terça-feira, 11 de abril de 2017

CAPÍTULO 128

CENA 1: Hugo fica tenso diante da presença inesperada de William ali. William, percebendo que a tensão entre Valéria e Hugo se agravou com a chegada dele, se direciona imediatamente a Flavinho.
-Flavinho... eu fiquei sabendo da sua mãe. Meus sentimentos, meu amigo... - fala William.
Flavinho aceita abraço de William.
-Obrigado, William. - fala Flavinho, ainda abalado.
Valéria tenta justificar o fato de Hugo estar com Leonardo no colo.
-William, ocê sabe que o Hugo...
A fala de Valéria é interrompida por William.
-Fica tranquila. Eu sei e entendo. Esse momento é realmente um momento delicado e triste pra todo mundo, principalmente pro Flavinho. Aliás, eu só vim aqui pra dar um abraço e prestar minha solidariedade a esse momento difícil que o Flavinho tá passando. Não vim aqui pra interferir em nada, nem pra atrapalhar o processo natural das coisas. Flavinho, eu sei que não posso fazer muita coisa, mas se precisar de alguma coisa e eu tiver como ajudar, conte comigo. - fala William.
-Obrigado, William. - agradece Flavinho.
-Eu já vou indo, pessoal. Valéria, ocê fique aqui o tempo que considerar necessário. Não se sintam incomodados pela minha passagem por aqui. Tchau, gente... - fala William, se retirando.
Bernadete fica surpresa.
-Olha, gente... eu conheço esse menino desde que ele nasceu praticamente, gosto bastante dele, mas mesmo assim eu confesso que fiquei bastante surpresa com essa atitude dele, ainda mais sabendo que ele ainda é completamente apaixonado por você, Valéria... realmente inesperada essa nobreza vindo dele... - fala Bernadete.
-Realmente. Que o William é um bom rapaz e faz o possível pra ser diferente do Mauro eu sabia, mas não imaginava que ele fosse ter toda essa delicadeza nesse momento de dor e luto... - complementa Leopoldo.
-Eu conheço o William, gente. Talvez não tão bem quanto eu possa pensar, mas essa atitude dele não me surpreende. Apesar dos erros graves que ele já cometeu nessa vida, ele sempre foi um bom amigo pra mim e... e pro Leonardo. - fala Flavinho.
-Sou obrigada a dar minha mão à palmatória. Apesar das contradições dele, das atitudes que às vezes fazem eu questionar de verdade se ele tem um bom coração, ele tem esses momentos que me deixam sem argumento... - fala Valéria.
-Eu fiquei honestamente surpreso. Tive um pouco de medo quando vi ele entrando por essa porta. Foi bem na hora que eu chamei o Leozinho de filho... achei que ele ia arrancar o menino do meu colo, mas ele simplesmente deixou tudo fluir exatamente do jeito que tava antes dele chegar... - fala Hugo.
-Tou falando pra vocês, gente... ele pode ter mil defeitos, mas é um bom rapaz... - fala Bernadete.
-Bem, se é a minha mãe falando.. ela costuma acertar nessas coisas... - fala Hugo.
-Nem tanto, meu filho. Já fui muito injusta por culpa dos preconceitos que deixei crescer e alimentei dentro de mim... - fala Bernadete.
-Bem, a conversa tá ótima, mas eu vou me agilizando pra passar no seu apê, Flavinho. Preciso pegar suas coisas e já ir trazendo pra cá. - fala Gustavo.
-Eu te ajudo, Gustavo... - se prontifica Leopoldo.
CORTA A CENA.

CENA 2: William, ao chegar em casa, senta-se pensativo no sofá da sala. Mauro estranha ao passar por ali e ver expressão do filho.
-Eita lasquera... que foi, meu filho?
-Essa coisa toda da mãe do Flavinho morrendo... mexeu comigo, sabe?
-Como assim?
-Eu lembrei da minha mãe...
-Mas filho... faz tanto tempo...
-Justamente por isso, pai. Faz muito tempo. Só tenho o senhor, entende? É o único que me restou no que posso chamar de família...
-Não fala uma bobagem dessas, William... ocê agora tem o Leonardo. Também é pai...
-Mas ainda quero ter tempo de ser filho. De ser seu filho... eu não concordo com as atitudes que ocê toma, eu acho absurdas várias coisas que ocê faz... mas ocê é meu pai... e eu tenho muito medo de te perder... me deparar com o luto do Flavinho me fez acordar pra realidade que todos nós somos finitos. Que isso tudo aqui acaba. Acho que é meio que uma crise dos trinta que chegou aqui, depois dos trinta...
-Para com isso, filho... eu posso ter passado por aquele susto do quase infarto, mas não vou-me embora desse mundo tão cedo.
-Assim espero, pai... eu tenho medo de descobrir que sou completamente sozinho sem o senhor por aqui...
-Não, filho... ocê tem seu filho, se Deus quiser e meus planos funcionarem, a Valéria também.
-Eu não concordo com essas suas tramoias... mas te amo demais, meu pai. Nunca duvide do meu amor...
-Dá cá um abraço, meu filho...
Os dois se abraçam. CORTA A CENA,

CENA 3: Poucas horas depois, Valéria e Hugo conversam sobre situação de Flavinho.
-Que sorte que o Flavinho teve da sua mãe ter perdoado ele, hein?
-Nem fala, Valéria. Pensei que isso nem fosse mais chegar a acontecer.
-Precisou morrer a mãe dele pra sua perceber o tamanho da burrada que tinha cometido...
-Pelo menos as coisas se resolveram e ele voltou pra cá, que é o lugar dele.
-Verdade, Hugo... mas me deu uma dó dele, sabe? Tadinho do meu amigo, gente... parecia um menininho, uma criança... ficou tão cansado com esse processo todo que acabou capotando antes de anoitecer...
-Ele andava precisando descansar. Foi tudo muito intenso de ontem pra hoje. Mal deve ter tido tempo de pensar em descansar diante dessas coisas todas.
-Verdade.
-A gente podia aproveitar esse momento pra conversar.
-Conversar sobre o que, Hugo?
-Sobre nós dois.
-Não existe mais nós dois, Hugo... não no sentido sexual e afetivo da coisa.
-Valéria, por favor... me dá uma chance. Nos dê uma chance...
-Melhor não falar sobre isso agora. Não quero estragar a amizade e a ternura que existe aqui. E eu preciso ir embora.
-Fica pro jantar, pelo menos...
-Não, Hugo... eu preciso voltar pra casa do seu Mauro e cuidar bem do Leozinho...
Valéria se levanta e Hugo fica pensativo. CORTA A CENA.

CENA 4: Fábio e Cristina planejam detalhes da viagem para Fernando de Noronha.
-Fábio, eu tava pensando que a gente podia dar mais uma adiada pra nossa viagem...
-Ah não, amor... o que foi agora, Cristina?
-Não pense que tou desanimada ou arranjando desculpa, mas é que esse momento tá sendo meio complicado, né...
-Ah, você fala em relação à perda do Flavinho?
-Isso. É uma questão de delicadeza da nossa parte, afinal de contas ele meio que faz parte da família da melhor amiga da minha mãe...
-Tem razão, querida. É melhor que a gente adie em mais um dias.
-Não vai ficar chateado?
-De forma alguma, Cristina... é a coisa certa a ser feita. E eu tenho muito orgulho de você ser esse ser humano cheio de empatia...
-Ai, para que eu fico sem graça desse jeito...
-Deixa de ser boba. Você é incrível.
Nicole vê conversa dos dois e se junta a eles.
-Que coisa boa te ver assim, filha... cheia de gás, de esperança, de vontade de fazer as coisas e pensando nos outros ao mesmo tempo... - fala Nicole.
-Ah, mãe... bondade sua. - envergonha-se Cristina.
-Sua mãe tá coberta de razão, amor... - prossegue Fábio.
Os três seguem conversando animadamente. CORTA A CENA.

CENA 5: Gustavo está organizando os pertences de Flavinho no apartamento alugado por ele quando vê ligação de Daniella.
-Fala, Dani...
-Onde cê tá?
-No apê que o Flavinho tinha alugado. Vim pegar as coisas dele porque ele voltou pra casa da Bernadete.
-Que maravilhoso, isso! Aliás, tenho que te dar os parabéns.
-Parabéns pelo que, Dani?
-Por tudo o que cê fez pelo Flavinho. Foi muito além das suas obrigações como médico em formação. Foi um ato de amor.
-Claro que foi, ele é meu amigo.
-Tá certo, Gustavo... se é assim que cê quer continuar entendendo as coisas, tranquilo. Só que eu preciso de você amanhã aqui na clínica.
-Como? Não tem condição, Dani... eu ainda tenho dias pra cumprir em BH...
-Pois explique pra Elisângela que não vai dar pra você voltar mais...
-Por que, isso?
-Estamos operando em baixa, esqueceu? O Flavinho tá com folga até se recuperar desse baque todo. Eu preciso de você aqui na clínica, pra dar conta dessa deficiência que está havendo.
-Tá certo. Eu vou ver como explico isso pro pessoal do hospital lá em BH.
-Querido, sem querer ser grosseira, mas não tem essa de ver se consegue explicar. Você só precisa anunciar... não tem como ser diferente. Desculpe.
-Tudo bem.
-Posso contar com você aqui?
-Sempre!
-Então tá ótimo. Amanhã eu espero você aqui no horário normal de trabalho, pode ser?
-Pode.
-Maravilha!
CORTA A CENA.

CENA 6: Bernadete leva café para acordar Flavinho e, antes de ir até ele, acaba o acordando no sobressalto com o barulho da bandeja sendo colocada na mesinha. Flavinho se acorda assustado.
-Mãe! Mãe!
Bernadete o acode imediatamente.
-Calma... calma! Tá tudo certo, meu querido...
-Ela tava aqui me dando adeus, Bernadete... se eu tivesse ficado com a minha mãe... ela não teria morrido tão cedo! Eu devia ter sido mais forte e enfrentado aquele Mário... eu devia ter enfrentado aquele homem, mas fui um fraco, um imbecil, um covarde! É isso que eu sou, um covarde!
-Não... não fala assim, não fala assim... calma, Flavinho... calma. Escuta: quanta coisa a gente podia ter feito... onde é que eu tava quando o Leonardo mais precisou de mim? Não fica assim, por favor... olha, a gente não tem culpa de nada. Se os dois se foram, foi porque Deus quis... a sua vida vai continuar! Quem sabe em breve você não encontra um novo amor?
-Outro amor?
-Eu sei que você deu muito amor e muita felicidade pro meu filho. Porque é isso que eu vejo quando eu vejo aquelas fotos maravilhosas de vocês dois juntos... e eu vou ser eternamente grata a você por isso... até o fim dos meus dias... se tem uma coisa que eu aprendi na vida é que... o que realmente importa é amar e ser amado, porque o resto... é tolice. Eu amo você, Flavinho. Como um filho!
Flavinho e Bernadete se abraçam, emocionados.
-Eu também te amo, Bernadete... como uma mãe.
-Lembra que você fez o possível pela sua mãe. Que era muito jovem quando tudo aconteceu. Não tinha saída...
-É difícil de entender tudo isso e aceitar. Mas é o que me resta...
-Agora vê se toma esse café que eu preparei pra você e vem pro jantar. De estômago vazio não dá pra ficar...
CORTA A CENA.

CENA 7: Giovanna circula de um lado para o outro dentro da agência e Glória vai atrás dela em sua sala.
-Vish, Giovanna... deu pulga na roupa hoje, foi?
-Você já foi mais sutil nesse seu afã incontrolável por fazer fofoca...
-Para com esse seu número, Giovanna... cê sabe muito bem que eu tou de olho nos seus passos.
-Tá perdendo seu tempo.
-Será?
-Pode ter certeza. Você não tem inteligência nem esperteza suficientes pra acompanhar meus movimentos...
-Eu não teria tanta certeza disso.
-Bravata das mais baratas. Preciso de mais que isso pra ficar com medo, ainda mais vindo de uma songa monga feito você. Ah, aproveitando que cê tá aqui na minha sala: avisa todo mundo que tou saindo agora.
-Tá doida? A revista da agência já tá sem a Valéria, não estamos podendo...
-Fica você no meu lugar, recalcada. Pelo menos assim você não me acusa de te perseguir.
-Cê tá tramando alguma... eu posso farejar.
-Ah, vá se foder...
Giovanna vai embora. CORTA A CENA.

CENA 8: Valéria conversa com William.
-Eu sei que ocê pode ficar chateado, William... mas eu preciso te dizer um negócio.
-Diz.
-Eu quero dormir na minha casa hoje. Por favor... eu preciso dar um jeito de estar perto do meu melhor amigo nesse momento tão doloroso pra ele...
-Eu entendo. Mas ocê vai levar nosso filho também?
-Lógico que não. Leonardo fica aqui.
-Sendo assim... tá tudo certo. Vai lá consolar o Flavinho... fica com ele, ele tá realmente precisando desse carinho.
-É uma pena ocê não poder ir também...
-Melhor não forçar uma barra. O Hugo não ia se sentir legal diante duma situação dessas.
-E estaria coberto de razão. William... ocê se incomoda de me ajudar a arrumar minha malinha?
-De jeito nenhum! Quanto mais rápido for, mais cedo ocê chega lá na sua casa...
CORTA A CENA.

CENA 9: Logo após jantar, ainda sentados à mesa e logo depois de Leopoldo se retirar, Bernadete e Flavinho tentam conversar sobre tudo.
-Sabe, querido... eu sei que tem muita coisa espinhosa pra gente falar ainda...
-Não precisa, Bernadete. Eu te amo.
-Precisa sim, meu filho... precisa porque eu errei de maneiras bem crueis com você, de formas que você nunca mereceu. E fui movida pelos meus próprios preconceitos, sem sequer ter uma justificativa decente a não ser me escudar no fato do meu marido ser católico.
-Não precisa de nenhuma justificativa, Bernadete. O que existe aqui é amor. Nós somos uma família... bem às avessas, é verdade... mas existe amor. E é isso que importa.
-Justamente por isso, meu querido... quem ama reconhece os erros. Quem ama pede perdão.
-Eu não tenho o que perdoar, Bernadete... de verdade.
-Você é iluminado, meu filho... e eu quero poder fazer por você o que eu não fui capaz de fazer pelo Leonardo. Sabe de uma coisa? Eu sinto como se você fosse sangue do meu sangue, como se tivesse saído de dentro de mim...
Os dois se abraçam, emocionados. CORTA A CENA.

CENA 10: Horas depois, quando Valéria já está conversando animadamente com Flavinho, Bernadete e Hugo na sala, a campainha toca.
-Eita! Será que mais gente vem te abraçar, Flavinho? - questiona Valéria.
-Duvido. Seu irmão já veio aqui deixar as minhas coisas... - fala Flavinho.
-Eu vou abrir a porta... - fala Bernadete.
-Negativo! Abro eu. - fala Hugo.
-Para de me tratar feito doente, filho! Não tenho mais problema nenhum no meu coração... - fala Bernadete, se levantando.
-Mas é deselegante sempre deixar a matriarca atender. Deixa comigo! - fala Hugo, tomando a frente.
-Libriano não se emenda mesmo, né? - brinca Flavinho.
Hugo, ao abrir, se depara com Giovanna, que entra intempestivamente.
-Coisa boa ver todo mundo aqui! Tudo bem, Valéria? Cadê o seu filho? Porque o meu tá na barriga e é filho do Hugo! Eu tou grávida! - anuncia Giovanna.
Todos olham atônitos para Giovanna. FIM DO CAPÍTULO 128.

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