quinta-feira, 9 de março de 2017

CAPÍTULO 100

CENA 1: Cristina olha para Fábio com medo.
-Fábio... ainda falta um mês... não pode ser agora. Não pode ser!
-Calma, Cris... de repente é só um alarme falso. Vem comigo e se acomoda no sofá...
Quando Fábio guia Cristina até o sofá, a bolsa de Cristina se rompe e ela se desespera.
-Mãe! Corre aqui! Minha bolsa rompeu! - grita Cristina.
Nicole corre e constata que Cristina está mesmo entrando em trabalho de parto. Fábio fica nervoso.
-Você quer que eu vá embora, dona Nicole? - pergunta Fábio.
-Não, animal! Agora fica! Não tá vendo que a nossa filha quer nascer? - fala Cristina, sem paciência.
-Desculpa a falta de paciência dela, Fábio... vem com a gente que a gente tá indo agora mesmo pro hospital. - fala Nicole.
-Eu levo vocês no meu carro. - se oferece Fábio.
-É o mínimo, né! Se não fosse você vir aqui me incomodar hoje, eu aposto que nem tava começando a parir hoje... - esbraveja Cristina, entre contrações.
-Quer deixar de ser injusta e ingrata, filha? Cê tava o dia inteiro com um jeito de que ia parir sim, o Fábio não tem culpa nenhuma nisso e você pare de xingar ele, tá me ouvindo? Chega de enrolar, a gente precisa apressar pra chegar ao hospital! - fala Nicole.
Fábio leva Cristina ao seu carro e Nicole se acomoda ao lado da filha no banco de trás. Cristina segue culpando Fábio.
-Eu não devia estar parindo agora. Se acontecer alguma coisa com a nossa filha, a culpa vai ter sido sua, Fábio! - esbraveja Cristina
-Cala a boca, Cristina! Quem pode acabar fazendo mal à sua filha é você mesma! - repreende Nicole.
Fábio coloca o cinto de segurança, ainda tremendo e se volta para trás.
-Quer colaborar, Cristina? Concentra na nossa filha, dá pra ser? - fala Fábio.
-Quem você pensa que é pra me dar ordens? - rebate Cristina.
-Mais uma que você falar dessas e eu viro a mão na sua cara pra ver se você volta a si! - fala Nicole, perdendo a paciência.
-Caramba, mãe... quem tá se contorcendo de dor aqui sou eu, sabia? - retruca Cristina.
-Não é o que parece. Pra ficar soltando xingamento descabido pro coitado do Fábio você tá bem ótima... - devolve Nicole.
-Vocês duas querem parar de discutir senão eu nem consigo arrancar com esse carro de tanto que tou todo me tremendo? - retruca Fábio.
-Desculpa... - fala Cristina.
-Engraçado... cê tá tão nervoso que parece pai de primeira viagem... - observa Nicole.
-Só tive o Maurício, Nicole... e isso já tem mais de vinte anos. A gente desacostuma a viver a situação e eu nem acompanhei o trabalho de parto da Bete... então tudo isso aqui é uma situação completamente nova pra mim. - fala Fábio.
-Tá, dá pra parar com essa conversa que eu tou cheia de contração aqui? - reclama Cristina.
-Calma, filha! Colabora um pouco pra deixar as coisas calmas, por favor? Ó... presta atenção na respiração. Lembra dos exercícios... - fala Nicole.
-O da respiração ritmada? - pergunta Cristina.
-Exatamente, filha... foca nisso. Escuta a batida do seu coração. Segue o ritmo. - orienta Nicole.
-Tá mais calma, Cristina? - pergunta Fábio.
-Tou ficando... - fala Cristina.
-Então ótimo. Eu vou arrancar com o carro daqui. Você se comporte aí atrás, viu? Não vai me xingar nem chutar a sua mãe, viu? - fala Fábio.
-Tá... só arranca com esse carro de uma vez que eu quero chegar logo no hospital! - flnaliza Cristina.
CORTA A CENA.

CENA 2: Daniella é surpreendida pela chegada intempestiva de Nicole na sala.
-O que foi, mãe?
-Sua irmã! Está em trabalho de parto!
-Ai meu Deus! E o que é que você veio fazer aqui, mãe?
-Não entendeu ainda? Ela veio ter a Arlete aqui!
-Ficou doida, mãe? Essa é uma clínica especializada em tratamento de crianças com câncer!
-Foi insistência dela. Ela fez todo o pré-natal com a Júlia e exige que seja ela a efetuar o parto.
-Tudo bem que a Júlia é ótima cirurgiã e já fez vários partos antes de trabalhar aqui, mas... e a infraestrutura?
-Sua irmã garante que é suficiente.
-E você acreditou nela? Porra, mãe...
-Mas não é?
-Até é. Mas vai que dá alguma complicação, quem além da Júlia vai poder ajudar, me diz?
-Nossa, você pensa negativo, filha...
-Mãe, pelo amor de Deus... a gente tá falando da vida da Cris e da Arlete...
-Ela disse que só faz o parto dela aqui...
-Ai, meu saco. Tou mesmo sem saída, não tou?
-Tá.
-Tudo bem. Eu dou baixa nela aqui. Mas a responsabilidade é toda dela, que é dona daqui, tá me ouvindo?
-Nossa, Dani... cê tem coragem de me dizer isso?
-E o que mais eu faria, mãe? A clínica é de quem?
-Da sua irmã.
-Percebeu agora que essa era a única decisão que me cabia?
-Mas Daniella... a responsável interina pela administração tem sido você.
-Sim. Mas como interina, eu não me permito ter as mesmas liberdades da dona. Simples assim.
-Me parece mais que cê tá querendo lavar as mãos. Pensei que você fosse menos egoísta, filha...
-Lavar as mãos? Eu, egoísta, mãe? Pelo amor de Deus! Eu abri mão da minha carreira mais de uma vez pra quebrar o galho da Cristina e você tem coragem de me chamar de egoísta? Em que mundo você vive, mãe?
-Desculpa, filha... eu fui injusta.
-Foi mesmo. Eu te desculpo... mas pra provar que eu não tou sendo egoísta, eu faço questão de acompanhar o parto da Cris.
-Você faria isso?
-Claro que sim!
Nicole se orgulha de Daniella. CORTA A CENA.

CENA 3: Instantes depois, Arlete nasce e Daniella vê Júlia entregando a bebê para um enfermeiro que a leva imediamente do quarto.
-Júlia... o que tá acontecendo? Por que minha irmã não acorda?
-Daniella... ela está tendo uma forte hemorragia que precisa ser estancada o quanto antes.
-Gente, como assim?
-Consequência de um súbito aumento de pressão durante o parto. Eclâmpsia inesperada, pois não houve sinal anterior de que aconteceria.
-E a bebê?
-Está ainda prematura. Tem um bom peso e um bom tamanho, mas não conseguiu respirar espontaneamente e por isso foi encaminhada direto pra incubadora.
-Elas vão se salvar?
-A bebê? Com certeza.
-E a minha irmã?
-Daniella... eu preciso que você se retire. Eu preciso dar um jeito de conter essa hemorragia na Cristina.
Daniella se retira, temendo que Cristina não resista. Ainda desorientada, Daniella chega ao corredor onde estão Fábio e Nicole.
-Fala, Daniella... minha filha já nasceu? - pergunta Fábio.
-Sim. Foi levada à incubadora por ter tido dificuldade de respirar, mas vai ficar bem. - esclarece Daniella.
Nicole percebe medo nos olhos de Daniella.
-E a Cristina? - pergunta Nicole.
-Gente... eu nem sei como dizer. A Júlia está fazendo o que pode nesse momento... mas a Cris teve uma hemorragia decorrente da pressão alta. O estado é crítico e a Júlia está fazendo o que pode pra conter essa hemorragia a tempo. - fala Daniella.
Nicole se desespera. Fábio sente seu chão sumir e se segura na parede.
-Precisamos estar fortes. Mas confiantes de que ela tem chances de sair dessa... - finaliza Daniella.
CORTA A CENA.

CENA 4: Instantes depois, Fábio decide ligar para Elisabete.
-Alô, Bete?
-Oi, querido.
-Tá podendo falar?
-Embora eu esteja fazendo o jantar, posso sim...
-A minha filha nasceu.
-Que maravilha! Mas espera aí... a Cristina não estava de oito meses?
-Exatamente.
-E como estão ela e a criança?
-A minha filha vai ficar bem. A Cris que tá passando por um momento difícil.
-Momento difícil, Fábio? Me explica isso direito, pelo amor de Deus...
-Ela corre risco de morte.
-Que? Que tipo de complicação uma mulher jovem como ela pode ter tido?
-Você era bem mais jovem quando teve o Maurício... pra uma primeira gravidez, ela não é tão jovem assim...
-O que deu nela?
-Hemorragia decorrente de pressão alta na hora do parto.
-Ah... é eclâmpsia que chama, isso.
-Tou com medo, Bete...
-Tenta se acalmar, Fábio... a Cris é uma mulher jovem, forte, tem uma boa saúde, sempre cuidou bem de si...
-É, mas não se esquece que ela podia ter ficado cega...
-Uma coisa não se relaciona com a outra. Pensa positivo, querido!
-Tá difícil, Bete... nessas horas dá tanto medo!
-Fica tranquilo, Fábio... alguma coisa me diz que ela vai sair dessa sim... e mais forte do que era antes, pode confiar.
-O que te leva a crer nisso?
-A certeza de que a história de vocês não acabou...
-Você acha?
-Meu querido... se vocês não se acertarem logo depois que ela sair desse hospital, eu juro que faço poledance na Rússia.
Fábio ri.
-Só você pra me fazer rir...
-Confia, Fábio... ela é forte e vai sair dessa. É capaz de vocês ainda terem mais um filho...
-Agradeço pelo apoio, mas... menos, Bete...
Fábio segue sendo tranquilizado ao telefone por Elisabete. CORTA A CENA.

CENA 5: Após horas fechado com Mauro no escritório, Leopoldo mostra indignação e começa a insultá-lo.
-Essa sua proposta é um acinte, Mauro!
-É a única forma que existe de você salvar essa casa e todo o patrimônio dos di Fiori...
-Eu pensei que nós fôssemos amigos, cara...
-E somos... mas é aquela coisa: amigos amigos, negócios a parte.
-Você é um pulha, Mauro.
-Contenha suas palavras. Você precisa de mim. Toda a família depende de mim, se parar pra pensar...
-Isso é arbitrário.
-Seja razoável e racional, Leopoldo... quem mais teria condições, coragem e peito de ajudar vocês numa situação delicada como a de vocês... esqueça o patrimônio acumulado e tudo isso aqui: a realidade é que vocês estão à beira da falência e você sabe perfeitamente disso.
-Mas as suas condições são absurdas!
-É pegar ou largar. Não existe opção.
-Isso é chantagem!
-Entenda como quiser. Leonardo é meu neto. E eu exijo conviver com ele nesses primeiros meses, nesse primeiro ano de vida dele.
-Mas eu teria que concordar que a Valéria fosse morar na sua casa...
-Quanto a isso, se vira... se essa é a única forma, que assim seja... ou então essa casa vai à venda, a Natural High à falência...
-Você não presta, Mauro...
-E você precisa do meu dinheiro. Vai ter que aceitar minhas condições, concordando ou não.
Leopoldo encara Mauro com raiva. CORTA A CENA.

CENA 6: Leopoldo observa Valéria cuidando de Leonardo e vai em direção a ela.
-É mesmo uma graça o Leozinho, né?
-Sim, seu Leopoldo... ele nem faz ideia de tudo o que anda acontecendo...
-Então, querida... falando no que tá acontecendo...
-Peraí... ocê tá com uma cara triste...
-Não é bem triste. Mas tenho uma coisa chata pra dizer...
-Ai meu Deus... nem quando eu tava no hospital me recuperando do acidente eu te vi com uma cara dessas... o que tá acontecendo?
-Eu tou à beira da falência e ninguém além de você sabe disso.
-Por que ocê tá me contando isso, seu Leopoldo?
-Porque o Mauro vai salvar a gente da bancarrota... mas sob uma condição.
-Ai... é o que eu tou pensando? Tem a ver com o meu filho?
-Infelizmente sim, Valéria... eu estou sem saída, ele me chantageou. Disse que se não puder conviver todos os dias com o neto, compra essa casa e ainda deixa a Natural High quebrar.
-Gente...
-Ele exige que você passe um ano morando na casa dele. Pra poder passar esse tempo todos os dias com o neto.
-Mas isso é arbitrário!
-Valéria... ele tem a gente nas mãos. Basta estalar os dedos e nós todos vamos pra debaixo da ponte...
-Não tem nenhuma saída nesse momento?
-Infelizmente não, Valéria... eu sinto muito por causar mais essa dor a você...
-Eu vou mesmo ter que aceitar esse trem?
-Vai... por todos nós. Você é a única possibilidade pra nossa salvação...
Valéria se desespera. CORTA A CENA.

CENA 7: Júlia consegue conter hemorragia de Cristina que, ainda fraca, pergunta por sua filha.
-Júlia... eu posso ver minha filha?
-Espera um pouco, Cristina... você acabou de passar por um tremendo risco de morte. Vou te deixar descansando um pouco aqui enquanto aviso seus familiares que deu tudo certo, ok?
-Certo, Júlia...
Júlia anda pelo corredor até encontrar Daniella, Nicole, Sérgio e Fábio.
-Trago boas notícias, pessoal! - anuncia Júlia.
-Diga que minha filha vai se salvar! - anima-se Sérgio.
-A Cristina é mesmo uma guerreira. Está fora de perigo, mas ainda bastante fragilizada. Nesse momento está recebendo sangue do nosso banco, mas podem respirar aliviados que o pior já passou e logo ela vai poder ver a filhinha! - fala Júlia.
Nicole, Fábio, Sérgio e Daniella se abraçam emocionados enquanto Júlia se afasta, retornando à sala de cirurgia. Fábio chora e Nicole o afaga.
-Ei, meu querido... precisa chorar mais, não! A Cris tá salva! - fala Nicole.
-É justamente isso que me emociona, Nicole... eu achei que a gente ia perder a nossa Cris... - fala Fábio.
-Eu tinha certeza que a mana ia sair dessa, conheço bem essa teimosa! - finaliza Daniella.
CORTA A CENA.

CENA 8: Daniella circula pela clínica quando se depara com Patrícia.
-Oi, miga! Faz tempo que cê tá aqui?
-Nada... acabei de chegar. Passei na sua sala e não te vi...
-Vish... é que hoje o dia tá cheio. Minha irmã enfiou na cabeça que ia ter a filha aqui e ainda quase morre no parto, acredita?
-Nossa, Dani... mas a Cristina ficou bem?
-Graças à Júlia, ficou sim...
-Maravilha...
-Pati... eu não sei se vou conseguir te dar atenção agora... ainda tenho que resolver um monte de coisa por aqui das crianças em tratamento, contatar os pais de algumas delas e ainda verificar como anda a minha sobrinha que acabou de nascer...
-Não... tudo bem... eu posso esperar.
-Miga... eu posso demorar.
-Sem problema. Eu espero ali na sala, pode ser?
-Pode, mas se prepara pra esperar bastante, porque hoje eu posso demorar bastante até pra fechar a clínica, viu?
-Tudo certo...
-Não vai perder a paciência?
-Juro que não...
-Então beleza, vai lá pra sala que eu dou atenção quando eu puder, viu?
-Tudo bem...
CORTA A CENA.

CENA 9: Daniella flagra Fábio observando a filha na incubadora.
-Fábio... vai pra casa. Tá tudo certo...
-Não me sinto seguro ainda, Daniella...
-Por que?
-Eu sei que a Cris tá salva... mas e a nossa filha? Como fica nisso? Tão pequena, tão indefesa...
-Fábio... não tem nada que cê possa fazer. Vai descansar. Já tá ficando tarde...
-Eu tenho medo, Daniella...
-Medo do que?
-Da minha filha não resistir.
-Relaxa... isso não vai acontecer.
-Como você garante se nem médica é?
-Mas a Júlia é... e me afirmou que fora a questão da dificuldade respiratória, não existe mais nada que inspire cuidados.
-Ela realmente disse isso?
-Eu garanto, Fábio. Fica descansado. Vai pra casa... minha sobrinha nasceu lutando, só precisa de um pouco mais de força nos pulmões...
CORTA A CENA.

CENA 1O: Com a noite já avançada, Daniella encerra o dia na clínica e encontra Patrícia ainda na sua sala.
-Miga, sua loka! Já passou da meia noite e você ficou aqui me esperando?
-Eu disse que esperava sem problema, uai...
-Mas como é que cê vai voltar pra casa agora? Tem dinheiro pro uber?
-Tenho, mas... espera aí, ocê não disse que ia conversar comigo?
-Disse, mas olha que horas são. É quase uma da manhã... o dia foi longo e cansativo, sabe? Não sei se vou conseguir te dar atenção...
-Nossa, eu pensei que ocê fosse minha amiga...
-Mas eu sou...
-Não é coisa nenhuma! Tá me dispensando, como todo mundo nessa vida me dispensa e enjoa da minha cara, todo mundo me detesta!
Daniella se espanta com explosão de Patrícia. FIM DO CAPÍTULO 100.

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