terça-feira, 7 de março de 2017

CAPÍTULO 98

CENA 1: Flavinho não percebe olhar de raiva que Patrícia dirige a ele e a abraça. Gustavo percebe expressão sinistra dela ao receber abraço de Flavinho e decide agir.
-Ué... eu não ganho um abraço também? - pergunta Gustavo.
Patrícia acaba abraçando Gustavo e ele aproveita a chance para sussurrar em seu ouvido.
-Eu vi direitinho a cara que ocê fez pro Flavinho. Se controla, Patrícia! - fala Gustavo, sussurrando.
Patrícia obedece Gustavo prontamente e sorri para Flavinho, que nada percebe.
-Ocê devia aparecer mais vezes, querida. Pena que eu e o Gustavo estamos de saída agora... - fala Flavinho.
-Bem lembrado, Flavinho... é melhor a gente ir agora antes de atrasar pra chegar na clínica. - fala Gustavo, subindo na moto.
-Não vai nem se despedir, Gustavo? - pergunta Patrícia.
-Tchau, Pati. Até outra hora. Sobe na garupa, Flavinho... - fala Gustavo.
CORTA PARA...
...CENA 1 – PARTE 2: Instantes depois, já chegando na clínica, Gustavo verifica tudo.
-Tá certo, Gustavo... a gente chegou na hora certa. A Dani ainda nem chegou...
-Beleza, Flavinho... tem como conferir como passaram as crianças que estão internadas?
-Claro! Mas antes eu queria falar uma coisa...
-Uai, por que não falou quando a gente tava vindo?
-E ocê acha mesmo que eu ia tentar conversar com aquele som de trânsito? Não, nem pensar...
-Então fala, uai...
-Não gostei nadinha do jeito que ocê tratou a Patrícia.
-E ela é ex de quem, mesmo?
-Sua... mas antes que ocê continue essa malcriação, eu afirmo que não achei certo, não... pra que destratar a garota daquele jeito?
-Ah, Flavinho... você às vezes é ingênuo, sabia?
-Ou será que não é você que tá paranoico demais?
-Ocê não viu o que eu vi...
-E o que foi esse negócio que ocê viu?
-Tinha uma coisa estranha nos olhos dela.
-Gustavo... ela tá tomando medicamento, releva, vai...
-Não, Flavinho... era uma coisa diferente. Meio sinistra.
-Aí, quer saber de uma coisa?
-Fala, uai...
-Acho que ocê anda vendo muita novela mexicana, isso sim.
-Flavinho... eu conheço a Patrícia melhor que você...
-Será mesmo que conhece? Ou será que tudo isso já não tá virando uma implicância infundada da sua parte? Eu entendo os seus motivos, sei que eles são bem concretos, afinal de contas ela aprontou até com a Dani quando vocês ainda namoravam, mas... ela não tava se tratando, poxa! Eu não consigo entender como ocê consegue ser tão compreensivo com todo mundo, menos com ela...
-Torno a dizer, Flavinho: ocê não viu o que eu vi nos olhos dela.
-E o que foi que ocê viu, caramba? Dá pra parar com essa palhaçada de enrolação e me falar de uma vez que merda que ocê viu?
-Nossa, Flavinho... precisa ser grosso?
-Precisa. Que é pra ver se ocê se toca que pode estar sendo injusto com alguém que só quer uma segunda chance.
-Não fui injusto, Flavinho. Eu vi claro nos olhos ela. Ela tinha ódio.
-Mas gente, ocê não disse que ela tá de boa com você?
-Sim. Não foi de mim que ela sentiu ódio. Foi de você.
-Credo, Gustavo! Que ideia absurda.
-Eu sei bem o que eu vi. Ela só maneirou depois que eu abracei ela e cochichei no ouvido dela.
-Ocê tá falando sério?
-Claro que sim. Eu não minto, ainda mais p'rocê.
-Eu não percebi nada...
-Flavinho... não entenda isso como ofensa, mas às vezes você é bem ingênuo...
Flavinho fica pensativo. CORTA A CENA.

CENA 2: Maria Susana acorda Elisabete.
-Amor... o café já tá na mesa e eu tenho ótimas novidades.
-Bom dia, Susi... que novidades ótimas são essas?
-O apartamento tá totalmente liberado pra gente se mudar hoje mesmo se a gente quiser. Acabei de confirmar com a imobiliária.
-Ai, que delícia! Nosso cantinho, nosso ninho de amor... nosso ponto de recomeço...
-Espero que o Miguel goste...
-Claro que vai, boba... ele não tá levando numa boa esses dias aqui? Vai amar a casa nova, tenho certeza. Daqui a pouco ele já vira moleque de apartamento, cê vai ver...
-Então vem comer logo que eu comprei aquela geleia de damasco que você tanto ama.
-Ai, meu Deus... com uma mulher dessas eu fico mal acostumada e nunca mais saio pra fazer nem compras nessa vida...
-A ideia é te mimar mesmo, Bete...
-Não se esquece que sou taurina, viu? Quando eu fico preguiçosa, sai da frente!
-É, mas hoje não é dia de preguiça...
-Tem certeza?
-Amor, a gente pode se mudar hoje mesmo...
-Tá, mas me diz uma coisa: caminhão de mudança, como é que a gente arranja assim do nada? Tem um monte de coisas suas ainda na sua antiga casa e você precisa tirar de lá antes dos novos donos se mudarem pra lá...
-Sim, mas isso não impede de a gente ir pro nosso apartamento, impede?
-Amor... tenta entender. Na hora que eu sair desse apartamento, o Maurício fica aqui sozinho pela primeira vez na vida...
-Mas ele vai fazer vinte e três anos...
-Susi... você é mãe... sabe que pra você o Miguel sempre vai ser seu bebê, não sabe?
-Bem, olhando por esse lado...
-Então eu acho que a gente precisa ainda de mais uns dias... pra preparar tudo, pra eu me preparar, pro Maurício se preparar, entende? Só por isso que não acho prudente a gente se mudar hoje...
-Claro que entendo, querida... e te acho ainda mais incrível.
-Desse jeito eu fico sem graça...
-Não fique. Você é incrível sim.
-Você que é...
As duas se beijam. CORTA A CENA.

CENA 3: Horas mais tarde, José se desculpa com Idina.
-Eu não imaginava que isso fosse acontecer...
-Relaxa, amor... não me custa nada buscar o Miguel no colégio e ficar com ele. Seu filho é ótimo.
-Que dia, Idina, que dia!
-Ninguém podia adivinhar que os compradores da casa iriam querer ocupar hoje e chamarem a Maria Susana assim, do nada...
-Parece até que ela sabia. Ela disse que chegou a falar com a Bete pra elas se mudarem ainda hoje pro apartamento...
-É, mas isso ainda não incluía ela ir buscar as coisas dela na antiga casa. Que situação. Amor, vê se tá tudo certo com o serviço de mudança que eu contratei pra ela?
-Acabei de olhar, Idina... tá tudo dentro dos conformes.
-Maravilha. É, Zé... acho que no final das contas essa coisa toda anda me deixando inspirada.
-Em que sentido, Idina?
-Eu fico imaginando nós dois... assim, casados.
-Já vivemos juntos. Não foi assim que a gente combinou?
-Foi! E eu sou a primeira a reforçar isso. Tem a sua vida pública antes... precisamos investir nisso. Mas tudo isso me deixa pensativa... inspirada... me faz sonhar, sabe? Eu lembro dos meus pais, lá em Marselha...
-Você sempre fala com tanto amor deles...
-Minha mãe foi uma mulher incrível... enfrentou um racismo estrutural absurdo que existe lá na França, mas que quase ninguém fala...
-Até parece aqui com o Brasil, se parar pra pensar...
-Exatamente. As pessoas fingem que o racismo deixou de existir, mas continuam praticando no dia a dia... mas enfim... mamãe era forte. Rompeu com meus avós para casar com meu pai só por ele ser negro...
-Isso que é amor...
-Adoraria continuar essa conversa, mas... viu que horas são?
-Vish! Hora de buscar o Miguel.
-Vamos?
-Sim!
CORTA A CENA.

CENA 4: Ao chegar em seu prédio, Mônica se depara com Sérgio cabisbaixo na recepção.
-Eita, Sérgio! Nunca te vi aqui na recepção...
-Ah, Mônica... eu queria ver um pouco do movimento das pessoas chegando e saindo daqui...
-Pra que isso? Parece que cê tá triste...
-Triste não é a palavra...
-Então por que essa cara?
-Ando me sentindo muito sozinho...
-Para com isso, cara... eu e você não somos mais namorados, tudo bem... mas somos amigos, não somos?
-Sim, claro que sim...
-Então eu posso saber o que te impede de me procurar pra desabafar quando precisa?
-Ah, cê sabe... não quero incomodar...
-E quem foi que te disse que seria incômodo pra mim? Sérgio... amigos são amigos em qualquer momento, não só na horas boas... vê se não esquece isso, tá?
-Você não entenderia o que me maltrata.
-Não preciso entender. Mas se quiser desabafar, eu tou aqui pra te ouvir e nunca pra te julgar, viu?
-Eu sinto que joguei tanta oportunidade de ser mais feliz fora, sabe? E faz muito tempo... não é de hoje.
-Ao que você se refere, Sérgio? Eu sinto que não é sobre mim... muito menos sobre a Nicole.
-É sobre a Bernadete...
-Peraí... a Bernadete não é a mãe do Hugo? Gente... eu sabia que ela é amiga sua faz uma vida, mas...
-E ela é... ela e o Leopoldo são amigos meus e da Nicole desde que éramos adolescentes...
-Tá, disso eu sei, mas... você ama a Bernadete?
-Éramos namorados antes. Leopoldo namorava com Nicole, acredita?
-Gente...
Sérgio segue contando seu passado para Mônica. CORTA A CENA.

CENA 5: Raphaela chama Bruno para uma conversa.
-Pediu pra me chamar?
-Pedi, querido...
-Por que?
-Senta aí... bem... o que eu vou te dizer eu espero que você não leve a mal.
-Não vou levar.
-Em primeiro lugar eu queria dizer que você tem feito um progresso maravilhoso nesses últimos tempos, tanto em relação ao seu trabalho quanto em relação à convivência com todo mundo nesse apartamento, mas...
-Vish... quando vem esse “mas”, eu sei que vem bronca...
-Não entenda dessa forma, Bruno. Eu sei que você deixou sua vida na Argentina pra trás muito cedo e que não tem ninguém além de nós... só que isso não te concede o direito de sentir inveja do Alexandre ou de quem quer que seja...
-Mas Raphaela... eu tenho feito o melhor que eu posso. Eu aprendi demais com as merdas que eu já fiz... não faria nada disso outra vez.
-Eu acredito em você. Mas você ficou claramente invejoso do Alexandre quando ele conseguiu mais uma capa de revista.
-Foi mais forte que eu.
-Não, Bruno... você é mais forte que tudo isso e sabe muito bem que é.
-Sabe o que é? Eu sinto que não gostam tanto do meu trabalho...
-E o que você pode fazer pra mudar isso?
-Mudar minha atitude?
-Bingo! Você tem as respostas, querido... basta saber utilizar tudo isso a seu favor, entende?
CORTA A CENA.

CENA 6: Ao procurar Daniella para tirar uma dúvida, Flavinho se espanta com expressão de cansaço dela.
-Nossa, Dani... vim aqui pedir ajuda pra resolver um trem, mas acho que quem tá precisando de ajuda é ocê...
-Tá tão na cara meu cansaço, Flavinho?
-Estampado. O que tá pegando?
-Tou morta. Cansada dessa coisa toda aqui...
-Pensei que ocê gostasse daqui.
-E eu gosto. Gosto de ajudar minha irmã. Mas não é esse o meu mundo, não é essa a minha vida, entende?
-Entendo... mas do que cê tem medo? Daqui a pouco tudo isso passa...
-E se não passar? E se a Cris resolver desistir da clínica depois da licença maternidade?
-Duvido muito que ela faça isso...
-Eu não sei, Flavinho... ela anda mudada. Não é de hoje... e eu me pergunto como fico eu no meio dessa coisa toda, sabe?
-Já falou com ela sobre isso?
-Não tive coragem. Ela já anda estressada demais e não quero prejudicar a gravidez.
-Ocê tá com medo de se perder de si mesma?
-Isso mesmo. Como ficam os meus planos, os meus sonhos, os meus projetos? E a minha profissão de atriz e dançarina? Eu jogo pro alto e finjo que nunca fui nada disso? É complicado demais, sabe?
-Ah, Dani... se eu fosse você, falava com a Cris assim que sua sobrinha nascesse.
-É exatamente o que eu venho pensando em fazer...
-Pois faça. Lute pelo que é seu!
Daniella se anima. CORTA A CENA.

CENA 7: Glória aproveita que Giovanna está sozinha em sua sala e tranca a porta. Giovanna debocha de Glória.
-Ai, Glória... você não tem nem criatividade por si mesma, né? Até nisso copia alguém. Tá querendo fazer a Valéria? Quer dar showzinho? Vai em frente, mas anda de uma vez que eu tou sem tempo pras suas palhaçadas...
-Cuidado, viu?
-Cuidado com o que, garota?
-Já dizia a velha canção: mais alto o coqueiro, maior é o tombo do coco.
-Desculpe, não estou entendendo essa sua súbita referência a Billy Blanco...
-Ui, olha ela... ela é culta, ela.
-Larga de ser debochada e me fala logo o que você quer, Glória.
-Te dizer que eu sei muito mais de você do que cê possa imaginar.
-Ah, é? Que bom pra você. Quer a senha do meu computador pra invadir minha web cam também? Não sabia desse seu lado... sabe até que eu gosto um pouco também? Mas você não faz meu tipo... desculpa, tá?
-Você é mesmo uma ridícula, Giovanna... não se faça de desentendida. Eu tou te avisando uma vez só: experimente fazer qualquer coisa contra o Hugo ou contra a Valéria... experimente! Você vai ver como eu jogo toda a merda no ventilador...
-Bravata. Você diz que sabe, mas nunca diz o que é...
-Quer pagar pra ver?
Giovanna engole a seco. CORTA A CENA.

CENA 8: Durante a noite e ainda no apartamento de Elisabete, Maria Susana vai até ela.
-Amor... acabei de receber uma ligação.
-De onde?
-Da escola do Miguel...
-Vish... o que foi dessa vez?
-A Marta não quis dizer.
-Cê acha que vem bomba por aí?
-Do Miguel, eu duvido... mas temo que estejam fazendo besteira com ele de novo...
-Será que é de novo aquela situação?
-Não duvido...
-Ainda mais que a diretora é molenga...
-Exatamente. Estão me chamando pra uma reunião amanhã.
-Quer que eu vá junto?
-Prefiro. Se é pra encarar as feras, que encaremos com categoria.
-E bem afrontosas. Amo!
-Só espero que as coisas fiquem mais fáceis pro meu filho. Não é justo ele sofrer as consequências da ignorância e do preconceito dos pais dos coleguinhas dele. Aliás, até hoje eu não entendi como é que nosso amor se espalhou entre os pais dos alunos...
-O que não falta é gente fofoqueira nesse mundo, amor...
CORTA A CENA.

CENA 9: Leopoldo procura Hugo.
-Tá podendo conversar, filho?
-Sempre, pai... como vão as coisas?
-Indo... de mal a pior, como sempre.
-Você já foi mais otimista, pai...
-Não tenho tido motivos pra ter qualquer esperança num futuro de mais paz aqui, dentro de mim...
-Pai... as merdas já aconteceram, mas são passado.
-O seu irmão não é passado.
-Nem eu disse que o Leo é passado. Falei das coisas que aconteceram.
-E que são culpa minha.
-São responsabilidade sua. Não vai ser bom alimentar esse sentimento de culpa agora.
-Se eu tivesse sido mais presente, mais cuidadoso, mais compreensivo... seu irmão poderia estar vivo agora...
-Pai... nada nessa vida acontece por acaso. Ou você consegue imaginar essa família sem a Valéria e o Leozinho?
-Não...
-Então, pai!
-Mas eu podia ter salvo a vida do seu irmão!
Leopoldo chora. CORTA A CENA.

CENA 10: Instantes depois, Hugo está sozinho na sala quando ouve a campainha tocar. Ao abrir a porta, se depara com William.
-William? O que cê quer aqui, cara?
-Eu queria ver meu filho.
-Alto lá! O filho é meu...
-Hugo... por favor, não torne as coisas piores do que elas já são. Você sabe que Leonardo é meu filho.
-Biologicamente, sim.
-Então eu posso ver ele? E a Valéria, como está?
Hugo encara William por instantes e depois de se segurar por algum tempo, acaba dando um soco na cara de William.
-Desgraçado! Você foge da vida da Valéria e agora quer ser pai do Leozinho?
William encara Hugo, perplexo por sua reação. FIM DO CAPÍTULO 98.

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