CENA 1: Flavinho, ainda perplexo e tremendo, percebe que Daniella passou a noite com Gustavo.
-D... desculpa, Dani, eu... não sabia...
Flavinho fecha a porta com pressa e tenta manter a expressão sorridente diante de Gustavo, que nota que Flavinho está fingindo e tenta explicar.
-Flavinho, eu tentei te avisar! Mas ocê chegou assim, cheio da pressa, sem querer nem me ouvir...
-Tudo bem, que isso... o apartamento é seu... imagina...
Flavinho sai em disparada para seu quarto e Gustavo vai atrás dele.
-Fala comigo, Flavinho!
-Ocê podia me dar licença que eu pelo menos vou tirar a roupa de ontem enquanto a Dani não sai do banheiro? Assim eu ganho tempo pra não me atrasar pro trabalho!
-Flavinho, eu tou vendo que ocê ficou abalado.
-Com o que? Não tem nada que me deixe abalado aqui hoje.
-Você sabe que tem.
-Esquece isso, Gustavo. Nós somos livres. Aliás, ocê nem me deve satisfações, pra ser bem direto.
-Tá certo... bem, vou te deixar fazer as suas coisas...
Gustavo deixa o quarto e Daniella o para na sala.
-Ai, Gustavo... eu acho que o Flavinho não gostou de me ver aqui. A gente podia ter avisado ele ontem ainda...
-Avisado o que, Dani? Eu nem sabia que ele passava aqui antes, eu hein...
-Mas você ficou chateado pela situação... dá pra ver...
-Não importa, Dani...
-Importa sim. A gente não devia ter recaído ontem. Foi impulso desnecessário de nós dois. Eu vou embora.
-Fica pro café...
-Eu me viro na clínica.
Daniella deixa apartamento. CORTA A CENA.
CENA 2: Poucas horas depois, Gustavo chega à clínica e vai imediatamente atrás de Flavinho.
-Ei, Flavinho! Pra que isso? A gente sempre vem junto pro trabalho...
-Sabe, Gustavo... é melhor a gente ir se desacostumando disso...
-Pra que? Por que? Flavinho, que cena toda é essa?
-Desculpa, Gustavo. Hoje eu percebi claramente que tou sendo um intruso no seu apartamento e na sua vida.
-Não! De jeito nenhum! Mas ocê há de convir comigo que a gente é amigo, né? Eu ainda tenho liberdade...
-Nem eu tou negando a sua liberdade. Só que eu fiquei mal com o que eu vi ali. Sei que não devia, mas fiquei.
-Eu não te entendo. Ocê me diz que não ficaria comigo, mas não me liberta.
-Não te liberto? Eu acabei de dizer que ocê é livre pra fazer o que quiser, poxa!
-Adianta falar uma coisa e fazer outra? Flavinho, a sua postura acaba me prendendo a você.
-Só porque ocê quer. Tá vendo? Eu sou um atraso na sua vida.
-Não, não é.
-Sou sim. E quer saber de uma coisa? Eu acho bom eu ir procurando algum lugar pra ficar, um JK baratinho pra alugar ou qualquer coisa assim.
-Não precisa disso. Minha casa é sua também...
-Chega, Gustavo. Eu não quero atrapalhar a sua vida.
-Nunca me atrapalhou. Depois, eu e a Dani não voltamos. Seguimos apenas amigos. Você entendeu tudo errado.
-Não precisa me explicar. Você não me deve satisfações...
Flavinho sai andando. CORTA A CENA.
CENA 3: Daniella acaba procurando por Flavinho.
-Flavinho, você pode vir comigo à minha sala, por favor?
-Claro...
Flavinho segue Daniella até a sala.
-Fala, Daniella...
-Eu queria te pedir desculpas por hoje, Flavinho... eu sei que cê sente algo forte pelo Gustavo. Quero deixar claro que eu e ele não reatamos e nem consideramos essa possibilidade.
-Tudo bem, querida... vocês não me devem satisfação nenhuma.
-Devo sim. Me senti culpada por tudo isso...
-Não se sinta... eu que devo me sentir por invadir uma história que é anterior a mim.
-Flavinho... abre seu coração. O Gustavo é escorpiano, banca o durão... mas eu percebo que ele tá sofrendo com tudo isso...
Flavinho fica pensativo. CORTA A CENA.
CENA 4: José e Idina aproveitam o fim de semana ao lado de Elisabete, Maria Susana e Miguel. Idina vai com Miguel até a beira do mar e brinca com o enteado. José, Maria Susana e Elisabete observam satisfeitos.
-Ah, que delícia que tá sendo esse fim de semana! Pena que não deu pra chamar o Fábio e a Cristina também! - fala Elisabete.
-Nem seria prudente, amor. A Arlete ainda não tá podendo andar muito na rua, então eles tem que paparicar a filha mesmo... - complementa Maria Susana.
-O Fábio é mesmo um cara sensacional. Ainda bem que percebi isso a tempo! - prossegue José.
-Ah, meu querido... enquanto há vida, sempre vai haver tempo! - fala Maria Susana.
-Falando em vida e tempo, eu quero deixar bem claro pra vocês duas que tanto eu, quanto minha mãe e a Idina estamos sempre à disposição pro que vocês precisarem, viu? - fala José.
-Imagina, querido... a amizade de vocês já é algo maravilhoso na vida da gente. Não precisam fazer nada além disso! - fala Elisabete.
-Exatamente, Zé...
Os três seguem observando Miguel a se divertir com Idina à beira do mar. CORTA A CENA.
CENA 5: Horas depois, Daniella visita Patrícia na casa de repouso em que ela está internada.
-Oi, Pati!
-Dani, minha amiga! Eu não esperava te ver por aqui...
-Ué, por que não esperava? Eu não disse que vinha sempre que pudesse?
-Disse, mas ocê sabe como as coisas são...
-Você não achou que eu ia te largar de mçao justo no momento que você mais precisa, né?
-Às vezes eu me pergunto se ocê existe mesmo, Dani... depois de tudo o que eu aprontei, a sua amizade e ternura por mim seguem firmes.
-Tenho fé em você, querida. Alguém nesse mundo precisava enxergar dentro de você o que cê tem de bom. Às vezes as pessoas se viciam em julgar demais e esquecem de olhar pro outro com empatia. Eu sigo ao seu lado, apesar das loucuras que você aprontou, sabe por que?
-Por que?
-Porque você tem consciência de tudo e vontade de mudar, de se melhorar todos os dias...
As duas se abraçam emocionadas. CORTA A CENA.
CENA 6: Nicole liga para Cristina.
-Oi, filha!
-Oi, mãe! E aí, já tem uma resposta ao convite que eu e o seu genro fizemos pra você?
-Sim, querida. Analisei e pensei bastante. Eu topo ir morar com vocês!
-Nossa, isso é sério, mãe?
-Claro, querida... afinal de contas, eu sei que sua irmã sempre quis morar só, ter um espaço só dela. Nada mais justo que ela, sendo a caçula, fique com a nossa casa, né?
-Amei, mãe! Você vem quando?
-Amanhã mesmo. Vocês podem vir aqui me ajudar com a mudança?
-Acho que a gente pode sim. Só vou ficar meio distante de poeira e tudo mais pra proteger a Arlete...
-Combinado, então?
-Combinadíssimo! Beijo, mãe!
Cristina vibra e vai correndo contar a Fábio.
-Amor! Amanhã a gente vai ajudar minha mãe com a mudança. Ela vem morar com a gente!
-Que ótimo, querida!
Os dois se abraçam. CORTA A CENA.
CENA 7: No dia seguinte, Gustavo tenta conversar com Flavinho.
-Tem dois minutos pra falar comigo?
-Até cinco se ocê quiser... fala, Gustavo...
-Eu queria esclarecer algumas coisas sobre o que aconteceu com a Daniella.
-Não tem nada pra esclarecer, cara. Esquece isso.
-Não posso esquecer quando vejo que isso te abala.
-Nossa, cara... ocê se acha mesmo, viu?
-Nada disso! Não me acho não, mas sei que existe algo maior que amizade entre a gente. Só que a gente não vive isso.
-Você sabe muito bem o motivo.
-Não é nesse mérito que quero entrar. O que queria dizer é que eu e a Daniella não namoramos e não pretendemos reatar o namoro que existiu lá atrás.
-Tá... mas por que ocê tá me explicando essas coisas? Já disse que não precisa disso...
-Porque querendo você entender isso ou não, eu também te amo. E não é só como amigo. E não quero que você vá embora daqui nem da minha vida.
Flavinho quase se emociona, mas contém a emoção.
-Tá... eu fico aqui, por enquanto. Pelo menos até ocê voltar de viagem...
-Já é um começo.
Os dois se abraçam, emocionados. CORTA A CENA.
CENA 8: Hugo questiona Bernadete.
-Mãe... me responde uma coisa.
-Fala, querido.
-Como foi que você permitiu que a influência do pai te tornasse essa pessoa intolerante e preconceituosa? Eu sei que você não era assim quando eu era mais novo...
-Eu não sei, meu filho... sinceramente eu não sei. O pior de tudo é que sei que é errado ter esses pensamentos e sentimentos tão enraizados aqui dentro de mim, mas eles parecem mais fortes do que a minha disposição de resistir contra eles...
-De alguma forma, lá no fundo, você sabe como entrou nisso. Só se recusa a ver.
-Me recusei por tempo demais, Hugo... acho que perdi o alcance da visão de tudo isso, meu filho...
-Mas sabe o caminho de recuperar essa visão, não sabe?
-Filho... eu sinceramente não sei te responder isso... melhor parar esse assunto por aqui...
Bernadete sai andando, pensativa. CORTA A CENA.
CENA 9: Giovanna estranha quando seu celular toca e ela percebe se tratar de Ricardo ligando.
-Ui, olha ele! Resolveu vestir as sandálias da humildade e falar com a humanidade imperfeita e falha, foi?
-Será que você não consegue ser menos sonsa de vez em quando, mulher? Liguei pra falar de um assunto sério.
-Se não for ninguém com o pé na cova, não é assunto sério.
-Giovanna, me escuta. A papelada pro nosso divórcio sair tá pronta.
-Tá, e daí?
-E daí que se você não comparecer à audiência amanhã, vai acabar sendo conduzida coercitivamente. É isso que você quer?
-Não precisa de força policial, bobo. Eu vou com gosto. Só de não ter que aturar mais essas suas lamúrias de corno manso, já fico aliviada.
-Era só isso que eu tinha a dizer. Amanhã a gente se vê, dessa vez pra se separar de vez.
-Amém!
Giovanna desliga. CORTA A CENA.
CENA 10: Horas depois, com a noite avançada, Giovanna prepara um chá antes de dormir e conversa consigo mesma.
-Mas esse Ricardo é mesmo um trouxa de achar que eu ia implorar de joelhos pra continuar casada com ele... ai, ai...
Giovanna sente repugnância pelo cheiro do chá.
-Ai, credo! Não devia ter preparado esse chá, que cheiro enjoativo, socorro! De repente eu tou precisando é de um daqueles leves, tipo o chá verde...
Giovanna pega outro saquinho de chá e sente forte enjoo ao sentir o outro cheiro.
-Ai, que isso, gente?
Giovanna sente que vai vomitar e vai correndo ao banheiro, passando mal. Depois de se recompor, cai em si perplexa.
-Meu Deus do céu... só pode ser isso! Eu tou grávida! E só pode ser do Hugo...
Giovanna se assusta, mas depois sorri. FIM DO CAPÍTULO 114.
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