CENA 1: Presumindo que Sérgio vá lhe dizer coisas íntimas, Bernadete o chama para conversar a sós.
-Vem comigo. No quintal, onde só nós dois possamos conversar sem ninguém interrompendo...
Sérgio segue Bernadete.
-Então, Dete... eu preciso te dizer de uma vez o que deixei sufocado aqui dentro por tanto tempo...
-Eu acho que sei. Mas prefiro que você me diga.
-Digo sim. Eu nunca te esqueci, Bernadete. Você foi, é e sempre vai ser meu único grande amor.
Bernadete fica impactada e não diz nada.
-Não vai dizer nada, Dete?
-É difícil. De repente eu me sinto transportada pra oitenta e quatro outra vez. Nós ainda adolescentes... tudo isso volta.
-Isso significa que algum sentimento aí ficou...
-Não vou negar: ficou sim. Mas veja bem, Sérgio: eu ainda estou lidando com a separação. É tudo muito recente. Você compreende?
-Compreendo. Mas não aceito.
-Preciso que se esforce. Você sabe como é o Leopoldo. Sempre foi muito católico e já dava sinais disso ainda quando éramos garotos...
-Sim. Os pais dele fizeram um bom trabalho.
-Entende que é uma questão de consideração a ele? Vocês são grandes amigos... e precisa aceitar.
-Tudo bem.
-Não fica chateado. O tempo já nos fez resistir até aqui.
-É que diante de você eu sinto ainda aquela urgência adolescente.
-É isso que me assusta.
-Por que?
-Porque eu também sinto. Mas preciso que você vá embora agora, antes que eu faça uma besteira...
Sérgio parte e Bernadete suspira, apaixonada. CORTA A CENA.
CENA 2: Leopoldo surpreende Sérgio antes dele deixar mansão. Sérgio se assusta.
-Não precisa assustar, meu amigo...
-Eu não sabia que cê tava aqui por baixo, Leopoldo...
-Foi boa a conversa com a Dete?
-Você quer mesmo saber disso, cara? Não vai ficar triste comigo?
-Prometo que não.
-Eu falei a verdade. Que nunca nessa vida eu soube deixar de amá-la.
-E ela respondeu como?
-Pediu que tivéssemos consideração por você.
-Sinceramente, meu amigo? Não precisava disso tudo...
-Como que não? Você sempre tão católico, até pouco tempo incapaz de aceitar que casais se separam...
-Compreendo o amor de vocês. É lógico que eu ainda preciso de um tempo pra me refazer de tudo. Mas vocês não deviam se guiar por mim.
-A nossa amizade não conta? Eu te amo, cara.
-Eu também te amo, meu velho amigo. Só peço uma coisa.
-Peça.
-Juízo pra vocês. Pensem muito bem antes de assumir um relacionamento... eu não quero saber de vocês dois brigando e se separando, se for pra ficarem juntos.
Sérgio abraça Leopoldo, emocionado. CORTA A CENA.
CENA 3: No dia seguinte, Nicole visita Sérgio e Sérgio lhe conta sobre o que fez na noite anterior.
-Foi isso, Nicole... eu fui até lá.
-Gente... tou passada com isso! Bem que eu sempre soube que você ama a Dete, mas que fosse ser capaz de chegar lá, na cara dura e falar tudo... gente!
-Fiz errado?
-Nunca, meu amigo! Fez mais que certo. Só fiquei honestamente surpresa.
-Sabe de uma coisa? Cê devia fazer a mesma coisa.
-Oi? Do que é que você tá falando, Sérgio? Mal começou o dia e já andou bebendo, foi?
-Não precisa dissimular, querida.
-Mas é aí que tá, eu não tou dissimulando nada, eu realmente não entendi.
-Eu sei que você também nunca deixou de amar o Leopoldo. Devia aproveitar esse momento.
-Ah claro, você fala como se fosse a coisa mais simples do mundo.
-E não é?
-Seria uma loucura. Ele ainda é católico demais, apesar do divórcio.
-Uma coisa a Mônica me ensinou antes e depois do nosso namoro.
-O que?
-Não se vive bem sem uma dose de loucura. Pensa nisso...
CORTA A CENA.
CENA 4: Durante café da manhã, Patrícia conversa com Daniella.
-Sabe que eu fiquei feliz com a volta do seu namoro com o Gustavo?
-Fico tranquila de saber disso, Pati. Confesso que tive certo receio de te contar.
-Se fosse pra Patrícia do passado, talvez tivesse sido um problema. Mas não mais agora...
-Isso me deixa bem aliviada.
-Não é o que parece, porque ocê tá com uma ruguinha de preocupação aí na testa...
-É o peso do compromisso.
-Como assim?
-Nunca na vida esteve nos meus planos assumir um relacionamento sério com um homem... mas de repente eu sinto que o Gustavo me faz questionar isso. Me abala as estruturas.
-Mas isso não é bom?
-É. Mas é assustador. Tenho medo de me perder de mim mesma.
-Só se ocê for muito burra de largar suas coisas. E isso eu sei que ocê não é...
CORTA A CENA.
CENA 5: Fábio observa Cristina se arrumar.
-Tem certeza disso, amor?
-Sim. Já liguei avisando a Dani que ela tá liberada. Preciso colocar trabalho nesse corpo, tocar aquela clínica é importante pra mim nesse momento.
-Meu medo é que você acabe protelando as coisas.
-Que coisas? Amor... eu tou bem resolvida com meu trauma. Não ficou nada que possa me causar mais dores.
-Se é você quem diz, eu confio...
-Pode confiar, Fábio. Amor, só me promete que não tira o olho da nossa filha enquanto a minha mãe estiver andando por aí?
-Jamais! Arlete é tudo pra mim. Durante seu sequestro foi na nossa filha que me apeguei.
-Fico tranquila de saber que pai maravilhoso você é. Agora preciso ir, senão os meninos começam a reclamar que estão plantados na frente da clínica.
CORTA A CENA.
CENA 6: Durante horário de intervalo, Flavinho lancha acompanhado de Érico.
-Érico, eu preciso saber de uma coisa.
-Pode perguntar...
-O que você realmente sente por mim?
-Ah, sei lá... carinho, tesão... por que?
-Era pra entender. Você nunca disse que me ama.
-É que eu ainda preciso de mais tempo pra poder dizer... pra poder sentir.
-Compreendo... mas até aqui, você só gosta de mim, não é isso?
-Sim, é exatamente isso. Eu gosto de você, Flavinho.
-Gostar não é amar.
-Por que isso, agora?
-Porque quero deixar as coisas bem claras entre nós. Sem nenhuma coisa omitida, por mínima que seja. Eu também não te amo. Não ainda.
-Isso deve significar alguma coisa?
-Não, Érico. É apenas o que é. Sem entrelinhas. O que eu disse é exatamente o que eu disse.
-Então nosso namoro continua?
-Por que não haveria de continuar? A gente tá no processo de construir alguma coisa. Eu me esforço no sentido de te amar. Acho que o tempo pode fazer com que a gente sinta amor um pelo outro.
CORTA A CENA.
CENA 7: Humberto percebe Guilherme com expressão triste ao voltar da universidade.
-Tá tudo bem, filho?
-Tá sim, pai.
-Não é o que me parece. Essa sua expressão não me engana. Ou você tá triste, ou tá preocupado com algo que não pode mudar.
-Acho que é mais a segunda opção, pai.
-Quer falar sobre? Não precisa ter medo...
-É sobre o Érico.
-Mas vocês não continuam amigos?
-Sim, mas quem disse que ele me escuta?
-Como assim, filho?
-Ele tá fazendo burrada. Tou preocupado com o rumo que ele tá dando à própria vida, sabe?
-Sei. Mas será que é só isso, Guilherme?
-Não entendi, pai.
-Eu acho que você tá começando a cair na real.
-Na real do que?
-De que ama ele mais do que pensava, mas tá se dando conta disso meio tarde demais...
-Nunca pensei que você me diria isso, pai...
-É o que percebo. Procede?
-Não sei.
-Seu coração vai saber. Não precisa me dizer nada. O tempo responde...
CORTA A CENA.
CENA 8: Daniella passa a tarde com a mãe e a percebe distraída.
-Eita, dona Nicole...
-Que foi, filha?
-Tá vendo?
-Vendo o que?
-Você tá aqui, mas não tá ao mesmo tempo, mãe...
-Eu ando com a cabeça meio distante, mesmo...
-Dá pra perceber isso claramente. Por que não vai resolver de uma vez essa questão que tá te deixando assim?
-Não sei se você apoiaria se soubesse do que se trata.
-Mãe, você é uma pessoa com vontades próprias. Faça o que tiver de ser feito. Não se escude em mim ou na Cristina...
CENA 9: Idina entrega a Leopoldo e Bernadete os papeis do divórcio e os dois assinam, entregando prontamente a ela.
-Bem, queridos. Está feito. A partir de agora, oficialmente diante da lei, vocês não são mais casados. - fala Idina.
-Foi mais fácil do que eu pensei... - fala Leopoldo.
-Queridos, eu preciso ir e levar a papelada comigo. Até logo! - fala Idina, indo embora.
-É, Leopoldo... eu fico feliz que tenha sido fácil... acho que a gente foi se acostumando com a ideia.
-Tenho essa mesma sensação, Dete...
-Melhor assim, né?
-Com certeza.
-Agora é liberdade total. Vida nova pra nós dois. E conservando o melhor dos laços que criamos.
CORTA A CENA.
CENA 10: Horas mais tarde, Bernadete se surpreende ao ver Nicole batendo em sua porta.
-Oi, querida! Que coisa boa te ver aqui...
-Desculpa vir sem avisar... decidi de última hora.
-Deixa disso, amiga. A casa é sua... sempre foi.
-Então... é que eu tomei uma decisão. E preciso conversar primeiro com o Leopoldo...
-Que? Como assim? É o que eu tou pensando?
-Eu não sei o que cê tá pensando, amiga... mas preciso falar com ele.
Nesse momento, Leopoldo chega.
-Eu tou aqui. Vamos ali fora que você me fala o que precisa dizer... - fala Leopoldo.
Nicole vai com ele até o quintal, apreensiva.
-Fala, Nicole...
-Eu vim aqui pra dizer olhando nos seus olhos que nunca te esqueci.
Leopoldo fica estarrecido. FIM DO CAPÍTULO 148.
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