quinta-feira, 27 de abril de 2017

CAPÍTULO 142

CENA 1: Bernadete fica perplexa pela afirmação de Nicole.
-Como é que uma coisa gravíssima dessas acontece e nem você nem o Sérgio me contam nada? Nem mesmo o Leopoldo sabia disso! Que horror!
-Faz dias que a gente tá nessa aflição.
-Devia ter desabafado antes, boba! A gente é amiga pra que?
-E causar algum problema pra você? Nunca!
-Tá doida? Amiga, eu não sofro mais do coração. Tou completamente curada depois da cirurgia, chega a ser ridículo todo mundo me tratando feito doente ainda. Eu fui capaz de atrocidades como rejeitar o amor do Flavinho! Melhor dizendo... do meu filho, do filho que a vida me deu. Não apenas não tou frágil como inclusive fiz besteira. Não tinha sentido nenhum me poupar de qualquer coisa.
-Eu sei, querida. Mas essa situação deixa tanto a mim, quanto ao Sérgio, a Daniella e até mesmo o Fábio de mãos atadas. Acredita que até voltar a Fernando de Noronha ele voltou pra ir atrás de alguma possível testemunha?
-Gente... que babado forte. E nada?
-Não, Dete. Absolutamente nada.
-Que aflição horrorosa que ele deve estar passando, viu?
-O Fábio?
-Ah, sim... também. Mas falo do Sérgio. Imagino que ele esteja passando por uma dor tão grande quanto ou ainda maior que a sua. A Cris sempre foi o xodó dele.
-Verdade... tanto que foi ele que fez a clínica pra ela.
-Queria poder fazer algo pra ajudar vocês...
-Tá vendo? É por isso que a gente não contou nada antes.
-Ué, por que?
-Eu sabia que você iria bancar a salvadora da pátria que quer resolver todas as coisas. Isso faz parte da sua natureza desde que a gente era menina. Lembra quando você era líder da turma e se sentia responsável até pelas brigas que aconteciam?
-Caramba, eu quase esqueci disso!
-É, mas tudo isso é bem do seu jeitinho, Dete...
-Só você, Marilu...
-Eu o que?
-Pra extrair coisa boa nesse momento de aflição e dor pra você...
CORTA A CENA.

CENA 2: Sérgio olha para o relógio e alerta Mônica.
-Querida, você não tá atrasando pra ir pra revista da agência?
-Hoje eu não tenho que chegar tão cedo, relaxa...
-É que eu não quero que você se prejudique.
-Não vou, Sérgio. Minha chefe imediata ainda é a Valéria, pelos poderes que foram concedidos a ela. Então tá tranquilo...
-Menos mal.
-Depois, a nossa conversa não acabou.
-Ih, lá vem pedrada da taurina que acha que sabe de tudo...
-Querido, não é que eu saiba de tudo, mas eu percebo um bocado de coisa, viu?
-Sei. E o que você acha dessa situação toda, pra estar se coçando pra falar?
-Acho que cê tá usando o desaparecimento da sua filha como desculpa pra não encarar o fato óbvio que tá fugindo do seu grande amor.
-Que absurdo! Minha filha possivelmente sequestrada e cê acha que eu tou pensando na Dete?
-Se estiver, não é pecado nenhum, sabia? A sua vida não parou. Vê se lembra disso.
CORTA A CENA.

CENA 3: Bernadete conta a Nicole sobre divórcio.
-No fim das contas, no meio dessa conversa toda, quase esqueço de te contar uma coisa...
-O que, Dete?
-Tou entrando pro seu time.
-Que time?
-Das separadas.
-Não vai me dizer que... eu não pensei que fosse pra tanto...
-Mas é. Tá tudo certo, tudo tranquilo. Apenas decidimos nos libertar desse casamento que já acabou.
-Quem diria. Leopoldo sempre tão católico... aceitando numa boa...
-Nossa família não é mais tão tradicional como antes. Meu filho que morreu era gay e eu nem sabia. Agora a vida me deu outro filho, o que meu coração escolheu. Gay também. A vida tá sempre dando novas chances pra gente. Você deveria aproveitar a sua, Marilu.
-Como assim?
-Vai atrás do Leopoldo. Não agora, mas daqui algum tempo. Eu acho que o amor de vocês nunca se resolveu totalmente...
CORTA A CENA.

CENA 4: Vitório tenta conversar com Cristina, que lhe vira a cara.
-Vamos, Cris... colabora! Pelo menos olha pra mim!
-Pra que?
-Poxa, cê tava tão afável comigo quando meus pais vieram...
-Ah, é? Quem sabe é porque eu tinha que fingir que essa porra aqui não é um sequestro?
-Eu pensei que...
-Pensou errado.
-Tenta lembrar de tudo de bom que a gente já viveu...
-Eu nunca esqueço. Mas isso faz parte do passado. É lá que devia ter ficado, se não fosse essa loucura que você inventou.
-Você ainda vai me agradecer... tou fazendo isso pelo nosso amor...
-Me deixa quieta, Vitório. Você ainda vai se arrepender do que tá fazendo...
-Tudo bem...
CORTA A CENA.

CENA 5: Érico se encontra com Flavinho no horário de lanche dele.
-Que bem que ocê veio, Érico.
-Sentiu minha falta, foi?
Nesse momento, Gustavo passa pelos dois e finge indiferença. Flavinho percebe que ele ficou enciumado e se surpreende.
-Senti sim, Érico.
-Você ficou com uma cara estranha de repente.
-Não foi nada. Quer que eu peça um quiche pra você?
-Deixa que eu escolho...
-Certo. Érico... fala uma coisa pra mim...
-O que?
-Ocê tá ficando comigo porque quer ou pra causar ciúme no seu ex?
-Não vou mentir. Quis chamar atenção dele. Mas gosto de você. Quero tentar...
CORTA A CENA.

CENA 6: Elisabete se zanga com Maria Susana.
-Poxa, amor... vai fechar a cara pra mim desse jeito?
-Me dá um motivo pra não ficar assim, Susi...
-Eu não tive culpa.
-Muito menos eu! Ou você acha que eu pedi pro sujeito parar no sinal e começar a chamar a gente de fanchona pra baixo?
-E precisava você descer a mão no cara?
-Só fiz isso porque você ficou calada! Não percebeu que ele podia ter nos assediado?
-E se o Miguel estivesse junto?
-Não estava! Não coloca isso sobre o seu filho!
-Desculpa.
-Amor, se eu fico brava é porque eu sei que você tem uma força incrível. Dói em mim ver que você mesma subestima a própria força de reagir ao preconceito.
-Eu sei que me acovardo. Mas é que eu tenho medo da violência...
-Você acha que eu não tenho? Eu tremo de medo só de pensar que nós podemos ser estupradas ou mortas.
-Mas não parece.
-Engano seu. É minha forma de revidar ao que podia me acovardar.
-Como você consegue?
-Acho que aprendi a enfrentar melhor meus medos depois que sobrevivi à tentativa de suicídio... resolvi abraçar tudo isso que a vida me oferece. A gente nunca sabe se o amanhã realmente vai chegar.
-Pensando por esse lado... chega a ser comovente parar pra pensar nisso, porque a vida é agora...
-E é isso justamente que eu preciso que você entenda, meu amor... eu faço isso pra gente ser feliz. E não gosto de te sentir acovardada. A gente tem que enfrentar. Justamente porque tudo o que realmente existe é só o agora...
CORTA A CENA.

CENA 7: Érico segue conversando com Flavinho durante horário de lanche.
-Sabe, Flavinho... no fim das contas tudo o que eu sempre quis foi um amor livre. Livre e seguro, ao mesmo tempo.
-Entendo. Mas será que o seu ex não te oferecia isso?
-Posso garantir que não. Acho que a gente nunca teria passado de amizade colorida se não fosse pela minha insistência.
-Entendi.
-Eu acho que a gente podia dar certo,
-Oi?
-Sim, eu e você.
-Érico... eu nem sei o que te dizer.
-Diz que aceita.
-Aceita o que? Ocê pediu alguma coisa?
-Não ainda, mas vou pedir. Quer namorar comigo?
-Érico... a gente se conhece pouco. Eu tou curtindo você, mas você sabe da minha história...
-Isso é um não?
-Não. Isso é um talvez. Só que eu preciso de tempo. Tudo bem?
-Claro...
CORTA A CENA.

CENA 8: Na volta do intervalo, Gustavo aborda Flavinho.
-O que significa aquilo, Flavinho?
-O que significa pergunto eu. O que te deu pra me tomar desse jeito?
-Tá na cara que ocê tá fugindo de mim. E ainda envolvendo outro cara nisso.
-Credo, não sabia que ocê se achava assim, Gustavo.
-Para com isso, Flavinho. A gente podia estar junto.
-Mas não é o caso.
-Porque ocê não confia em mim...
-Taí uma verdade. Mas a culpa não é sua, é minha por não conseguir conviver com algumas ideias.
-Pelo menos admite.
-Deixa eu tentar, Gustavo.
-Mas não se atirando nos braços do primeiro que aparece pedindo em namoro.
-Eu não acredito... ocê ouviu minha conversa com ele?
-Não foi por querer. Mas ouvi, sim.
-Pois saiba que eu namoro com quem eu quiser. E se for pra ser com o Érico, por que não?
CORTA A CENA.

CENA 9: Daniella consola Gustavo.
-Querido... cê precisa entender que o fato do Flavinho ser gay não isenta ele de preconceitos.
-Só que é duro pra mim... ver alguém que amo ser tão escroto.
-Ah, Gustavo... ninguém é perfeito. A gente tem preconceitos. Amanhã ou depois eu mesma me deparo com algum que eu não observei. Não é fácil desconstruir coisas que a gente aprendeu...
-Ele podia pelo menos se esforçar. Tá me machucando.
-Tá machucando porque cê gosta dele. Tá com ciúme.
-Ciúme, eu?
-Querido, escorpiano sem ciúme é humano sem ar!
Os dois riem. CORTA A CENA.

CENA 10: De noite, Érico é surpreendido pela súbita chegada de Flavinho.
-Eu até assustei com a campainha. Você não disse que vinha.
-Mas vim. Precisava te ver. E te perguntar uma coisa.
-O que?
-A sua proposta de namoro ainda tá em pé?
Érico fica surpreso.
-Isso é sério?
-Por que não haveria de ser?
-É que ainda hoje cê disse que...
-Sabe o que é? Eu cansei de dar murro em ponta de faca, de correr em pista que não leva a lugar nenhum. Se o seu pedido ainda estiver valendo, eu quero dizer que aceito sim namorar contigo.
Érico se emociona. FIM DO CAPÍTULO 142.

Nenhum comentário:

Postar um comentário