quarta-feira, 22 de março de 2017

CAPÍTULO 111

CENA 1: Giovanna tenta enganar Ricardo.
-Isso tudo foi um engano, um grande mal entendido! - fala Giovanna.
-Vão dizer que não é nada do que eu tou pensando também? Eu já ouvi o suficiente! - fala Ricardo, gritando.
-Calma, cara... - tenta apaziguar Hugo.
Ricardo dá um soco na cara de Hugo, mas se arrepende no momento seguinte.
-Desculpa, Hugo... você não é o grande culpado disso... agora eu vejo tudo, agora eu percebo que a Glória sempre teve toda a razão! Ela sempre me dizia do caso que vocês tinham e eu pensei que era fofoca, inveja dela! Você, Giovanna, é a pessoa mais baixa que eu já conheci na minha vida. Mente de cara lavada, olhando no olho da gente, sem nem piscar!
Hugo deixa a sala. Giovanna tenta se defender.
-Você não sabe de nada, Ricardo. Não sabe o que eu passei na mão desse pilantra. E ainda fica ao lado dele?
-Chega, Giovanna! Chega, acabou a farsa, acabou a mentira. Você nunca deixou de desejar o Hugo! E nem venha me dizer que você, uma mulher já feita na época, se deixou levar pela incrível lábia de um fedelho que só tinha dezoito anos!
-Não é assim a história. Eu não me envolvi com ele assim, de imediato.
-Não me interessam mais as suas justificativas. Não me interessa nada disso aqui, nada que venha de você. Não me interessa mais você.
-Para, Ricardo! A gente ainda é casado!
-Infelizmente. Mas isso vai mudar logo, pode ter certeza.
-Não... me perdoa, me dá uma chance! Eu te amo, Ricardo...
-Você não ama a ninguém. Talvez nem a si mesma. Se poupe dessa cena ridícula. Pode ficar tranquila que eu arrumo minhas coisinhas aqui e volto pro meu antigo posto de trabalho. Não quero mais olhar pra essa sua cara de mentirosa! Falsa! Embuste! A Glória sempre me avisou e eu, sempre cego de paixão, não enxergava nada. Só vi o que eu queria enxergar. Taí... tomei bonito no rabo. Foi merecido!
CORTA A CENA.

CENA 2: Hugo acaba esbarrando em Valéria na saída da agência.
-Hugo! Que bom te ver... eu tinha ido comer uma coisa ali na lanchonete... acho que a gente precisa conversar...
Os dois começam a andar em direção à agência e Valéria percebe o olho roxo de Hugo.
-O que é esse olho roxo, Hugo?
-Então, Valéria... eu vim aqui pra gente conversar. Pra eu te pedir desculpa por ontem... mas eu preciso te contar um negócio...
-Tem a ver com esse olho roxo aí? Isso aí tá com cara de que aconteceu faz menos de cinco minutos, tá nem roxo ainda, vai ficar...
-Tem e não tem. O Ricardo me bateu... mas me pediu desculpa logo depois.
-Que? Logo o Ricardo que é o cara mais tranquilo dentro da Natural High? Peraí... o que aconteceu?
-Eu transei com a Giovanna, ontem. A gente tava bêbado.
Valéria estapeia Hugo.
-Cachorro! Como é que ocê teve capacidade de aceitar ficar com essa demônia depois de tudo o que ela te fez passar nessa vida?
-Eu sei, Valéria. Me perdoa... eu fui um babaca, um cachorro, um fraco...
-Não importa mais, Hugo. Você vai ter meu perdão. Mas perdoar não significa relevar.
-Que?
-Isso mesmo. Nosso namoro, noivado ou sei lá o que a gente tinha, acaba aqui.
-Não, Valéria! Eu te amo!
-Ama? Que amor é esse que na primeira crise de ciúme vai transar com a doida da Giovanna? Acabou, Hugo. Por mais que eu te ame, acabou. Não dá pra continuar assim... vai embora daqui, eu preciso trabalhar.
Valéria e Hugo choram. Hugo parte. CORTA A CENA.

CENA 3: Pouco tempo depois, Giovanna segue Ricardo até seu apartamento e tenta dissuadi-lo da separação.
-Ricardo, pelo amor de Deus! Reconsidera!
-Reconsiderar o que? Você nunca me amou, agora eu entendi tudo! Eu fui o álibi perfeito pra você continuar fazendo suas safadezas!
-Não é nada disso! É claro que eu te amo!
-Você não é capaz de amar...
-Sou sim! Quer que eu prove? Eu te dou um filho! Eu juro que te dou um filho!
-Giovanna, nem que você engravidasse de quadrigêmeos eu iria querer continuar com você. Acabou. Essa farsa que foi nosso casamento já era. Subiu o telhado. E você saia da minha frente que eu vou tirar as minhas coisas do seu sagrado apartamento, santuário da sacanagem!
-Não fala assim!
-Falo como eu quiser. E se prepare que nosso divórcio vai correr no litigioso! Foi você quem quis assim.
Giovanna chora de raiva. CORTA A CENA.

CENA 4: Glória escuta desabafo de Valéria.
-Eu não aguento mais, Glória...
-Eu posso imaginar. Essa infeliz da Giovanna acha que é dona do Hugo... pelo visto, nada mudou...
-Quase acreditei que essa doente tivesse mudado. A influência dessa mulher é horrível, destruidora, nefasta na vida da gente! Não sei mais o que eu faço...
-Não faça nada... a vida cuida de pilantras feito ela.
-Queria ter esse otimismo, Glória. A Giovanna conseguiu tirar o Hugo de mim...
-Só se você quiser...
-Glória, olha pra mim! Olha pra situação que eu tou vivendo! O Hugo foi capaz de me trair na primeira crise séria que nós tivemos como casal! Percebe o quão fora de lugar tá tudo?
-Percebo... mas é justamente porque tá tudo fora de lugar que você devia considerar que esse talvez não seja o fim definitivo de vocês...
-Já é esse fim, Glória.
-Pelo menos ele foi honesto com você...
-Nem teria como ser o contrário... enfim, desculpa o desabafo, eu sei que a gente ainda tem muito trabalho pela frente hoje...
-Relaxa, querida. Eu gosto de você. Precisando, é só chamar. Inclusive se quiser ideia de pautas pra colocar na sua coluna de comportamento, viu? Adoro contribuir...
-Obrigada, Glória... você é um anjo!
CORTA A CENA.

CENA 5: Elisabete conversa com Maria Susana.
-Amor... cê não acha que tá na hora da gente pensar em uma coisa mais séria?
-Que tipo de coisa mais séria, Bete?
-A gente já mora juntas, certo? Já existe a convivência, a gente viu que dá certo, que se ama, que se dá bem...
-E quando você começa com essas voltas taurinas, tá preparando o bote... prossiga.
-Boba. Eu acho que chegou a hora da gente oficializar nossa união. Transformar no que já tem sido pra gente.
-Você quer mesmo se casar oficialmente comigo?
-É o que eu mais quero, Susi. Eu sonho com isso. Você aceita?
-Claro que sim! Mas me preocupa o preconceito lá fora... se a gente já enfrenta agora, imagina depois que a lei nos reconhecer...
-Discordo... acho que é uma segurança a mais... vem cá, sua boba, me dá um abraço... a gente ainda vai ser muito feliz nessa vida...
CORTA A CENA.

CENA 6: Idalina surpreende Idina ao chegar em seu escritório de advocacia.
-Minha sogra, que surpresa te ver por aqui! Entre, querida... por favor!
-Oi, minha querida... tudo bem com você?
-Comigo tudo maravilhoso. O que te traz aqui? Quer notícias do filhão?
-Não, Idina... eu sei que nas suas mãos, o Zé tá nas mãos de Deus... eu vim aqui pra falar sobre a Susi...
-Ué... tá tudo certo com a Maria Susana?
-Tá, nem se preocupe. Mas sabe o que é? Desde que ela e a Bete se mudaram pro apartamento, eu notei que elas andam meio afastadas da gente.
-Mas isso não é meio normal?
-Até pode ser, mas eu conheço a Susi... ela é como minha filha. Sei que ela é frágil e pode estar morrendo de medo do preconceito.
-Bem, não vou mentir... já notei exatamente isso que a senhora tá falando. O que você sugere que a gente faça?
-Que a gente procure ser mais presente, fazer mais visitas, confraternizações, reuniões, essas coisas...
-Ótima ideia. Serve pra ela saber que nunca vai estar sem amigos...
As duas seguem conversando. CORTA A CENA.

CENA 7: Guilherme faz um comunicado a Érico e Margarida.
-Gente... eu chamei aqui primeiro pra dizer que vocês vão ser pra sempre a minha família, morar no meu coração e que não vou me afastar de vocês de jeito nenhum... mas eu fiz as pazes com meu pai. Entendi que ele tá se esforçando de verdade em mudar. Eu volto pra minha casa ainda hoje. Obrigado por tudo, Margarida e Érico. Eu amo vocês...
Guilherme abraça Érico e Margarida. Os três se emocionam.
-Vai com Deus, meu filho... volta pro seu ninho que agora vai ser tudo mais tranquilo... - fala Margarida.
Érico permanece mudo. Guilherme vai ao quarto arrumar suas coisas e Margarida repreende o filho.
-Érico, meu filho... não seja egoísta! Vocês ainda não se ver e se curtir...
-Dói, mãe... dói ver o pedaço de uma ilusão que eu mesmo criei se despedaçar diante de mim...
-Ah, meu filho...
Margarida afaga Érico. CORTA A CENA.

CENA 8: Já durante a noite avançada, Gustavo percebe Flavinho melancólico.
-Ei, Flavinho... o que te deu? Mal tocou na comida, mesmo sendo de touro...
-Pensamentos, Gustavo... pensamentos que me despertam sentimentos tristes.
-Dá pra ver. Tem a ver com a Bernadete?
-Antes fosse...
-Ah, é a dona Cleusa?
-Sim... hoje eu me dei conta que já são nove, quase dez anos sem ver minha mãe. Isso me machuca demais!
-Mas ocê não teve nem notícias dela depois que saiu da sua casa?
-Não. O imprestável do marido dela não deixava eu chegar nem no bairro, quanto mais na rua que eu nasci e cresci...
-Flavinho, Flavinho... ocê tinha que ter enfrentado esse homem!
-Eu tinha medo, Gustavo... ocê sabe disso...
-Não seria o momento de procurar a sua mãe outra vez?
-Penso nisso todo dia... mas tenho medo dela me expulsar dali. De perder a viagem da pior maneira...
CORTA A CENA.

CENA 9: Bernadete consola Hugo, que sofre.
-Filho... chorar agora não vai resolver nada...
-Pelo menos me ajuda a colocar pra fora a dor que tá aqui dentro por eu ter sido burro de perder a Valéria de um jeito tão estúpido!
-Hugo, meu filho... quem disse que você perdeu a Valéria?
-A vida. O que eu fiz da vida.
-As coisaas não são sempre assim, tão permanentes quanto parecem ser. Nada precisa ser pra sempre.
-Nem o amor... você e o pai, por exemplo...
-Filho, esquece que eu e o seu pai estamos pra nos separar... foca em você. O amor que você sente pela Valéria não acabou. Lute por isso!
-Como, mãe? Eu caguei tudo.
-Cagou mesmo. Mas cocô a gente limpa, ué... não é irreversível do jeito que cê tá encarando a coisa... depois, eu tenho certeza que ela já sente no coração dela que é parte dessa família...
-Sabe, mãe... você me surpreende às vezes...
CORTA A CENA.

CENA 10: Valéria coloca Leonardo para dormir e William admira o cuidado dela.
-Cê me desculpa por tudo?
-Não tem o que desculpar, William... tá tudo certo...
-Eu tou vendo que ocê tá triste...
-Não tá sendo fácil saber que o Hugo me traiu com a Giovanna. Não tá fácil entender que acabou...
-Mas a vida continua.
-Sim, mesmo doendo...
-Não precisa doer, se ocê não quiser...
William aproxima sua boca de Valéria.
-William... olha lá o que ocê vai fazer... eu não tou podendo... mil coisas estão passando pela minha cabeça...
William beija Valéria, que corresponde ao beijo. FIM DO CAPÍTULO 111.

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