CENA 1: Flavinho segue emocionado, mas não se mexe. Bernadete toma a iniciativa de abraçá-lo e Cleusa sorri.
-Você parece ser uma mulher boa.. - fala Cleusa.
Bernadete se emociona diante da situação.
-Não sei se sou boa desse jeito, não... mas ando fazendo o possível pra me tornar uma boa pessoa. - fala Bernadete.
-Cuida do Flavinho pra mim? - prossegue Cleusa.
-Eu... eu... eu cuido. Eu cuido dele... eu prometo pra senhora que... que ele vai ficar bem...
Flavinho, completamente incrédulo diante das palavras de Bernadete, a encara num misto de admiração com espanto. Bernadete segue falando.
-Ele é como se fosse um filho pra mim...
Bernadete se emociona fortemente e Flavinho segue olhando para ela, extasiado diante de tudo.
-Viu, filho? Viu, meu filho? Ocê não tá sozinho... agora eu posso ir bem tranquila... fica com Deus... - fala Cleusa, perdendo suas últimas forças.
Flavinho percebe que sua mãe está morrendo e se desespera diante da situação toda.
-Não, mãe... não! Fica aqui! Fica aqui! Eu preciso de você! Não me abandona, não me deixa!
Flavinho percebe que sua mãe morreu e entra em total desespero com a constatação.
-Mãe! Não! Mãe!
Flavinho fica histérico e Bernadete o abraça, na tentativa de acalmá-lo e aplacar sua dor.
-Não! Não! A minha mãe, Bernadete... a minha mãe! - berra Flavinho.
Bernadete o abraça com carinho e força.
-Calma, calma, meu querido... calma, meu filho... vai ficar tudo bem... - fala Bernadete, chorando junto de Flavinho.
Gustavo se afasta dos dois, também emocionado.
-Não! Eu tou sozinho... eu não tenho mais ninguém na vida!
-Tem sim, meu querido...
Bernadete beija o rosto de Flavinho para lhe acarinhar.
Flavinho, ainda chorando muito, mas refeito do ataque histérico, se volta para Bernadete e, aos prantos, a abraça. Flavinho logo depois se solta dos braços de Bernadete e tenta abraçar a mãe morta, inconformado. Gustavo observa de longe, triste pelo amigo, porém aliviado de ver Bernadete ali tentando acalmá-lo.
-Meu querido... abra espaço. Sua mãe já se foi. Ela não tá mais aqui entre nós. É só o corpo...
-Eu não aceito, Bernadete! Tão jovem! Teve a vida destruída pelas escolhas erradas que fez! Que Deus é esse?
Bernadete abraça Flavinho.
-Meu filho, cê não tá sozinho, viu? Nunca.
-Quer dizer que ocê... ocê me perdoa?
-Não tem o que perdoar, Flavinho. Eu errei com você. Mas hoje nada disso importa. Vem comigo, meu querido... vamos sair daqui. Respirar um ar fresco... você precisa se acalmar... recuperar as energias desse momento tão dolorido pra todos nós...
-Obrigado, Bernadete... obrigado por estar aqui comigo...
CORTA A CENA.
CENA 2: Gustavo vai até Leopoldo, que ainda aguarda na sala de espera.
-Seu Leopoldo...
-Ah, sim... eu fiquei distraído, aqui. Como está a mãe do Flávio?
-Acabou de falecer. Foi bem a tempo de se despedir do filho. Confesso que tou bastante admirado com a atitude da sua esposa...
-Oh, não... eu sinto muito. O rapaz deve estar sofrendo muito!
-Está... mas surpreendentemente a sua esposa está consolando ele...
-Eu sei. A Bernadete me contou alguma coisa no meio do caminho.
-Seu Leopoldo... agora vamos precisar lidar com coisas um tanto chatas.
-Até imagino do que se trata.
-Sim... precisamos agilizar os trâmites envolvendo o velório e o enterro da dona Cleusa. Até onde eu sei, ela não tem nenhuma família imediata além do Flavinho. E as despesas com funerária e tudo mais são bem caras...
-Eu sei, Gustavo... enterrei um filho ano passado.
-Desculpe...
-Você falou tudo certo. Não tem porque pedir desculpa. Sabe... eu pensei que a gente podia facilitar a vida do Flavinho, agora que a Bernadete se entendeu com ele outra vez.
-Como assim?
-A gente tem espaço no jazigo da nossa família, lá no Rio. Isso facilita bastante os procedimentos. A única coisa é que teríamos que obter uma permissão pra que o corpo da dona Cleusa fosse transportado até o Rio de Janeiro.
-Creio que o Flavinho vai concordar, o que facilita tudo. Precisamos verificar isso com rapidez.
-Sim...
-Eu achei generoso o seu gesto, seu Leopoldo. Por trás dessa sua casca dura, existe um homem de bom coração...
CORTA A CENA.
CENA 3: Flavinho se isola num canto e Bernadete vai lentamente até ele, se aproximando com delicadeza e sentando ao seu lado. Flavinho está visivelmente cansado de tanto chorar. Bernadete o coloca em seus braços, onde Flavinho repousa com a cabeça.
-A minha mãe, Bernadete... a minha mãe...
-A sua mãe se foi... mas ela foi em paz. Certamente ela foi para um lugar onde vai estar bem... e você...
Bernadete beija a testa de Flavinho e segue falando.
-...Você também vai ficar bem. Sabe por que? Porque agora você é o meu filho... e eu não vou te deixar sozinho nunca, nunca! Eu vou te proteger sempre... eu nunca vou te abandonar. Nunca, viu? Me perdoa...
Bernadete abraça mais forte Flavinho, que chora tanto pela morte de sua mãe quanto pelo momento. Gustavo se aproxima dos dois e constata emocionado que Bernadete passou por cima de seus preconceitos por amor. Gustavo segue observando a uma certa distância, sem interferir no momento.
-Eu nem sei como te agradecer por tudo isso, Bernadete... você e o seu Leopoldo... a minha mãe vai ter onde ser enterrada graças a vocês. Eu não sei o que seria de mim nesse momento sem esse apoio...
-Eu nunca devia ter deixado de estar ao seu lado, meu filho... me perdoa por não ter percebido isso antes...
-Não tem o que perdoar. Eu te amo.
-Eu também te amo, querido. Muito!
Os dois se abraçam, emocionados. CORTA A CENA.
CENA 4: Giovanna fica perplexa ao conversar com Mônica.
-Não pode ser. Foi mesmo a Valéria que conseguiu te recontratar como editora chefe da revista?
-Sim. Agora a manda chuva da revista é ela.
-Como?
-Ordens superiores.
-Ah, entendi... ordens superiores que significam Mauro Martínez.
-Sim. Afinal de contas, ela conquistou tudo isso, não é mesmo? Foi ela que salvou a revista. E não somente a revista, porque a Natural High meio que depende dela hoje. É por isso que ela tem agora plenos poderes. Tou sinceramente muito feliz de ter sido recontratada pra minha antiga função.
-Bem... eu fico feliz pela sua reconquista...
-Nada disso seria possível se a Valéria não tivesse sido contratada inicialmente como colunista...
-Tenho que admitir que a mineirinha é competente e tem talento.
-Não apenas isso, mas tá começando a se revelar uma excelente gestora nesses últimos tempos...
-Caramba, hein? Do jeito que a moral dela anda alta por aqui, daqui a pouco ela vira chefe de todo mundo. Cuidado!
-Para, Giovanna... para que esse seu despeito com a Valéria já tá ficando bem feio.
-Pare você, Mônica. Eu sou a mais antiga por aqui e me garanto. Não é uma mineirinha que chegou outro dia que vai me meter medo ou fazer com que eu recue. Até parece que você nem sabe quem sou eu...
Giovanna sai da sala principal e, transtornada, chega em sua sala e esmurra a mesa. CORTA A CENA.
CENA 5: Horas depois. Gustavo, Leopoldo, Bernadete e Flavinho acompanham o caixão de Cleusa ser conduzido para o jazigo dos di Fiori.
-Eu nem tenho como agradecer ocês por tudo isso... - fala Flavinho, emocionado.
-Eu não disse que você é meu filho agora? É o mínimo que a gente podia fazer. Enterrar a sua mãe no jazigo da nossa família. Dar um lugar digno de descanso, pra apaziguar toda essa dor... - fala Bernadete.
-Conte conosco, Flávio. Nós sabemos o quão difícil é passar por tanta dor. Ano passado enterrávamos nosso filho. E você sofria por perder o seu amor. Conte com a gente. Você não está só. - fala Leopoldo, surpreendendo Flavinho.
-Eu não esperava que você fosse me dizer essas coisas, ainda mais dessa forma. Apesar de estar destruído por dentro, eu só posso agradecer por tudo isso, gente... ocês tem sido maravilhosos comigo nesse momento... - fala Flavinho.
-O Flavinho tem toda razão. Ocês estão sendo incríveis, principalmente ocê, dona Bernadete... que grata surpresa tudo isso, apesar de toda a dor desse momento... - fala Gustavo.
-Acho que os seus conselhos e críticas foram fundamentais pra eu cair em mim, Gustavo... - fala Bernadete, agradecida.
-Eu tenho mais sorte do que mereço. No meio dessa coisa horrível, eu ainda encontro amparo... - divaga Flavinho.
O caixão chega à sepultura.
-Coragem, meu querido... chegou o momento de se despedir definitivamente da sua mãe... - fala Bernadete.
O enterro começa. CORTA A CENA.
CENA 6: Hugo chega à Natural High e vai diretamente à redação da revista, para falar com Valéria.
-Esperei por horas... não deu pra chegar mais cedo?
-Não, Valéria. Tive que dar uma agilizada com o pessoal da funerária. Os custos com o transporte do corpo da mãe do Flavinho e com o funeral foram mais alto do que se imaginava, então acabei tomando a frente de tudo.
-E ocê tava lá?
-Não tive coragem.
-Quer dizer que ainda tá acontecendo? De repente tenho tempo de ir lá...
-Já acabou. Foi melhor você não ter ido, Valéria... esses momentos sempre são suficientemente dolorosos.
-Assim que der eu saio daqui e vou dar um abraço no Flavinho. Ele vai pra sua casa?
-Já deve estar a caminho, com meus pais.
-Maravilha.
Nesse momento, Giovanna surge e ironiza a presença de Hugo.
-Olha ele! Resolveu lembrar que um dia trabalhou aqui? Não me diga que tá pensando em voltar por causa da namoradinha... olha o nepotismo, viu Valéria? - provoca Giovanna.
Hugo não responde nada e segue ignorando. Valéria, que quase começa a revidar, tem sua fala interrompida por Hugo, que faz sinal para que ela ignore provocação feita por Giovanna.
-Bem, Valéria... então é isso. A mãe do Flavinho já foi sepultada no jazigo da nossa família. Se quiser ir prestar solidariedade à nossa casa mais tarde, eu vou ficar muito feliz de ver o nosso filho, inclusive... - prossegue Hugo.
Giovanna fica furiosa de ser ignorada e vai pisando pesado até sua sala. CORTA A CENA.
CENA 7: Instantes depois, Giovanna é surpreendida por Mônica entrando em sua sala sem bater.
-Educação mandou lembranças, viu Mônica? Não é porque a mineirinha de nariz arrebitado te devolveu ao antigo cargo que cê pode se meter assim numa parte que nem te cabe!
-Posso mais do que você imagina, Giovanna.
-Vish, mal recuperou o cargo e já foi mordida pela síndrome do pequeno poder, fofa? Cuidado que o tombo costuma ser alto desse pedestal...
-Saiba você que a Valéria me deu carta branca pra aplicar inclusive sanções administrativas pro pessoal da agência. Isso inclui você, fui clara?
-Olha... quem te viu e quem te vê! Quem diria que logo você agiria com essa firmeza toda, hein? Confesso que é até de se admirar...
-Isso prova que você realmente não me conhece, Giovanna. Sou sempre pelo certo e pelo justo. Ao contrário de você.
-Me poupe, criatura. Tudo isso é só bravata.
-Giovanna, fica na sua. Não se meta onde não foi chamada, não vá provocar a Valéria que ela pode arranjar a sua demissão em dois tempos. Ela só não te botou na rua ainda porque não há quem possa te substituir...
-Claro, queridinha... eu sou a melhor.
-Mas não insubstituível. Se eu fosse você, cuidava mais pra não colocar tudo a perder por tão pouco. Melhore.
-Vá se catar!
CORTA A CENA.
CENA 8: Hugo chega em casa e encontra Flavinho ainda chorando pela morte da mãe, em silêncio na sala, na companhia de Gustavo, Bernadete e Leopoldo. Hugo vai abraçar Flavinho.
-Ei, Flavinho... vem cá. Eu sinto de verdade por tudo... - fala Hugo.
-Obrigado, Hugo... tá horrível, mas essa dor vai sarar. - fala Flavinho.
-Eu acabei de vir da agência. Avisei a Valéria de tudo e ela vai ver se consegue chegar daqui a pouco... - fala Hugo.
-Queria muito abraçar a minha amiga do coração, mas vai ficar tarde e eu preciso voltar pra casa... - fala Flavinho, olhando para o relógio.
-Negativo, seu Flávio. Você fica. A sua casa é aqui. - fala Leopoldo.
-É isso mesmo. Eu vou buscar as suas coisas e trazer pra cá. - fala Gustavo.
Flavinho se emociona.
-Você é mais que um irmão pra mim... ocê é um anjo da guarda. Se não fosse por você, eu não teria me despedido da minha mãe... - fala Flavinho.
-Nada acontece por acaso. Lembra da nossa conversa... - fala Gustavo.
-Dos mistérios da vida? - pergunta Flavinho.
-Isso. Confia nesse mistério. - finaliza Gustavo.
-Se Deus colocou a gente um na vida do outro, é porque havia um plano maior pra gente... e tenho certeza que deve ser um belíssimo plano. Porque você, Flavinho... é uma pessoa muito iluminada... e é preciso merecimento pra poder estar ao seu lado. Não sei se sou merecedora desse privilégio... mas se você me perdoar, eu vou tentar te dar todo o amor que... eu não soube, que eu não pude dar ao Leonardo... deixa eu cuidar de você? - fala Bernadete, emocionada.
Flavinho assente com a cabeça e os dois, sob forte emoção, se abraçam. CORTA A CENA.
CENA 9: Giovanna, ainda fervendo de raiva de tudo em sua sala, está apreensiva sobre seu futuro.
-Eu preciso pensar e agir rápido... com a ascensão dessa mineirinha enxerida por aqui eu não posso dar bobeira. Não tenho mais tempo a perder. Eu posso estar em perigo... tá decidido: eu não posso mais ficar adiando a revelação da minha gravidez pro Hugo e pra todo mundo que interessa saber. Esse meu filho nem nasceu, mas vai ser a minha tábua de salvação!
CORTA A CENA.
CENA 10: Horas depois, Valéria já está na mansão dos di Fiori conversando com Flavinho enquanto Hugo paparica Leonardo e o balança em seu colo.
-Me desculpa não ter ido no velório e no enterro da sua mãe... mas eu tinha que deixar tudo bem esquematizado na revista... - fala Valéria.
-Relaxa, Valéria. Eu sei como as coisas andam corridas p'rocê nesses últimos tempos... - responde Flavinho.
Hugo se encanta com interação de Leonardo e começa a falar com ele.
-Esse meu filho tá muito do esperto, hein? Daqui a pouco só falta aprender a falar e me chamar de papai! - fala Hugo.
-Eita, mas que papai bem apressado, gente! Falta muito tempo ainda pra isso! - fala Valéria.
Nesse momento, William chega de surpresa e Flavinho cutuca Valéria.
-William! - exclama Valéria, atônita.
FIM DO CAPÍTULO 127.
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