CENA 1: Margarete começa a explicar a Cristina sobre seu plano.
-É simples, minha querida. Basta que a gente fale de tudo com a dona Valentina.
-Pirou? Ela é a mãe do Vitório!
-Mas está do nosso lado!
-Como é que é?
-Ela sabe que o Vitório tá envolvido com a máfia até o pescoço. A gente só vai precisar levar um papo sossegado com ela, sem ele por perto.
-E o seu Peppino, gente?
-É por isso que a dona Valentina mantém a pose. Ela morre de medo que o seu Peppino saiba. Tem medo que acabe dando um treco nele... ou vai ver é mesmo medo de causar uma decepção a ele.
-Faz sentido. Seu Peppino baba nesse filho. E ainda por cima, único... que situação.
-Tá entendendo agora? A dona Valentina é das nossas.
-Faz todo o sentido. Ela sempre foi uma querida, quando era minha sogra. Sempre aberta ao diálogo... e sempre me dizendo que sabia que o filho dela não é nem nunca foi santo.
-Então tá na hora da gente dar um jeito de chamar a dona Valentina pra uma conversa séria.
-Será?
-Vai esperar até quando, Cristina? Se você realmente estiver grávida, e eu tenho certeza que está, vai querer o melhor pra esse seu filho, não vai?
-Claro que sim!
-Então agora é o momento. Segunda tá aí, eles vão acabar vindo e o Vitório não vai ter como ficar atrás de vocês se vocês forem ter conversa de mulher pra mulher.
-De fato...
-E digo mais: o tonto do Vitório tem total confiança em mim. Acha que eu sou a favor das barbaridades que ele faz. E nem desconfia que eu dou uma ajudinha pra ele dormir toda noite...
-Onde você quer chegar?
-A dona Valentina confia no que eu digo. Sabe que sou de fé. Eu posso participar da articulação o tempo todo que o Vitório nem vai ficar desconfiado. Ele sabe que sou amiga da mãe dele.
-Gente, você é uma pessoa iluminada. Já te disseram isso?
-Para com isso que eu fico sem graça, Cristina...
-Você é boa. Dá pra ver nos seus olhos, Margarete.
-Que seja. A gente precisa arranjar um jeito de chamar a dona Valentina pra conversar com a gente. A sós. Pra poder explicar toda a situação e articular uma situação que favoreça a fuga...
CORTA A CENA.
CENA 2: Guilherme desabafa com Armênia antes de dormir.
-Sabe, mãe... eu ando chateado com o que o Érico anda fazendo da vida dele.
-Como assim, filho?
-Não ficou sabendo que ele tá namorando o Flavinho?
-Sim. A Margarida me contou. Achei tão maravilhoso isso, sabe? Sinal de que ele tá seguindo em frente...
-Não, mãe... é o exato oposto disso.
-É o que, então?
-Ele ainda tá muito ferido pelo fim do nosso namoro.
-Você acha mesmo isso, filho?
-Com certeza.
-Não devia se preocupar, se for esse o caso.
-Por que, mãe?
-Ora, Guilherme... a culpa não é sua, simplesmente. Não tem sentido nenhum se preocupar com isso.
-Mas eu me sinto responsável.
-Não devia, filho... porque você não é.
-Difícil não sentir isso, mãe... afinal de contas eu sinto que não o amei como ele merecia...
CORTA A CENA.
CENA 3: Bernadete conversa com Flavinho e lhe faz perguntas.
-Querido... eu sei que você tem motivos e razões suficientes pra ter medo de se abrir comigo, mas não precisa mais disso. Você é um filho dentro do meu coração e eu sou sincera quando digo isso.
-Eu sei, mas é que fico com medo de ocê ficar espantada com as minhas coisas...
-Besteira. Se eu me espantar, eu tenho dois trabalhos: me espantar e deixar de me espantar.
-Bem, sendo assim... acho que não custa falar.
-Não custa mesmo, meu filho. Pode contar tudo da sua vida pra mim, que assim a gente se mantém mais próximo e eu posso te ajudar.
-Então... eu tou namorando com o Érico.
-Cê jura? Com aquele menino que mora na rua da antiga casa da Nicole e do Sérgio?
-0 próprio.
-Fico feliz, mas também receosa.
-Receosa? Não entendi...
-Sabe o que é, querido? Eu fico com a nítida sensação que cê tá fugindo de algo.
-Impressão sua...
-Espero que seja. Tem um lado meu que tem quase certeza que você ainda não superou o irmão da Valéria.
-A gente se esforça pra tocar a vida como pode, né...
-Vê lá o que cê tá fazendo, filho... enquanto você tá só enganando a si mesmo, até se admite, mas quando isso se estende aos outros, já complica um pouco...
CORTA A CENA.
CENA 4: Giovanna, antes de dormir, imagina como seria se estivesse grávida de verdade e fala consigo mesma.
-Ah, Deus... como posso ter perdido meu bebê? Eu tava disposta a estragar meu corpo, a ganhar estrias se fosse preciso. Abriria mão da minha vaidade por essa vida. Essa vida que nunca foi. Mas que podia ter sido.
Giovanna chora e segue falando consigo mesma.
-Ele podia estar aqui. Crescendo. Me transformando. Transformando a minha vida e a vida do Hugo. Mas tudo isso acabou pra sempre e a culpa disso tudo é da Valéria. Sempre essa mineirinha acabando com tudo. Eu só queria o perdão dela, era só disso que eu precisava. E ela não quis. Me disse coisas horríveis. Pois então tá certo... não quis me perdoar? Eu também não te perdoo, sua desgraçada. Nunca vou te perdoar por me fazer perder meu filho! Nunca! Vou cobrar essa conta até o fim dos meus dias!
CORTA A CENA.
CENA 5: Gustavo passa a noite com Daniella e Patrícia e desabafa com elas.
-Sabe gente... eu sei que pode até ser duro pra Pati ouvir isso, mas eu preciso colocar pra fora... - fala Gustavo.
-Deixa de bobeira, Gustavo. Eu tenho feito tratamento. Tenho consciência de tudo. Ocê é meu amigo antes de qualquer coisa e eu sempre trato de lembrar disso. - fala Patrícia.
-Tá vendo, Gustavo? Eu não ia trazer a Pati pra morar aqui comigo se não tivesse total confiança nela. Eu sempre acreditei no potencial dela. Pode desabafar com a gente sem susto... - estimula Daniella.
-Ai gente... sabe o que é? Eu sinto que tou perdendo o Flavinho. Eu achei que o jogo tava a meu favor e agora ele começa a namorar com o Érico... eu acho que perdi ele. - desabafa Gustavo.
-Gustavo, ocê vai me desculpar, mas eu entendo o Flavinho, viu? Ele não ia ficar parado, esperando um milagre resolver esse impasse aí... - fala Patrícia.
-Mas gente, quem criou esse impasse foi ele e o preconceito sem sentido contra bisseuxuais... - segue Gustavo.
-Às vezes a pessoa só aprende quebrando a cara. Deixa a teimosia taurina dele levar ele onde ele tiver de ir. Não podemos ter controle sobre isso. Aliás, controle sobre nada... - prossegue Daniella.
Os três seguem conversando. CORTA A CENA.
CENA 6: Hugo desabafa com Bernadete quando ela sai do quarto de Flavinho.
-Mãe, pode me dar um minutinho?
-Quantos você quiser, meu filho...
-Sabe o que é? Eu ando com medo que a Valéria nunca mais volte pra cá.
-Deixa disso. Eu sei que ela vai voltar. Tenho a mais absoluta certeza disso.
-Queria ter essa certeza. Mas não sinto isso.
-Filho, cê precisa confiar mais na vida, porque apesar da sua traição, eu sei que vocês se amam.
-Mas eu caguei tudo. E ela tem uma história com o William. Além do Leozinho ser filho biológico dele.
-Hugo, meu filho... não dá pra entregar os pontos assim, logo agora. As coisas podem e devem melhorar, você vai ver.
-Mãe, eu preciso ser realista. Ela pode se apaixonar outra vez por ele.
-Depois de tudo o que ele fez ela passar no começo da gravidez? Duvido muito...
-Nesse caso eu e ele estamos quites. Eu traí ela.
-Uma coisa não se compara com a outra. Não tem sequer uma linha comparativa possível, filho...
-Como que não?
-Porque você não duvidou do caráter dela. Nem chamou de golpista pra baixo. Ele fez tudo isso. Isso acaba pesando. Senão num primeiro momento, no momento que as lembranças começam a ser reviradas. Confia mais em si mesmo, filho...
CORTA A CENA.
CENA 7: Pela manhã, Bruno atende uma ligação de número desconhecido em seu celular.
-Alô, quem fala?
-Você é Bruno Salmerón?
-O próprio.
-Maravilha. Sou Irina Fischer.
-Como? A maior fotógrafa da América Latina?
-Eu mesma. Eu vi o seu material. Quero que você faça umas fotos para mim. O cliente é uma loja de moda e moda íntima masculina. Tanto eu quanto o nosso cliente queremos você trabalhando conosco.
-Isso é sério?
-Seríssimo. O meu cliente exige que você seja o nosso garoto propaganda.
-Para fotos e comerciais?
-Exatamente. Tem como vir me encontrar ainda hoje?
-Claro que sim! Só me dizer o horário e o local.
Bruno anota as informações e desliga radiante. Mônica percebe felicidade dele.
-Eita Bruno, logo pela manhã recebendo notícia boa?
-Você não sabe o que acabou de acontecer, Mônica! A Irina Fischer me quer trabalhando com ela!
-Viu só? Isso é mérito seu, meu querido. Não precisou passar por cima de ninguém. Parabéns!
CORTA A CENA.
CENA 8: Nicole toma café da manhã com Daniella e desabafa sobre Cristina.
-Eu sei que cê pode achar que eu tou ficando doida, filha...
-Ué, doida por que?
-A Pati já foi mesmo? Não quero que ela escute...
-Deixa de besteira, ela é de confiança. E sim, ela acabou de pegar o carro pelo aplicativo.
-Eu sinto que a sua irmã tá pra voltar. É mais forte que eu.
-Você podia ter falado isso na frente da Pati, sabia?
-Como assim?
-Ela me disse que sente a mesma coisa. O que andam colocando na água de vocês pra vocês andarem sensitivas desse jeito, hein?
-Tá vendo? Até ela sente. Eu não sei explicar, filha... mas de alguma forma eu sinto que esse pesadelo todo tá pra acabar.
-Que assim seja, mãe... porque dói demais esse desaparecimento da mana...
CORTA A CENA.
CENA 9: Antes do jantar, Cristina consegue chamar Valentina para uma conversa a sós no quarto. Valentina estranha quando se depara com Margarete já no aguardo das duas.
-Margarete? Tá arrumando alguma coisa aqui? - pergunta Valentina.
-Não, dona Valentina. Aqui é o único local dessa casa que não tem escuta nem câmeras. - explica Margarete.
-Eu fui sequestrada, Valentina. Eu não voltei com o Vitório. Seu filho me mantém cativa aqui. - explica Cristina.
-Eu suspeitei disso, querida. Não tive coragem de falar. Me recusei a crer... mas sei que meu filho é um mafioso. E sei que ele não admite perder. Não sei como ele se tornou esse homem... - lamenta Valentina.
-Por isso que eu tou aqui, dona Valentina. Eu sei que juntas nós somos mais fortes e encontramos um jeito de tirar a Cristina dessa enrascada. - fala Margarete.
-Já sei. Cristina, minha filha... você finge passar mal, a gente te leva pro hospital e de lá você foge, afinal de contas, num hospital os capangas do meu filho não podem se infiltrar... - sugere Valentina.
Cristina fica apreensiva. FIM DO CAPÍTULO 144.
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