sábado, 4 de março de 2017

CAPÍTULO 96

CENA 1: Valéria avança sobre Giovanna, que ameaça gritar.
-Eu vou gritar, eu faço um escândalo aqui!
-Isso, Giovanna... grita mesmo, chama atenção. Faz arrombarem essa porta que eu conto com o maior prazer pra todo mundo, inclusive pro seu maridinho trouxa, tudo o que você andou aprontando.
-Eu não sei do que cê tá falando, sua louca!
-Perdeu a memória? Vou refrescar: por sua culpa a minha família tá desabando! Por sua culpa o Flavinho foi expulso de casa. Por sua culpa o seu Mauro pode acabar entrando na justiça contra o Hugo. Satisfeita?
-Você é mesmo uma folgada, garota. Aquela casa não é sua! Nem sua, nem do viadinho que você chama de Flavinho.
-Isso, cachorra... mostra a sua cara. Fala a verdade!
-Você é uma intrusa na vida de todo mundo ali. Roubou o Hugo de mim!
-Você é doente, Giovanna... o Hugo e eu nos apaixonamos. E você tá casada, com o Ricardo. Devia parar de se meter no que não é da sua conta.
-Eu decido o que é da minha conta ou não, garota. O seu lugar não é nessa cidade, muito menos na mansão dos di Fiori. Seu lugar é longe daqui... volta pra sua terra, pro seu buraco. Volta pra Minas, de onde nunca devia ter saído, volta!
-Não volto.
-Depois não diga que eu não avisei.
Valéria avança sobre Giovanna.
-E nem pensa em gritar! Pensa que vai me intimidar com essa ameaça barata? Nunca! Você é má, mas é uma covarde... uma rata. Não sabe nem encarar de frente alguém numa briga. Apanha sem revidar. Se acha forte, mas é uma fraca. Uma coisa que nem pode ser chamada de ser humano, porque usa as pessoas. Usou o Hugo. Não é de mim que ocê tem raiva, muito menos do Hugo... é de ocê mesma. Tem raiva por perceber que, ao contrário do que ocê queria, não dá pra controlar tudo e todos o tempo inteiro. E na sua vida só existe isso: controle, manipulação, dominação. Você não espera que as coisas saiam do seu controle, do seu domínio. Quando alguém se torna imune à sua manipulação, ocê não aceita. Por isso ataca, por isso tem ódio.
Giovanna explode e grita.
-Você não sabe de nada da minha vida! Nunca soube o que é ter de lutar pra chegar onde eu cheguei. Não sabe o que eu passei.
-Baixa a voz, olha o escândalo! E ocê acha que eu nasci em berço de ouro, Giovanna? Claro que não! Seu problema é que ocê usa seu passado como justificativa pra isso daí que ocê se tornou. Mas eu não!
-Nossa, como ela é forte... vá se foder, Valéria.
-Seu ódio não é do Hugo. Nem de mim... você odeia a si mesma. E nunca ninguém teve coragem de te dizer isso olhando nos seus olhos.
Giovanna começa a tremer de raiva e chora.
-Você vai pagar por tudo isso, Valéria. Você, o Hugo e todo mundo que se atravessou no meu caminho. Eu juro que vocês me pagam!
-Não tenho medo das suas ameaças. Venha! Pode vir... mas caia matando! Porque eu não sou mulher de fugir da raia. Passar bem.
Valéria vai embora e Giovanna treme de raiva. CORTA A CENA.

CENA 2: Flavinho tenta impedir Gustavo de continuar lhe ajudando.
-Para com isso, Gustavo... eu já falei que meus livros e minhas coisas eu organizo numa boa...
-Nem pensar, Flavinho... é muita coisa. Faço questão de ajudar.
-E vai perder mais tempo hoje? A Dani não te liberou o dia todo.
-Mas tá ciente de tudo. Confia em mim, tá tudo certo.
Flavinho se emociona.
-Ei... não vai chorar agora que ocê sabe muito bem que eu choro junto, não me aguento...
-Sabe o que é, Gustavo? Apesar de toda a dor, de todo o desamparo que tou sentindo por ter sido chutado pela Bernadete, você me acolheu...
-Como é que eu não ia acolher, Flavinho? É o mínimo que eu posso fazer pelo melhor amigo que já tive nessa vida... e para de chorar que eu tou quase chorando aqui, seu besta!
-Se não fosse por ocê... eu ia estar na rua agora. Sem condições financeiras ou emocionais de voltar pra minha casa de BH. Sem rumo. Se agora eu tenho um teto pra dormir e o conforto de um lar seguro... tudo isso é graças a você, Gustavo... e eu nunca vou saber agradecer o suficiente por isso.
-Agradeça sendo essa pessoa maravilhosa sempre. E vê se se recompõe logo que senão eu não me aguento chorando aqui... e ah, antes que eu me esqueça, eu só saio daqui pra clínica se ocê for junto. Senão, eu ligo pra Dani e aviso que hoje faltamos os dois e não se fala mais nisso!
CORTA A CENA.

CENA 3: Horas mais tarde, ao final do expediente, Daniella conversa com Patrícia.
-Miga... eu não quero fazer parecer que tou pegando no seu pé, mas pra mim ficou claro que cê ficou com ciúme quando a gente falou mais cedo.
-Eita. Ciúme do que?
-Do Flavinho estar morando com o Gustavo.
-Mas que ideia absurda, Dani...
-Não adianta negar, Pati... o que você não diz com a boca, diz com os olhos...
-Ocê me conhece bem mesmo, hein? E pensar que no começo eu não ia com a sua cara...
-Era pra gente ser amiga. Mas Pati... não tá legal isso daí.
-Eu sei que não. Mas é maior que eu... mais forte.
-Isso reforça a minha tese de que você precisa verificar isso.
-Tenho feito o possível, Dani...
CORTA A CENA.

CENA 4: Flavinho olha encantado para Gustavo.
-Vish, o que foi, Flavinho? Tem maionese na minha bochecha?
-Não, bobo... eu fico admirado com a sua grandeza, só isso.
-Já disse pra parar com isso que eu fico sem saber onde enfiar a minha cara...
De repente, a campainha toca.
-Uai... ocê chamou alguém, Flavinho?
-Eu não... acho mais fácil que seja alguém procurando pelo dono da casa, não?
-Não chamei ninguém, uai...
Gustavo se levanta, atende e se depara com Patrícia.
-Pati? Entra, por favor...
Flavinho se alegra ao ver Patrícia.
-Quanto tempo, menina! Como vão as coisas?
Gustavo disfarça desconforto diante de Flavinho. CORTA A CENA.

CENA 5: Érico insiste, antes de dormir, que Guilherme deve dar uma nova chance a seu pai.
-Não adianta, Érico... confiança perdida não se recupera assim, do dia pra noite.
-Vai esperar passar quanto tempo, Gui? A vida toda?
-Isso é vago demais...
-Justamente. Ninguém sabe do dia de amanhã! E se o seu Humberto não chegar até semana que vem? Como ficam as coisas?
-Ai, Érico... eu detesto quando cê começa com esse apelo emocional típico dos cancerianos...
-Não é apelo emocional, pelo contrário, é um chamado à sua razão, porra! Você tem um pai vivo e presente. O meu sumiu no mundo, sabe? Eu nem lembro mais da cara dele. E sinto falta de ter tido um pai que se importasse comigo. Nem que fosse pra me dar bronca e pra me julgar. Isso faz falta, sabia?
Guilherme fica pensativo. Carla escuta conversa. CORTA A CENA.

CENA 6: Margarida, assistindo TV na sala, percebe que Carla volta ao sofá incomodada.
-Nossa, filha... não sei que bicho te mordeu, mas faz tempo que não te vejo com essa cara amarrada...
-Ah, mãe... cê nem sabe o que eu acabei de ouvir o mano dizer...
-O que?
-Que ele sente falta de um pai. Vê se pode uma coisa dessas?
-Filha... é um direito dele...
-Não é justo com você, que sempre fez tudo pela gente, que sempre nos deu tudo do bom e do melhor!
-Mas isso não tira o direito dele de sentir falta do que nunca teve. Filha, por favor... não julgue seu irmão...
-Tento não julgar... mas não entendo isso... esse inútil que engravidou você de nós simplesmente nunca esteve presente. Ele não devia sentir falta...
-Deixa ele sentir falta do que quiser, filha...
CORTA A CENA.

CENA 7: Maria Susana, já instalada no apartamento de Elisabete temporariamente, desliga o celular e se volta para Elisabete, eufórica.
-Consegui, amor!
-Não me diz... já vendeu a sua casa?
-Sim! Não é uma maravilha?
-Que delícia! Assim nós vamos pode comprar o nosso cantinho e deixar esse apartamento pro Maurício!
-Não é maravilhoso?
-Nossa, nem me fala! Às vezes até me belisco e me pergunto se tudo isso aqui não é só um sonho bom.
-Se for um sonho bom, não quero que acabe nunca.
-Bem... o próximo passo vai ser oficializarmos nossa união diante da lei.
-União o escambau, Bete... nós vamos nos casar, isso sim! É assim que vamos ser reconhecidas diante da lei.
-Quem diria, hein? No final das contas, quem tá tendo mais peito de encarar as coisas de frente é você...
-Sabe o que é? É o amor... o amor que me inspira...
As duas se beijam. CORTA A CENA.

CENA 8: Maria Susana percebe Fábio triste.
-Eita Fábio... eu pensei que cê tivesse ficado feliz por saber que eu e a Bete vamos conseguir comprar nosso canto...
-Claro que fiquei, Maria Susana...
-É ela, não é? A Cristina...
-Sim, Maria Susana... eu não consigo parar de pensar nela.
-Fica realmente meio difícil. Daqui pouco mais de um mês, ela vai ter uma filha sua...
-Não é só por isso... eu sou bem ciente, depois de quase quarenta e sete anos de vida, que filho não significa prisão. É outra coisa...
-Você ainda ama ela...
-E vou amar pra sempre, Maria Susana... Cristina é a mulher da minha vida. Ela não entende... acha que meu amor por ela é uma extensão do amor que eu vivi com a Arlete.
-Claro, né... querendo ou não, ela carrega uma parte da Arlete... pra sempre...
Fábio fica pensativo. CORTA A CENA.

CENA 9: Antes de dormir, Flavinho estranha cara amarrada de Gustavo.
-Poxa, Gustavo... o que foi que te deixou assim?
-Ocê ainda me pergunta? A Pati só esteve aqui porque ela tá dando crise de ciuminho de novo e você ali, todo feliz, de sorrisinho com ela.
-Calma, não é pra tanto... ela não tá em tratamento?
-Sim, mas não sei se dá pra gente fingir que ela não tem problemas ainda.
-Sei. Ocê não acha que tá pegando pesado demais com ela, não?
-Flavinho... vai por mim: minha intuição não costuma me enganar.
-Eu sei disso, Gustavo... mas será que isso é mesmo intuição?
-O que mais seria, Flavinho?
-Implicância, uai. E é perfeitamente compreensível...
-Flavinho... é mais que uma simples implicância.
-É o que, então?
-Eu não confio no caráter dela. E isso não tem só a ver com os problemas mentais dela.
-Pesado, isso. Você devia ser menos intolerante... todos mudam, Gustavo. Nada nessa vida tá perdido enquanto houver tempo e vida...
CORTA A CENA.

CENA 10: Cristina ouve a campainha tocar e percebe que sua mãe já está dormindo.
-Caçamba! Será que a Dani esqueceu da chave de casa na clínica de novo? Pelo amor de Deus...
Cristina desce contrariada e se depara com Fábio ao abrir a porta.
-Isso são horas de me procurar?
-É sábado...
-E daí? Eu tou grávida e tou morta de sono. Já viu que horas são?
-Cris... eu acho que a gente precisa conversar.
-Fábio... tá tudo certo. Eu estou ótima. Sua filha vai melhor ainda. Não acho que a gente tenha qualquer assunto agora.
-Tem sim. Eu preciso falar...
-Então fala de uma vez que eu quero dormir.
-Cristina, eu não aguento mais fugir do sentimento. Não aguento mais fugir de você. Você é o grande amor da minha vida e não consigo mais seguir sem você.
Cristina paralisa. FIM DO CAPÍTULO 96.

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