mesmo que eu tinha a te dizer.
-Vá com Deus.
Fábio parte e Cristina fica abalada. CORTA A CENA.
CENA 2: Na manhã seguinte, Elisabete e Maurício se despedem de Fábio e veem seu voo partir. Elisabete conversa com o filho logo depois.
-Seu pai parecia apressado...
-Só parecia? Mãe... até ontem eu nem sabia de nada. Ele pensou e arranjou tudo isso de última hora...
-Isso significa que ele tá fugindo...
-E você só percebeu isso agora, mãe?
-Filho, eu nem sempre tou prestando atenção no seu pai porque tenho a minha vida pra tocar...
-Justo...
-Mas agora, sabendo que ele tá indo quase fugido... confirma o meu temor.
-Até imagino o que você teme, mãe...
-Pois é, Maurício... seu pai tá fazendo isso de cabeça quente. Não sabe nem nunca soube lidar com rejeição.
-Tem razão, mãe...
-Ele vai se arrepender de ter fugido, quando cair em si.
-Daí já pode ser tarde, mãe... o mundo não vai parar pra ele catar os próprios cacos.
-É esse o meu medo, filho. A Cris não vai esperar por ele.
-Nem deve. Ninguém deve...
CORTA A CENA.
CENA 3: Giovanna se inquieta ao lembrar de proposta de Hugo e Valéria e pensa alto consigo mesma, em sua sala.
-Ai... eles parecem tão sinceros... tão dispostos a me acolher, apesar de tudo o que eu já fui capaz de aprontar... será que eles são tão bondosos e magnânimos desse jeito que tentam ser? A Valéria é tão gente boa... apesar de tudo o que eu já aprontei, ela ainda consegue ser uma pessoa que passa por cima de tudo isso e me enxerga com uma generosidade da qual nem eu mesma sou capaz de ter comigo... ou será que de repente ela não é nada disso? Não, Giovanna... volta a si! Se bem que... no começo de tudo eu não fui com a cara dessa mineirinha... sempre achei que ela era safada. Bem, mas eu achava ela safada porque a safada era eu, quem se escondia era eu. E eu ainda fazia o Hugo de objeto. Óbvio que ia me sentir ameaçada por qualquer coisa... ou será que não? Será que era intuição? Será que essa mineirinha tá preparando um bote tão certeiro que eu jamais desconfiaria? Ai, gente... o que eu faço? Eu fico confusa. Um lado meu gosta dela. O outro não gosta... como é que eu vou lidar com isso? Pior: como é que eu vou explicar um negócio desses sem assustar a garota?
Giovanna segue aflita. CORTA A CENA.
CENA 4: Gustavo procura Flavinho.
-Flavinho, preciso falar com você.
-Tou ocupado.
-Eita... eu sei, viu? É que eu preciso esclarecer uma dúvida.
-De trabalho?
-Sim, por que?
-Nada. Fala de uma vez.
-Nossa, precisa ser seco comigo desse jeito?
-Seja breve, Gustavo.
-Ocê sabe se tem soro no depósito?
-Essa pergunta é a sério?
-Uai, e por que não haveria de ser?
-Ocê tá careca de saber que eu mesmo organizo tudo.
-Sim, mas a gente mal anda se falando, pensei que sei lá...
-Pensou errado. Como profissional é meu dever comunicar da falta.
-Tudo bem.
-É soro que você quer? Tem. Vai lá buscar. Ou quer que eu te leve pela mãozinha?
-Nossa, já fui!
Flavinho sofre por se manter seco, quando Gustavo vira as costas. CORTA A CENA.
CENA 5: José comenta surpreso com Idina sobre o impacto imediato de sua candidatura nas redes sociais.
-Amor, eu ainda tou perplexo!
-Por que?
-As pessoas não param de comentar, de curtir a página, de dizer que estão comigo e apoiando a causa... gente, isso é surreal! Em menos de vinte e quatro horas tem mais de quinze mil pessoas ali!
-Eu sabia que isso aconteceria, amor...
-Como assim, Idina?
-A Larissa não ia convencer todo o pessoal do partido a toa. Ela apostou em você porque viu seu potencial e principalmente seu carisma.
-Carisma? Mas eu sou tímido pra caramba...
-Tímido, porém carismático. Claro que não é só por isso, mas esse é um dos fatores pra essa aceitação tão rápida...
-Isso me deixa aliviado e ao mesmo tempo tenso.
-Quem pergunta como assim agora sou eu. Não entendi...
-Vai que isso atiça a ira daquele pessoal de direita?
-Não se vive sem riscos. Mas você é de paz. Confie nisso...
CORTA A CENA.
CENA 6: Glória tenta abrir os olhos de Valéria.
-Valéria, tá muito ocupada aí?
-Não, querida. Pode falar...
-Menina, cê tá sendo muito ingênua. A Giovanna não é o tipo de pessoa que vá mudar. Sabe porquê?
-Por que?
-Porque a essência dela é corrompida. Isso daí não muda, não. Ela tá é enganando todo mundo. Conheço bem o tipinho dela.
-Caramba, Glória... eu sempre te achei alto astral... agora ocê vem com esse papo todo pessimista...
-Querida, não é pessimismo, é ter noção da realidade das coisas. Achei que você fosse mais espera, toda aquariana que é...
-Uai, mas quem disse que eu não sou esperta?
-Não é o que parece.
-Glória, o Hugo viu de perto o tratamento dela. Eu acompanhei mais ou menos a evolução dela. As pessoas sempre podem mudar. E mudam... algumas pra melhor, outras pra pior. Todo mundo merece uma segunda chance nessa vida.
-Okay, você venceu. Mas tome cuidado, viu?
-Pode deixar que eu sei me cuidar bem...
CORTA A CENA.
CENA 7: Flavinho relembra, em momento de distração, os momentos que viveu ao lado de Leonardo. Sua memória se vê transportada ao momento que ele conheceu Leonardo. Flashback:
-Posso saber quem é esse sujeito malvado que tá roubando os risos de mim?
(...)
-Relaxa, moço... vem participar com a gente! Não é um encanto ver essas crianças tão felizes? - fala o rapaz.
-Desculpa se eu atrapalhei...
-Aqui ninguém atrapalha, só ajuda. Prazer, me chamo Leonardo. E você?
-Meu nome é Flávio. Mas pode me chamar de Flavinho, é como todo mundo me conhece.
-Vem cá, Flavinho... veste esse casaco colorido aqui e vem participar com a gente!
Flavinho volta da lembrança sorrindo e, respirando fundo, percebe estar aliviado.
-Gente... é a primeira vez nesse tempo todo que eu consigo lembrar de tudo sem sentir dor... só uma saudade... acho que eu acabei de perceber que superei totalmente o luto... que loucura, gente... acho que esse trem de que luto dura dois anos deve ser tipo um padrão médio, mas não regra. Que coisa... e eu achando naqueles dias horríveis que nunca mais ia conseguir viver... agora tou aqui... mais duro, talvez. Mas vivo... - fala Flavinho consigo mesmo, perplexo.
CORTA A CENA.
CENA 8: Nicole visita Cristina na clínica a pedido dela.
-Que bom que cê veio, mãe...
-Já sei que bem bomba. Quando você me chama assim, é que precisa falar coisa séria...
-Não, mãe... dessa vez é só pra desabafar. O Fábio me deixou um vazio aqui dentro...
-Ah, Cristina... eu avisei tanto, minha filha! Mas você preferiu voltar pro Vitório e deixar o Fábio querer ir pra outro país. Agora aguenta...
-Aguentar como? Isso dói aqui dentro. É uma dor muda. Sem vazão. Perdida dentro do próprio vazio.
-Não entendo sua dor. Você tá tendo exatamente o que pediu. Escolheu deixar o Fábio. Escolheu também aceitar o Vitório de volta. Lide com as consequências, minha filha. Você já vai fazer trinta anos!
CORTA A CENA.
CENA 9: Horas depois, Flavinho conversa com Cristina, que o percebe empolgado.
-Que bom te ver animado assim, Flavinho!
-Então... sabe o que é? Eu tenho planos pra hoje.
-Pela sua cara, tem a ver com seu namorado, acertei?
-Sim. Queria saber se ocê me libera mais cedo.
-Era só isso? Ah, tranquilo, meu querido! Hoje o dia foi realmente tranquilo por aqui. Vai com tudo! Tá preparando uma surpresa pra ele?
-Não, Cris... nada demais.
-Sei. Quando cê faz essa cara de taurino que não quer nada, já sei que vem coisa aí...
-Ih, tá se achando a conhecedora, hein?
-Olha que eu ainda sou sua chefe, seu insubordinado!
Os dois riem.
-Obrigado, Cris... te devo mais essa!
CORTA A CENA.
CENA 10: Guilherme conversa com Érico na casa dele.
-Não sabia que cê vinha...
-Deu vontade de conversar, Érico.
-Sobre o que, exatamente?
-Sobre aquela noite. Sobre o que aconteceu nela. Vai dizer que o nosso beijo não significou nada pra você?
Nesse momento, Flavinho chega, se espanta, mas fica curioso e interrompe a conversa.
-Beijo? Vocês se beijaram quando? Contaí, gente! - fala Flavinho, surpreendendo Érico, que fica apreensivo. Guilherme fica assustado quando percebe que se trata de Flavinho. FIM DO CAPÍTULO 170.
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