sexta-feira, 16 de junho de 2017

CAPÍTULO 185 - ÚLTIMOS CAPÍTULOS

CENA 1: Gustavo permanece sem entender nada e cobra explicações de Daniella.
-Amor... que papo é esse agora?
-Gustavo, acho que a gente chegou num ponto das nossas vidas que não cabe mais tapar o sol com a peneira e fingir que não existe um abismo se criando entre nós.
-Mas eu te amo!
-Não duvido do seu amor. Mas não é só a mim que você ama. Seu coração está longe daqui. Não é a mim que você está entregue.
-Como posso te entender, Dani?
-Me entendendo. Não sou difícil de ler.
-Não posso. Até outro dia ocê me dizia que eu sou o seu grande amor.
-E nunca vai deixar de ser. Você foi, é e sempre vai ser o grande amor da minha vida. Mas não é pra gente ficar junto. E eu não nasci pra prender ninguém a mim. Não nasci para me prender. Não ia mesmo dar certo essa ideia esdrúxula que cê teve de casar comigo.
-Isso é o fim pra gente?
-Não, Gustavo. Esse é o nosso começo.
-Ainda não consigo te acompanhar.
-É o começo desse nosso amor como ele devia ter sido desde o começo: livre. Eu nunca fui sua. Nem quis ser. Porque as pessoas não se pertencem. Só eu pertenço a mim mesma. E agradeço todos os dias por ter essa percepção.
-Isso continua significando que acabou pra gente, Daniella...
-O que pode estar acabando se eu tou te libertando?
-Essa sua pergunta já se responde.
Gustavo começa a chorar.
-Por que o choro, Gustavo? O certo é que a gente siga os nossos caminhos do jeito que tem de ser. Eu não fui feita pra casar. Você nasceu pra isso.
-Não é fácil ver um sonho morrer.
-Nenhum sonho morreu aqui. Como diz aquela canção: “sonhos são como deuses: quando não se acredita neles, deixam de existir”. Nós viemos sustentando um Deus que não existia mais entre nós. Se é que um dia existiu. Seu coração não tá aqui. Tá no Flavinho. É ele que tem o que você precisa.
-Eu sonhei com a gente. Desde o primeiro dia.
-Não, Gustavo. O seu amor por mim não é isso. Admita que é o Flavinho a quem você sempre amou a ponto de querer ficar junto.
-De que me adianta admitir tudo isso agora?
-Adianta e muito! Pode ser o que vai juntar vocês dois outra vez.
-Acho meio tarde demais pra isso.
-Nunca vai ser tarde pra quem sabe lutar.
-Como que não? Eu feri os sentimentos dele.
-Ele se deixou ferir. Teve os motivos dele. Não são necessariamente relacionados a mim ou a você. Ele precisava aprender a superar os próprios preconceitos de qualquer maneira.
-Mas isso custou sofrimento a ele.
-Não foi só a ele. Eu vejo que você nunca mais foi o mesmo. Ficou um gosto amargo no seu beijo, algo mudou entre a gente. Pode admitir, Gustavo: é dele que você sempre sente falta.
-É sim. Mas acho que quem não me quer de volta agora é ele.
-Você nunca vai saber se não tentar.
-Fácil dizer.
-Mais fácil ainda é fazer. Você ama ou não ama ele?
-Amo, mas isso não basta.
-Claro que basta. É por ele que o seu coração quer lutar.
-É você quem tá falando.
-Vamos nos arrumar pro casamento dos meus pais e a gente vai vendo o que pode ser feito.
CORTA A CENA.

CENA 2: Cristina e Fábio se arrumam, no apartamento dele, para irem ao casamento de Sérgio, Bernadete, Nicole e Leopoldo. Fábio faz uma sugestão a Cristina.
-Amor, eu pensei numa coisa aqui...
-Fala, Fábio.
-Já que no meio dessa correria toda dos seus pais e da dona Bernadete e do seu Leopoldo não deu tempo da gente falar que voltou... eu pensei que a gente podia anunciar lá, né?
-Amor... eu acho que isso pode causar choque, porque quase ninguém sabe da farsa que foi meu relacionamento com o Vitório.
-E daí? Não é o próprio Vitório que fez questão de deixar tudo esclarecido? Acho que o mínimo que ele iria querer é que todos soubessem da verdade.
-Pensando por esse lado... e a minha mãe te adora...
-Não tou dizendo?
-É... a dona Nicole vai ficar totalmente radiante disso.
-Claro, eu sou o genro que ela sempre quis.
-Nossa, a modéstia pelo visto anda passando longe desse corpo, hein?
-Pra que modéstia quando eu sei das coisas?
-Aff, eu não conhecia essa sua faceta convencida.
-É só pra te ver bravinha.
-Como é que é?
Os dois se divertem. CORTA A CENA.

CENA 3: Giovanna chega em seu apartamento e vai diretamente para seu quarto, para se arrumar e ir ao casamento. Ao se olhar no espelho, começa a divagar consigo mesma em voz alta.
-Até os velhotes se casando... é, Giovanna... e você aí, ficando pra trás. Vê se acorda, mulher... você não é mais nenhuma garotinha. Os velhotes são dez anos mais velhos que você, quando muito. Cê tá ficando pra trás. Esquecida. Jogada num canto. E não foi ninguém que causou isso. Fui eu mesma que me fiz objeto. Uma coisa. Digna de ser descartada. Eu me fiz descartável. Não conservei laços. Todos os laços que eu podia ter criado nessa vida eu sabotei. Eu me sabotei. Inventei mentiras, difamei gente, quis controlar tudo e todos. E tou aqui... com quase quarenta anos nessa minha cara. Responsável pela minha própria miséria emocional. Sem ter pra onde correr, nem ninguém a quem culpar. A única culpada dessa ruína sou eu mesma.
Giovanna começa a chorar de soluçar e ao conseguir se acalmar um pouco, vai até a cozinha, na intenção de tomar seu medicamento. Ao pegar o frasco em suas mãos e despejar um comprimido na mão, Giovanna olha para o comprimido e fica pensativa.
-Se eu tomar essa merda agora, eu fico semimorta e não posso nem tomar champagne. Hoje não, gente. Hoje eu preciso me acalmar do jeito que eu puder e souber.
Giovanna guarda o comprimido no frasco e respira fundo, controlando a respiração.
-Vamos lá, Giovanna. Como o Ezequiel te ensinou. Respiração ritmada, com atenção a cada som produzido.
Em poucos instantes, Giovanna consegue se acalmar por conta própria.
-Perfeito. Agora é hora de voltar a me arrumar porque eu preciso ficar linda pra ocasião!
Giovanna retorna ao seu quarto. CORTA A CENA.

CENA 4: Daniella e Gustavo chegam à mansão e são deixados no quintal. Enquanto Daniella admira decoração feita, Gustavo a chama.
-Dani... vem cá.
-O que foi?
-Queria saber se pelo menos até o casamento a gente pode continuar se apresentando como casal.
-Com qual intenção, posso saber?
-É porque eu não sei se vou ter coragem de falar com o Flavinho.
-Sei. Alguma coisa me diz que isso não é proteção, mas sim pura covardia.
-Não me julga assim, por favor!
-Difícil não te ver como um covarde no meio dessas coisas todas. Não falo por mal. É pra ver se você reage.
-Tenho o meu ritmo. É diferente do seu.
-Será mesmo? Ou será que isso não passa de desculpa esfarrapada pra deixar de fazer o que tem de ser feito?
-Lá vem ocê de novo com essas teorias de autoajuda...
-Não sou mulher de acreditar em autoajuda, bobo. É por isso que sou artista. Canto, danço e encarno poesia, música e sonhos. Você devia saber disso.
-Eu devia te amar mais.
-E me ama. Mas ninguém manda na intensidade do que a gente sente. Para de se acovardar e vai atrás do Flavinho, caramba!
CORTA A CENA.

CENA 5: Cristina e Fábio chegam à mansão dos di Fiori e Nicole se surpreende ao ver Fábio acompanhando a filha no lugar de Vitório. Cristina compreende que sua mãe ficou confusa e a chama num canto.
-Mãe... vem cá rapidinho.
-Ainda bem que você sabe o quanto tou confusa.
-Vem cá. Eu explico primeiro pra você. O pai já sabe.
-Que?
-Sim. Se você soubesse antes, ia abrir o bocão. Te conheço, dona Nicole. Não falei antes pra não dar problema.
-Gente, não falou o que? Tou mais perdida que bêbada de absinto!
-Eu e o Vitório nunca reatamos.
-Como é que é?
-Tudo não passou de uma inconsequência minha. Uma farsa que eu criei pra punir o Fábio pelo machismo dele ter desconfiado de mim.
-Cristina... por que cê fez isso, filha?
-Eu sei. O Vitório logo se arrependeu de entrar nessa.
-Essa é a parte que me surpreende. Até ele percebeu que era furada?
-Foi ele que insistiu. Quando soube que o Fábio voltou pro Brasil, antes mesmo de eu saber, foi atrás dele e contou toda a verdade.
-Gente. Nunca pensei que ia tirar o chapéu pro Vitório depois de tudo que ele aprontou...
-Pois é, mãe... ele não só se redimiu como foi o responsável indireto por eu e o Fábio termos nos reconciliado.
-Pelo menos isso, filha. Fico feliz e aliviada de saber disso. Mas francamente...
-Francamente o que, mãe?
-Precisava dessa enrolação toda, filha? Você às vezes complica o que podia ser simples...
-Eu sei disso, mãe. Ando tentando consertar isso...
CORTA A CENA.

CENA 6: Valéria critica atitude de Flavinho.
-Sinceramente, Flavinho. Precisava disso?
-Precisava do que? Não sei do que ocê tá falando.
-Viado, para de se fazer de lerdo que eu sei que de lerdo aí não tem nada.
-Se ocê tá pensando em me criticar...
-Não tou pensando. Eu tou criticando porque a sua postura pra cima do meu irmão tá muito feia sim!
-Fácil falar. Só eu sei o que eu sinto quando vejo o Gustavo.
-O problema é justamente esse, Flavinho. Ver só pelos seus próprios olhos. Ocê não se coloca no lugar dele.
-E ele se coloca no meu? Não! Aliás, nem ocê anda se esforçando nesse sentido.
-Se engana. Flavinho, o que eu mais fiz nesses últimos foi me colocar no seu lugar. Já fui e já voltei umas mil vezes e continuo sem entender a razão desse desprezo tão explícito.
-Não desprezo ele. Só preciso me defender.
-Entendo o seu ponto, mas precisa ser grosso e agressivo dessa forma em nome dessa defesa?
-Mas eu não sou grosso.
-Imagina se fosse, então! Flavinho, vai por mim... nada disso é justo.
-Muito menos pra mim!
-Beleza. Que seja. Acha que por causa disso se justificam suas atitudes infantis?
-Não tou sendo infantil.
-Você não vê de fora as suas próprias atitudes. Se visse, constataria o mesmo que eu constatei.
-Mas felizmente pra mim, eu sou eu.
-Quer saber? Faça o que quiser. Só não reclama quando as pessoas começarem a desistir real de você.
CORTA A CENA.

CENA 7: O casamento de Nicole, Leopoldo, Bernadete e Sérgio começa a ser celebrado.
Todos observam emocionados à oficialização da união entre os casais. Muito emocionada, Nicole beija Leopoldo. Dominando sua emoção, Bernadete beija Sérgio. O juiz vai embora e, já muito emocionada, Bernadete começa a falar.
-Ai gente, chega dessa choradeira senão não tem maquiagem que resista intacta! Vamos aproveitar que agora é festa que vai começar! - fala Bernadete.
-Isso mesmo, pessoal. Enxuguem essas lágrimas que a gente só quer saber de riso aqui hoje! - fala Sérgio.
-E bora beber porque a gente não é fraco, né? - descontrai Nicole.
-Sem esquecer de dar um pouco pro santo porque os deuses agradecem! - fala Leopoldo, surpreendendo a todos. Hugo não se contém.
-O que? Meu pai, católico fervoroso, falando em orixá? Vivi pra ver isso? - fala Hugo.
-Efeito Nicole, meu filho. Essa daí sempre causa revolução por onde passa! - esclarece Bernadete.
Todos se divertem com o início da festa. CORTA A CENA.

CENA 8: Daniella se impacienta com Gustavo.
-Francamente, cara! Vai ou não vai fazer alguma coisa?
-Que isso, Dani? Ocê tá careca de saber que nunca ajo sob pressão.
-Gustavo, não vem com essa pra cima de mim de novo. Isso daí é desculpa esfarrapada que cê tá usando pra fugir do óbvio. Isso daí é puro medo de encarar as coisas e fazer o que precisa ser feito.
-Do jeito que ocê fala, faz parecer que é tudo fácil.
-E é fácil. Basta que você faça isso tudo ser fácil.
-Linda teoria. Pena que a prática desmente.
-Com esse seu otimismo contagiante, realmente... fica difícil de alguma coisa de mais efetiva ser feita.
-Cê tá me chamando de pessimista?
-Mais que isso: além de pessimista, derrotista. Entregando os pontos antes mesmo de tentar. Não é o Gustavo por quem um dia eu me apaixonei.
Gustavo fica impactado pelas palavras de Daniella. CORTA A CENA.

CENA 9: Giovanna circula pelo quintal da mansão, bebendo champagne, tranquilamente. Sua expressão, no entanto, se transforma quando ela vê logo adiante uma jovem mãe ninando seu filho bebê no colo. Giovanna tenta conter, mas acaba se sentindo abalada. Seu pensamento ganha voz.
“Até uma franguinha feito a Diana, uma derrotada, consegue ser mãe. Uma fedelha que mal saiu das fraldas e já tem um filho pra chamar de seu. E eu aqui. Ficando velha e seca. Devo mesmo ser um fruto estragado. Uma herança maldita de algo pior ainda que veio antes de mim. Meu fracasso é feito maldição. Desaprendi a ser feliz e a felicidade dos outros me agride o tempo inteiro...”
Giovanna respira fundo e segue bebendo, voltando a circular pelo quintal. CORTA A CENA.

CENA 10: Daniella vê Flavinho circulando pelo quintal e cutuca Gustavo, que ainda está pensativo em relação às palavras dela.
-Anda, Gustavo! Vai atrás dele!
-Pra que? Pra ele fingir que não me viu?
-Ele não ia fazer desfeita na frente de todo mundo. Aproveita a chance que é agora, criatura!
Gustavo toma coragem e alcança Flavinho.
-Flavinho! Volta. A gente precisa conversar.
-Eu não acho que a gente tenha qualquer assunto pra tratar. Ainda mais hoje. Vai aproveitar a festa e beber, vai!
-Pelo menos tenta me ouvir.
-Ouvir o que? Que os planos do seu casamento estão adiantados?
-Não tem casamento. Eu e a Daniella rompemos.
-Não tente me enganar. Vocês vieram juntos aqui hoje.
-A meu pedido. A gente terminou hoje.
-Devo lamentar? Francamente, Gustavo. Vá catar o que fazer e me deixa sozinho.
Gustavo perde a paciência e grita.
-Não te deixo sozinho coisa nenhuma! Eu te amo e quero que todo mundo saiba disso!
Flavinho fica perplexo diante da atitude de Gustavo. FIM DO CAPÍTULO 185.

Nenhum comentário:

Postar um comentário