terça-feira, 18 de abril de 2017

CAPÍTULO 134

CENA 1: Daniella fica incrédula diante da afirmação do pai.
-Não, pera... isso daí só pode ser uma das pegadinhas que ela inventou e meteu vocês nisso, não foi? Claro! Ela sabe o quanto eu tou me roendo de ansiedade pra voltar pro teatro! Só pode ser isso! - fala Daniella.
-Infelizmente não é pegadinha nenhuma. Ela abandonou o Fábio e a sua sobrinha na pousada lá em Fernando de Noronha. - explica Nicole.
-Pai! Será que nem você nem a mãe percebem que nada disso faz sentido? A Cris jamais ia fazer uma coisa dessas. Não dessa forma! Tem alguma coisa muito errada nisso! - fala Daniella.
-Eu queria que tivesse, filha. Mas é tudo verdade, pelo que sabemos. Veja com seus próprios olhos o que ela escreveu pro seu cunhado. - fala Sérgio, entregando a carta e o bilhete a Daniella.
-Gente, pelo amor de Deus! Não precisa nem de análise grafológica pra ver que ela escreveu isso aqui nervosíssima, sob forte tensão ou até mesmo pressão! E essas palavras não são dela! Pelo amor de Deus! Vocês que são pais não perceberam nada disso? Vou contar uma coisa pra vocês, puta que pariu! Essas palavras são do Vitório! Caramba! Não conviveram com ele por mais de quinze anos, não? Leiam com atenção isso daqui, vocês dois! - esbraveja Daniella.
Sérgio relê e concorda com a filha.
-De fato... essas palavras não são da Cristina, Marilu... - fala Sérgio.
-Marilu o caramba, meu nome é Nicole! - protesta Nicole.
-Agora não, vocês dois! Será que nenhum dos dois percebeu a dimensão da gravidade disso? O que essa situação toda pode representar na realidade? Isso pode significar que a Cristina não fugiu coisa nenhuma! - prossegue Daniella.
-Filha... a situação é o que é. Sua irmã nos abandonou de novo. - fala Nicole.
-Não, Mari... digo, Nicole. Nossa filha tá coberta de razão quando diz que tem algo de errado nisso. Só não sei o que pode ser. - fala Sérgio.
-Exatamente. Eu acho que a Cris foi sequestrada pelo Vitório. - dispara Daniella.
-Duvido. Ela já fugiu com ele antes. Só deu errado porque ela tava começando a ficar cega. - fala Nicole.
-Por esse lado... sua mãe tá certa. - pondera Sérgio.
-Gente, pelo amor de Deus! Você não querem comparar a vida da Cristina há um ano com a vida que ela tem agora, né? A Arlete não existia! Nem mesmo ela tinha conhecido o Fábio! Será que vocês são tão cegos que não conseguem perceber que tendo uma filha a Cristina jamais faria isso? Vocês que são pais deveriam saber melhor que eu, que sou irmã, que a Cristina jamais abandonaria a própria filha! Caramba! Acordem! Eu sei que é horrível, que é difícil chegar à constatação de que ela foi sequestrada. Mas o que mais poderia ter acontecido? Me digam! - fala Daniella, desesperada.
-É verdade. A Cris não abandonaria a Arlete, que é só um bebê... - constata Sérgio.
Nicole começa a se desesperar.
-Mas se ela foi sequestrada, ela pode estar passando por apuros! Ela pode estar fora do Brasil uma hora dessas! Vivendo em cárcere privado! Sendo abusada pelo Vitório! Isso é horrível demais! - desespera-se Nicole.
-Mãe... vai adiantar desesperar agora? A gente precisa saber o que vai fazer, mas pra isso a gente precisa estar de cabeça fria... - pondera Daniella.
Os três seguem conversando. CORTA A CENA.

CENA 2: No dia seguinte, Nicole volta ao apartamento e conversa com Fábio.
-Querido. A gente precisa ter uma conversa séria sobre o que aconteceu com a Cristina.
-Desculpa, Nicole... acho que não há mais nada a ser dito em defesa da sua filha.
-Me escuta, querido... ao que tudo indica, as coisas podem não ser exatamente como parecem ser.
-Como assim, Nicole?
-A Cristina pode ter sido sequestrada.
-Isso é uma loucura, um absurdo.
-Sim, querido. Mas um absurdo que pode ser real. Na verdade, é a possibilidade mais concreta.
-Como assim? Me explica isso direito.
-A Daniella abriu meus olhos. Os meus e os do Sérgio, por sinal. A gente se deu conta de que tem algo de muito errado naquele bilhete e naquela carta.
-E o que há de tão errado?
-A letra é dela, mas as palavras não. Eu conheço o Vitório desde que ele era um menino, quebrando a cabeça pra falar português corretamente. Aquelas palavras são dele.
-Você tá querendo dizer que ela foi induzida a fazer aquilo?
-Exatamente. A letra dela tá visivelmente tremida. Quem nos atentou pra isso foi a Dani, mais uma vez.
-Faz sentido. Eu sabia que era a letra dela, mas percebi algo de errado.
-Fábio... se isso for um sequestro... ela pode estar fora do país. Mais precisamente na Itália.
-Isso é caso da gente tentar acionar a Interpol! É o único jeito. Mas a gente precisa ter indícios mais fortes...
CORTA A CENA.

CENA 3: Horas depois, José encontra Idina empolgado.
-Oi, querido! Correu tudo bem por lá? E a Larissa, como foi com você?
-Maravilhosa, Idina. Me filiei ao partido.
-Que notícia boa! Confesso que fiquei receosa por alguns momentos.
-Ué, por que?
-Pensei que de repente você poderia acabar desistindo da filiação, assim, de última hora...
-Cê bebeu antes de abrir o Cantinho Francês? Foi por sua causa que eu me apaixonei pela luta.
-Não foi por minha causa, José. Esse militante existia o tempo inteiro dentro de você. Só tava esperando pra ser alimentado por alguém.
-E você fez muito mais. Deu um sentido novo à minha vida. Hoje tudo o que eu vivo transpira você, Idina.
-Ai, para que assim eu acabo ficando emocionada!
-Eu que me emociono, todos os dias, por você ter salvado a minha vida.
-Tá... mas cortando esse papo meloso... posso saber o que você pretende a partir de agora?
-Me juntar cada vez mais às lutas das minorias.
-Isso é genérico demais... seja mais específico.
-Tanto conhecer mais do movimento negro, mas principalmente do movimento LGBT, afinal de contas, a mãe do meu filho é LGBT.
-É bem por esse caminho que eu achei que você iria querer seguir. Fico feliz de você estar empolgado com tudo isso...
Os dois seguem conversando. CORTA A CENA.

CENA 4: Madame Marie surge à noite na mansão dos di Fiori assim que Flavinho retorna.
-Madame Marie? Veio procurar a Bernadete?
-Hoje não. Minha conversa é com o Hugo. Mas antes eu queria te perguntar se você entendeu o que eu te disse no nosso último encontro.
-Sim. Tudo se encaixou. Minha mãe se foi.
-Mas você ganhou a sua verdadeira mãe. A que o coração escolheu. Aprenda, meu querido: nada nessa vida acontece por mero acaso. Você ainda vai encontrar um amor ainda maior. Basta aprender a receber.
-Entendo. Só não acho que seja fácil.
-Mais do que você possa imaginar. Pode chamar o Hugo?
-Sim.
Hugo se surpreende ao se deparar com Madame Marie.
-Quando o Flavinho disse que você precisava falar comigo, até estranhei.
-Tem certeza que a maluca da Giovanna não veio atrás?
-Tenho. Ela tomou um calmante. Tá lá em cima.
-Não se preocupe, meu querido. Essa situação toda vai passar. Acabar muito antes do que você possa imaginar.
-Impossível. Na melhor das hipóteses, essa situação acaba só daqui uns sete ou oito meses.
-Muito antes disso.
-Como assim?
-Tem muita coisa ilusória nessa história. Muita fumaça onde não existe fogo. Essas ilusões vão cair, uma a uma.
-Não entendi...
-Não é pra entender agora. Confie no destino. Essa situação pode lhe parecer sem escapatória, mas na verdade o limite é imaginário. Não existe barreira alguma.
-Mas...
-Eu preciso ir. Era tudo o que eu tinha a lhe dizer.
Hugo fica intrigado enquanto Madame Marie parte. CORTA A CENA.

CENA 5: Horas depois, Bernadete se depara com Giovanna lendo na sala.
-Achei que cê tava dormindo, Giovanna.
-Acabei acordando. Tou me sentindo angustiada.
-Com o que?
-Com tudo. Com essa situação. Eu sei que fiz besteira, que não sou bem vinda por aqui.
-Esquece isso. O que importa é que você tá disposta a ser uma pessoa melhor por essa criança.
-Sabe o que é? Talvez você não compreenda. Talvez eu nem tenha coragem de dizer. Mas eu já aprontei coisa feia pra Valéria. E hoje eu me arrependo de ter feito o que eu fiz...
-Não precisa entrar nisso. Sua consciência pesada já é sinal de arrependimento.
-Eu não sei mais, Bernadete. Tem horas que acho que é arrependimento, tem horas que eu sinto um remorso me afogando.
-Pode ser as duas coisas. Só não acho que vá fazer bem alimentar todo esse sentimento de culpa.
-Você não faz ideia do que eu já fui capaz de fazer. Eu não sou uma pessoa boa ou digna de perdão, Bernadete.
-Giovanna... tenta ser mais generosa com você mesma. Se não for por você, que seja por esse bebê que você espera...
CORTA A CENA.

CENA 6: No dia seguinte, Fábio se encontra com Idina para se orientar sobre quais procedimentos tomar sobre possível sequestro de Cristina.
-Então foi isso, Idina. Não tenho provas contundentes, ainda.
-Pois é preciso que você as tenha. Pelo menos indícios fortes que possam servir como provas.
-Tem o bilhete e a carta escritos por ela. Mas as palavras não parecem ser dela.
-Você tem esse bilhete e essa carta em mãos para eu dar uma olhada rápida?
-Sim, claro.
Idina verifica rapidamente.
-Interessante. Sabe que isso aqui pode servir como prova?
-Como assim, Idina?
-Eu tenho como mandar isso aqui para uma análise grafológica. Tenho meus contatos. Posso agilizar bastante as coisas.
-Mesmo?
-Pode confiar. O importante agora é ter provas que deem respaldo para a abertura de um inquérito. A investigação precisa disso.
-Compreendo. Você acha que as chances são boas?
-Queria poder te afirmar algo mais concreto, Fábio. Mas nesse momento, só mesmo depois da análise grafológica é que vamos poder saber por qual linha de investigação ir. Até porque, se for um sequestro, isso provavelmente vai mesmo envolver a Interpol.
-Meu medo é que algo de ruim aconteça nesse meio tempo.
-Só podemos contar com a sorte enquanto essa análise não é feita. Não se preocupe que eu vou encaminhar esse material hoje mesmo.
CORTA A CENA.

CENA 7: William visita Valéria no trabalho e os dois conversam enquanto ela vai lanchar.
-É impressionante como ocê continua com o olhar de menina...
-Ah, bondade sua, William. Depois, nem se passou tanto tempo assim desde que a gente se conheceu.
-O suficiente pra mudar as nossas vidas pra sempre.
-Sem dúvida. Vou sempre ser grata a tudo o que a gente viveu junto. Se não fosse tudo isso, o Leonardo nem teria nascido.
-A gente podia tentar retomar isso.
-William... nós dois mudamos. Aconteceu o Hugo na minha vida.
-Mas ele te traiu.
-Não queira apontar os erros dele, William. Seus erros foram bem graves. Não me force a jogá-los na sua cara.
-Eita... não tá mais aqui quem falou...
-Vou ser bem sincera.
-É o que sempre espero.
-Eu tou confusa. Bem dividida, mesmo. Ocê tem sido sensacional, incrível mesmo... apesar das burradas com seu pai. Mas o Hugo é maravilhoso também. Eu sinto amor por ele. E por você eu sinto que algo ficou mal resolvido. Ainda não sei o que é... entende?
-Entendo. Eu respeito o seu tempo. Mesmo que ocê não volte de vez.
-Mesmo?
-Mesmo.
Os dois seguem conversando. CORTA A CENA.

CENA 8: Na Itália, Vitório leva Cristina à casa que lhe servirá de cativeiro.
-Então é aqui que vai ser a minha prisão...
-Não seja ingrata, Cristina. Aqui tem tudo do bom e do melhor. Essa casa é uma mansão luxuosíssima. Nada vai te faltar.
-De que adianta esse luxo todo, se eu tou presa aqui dentro? Eu tou encarcerada. Você se tornou um bandido. O dinheiro que comprou essa casa é sujo. Tudo aqui é sujo. Você é sujo. Isso aqui não passa de um cativeiro de luxo.
-Você vai mudar de ideia. Vai perceber que tudo isso foi feito com amor e por amor.
-Amor? Como é que você tem coragem de falar em amor depois de me apontar uma arma e me obrigar a escrever aqueles absurdos com uma arma apontada pra minha cabeça? É isso que você chama de amor?
-Um dia você vai entender que foi melhor assim pra nós dois.
-Eu nunca vou entender. Você tá fora de si. Tá doente. Enlouqueceu de vez...
CORTA A CENA.

CENA 9: Já com a noite avançada, Hugo se espanta ao ver Giovanna se arrumar.
-Ué, resolveu se vestir toda elegante pro jantar? Não vamos receber ninguém especial...
-Mas eu não vou jantar aqui hoje, Hugo.
-Como assim? Decidiu ir num restaurante?
-Não. Eu decidi sair.
-Eu achei que você andava com medo de andar por aí.
-E ainda tou com um pouco de medo. Mas preciso resolver uma coisa que não posso mais deixar pra depois.
-O que é que cê tá tramando, Giovanna?
-Nada. Na verdade é o extremo oposto de tramar. Eu quero dar um jeito de reparar o que já fiz no passado.
-Como assim?
-Não me faça perguntas. Eu preciso ir agora.
-Você volta pra dormir?
-Sim. Me deixa ir, agora...
Giovanna parte, deixando Hugo intrigado. CORTA A CENA.

CENA 10: Mauro se surpreende ao atender a campainha e se deparar com Giovanna.
-Querida... não avisou que vinha! Até já mandei a Cláudia tirar o jantar da mesa...
-Então, Mauro... o papo não é com você hoje, meu amigo. Eu vim conversar com a Valéria. Pode chamar ela, por favor?
-Claro, querida. Um instante.
Valéria chega pouco depois, intrigada.
-O seu Mauro disse que ocê tava aqui e que o papo era comigo. Até estranhei.
-Valéria... eu preciso muito conversar com você.
-Pois fale...
Giovanna se ajoelha e Valéria estranha.
-Pra que isso, Giovanna? Se ajoelhando a troco do que?
-Me perdoa, Valéria! Você não faz ideia do quão importante é pra mim que você me dê o seu perdão!
Giovanna começa a chorar e Valéria se assusta. FIM DO CAPÍTULO 134.

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