terça-feira, 23 de maio de 2017

CAPÍTULO 164

CENA 1: Vitório demora a compreender que Cristina tomou uma decisão.
-Não, espera aí... eu achei que você tivesse descartado ainda pela manhã e que nem considerasse como uma proposta...
-De fato, na hora eu não quis considerar. Mas acabou que eu não consegui tirar tudo isso da cabeça conforme o dia foi passando. Eu precisava vir te ver e te comunicar da decisão que eu tomei.
-Então me diz... o que cê decidiu?
-Decidi que aceito que você assuma o bebê. Mas tenho algumas condições. Preparado pra ouvir?
-Claro.
-Vai ser tudo de fachada mesmo, certo? A minha intenção não é fazer o Fábio me pedir perdão de joelhos porque sinceramente eu nem sei se volto com ele um dia. Mas é pra dar um susto nele, entendeu? Pra ele ver o que perdeu e que podia ainda perder mais...
-Nossa... não conhecia esse seu lado vingativo...
-Tenho minhas razões. Aprendi alguma coisa com você. E aí... topa ou não topa, Vitório?
-Topar o que?
-O relacionamento de fachada, cara! Eu e você não vamos estar juntos de verdade. É pra todo mundo ver, só.
-Tá certo... eu topo.
-Que fique claro que eu tou sendo bem franca, direta e sincera desde o começo. Não vamos ter nada, ok?
-Tá entendido. Ainda que eu não acredite na permanência das coisas.
-O que é que cê tá querendo insinuar? Conheço as voltas que você dá, Vitório... seja direto.
-Acho que isso ainda pode mudar. A velha chama pode reacender.
-Desista, Vitório. Essa é a única coisa, dentre todas as outras, que não tem a mínima possibilidade de acontecer. Você sabe melhor que eu a razão disso...
-Sei sim. Mas ainda acho que tudo é mutável.
-Nem tudo. Certas marcas são fixas. Feito tatuagem. Cicatrizes que ficam ali pra lembrar do que a gente já lutou. E isso é bonito...
-Só mesmo você pra ter uma visão poética das coisas...
CORTA A CENA.

CENA 2: No dia seguinte, Flavinho recorda de Gustavo animando as crianças e sorri, falando sozinho.
-Ah, que saudade. As crianças também devem sentir uma falta tremenda...
Edileusa, responsável pela limpeza, percebe distração de Flavinho.
-Tá com a cabeça longe, Flavinho?
-Pior que tou, Edileusa...
-Saudade do Gustavo?
-Eita. Tá na cara, é?
-Sim, querido. Sabe o que eu acho?
-O que?
-De repente você podia fazer o que ele costuma fazer com as crianças. Acho que vai ser bom pra você e pra elas.
-Maravilhosa a sua ideia, querida! Obrigado!
CORTA A CENA.

CENA 3: Patrícia alerta Daniella.
-Miga, eu sei que não é da minha conta...
-Lá vem. Pode falar, boba... se é algo do meu interesse, pode ter certeza que é da sua conta sim...
-É sobre o seu relacionamento com o Gustavo...
-Sim, o que tem eu e ele?
-Tou sentindo que se as coisas continuarem assim entre ocês, não vai pra frente... eu sei que não devia dizer isso.
-Devia sim, se é o que você sente. Mas por que sente isso?
-Não sei se é intuição... mas comecei a sacar umas coisas.
-Que coisas?
-Talvez ele tenha necessidades emocionais que ocê não tenha como suprir, entende? E nem é uma questão de vontade, é uma questão de que eu sinto que não tá rolando uma sintonia entre vocês. Até sinto uma culpa por isso, porque talvez essas diferenças nem tivessem se acentuado se eu não tivesse armado aquela cena, daquela vez...
-Entendo. Mas sabe de uma coisa? As pessoas não se pertencem. Tá tudo certo... se o caminho for indicar essa separação, a gente vê como faz... sem drama.
-Queria ter essa sua praticidade...
CORTA A CENA.

CENA 4: Giovanna almoça com Valéria e a elogia.
-Gente, além de naturalmente elegante, você cuida da alimentação mesmo, hein? Adorei!
-Sou acostumada com isso, Giovanna... minha avó sempre disse que comer bem era fundamental.
-É mais que isso. Você tem uma finèsse, sabe? Uma elegância totalmente natural. Uma classe que nasceu com você. Olhe que foi difícil pra mim admitir isso quando eu te achava uma caipirona lá de Minas...
-Obrigada. Admiro essa sua sinceridade.
-Sabe, Valéria, se eu pudesse, te ajudava.
-Oi? Não entendi, Giovanna...
-Te ajudar a ficar outra vez com o Hugo, sabe? Reparar os erros que cometi com vocês...
-Deixa isso pra lá. Eu agradeço pela sua boa vontade, de coração. Mas já foi... não tem nada que possa ser feito.
-Me fala se eu puder fazer alguma coisa?
Valéria sente confiança em Giovanna, mas não lhe revela que está novamente com Hugo. CORTA A CENA.

CENA 5: Vitório visita Cristina na clínica e ela o conduz à sua sala, para que possam conversar a sós.
-Imagino porque você veio...
-Então... é que eu tou com dúvidas...
-Tudo bem. Eu imaginei justamente isso. Vou tentar explicar de uma maneira clara sobre como a gente vai conduzir as coisas, certo?
-Certo.
-Ninguém a princípio pode saber que é relacionamento de fachada.
-É sério, isso?
-Sim, é preciso que seja assim, Vitório. Minha mãe e meu pai não sabem mentir, cê sabe disso. Morando agora na casa dos amigos de juventude, então... preciso nem falar, né? Pra coisa se espalhar e chegar ao ouvido de quem não deve chegar, é em dois tempos...
-Certo. Mas eu tenho mais dúvidas.
-Confia em mim. Hoje à noite a gente vai lá na casa que meus pais estão morando...
-Ai, meu Deus...
-Relaxa que eu conduzo, Vitório. Você só concorda.
CORTA A CENA.

CENA 6: Érico encontra com Flavinho em lanchonete no horário de descanso de Flavinho.
-Acho que a gente precisa conversar...
-Sim, Érico... eu andei pensando e acho mesmo melhor a gente continuar o namoro como tava antes...
-Fico mais aliviado de saber disso. Porque eu sinceramente me assustei quando você me pediu um tempo, sabendo que pra mim não existe essa coisa... ou tou namorando, ou não tou...
De repente, Flavinho se distrai e não responde Érico, que estranha.
-Ei, cê ouviu o que eu tava falando?
-Ah, sim... legal que ocê tá aliviado.
-Só isso que cê vai me dizer, Flavinho?
-Vou dizer mais o que?
-Cê tá distante. Seu corpo tá aqui, mas eu sinto que nem a sua cabeça nem mesmo o seu coração estão aqui. Desse jeito é melhor acabar com tudo de uma vez...
-Ah, você que sabe...
Érico se impacienta e segura o rosto de Flavinho para que ele preste atenção.
-Eu acabei de sugerir que a gente terminasse e você não prestou um pingo de atenção, cara! Tá pensando nele, não tá?
Flavinho se irrita com atitude de Érico.
-Não te devo esse tipo de satisfação. Já parou pra pensar que eu tenho trabalho pra caramba e não posso te dar toda a atenção do mundo o tempo todo?
-Melhor eu ir embora. A gente se fala depois.
-Vai mesmo. Não quero que ocê atrapalhe o meu lanche com esses chiliquinhos desnecessários...
-Não precisa me mandar embora, também...
-Não foi ocê que disse que ia embora?
-Era pra você me pedir pra ficar!
-Tá, Érico... fica. Mas vê se para de dar ataquezinho do nada, tá?
CORTA A CENA.

CENA 7: Gustavo acaba chegando, acompanhado de Cristina, à mesma lanchonete que estão Flavinho e Érico. Cristina segue falando enquanto Gustavo se distrai vendo interação entre os dois.
-Então, eu tava pensando em pedir uma coisa mais leve. Ando com uma azia danada e só de pensar no quiche, já me sinto dez quilos mais pesada! - fala Cristina, logo em seguida percebendo que Gustavo não está prestando atenção nela.
-Ei, Planeta Terra chamando Gustavo!
-Ah, desculpa. Me distraí.
-Olhando eles, né?
-Eles quem, Cris?
-O Flavinho. Dando risada lá com o namorado dele.
-Não, que ideia... tou com a sua irmã, lembra?
-Desde quando isso impede que você sinta o que sente? Pra mim tá bem claro que o Flavinho mexe forte com você. E digo mais: nem de hoje isso é...
-Cris... melhor deixar isso pra lá. É como diz o velho ditado: o que não tem remédio, remediado está...
CORTA A CENA.

CENA 8: Horas mais tarde, Giovanna atende ligação de Hugo.
-Não esperava que você fosse ligar hoje.
-É pra saber como cê tá... como tem evoluído no tratamento.
-Por enquanto tá tudo certo. Não precisei ainda fazer a revisão e não se falou em novas receitas ainda... sigo com a medicação de sempre.
-Maravilha.
-Ah, almocei com a Valéria hoje, sabia?
-Que coisa boa! E foi tranquilo?
-Maravilhoso. Até comentei com ela que ela tem uma finèsse e uma elegância totalmente naturais, sabe? Mas eu queria poder fazer mais... por ela e por você. Pra consertar os erros que cometi...
Hugo pensa em falar que voltou com Valéria, mas lembra das palavras dela e desiste. Giovanna percebe silêncio de Hugo e interpreta errado.
-Bem... eu sei que fiz besteira. Não me culpe por isso.
-Não te culpo. Querida, vou precisar desligar agora. Te ligo outra hora.
CORTA A CENA.

CENA 9: Já de noite, pouco antes da clínica fechar, Gustavo procura Flavinho.
-Ei, Flavinho... muito ocupado ainda?
-Nada. Tou bem liberado pro horário.
-Eu tava pensando que a gente podia sair pra beber.
-Hoje?
-Sim. Algum impedimento?
-Ah, tem o Érico...
-Leva ele junto, uai.
-Não quero.
-Então isso é um não...
-Eu disse que eu não vou chamar ele. Não disse que não aceitei.
-Eita.
-Cantinho Francês?
-Fechado!
CORTA A CENA.

CENA 10: Cristina surpreende a todos chegando na mansão dos di Fiori acompanhada de Vitório. Sérgio, incrédulo, vai até a filha.
-Cristina... o que é isso? É pra mostrar que perdoou de coração o cara que te sequestrou? - pergunta Sérgio, atônito.
-Não tou entendendo nada... - fala Nicole.
-Vocês todos já vão entender. Eu trouxe o Vitório aqui pra dizer que não apenas perdoei ele como nós reatamos. E digo mais: é ele quem vai assumir diante da lei o filho que eu tou esperando! - afirma Cristina.
Todos olham para Cristina, perplexos. FIM DO CAPÍTULO 164.

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