quarta-feira, 5 de abril de 2017

CAPÍTULO 123

CENA 1: Valéria fica perplexa e indignada com atitude de William, mas procura disfarçar sua revolta diante de Mauro.
-Eu posso explicar... - justifica-se William.
-Valéria, não fica assim, querida. Eu tou idoso... - justifica Mauro.
-Tá tudo certo, seu Mauro... eu só vou precisar levar uma palavrinha com seu filho, a sós... - fala Valéria.
-Agora? - questiona William.
-Por favor. A gente precisa colocar os pingos nos is. - afirma Valéria, andando em direção ao quarto. William, apreensivo, a segue e antes de chegarem ao quarto, William pega Valéria suavemente pelo braço.
-Que foi que eu fiz de errado, Valéria?
-Ocê ainda pergunta, William? Isso é jeito de tratar o seu pai?
-Valéria... ocê não sabe da missa a metade. Não fale do que não sabe.
-Eu sei o suficiente. Eu vi o suficiente. Ocê tá jogando seu pai fora, como se fosse um objeto, uma coisa. Um bem material que deixou de servir porque ficou ultrapassado e obsoleto.
-Valéria, ocê entendeu tudo errado.
-Tá me chamando de burra? Eu vi e ouvi muito bem! O seu pai criou toda essa fortuna, não me interessa se foi honesto ou não, ocê não tem direito de demitir sumariamente o seu pai, dessa maneira...
-Valéria... eu posso explicar. Ele sabia de tudo?
-Quer mesmo me convencer de um trem absurdo desses? Francamente, William... eu esperava mais de você...
-Mas é a verdade...
-Não insulte a minha inteligência, William. E é melhor a gente parar essa conversa por aqui e voltar à mesa antes que eu perca de vez o meu apetite, de nojo dessa sua atitude mesquinha e pequena...
-Eu insisto: ocê entendeu tudo errado.
-Vá insistir com outra trouxa qualquer, mas não comigo. Posso não ser a maior inteligência do mundo, mas não nasci ontem! E tem mais uma coisa: eu só vou terminar o jantar e vou passar a noite na minha casa, tá me ouvindo? Vou ligar pra Bernadete e nem ocê nem o seu pai vão me impedir!
-Mas e o Leonardo?
-O filho também é seu, não é? Se vira!
William desiste de argumentar com Valéria. CORTA A CENA.

CENA 2: Bernadete atende ligação de Valéria.
-Oi, querida... surpresa você ligar numa hora dessas...
-Então, Bernadete... eu queria saber se tem como eu passar a noite aí...
-Claro que tem! A casa é sua, Valéria. Mas por que isso, agora?
-Aconteceu uma coisa muito chata aqui. Tou bastante decepcionada com a atitude do William...
-Eita... me conta isso direito, filha...
-Nossa, Bernadete... ocê acredita que ele teve a pachorra de demitir o pai assim, sumariamente, logo depois da alta dele?
-Mas Valéria... o Mauro não é flor que se cheire...
-Nenhum dos dois é, não sei qual dos dois é pior... mas eu ainda fico ao lado do seu Mauro porque ele é um senhor idoso, né...
-Ah, querida... não sei se vale a pena cê colocar a mão no fogo por ele. E te digo mais: conheço o William desde que ele nasceu praticamente. Ele é uma boa pessoa.
-Uma boa pessoa faz o que ele fez?
-Deve haver algum motivo, querida...
-Enfim... nem quero falar nisso agora. Eu posso ir praí, então?
-Claro... essa é a sua casa, Valéria. Venha que vou preparar seu quarto.
CORTA A CENA.

CENA 3: Horas depois, Hugo tenta conversar com Valéria.
-Então, Valéria... eu queria aproveitar que cê tá aqui pra te esclarecer algumas coisas...
-Relaxa, Hugo. Aqui ficou a amizade e o carinho. Não acho que ocê me deva nenhuma explicação... fica tranquilo.
-É que eu pensei que a gente...
-Pensou errado, Hugo... não tem mais a gente.
-Eu ainda tenho esperança.
-Apesar de te amar muito, eu não vou alimentar essa sua esperança. Saí muito machucada da sua traição.
-Ainda mais que foi com a Giovanna...
-Exatamente, Hugo. E acho melhor a gente nem relembrar de certas coisas pra não estragar a nossa amizade, viu?
-Cê tá certa. Mas me conta... quer dizer que o William demitiu o próprio pai?
-Foi isso mesmo... pode uma coisa dessas, menino? Fiquei completamente passada com a situação...
Os dois seguem conversando. CORTA A CENA.

CENA 4: Durante café da manhã, Mauro percebe preocupação de William.
-Filho... aguenta firme que esse plano vai dar certo.
-Eu devia estar com bosta na cabeça quando aceitei fazer parte desse seu plano absurdo... agora olha lá... a Valéria dormiu na casa dela, que não é aqui, tá brava comigo... e tudo isso porque ocê achou uma boa ideia eu te demitir na frente dela!
-Ah, meu filho... ocê não entendeu nada, ainda...
-Não entendi mesmo. Gostaria que me explicasse, se for possível.
-Simples: decisões extremas levam a atitudes extremas.
-Como assim?
-O meu plano funciona como uma catarse, filho. Logo ela percebe que essa indignação toda só aconteceu porque ela é qualquer coisa, menos indiferente a você. Daí a perceber que ainda te ama, é um pulo...
-Caramba, viu?
-O que foi?
-Dá pra entender porque ocê é amigo da Giovanna. Vocês são iguais... ou será que não foi ocê que ensinou ela a ser assim?
-Deixa de falar besteira, meu filho. Giovanna podia ser sua irmã.
-Graças a Deus não é.
-Confia em mim, William... essas medidas tomadas pela gente vão surtir efeito e esses efeitos serão melhores do que ocê pode pensar...
-Queria acreditar nisso. Mas não acredito que alguma coisa se resolva com essa manipulação barata...
-Você viu outra alternativa? Não? Então fica quieto que seu pai sabe das coisas, certo?
-Certo...
William se conforma. CORTA A CENA.

CENA 5: Daniella aproveita visita de Patrícia à clínica e resolve lhe fazer um convite.
-Ah, dona Patrícia... ninguém mandou cê chegar aqui logo cedinho da manhã...
-Vish, quando ocê me olha com essa cara, tá tramando algo...
-E tou mesmo. Hoje eu vou lhe usar!
-Como?
-Você vai trabalhar aqui hoje. Te pago o equivalente ao dia, se quiser.
-Como assim?
-Eu sei de uma terapia maravilhosa que pode transformar sua percepção sobre tudo ainda mais...
-O que?
-Alegrar as crianças com câncer. Algo me diz que isso vai mudar pra sempre a sua visão das coisas... você confia em mim?
-Claro que confio... não sei como vou me sair, mas quero tentar.
-Então cai dentro!
CORTA A CENA.

CENA 6: Daniella leva Patrícia até Flavinho.
-Ei, Flavinho! Adivinha quem vai ser sua colega hoje? - fala Daniella.
-Eu mesma... - fala Patrícia.
-Só faltou completar com Andrea Mello! Que história é essa, gente? - questiona Flavinho.
-Decidi que a Pati vai ter um dia de trabalho aqui hoje. Animando as crianças. Você ajuda ela, Flavinho? - pergunta Daniella.
-Claro que ajudo, mas que dúvida! - fala Flavinho.
-Então tá maravilhoso. Vou deixar vocês aí conversando e você explica pra Patrícia como as coisas funcionam... - fala Daniella, se retirando.
-Ai, Flavinho... eu não quero atrapalhar nada...
-Deixa de bobeira. Vai ser um prazer poder te ajudar.
-Eu nem sei por onde começar...
-Então fica despreocupada. Não tem regra aqui.
-Como assim? Isso aqui é uma clínica imensa...
-Sim, é. Mas pro que ocê vai fazer, a única regra é fazer criança sorrir!
CORTA A CENA.

CENA 7: Elisângela procura Gustavo.
-Ei Gustavo, ocê tá livre agora?
-Sim... acabei de trocar o soro de um senhor... pode falar, Elisângela.
-Tá vendo aquela senhora ali ao longe?
-Sei...
-Cleusa, o nome dela.
-Engraçado, mesmo nome da mãe do meu melhor amigo, mas enfim... o que tem essa senhora?
-Ela foi abandonada pelo marido dela aqui. Eu confirmei com os médicos daqui.
-Me conta mais disso...
-Ele abandonou ela quando descobriu que ela sofre de um câncer em estágio avançado, que já deu metástase até no coração...
-Caramba... que situação.
-Eu quero que ocê encontre algum familiar dela, se possível...
Gustavo fica penalizado e pensativo. CORTA A CENA.

CENA 8: Fábio propõe a Cristina uma viagem.
-Amor... eu andei conversando com a sua mãe...
-Até já sei o que ela disse... ela quer te convencer que a gente precisa de uma viagem pra espairecer e tudo e tal... não é isso?
-Exatamente. Você gosta da ideia?
-Até gosto, mas só se a gente for rápido. Já me abusei demais da pimentinha...
-Por isso mesmo que pensei na solução mais perfeita de todas.
-Lá vem você...
-Pensei em Fernando de Noronha.
-Gente, adoro! Como eu não pensei nisso antes? Seria um paraíso e uma mão na roda, ao mesmo tempo. Perto de tudo, dentro do país... tudo de ótimo!
-Tá percebendo agora porque eu disse perfeito?
-Ai, sim! Eu amei a ideia! Por mim eu topo!
-Então é só a gente ter liberação do pediatra pra nossa filha ir junto e tá tudo resolvido!
CORTA A CENA.

CENA 9: Ao final do dia, Patrícia vai à sala da clínica e conversa com Daniella.
-Dani... ocê não tem ideia do que foi esse dia...
-Espero que cê tenha gostado dessa experiência.
-Não gostei. Eu amei! Foi a coisa mais transformadora e linda que poderia me acontecer... é emocionante demais ver aquelas crianças, ignorando todo o sofrimento e toda a dor, com pureza, só pensando em coisa positiva, em sorrir. Em viver. Gente... que lição de vida maravilhosa foi essa? Eu devia ter experimentado isso antes! Maravilhoso demais da conta!
-Que lindo isso, Pati! Tá vendo por que eu insisti em ser sua amiga desde o começo?
-Por que?
-Porque eu sempre vi essa pessoa linda que existe aí dentro. E que tava escondida, assustada, com medo da maldade do mundo...
-Ai, para... que desse jeito eu acabo ficando com vontade de chorar...
-Ah, nem vem. Se for pra chorar, que se chore muito, mas de felicidade, tá me ouvindo?
-Ah, Dani... obrigada por tudo. Por nunca desistir de mim...
As duas se abraçam, emocionadas. CORTA A CENA.

CENA 10: William se surpreende ao ver Valéria entrando em sua casa.
-Caramba... eu achei que ocê ia pra sua casa, ainda...
-Fazer o que, William? Não tenho que passar esse tempo aqui? Então paciência, é o que tem pra hoje...
Valéria anda diretamente ao quarto para verificar como está Leonardo.
-Taí, William... pelo menos do nosso filho ocê soube cuidar. Se bem que com a Cláudia ajudando, nem tinha como ter erro...
-Valéria, a gente precisa conversar.
-Tem razão. Só não garanto que ocê vá gostar das verdades que eu vou te dizer. Aliás, verdades e exigências, inclusive.
-Fala, Valéria.
-Eu tenho uma condição pra não sair dessa casa agora mesmo: eu quero que ocê me dê plenos poderes, totais e irrestritos, dentro da revista. É pegar ou largar.
William se choca com exigência de Valéria. FIM DO CAPÍTULO 123.

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