CENA 1: Valéria começa a gargalhar diante de Giovanna.
-Ai, ai! Que história mais sem pé nem cabeça, Giovanna! Tudo isso foi falta da mineirinha aqui só porque não trabalhei o dia todo pra ficar junto do meu amigo? Olha que ocê tá ficando doidinha, viu? Deve ter batido com a cabeça e perdido uns parafusos... - fala Valéria, ainda rindo.
Bernadete se levanta, impaciente e agarra Giovanna pelo braço.
-Quem você pensa que é pra invadir a minha casa dessa maneira e dar um show absurdo desses? Fora da minha casa, Giovanna! Você sabe que não é bem vinda aqui! - grita Bernadete.
-Ih, cuidado com o coração, hein? Não confio em recuperação total de quem já levou o coração pra faca! Eu vou embora sim, mas não antes de deixar claro que isso tudo é verdade. Eu tou grávida sim e essa criança é do Hugo! - afirma Giovanna, com firmeza.
-Sim, gente... pode ser verdade. Não dá pra gente esquecer da burrada que eu fiz de ter recaído com essa daí. Ela realmente pode estar grávida de mim. - afirma Hugo.
-Olha, francamente filho... que situação! Te avisei tanto! - lamenta Bernadete.
-Desse jeito nem tem como te defender, Hugo. Longe de mim ser machista ou misógino, mas isso daí é pistoleira e eu sempre soube! - fala Flavinho.
-Agora eu tou juntando lé com cré... quer dizer que essa criança pode existir mesmo... Hugo, como ocê foi burro, cara! Pelo amor de Deus! Sabendo exatamente quem é a Giovanna, melhor que eu e o Flavinho, melhor que todo mundo aqui! Mas não, foi fraco e caiu na lábia dela! Agora tá tudo se encaixando, tudo fazendo sentido... claro! Foi tudo planejado... não foi, Giovanna? Confessa, sua rameira! Confessa! - fala Valéria.
-Foi um acidente, Valéria. Mas sabe de uma coisa, sua mineirinha insolente? Foi o melhor acidente da minha vida. Porque quem vai ter um filho legítimo do Hugo sou eu, veja só... - provoca Giovanna.
-E eu nem penso em fugir das minhas responsabilidades se essa gravidez for pra valer. Mas que fique claro que serei apenas pai. Somente isso. Não espere mais nada além disso da minha parte, Giovanna. - fala Hugo.
Valéria se indigna.
-Parabéns, Giovanna. Tanto fez que conseguiu. É digna de nota!
Valéria sai em direção ao quintal, irritada. CORTA A CENA.
CENA 2: Giovanna vai atrás de Valéria no quintal da mansão. Valéria se revolta.
-É mesmo muita cara de pau. Quer falar o que comigo, sua pistoleira? Não tenho nada pra falar com uma pessoa feito ocê!
-Você se acha muito superior, né?
-Não, não me acho. Mas tenho a consciência limpa de que jamais faria nada do que ocê faz! É parabéns que ocê quer? Então meus parabéns mais uma vez! Conseguiu o que queria. Satisfeita?
-Acho justo. Mas Valéria... de verdade: eu não tenho nada contra você.
-E eu sou a Madonna. Não acredito em nada que ocê diga.
-Não precisa acreditar. Mas tou sendo sincera.
-Sinceridade é a única coisa que não existe aí dentro, Giovanna.
-Você não sabe de nada. Não sabe das coisas que eu já passei nessa vida.
-Pois nem faço questão de saber. Nada que venha de ocê me interessa. Independente do que tenha te acontecido, se ocê fosse uma pessoa boa, teria tido força de caráter pra agir da forma certa.
-É fácil pra você falar. Você sempre teve o afeto fácil das pessoas.
-Como é que ocê consegue dormir de noite, Giovanna? Porque eu tenho certeza que depois de tudo o que ocê aprontou nos últimos anos, a última coisa que ocê vai encontrar nessa vida é paz. Sabe por que? Porque ocê destrói tudo o que toca. Eu tenho pena dessa criança. Porque Giovanna... seu fim vai ser triste. E sem paz. Sem descanso.
Giovanna fica impactada com palavras de Valéria. CORTA A CENA.
CENA 3: Bernadete e Leopoldo recriminam Hugo.
-Caramba, meu filho... que vacilo foi esse? Justo naquela recaída essa golpista engravida! E agora, como vai ser? - questiona Leopoldo.
-Eu sei, pai... eu sei... - lamenta Hugo.
-Gente, cês não repararam do jeito desarvorado que a Giovanna saiu daqui logo depois que ela foi atrás da Valéria pra provocar a coitada? Aquilo ali tá fora de si, desequilibrada... não tou questionando a gravidez, mas acho que ela não tá muito bem da cabeça não... - observa Bernadete.
-Faz tempo que ela anda dando essas alterações... até me acostumei... - fala Hugo.
-Será que além do caráter duvidoso, ela anda ruim da cabeça pra valer? - questiona Leopoldo.
Os três seguem conversando. CORTA A CENA.
CENA 4: Dias depois. Cristina e Fábio fazem as malas para viagem em Fernando de Noronha. Nicole os ajuda.
-Fábio... não vai esquecer do protetor solar porque sua pele é sensível... - fala Nicole.
-Com uma sogra dessas, quem precisa de mãe? - brinca Cristina.
-Nada de ciúme, viu filha? Aqui tem amor pra todo mundo... - fala Nicole.
-Cuida bem da nossa casa, Nicole? - pergunta Fábio.
-Claro que sim! E nem é só porque eu moro aqui também, mas é que eu sempre gosto de deixar tudo na mais perfeita ordem! - fala Nicole.
-Mãe... cê acha que eu levo biquini ou maiô? Tou com medo de levar biquini e as pessoas me ridicularizarem... afinal de contas faz pouco tempo que eu tive bebê... - fala Cristina.
-Que besteira, filha... um corpo é um corpo. As pessoas que lidem com seus preconceitos imbecis, mas que não impeçam as pessoas de fazer o que elas quiserem. Quer levar biquini? Então leva! Não fica nessa coisa de depender da avaliação e validação dos outros... - aconselha Nicole.
-Sua mãe tá coberta de razão... - complementa Fábio.
Os três seguem conversando. CORTA A CENA.
CENA 5: Em horário de almoço, Mônica conversa com Ricardo e Glória, intrigada com Giovanna.
-Não entendi até agora como que a Giovanna foi pedir novas férias pro RH em tão pouco tempo... - fala Mônica.
-A danada ainda tinha férias vencidas. Jogada de mestre. Deve estar querendo descansar a imagem de tanto escândalo. - fala Ricardo.
-Duvido... aquilo ali não tem vergonhas nem pudores. Ela tá tramando alguma coisa, disso eu tenho a mais absoluta certeza. E eu não sei se vocês repararam, mas ela anda com jeitão de grávida. Até os peitos parecem estar maiores. Eu conheço mulher grávida... e a Giovanna tá com todas as características... - fala Glória.
-Será, gente? - espanta-se Ricardo.
-Se for, fica tranquilo que essa criança não deve ser sua... - fala Mônica.
-E pensar que um dia eu quis ter filhos com ela. Hoje dou graças a Deus de não ter engravidado essa maluca... - fala Ricardo.
-É... ainda bem que o tempo sempre mostra com clareza quem é quem nessa vida... - fala Glória.
Os três seguem conversando. CORTA A CENA.
CENA 6: Horas depois, Nicole liga para Daniella.
-Oi, mãe.
-Filha... eu acabei de deixar sua irmã e seu cunhado no aeroporto. Eles estão indo pra Fernando de Noronha...
-Já? Eu pensei que iam levar mais uns dias...
-Não. Depois que eu conversei com a Bernadete a respeito da decisão deles, ela conversou com eles...
-Entendi.
-Eu queria saber se posso passar algumas noites aí... na sua casa.
-Claro que pode! A casa era sua antes de ser minha, mãe... você não se importa que a Pati esteja morando comigo, né?
-Claro que não. Sei que ela é meio doidinha, mas é gente boa. Posso ir, então?
-Sim. Claro que pode.
-Então eu vou hoje mesmo. Peço comida indiana pela telentrega?
-Por favor, mãe!
-Certo. Eu não pretendo ficar muitos dias, porque tenho que cuidar daqui de casa também...
-Mãe... não precisa de pressa. A casa também é sua, esqueceu?
-Se você diz...
-Vem pra casa que a gente pensa como vai resolver as outras questões depois, tá? Vou precisar desligar agora, mãe. Beijo, te amo.
-Beijo, filha.
CORTA A CENA.
CENA 7: Ao arrumar seus pertences na agência, para sair novamente de férias, Giovanna acaba por relembrar conversa que teve com Valéria dias antes. Em sua mente, vem a voz de Valéria.
“Como é que ocê consegue dormir de noite, Giovanna? Porque eu tenho certeza que depois de tudo o que ocê aprontou nos últimos anos, a última coisa que ocê vai encontrar nessa vida é paz. Sabe por que? Porque ocê destrói tudo o que toca. Eu tenho pena dessa criança. Porque Giovanna... seu fim vai ser triste. E sem paz. Sem descanso.”
Giovanna fica impactada ao relembrar da conversa e treme de medo.
-Ai... será que essa Valéria tem razão?
Giovanna tenta organizar suas coisas, mas acaba atormentada novamente pelas palavras de Valéria, que ecoam em sua mente.
“Seu fim vai ser triste. E sem paz. Sem descanso.”
-Não... eu vou ter paz e descanso sim. Eu preciso encontrar essa paz aqui dentro. Eu mereço... não mereço?
Giovanna começa a se sentir culpada.
-Eu, hein? Depois de velha vou começar a me sentir culpada? Eu que não! Sai daqui, sentimentozinho mequetrefe! Era só o que me faltava... depois de conseguir tudo o que eu conseguir sentir culpa! Ah, não! Volte a si, Giovanna Salgado! Você é bem melhor do que essa songa monga!
CORTA A CENA.
CENA 8: Mônica chega empolgada em casa e chama todos para conversar.
-Meus queridos. Tenho ótimas novidades para todos! Claro, isso se todo mundo topar participar de uma ideia que eu tive e que acho que vai ser boa pra todo mundo...
-Como é que funciona isso? - questiona Alexandre.
-Então... eu como editora chefe da revista, pensei em propor ao pessoal a realização de uma matéria que fala dos bastidores dessa busca dos aspirantes à ascensão no mundo da moda. E pra isso seria importante a participação de vocês. - explica Mônica.
-Eu acho a ideia digníssima. - fala Raphaela.
-Eu também... - fala Bruno.
-Quem sabe essa seja a oportunidade pra gente falar o que vivencia nesse mundo, até pra desglamourizar um pouco esse universo... - fala Geórgia.
-Isso, queridos. A ideia é ir exatamente por esse caminho: falar da realidade sem floreios, sem mascarar as dificuldades, os contratempos, essas coisas. Usar do realismo em cem por cento do que a gente realizar. - fala Mônica.
Todos seguem conversando. CORTA A CENA.
CENA 9: Giovanna começa a ser assombrada pela própria consciência e decide pegar suas roupas no roupeiro.
-Essa casa tá ficando grande demais pra mim. Eu não aguento mais ficar aqui. A Valéria me rogou uma praga... e se eu continuar aqui a praga dela vai pegar. Eu e o meu filho não podemos continuar nesse lugar!
Giovanna pega as suas roupas e tira duas malas de cima do roupeiro.
-É isso... esse lugar não serve mais pra mim. Esse apartamento é maldito. Nada de bom pode acontecer aqui. Eu preciso sair daqui, dar o fora pra sempre, deixar isso aqui ser comido pelo abandono e pelo tempo...
Giovanna termina de arrumar suas malas com pressa e jogando suas roupas e seus pertences de qualquer maneira dentro das malas, tremendo de medo.
-Nada de mal vai me acontecer... nada de ruim vai me atingir... não agora que tenho um filho aqui...
Giovanna tenta chamar um carro pelo aplicativo, mas erra algumas vezes, de tanto que treme.
-Respira, Giovanna... respira que cê vai ter que sair daqui dirigindo seu próprio carro... dane-se o aplicativo.
CORTA A CENA.
CENA 10: Flavinho resolve ir dormir.
-Gente... a conversa tá maravilhosa, mas tou morrendo de sono. Boa noite p'rocês! - fala Flavinho, beijando Bernadete e acenando para todos.
-Durma bem, meu filho... - fala Bernadete.
Flavinho sobe as escadas e de repente a campainha toca.
-Ué... será que é o irmão da Valéria trazendo alguma coisa que tenha sobrado do Flávio? - pergunta Leopoldo.
-Deve ser... - fala Bernadete.
-Então eu vou ali atender pra ver se se trata disso mesmo... - fala Hugo.
Hugo atende a porta e se depara com Giovanna.
-Você? E essas malas, Giovanna? O que significa isso?
Giovanna se abraça a Hugo, chorando e tremendo.
-Eu tou sozinha no mundo! Não tenho pra onde ir! Não tenho nada nem ninguém!
FIM DO CAPÍTULO 129.
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