CENA 1: Flavinho fica ansioso pela resposta de Érico.
-Não vai me dizer que mudou de ideia... eu fui trouxa de não aceitar na hora, não fui?
-Calma, Flavinho... primeiro, entra. A mãe já foi dormir.
-Vai ou não vai me responder se quer namorar comigo?
-Vou. Quer dizer... quero.
-Sério?
-Claro que é sério. Não fui eu quem te pedi em namoro ainda mais cedo? É tudo o que eu mais quero nesse momento...
Os dois se beijam.
-Érico... agora a gente precisa colocar algumas coisas em pratos limpos.
-Acho justo. Afinal a gente se conheceu há pouco tempo e já tá encarando um namoro...
-É justamente por isso. Eu quero que a gente sempre possa ser sincero um com o outro.
-É o certo.
-Pois então... eu quero falar exatamente o que tá me passando pela cabeça...
-Fala, ué...
-Essa história precisa ser nossa. Só nossa. Independente de todas as formas do Gustavo pela minha parte e do Guilherme pela sua. Aqui, somos eu e você, descobrindo um sentimento que pode vir a se tornar intenso. Mas tudo isso precisa ser nosso. Tudo isso precisa ser só nosso. A nossa história... com os nossos erros e com os nossos acertos, mas que seja eu por você e você por mim... de acordo?
-Acho correto. E sinceramente eu fico feliz e aliviado de ouvir você me dizer isso. Porque o que eu mais quero é estar completamente desligado da minha história com o Guilherme. Quero manter ele na minha vida sim, mas como amigo.
-Digo o mesmo em relação ao Gustavo...
-Fica aqui, comigo, essa noite? É que agora a gente é namorado...
-Claro que fico. Só espera eu avisar a minha mãe... digo, a Bernadete?
-Vai lá e avisa. Acho tão fofo você chamar ela de mãe assim, por acidente...
CORTA A CENA.
CENA 2: Cristina se recusa a comer durante almoço e Vitório se preocupa.
-Essa sua falta de apetite não é normal.
-Ah, cê jura, Vitório? E essa situação por um acaso é normal? Eu devia estar no Brasil tomando café da manhã uma hora dessas. Ao lado da minha filha e do meu amor. Você espera mesmo que eu esteja cheia de apetite?
-Desse jeito vai ser pior pra você. Saco vazio não para em pé.
-Eu não tou com vontade de comer.
-Tenta, pelo menos.
-Você fala como se estivesse realmente preocupado comigo.
-Claro que me preocupo. Eu amo você.
-Não é o que parece, me prendendo aqui nessa casa, fora do meu país, me cerceando a liberdade dessa forma.
-Deixa esse papo pra essa hora. Tenta se alimentar melhor, senão cê fica desnutrida.
Cristina tenta comer, mas sente náusea.
-Não dá, Vitório. Eu não consigo.
-É algo com a comida? Está ruim?
-Não. Eu devo estar enjoada de nervoso, só. Não tem nada de errado com a comida. Eu só não tou conseguindo...
CORTA A CENA.
CENA 3: Fábio visita o filho e desabafa com ele, durante café da manhã.
-Tá desesperadora a situação, Maurício...
-Eu posso imaginar, pai. Nada de pistas sobre o paradeiro da Cristina, ainda?
-Nada, filho.
-De repente era uma boa voltar a Fernando de Noronha com algum dinheiro no bolso, vai que...
-Não, Maurício. Isso seria corrupção, meu filho.
-Por acaso cê tem tempo a perder, pai?
-Não tenho. Mas não é assim que as coisas vão se resolver.
-Vão se resolver como?
-Filho... eu tou perdendo as esperanças...
-Não pode isso, pai! Não pode! Ela é seu grande amor, não é? E a minha irmãzinha? Tão bebêzinha ainda...
-Maurício, meu filho... a realidade precisa ser encarada. Cristina pode ter sido morta por aquele maluco...
-Que horror, pai. Você não devia dizer uma coisa dessas nem de brincadeira. Isso deve ser trauma pela morte da Arlete...
-Eu sou escaldado, filho. É meu jeito de sobreviver a essas dores...
CORTA A CENA.
CENA 4: Daniella chega cedo em casa e Patrícia fica surpresa.
-Gente, que foi que aconteceu? Eu sei que ocê não gosta da clínica, mas...
-Não dá. Eu tou completamente sem cabeça, Pati.
-Deixou os meninos no lugar?
-Sim, é neles que eu confio.
-É por causa da sua irmã que ocê tá assim, não é?
-Claro que é. É minha única irmã... é a pior sensação que existe nessa vida essa incerteza.
-Posso imaginar.
-É um vazio, uma dor... uma coisa inexplicável.
-Ela vai voltar. Eu sei disso. Não me pergunta como... mas de alguma forma eu sei... é como se eu sentisse ela por perto. Eu quase posso ver ela. E sei que ela tá bem.
-Não sabia desse seu lado meio vidente...
-Muito menos eu. Só falo do que sinto...
CORTA A CENA.
CENA 5: Anoitece. Flavinho é surpreendido por Érico na saída da clínica.
-Gente... que coisa boa que ocê veio! Nem avisou, mas eu adorei!
-Eu sabia que cê ia gostar. Por isso eu vim.
-Desse jeito você me deixa mais apaixonado, hein?
-Oh, não! Droga... você descobriu meu truque!
-Minha mãe biológica era canceriana, bobo. Conheço essas artimanhas de quem faz que não quer nada...
-Vamos indo pra parada de ônibus, então?
-Pera, ocê tá me convidando pra ir pra sua casa?
-Isso! Avisa a sua mãe se não for problema...
-Tá certo...
Instantes depois, com os dois já esperando pelo ônibus, Guilherme passa por eles. Érico o chama.
-Ei, Guilherme! Sabia que eu tou namorando com o Flavinho? - fala Érico.
-É mesmo? Que maravilha! Parabéns pros dois! Boa sorte nesse namoro! - fala Guilherme, genuinamente feliz.
Flavinho percebe postura de Érico e fica incomodado. CORTA A CENA.
CENA 6: Giovanna recebe Hugo na clínica em que está internada.
-Achei que você tinha me esquecido aqui largada.
-Jamais, Giovanna.
-Então por que demorou tanto?
-Recomendação vindo daqui.
-Sei. Engraçado que isso parece uma justitificativa que cai como uma luva. Deve ser uma desculpa sua.
-Eu tou aqui, não tou?
-Sim...
-Como tem sido os seus dias?
-Um tédio absoluto. Mas fora isso, tenho me sentido melhor. Os medicamentos não me deixaram tão pancada como eu pensei que ia ficar.
-Tá vendo? Os seus preconceitos vão se desconstruindo.
-É, que seja... mas não vai pensando que eu sou maluca, não. Eu sou completamente sã. Isso daqui é só uma fase.
-Eu sei.
-É? Então por que me olha com essa cara? Não sou nem nunca vou ser nenhuma coitadinha.
-Tá...
-Você vem me ver mais vezes?
-Claro que venho.
-Promete?
-Sim.
-Vou cobrar.
-Eu preciso ir agora... fica bem.
Hugo deixa a clínica e Giovanna fala consigo mesma.
-Vai achando que eu tou mansinha, Hugo... vai achando. Nem você nem a Valéria vão ter paz. Eu fico sem meu filho, mas vocês não ficam juntos nunca mais!
CORTA A CENA.
CENA 7: Margarete acode Cristina quando ela passa mal.
-Não conta pra ele, tá?
-Por que não, Cristina?
-Pra ele parar de querer me enfiar goela abaixo essas comidas. Acho que tem algo nelas.
-Deixa de besteira. Sou eu mesma que cozinho. E não deixo ele chegar perto de nada, em momento nenhum.
-Ele deve ter algo escondido. Alguma coisa tá acontecendo comigo...
-O que tá acontecendo com você, minha querida, se chama gravidez.
-Que? Não, Margarete. Eu ando assim por tudo...
-Vai por mim. Minha intuição não falha. Você tá grávida.
-Gente, não pode ser! O Fábio pode nunca mais me ver se esse maluco não me soltar... seria pior ele descobrir, sei lá, depois de anos, que teve mais um filho...
-A gente vai descobrir se você tá mesmo grávida. E pensar num jeito de acabar com isso.
-Não vejo a hora de me livrar de tudo isso...
CORTA A CENA.
CENA 8: Valéria e William se divertem antes de dormir com lembranças do passado.
-Lembra aquela vez que ocê ficou branco feito uma folha de ofício?
-Nem fala. Eu não podia dar na cara que tinha medo de altura.
-Tava era querendo bancar o macho alfa que eu sei! Custava dizer que tinha medo da roda gigante?
-Ah claro, pro Flavinho, pro Leonardo e p'rocê rirem da minha cara?
-Foi pior, a gente riu ainda mais!
-É verdade, né? Eu fui bobo.
-O bobo mais lindo que tinha naquele parque de diversões.
Um clima acontece entre os dois e eles acabam se beijando. William se afasta lentamente.
-Será que tá nascendo uma nova afeição aqui?
-Acho que sim. Vamos tentar?
-É o que eu mais quero! Esperei demais por esse momento.
-Mas é um passo de cada vez, tá? A gente já se machucou bastante antes...
CORTA A CENA.
CENA 9: Nicole janta com Sérgio e os dois sofrem pelo desaparecimento de Cristina.
-Olha, Nicole... eu sei que é chato remexer nessa ferida outra vez...
-É sobre a Cris? Eu ainda não desisti dela.
-Nem eu...
-O que terá sido da nossa filha, Sérgio? Dá um aperto no peito só de imaginar o que pode ter acontecido...
-Que ela esteja bem. É preciso manter o otimismo.
-Como, Sérgio? Não sabemos de nada mais dela...
-Não sei. Mas a gente precisa tentar.
-O que me mata é essa sensação de impotência.
-A mim também, Nicole... a mim também.
CORTA A CENA.
CENA 10: Margarete procura Cristina.
-E aí... o inútil dormiu?
-Como uma pedra. Mal percebe que eu dou uma ajudinha pra ele dormir toda noite.
-Você é incrível, Margarete.
-Parada que eu não posso ficar diante de um absurdo desses.
-Você me lembra a dona Nicole.
-A sua mãe?
-Sim. Acho até que regula de idade com ela.
-Que seja. O que importa é que eu já sei como a gente vai dar a volta no Vitório.
-Como é que é?
-Sim.
-De verdade?
-Sim. Eu andei pensando e vi que sei um jeito infalível de te tirar desse mausoléu.
Cristina se enche de esperança. FIM DO CAPÍTULO 143.
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