sábado, 29 de abril de 2017

CAPÍTULO 144

CENA 1: Margarete começa a explicar a Cristina sobre seu plano.
-É simples, minha querida. Basta que a gente fale de tudo com a dona Valentina.
-Pirou? Ela é a mãe do Vitório!
-Mas está do nosso lado!
-Como é que é?
-Ela sabe que o Vitório tá envolvido com a máfia até o pescoço. A gente só vai precisar levar um papo sossegado com ela, sem ele por perto.
-E o seu Peppino, gente?
-É por isso que a dona Valentina mantém a pose. Ela morre de medo que o seu Peppino saiba. Tem medo que acabe dando um treco nele... ou vai ver é mesmo medo de causar uma decepção a ele.
-Faz sentido. Seu Peppino baba nesse filho. E ainda por cima, único... que situação.
-Tá entendendo agora? A dona Valentina é das nossas.
-Faz todo o sentido. Ela sempre foi uma querida, quando era minha sogra. Sempre aberta ao diálogo... e sempre me dizendo que sabia que o filho dela não é nem nunca foi santo.
-Então tá na hora da gente dar um jeito de chamar a dona Valentina pra uma conversa séria.
-Será?
-Vai esperar até quando, Cristina? Se você realmente estiver grávida, e eu tenho certeza que está, vai querer o melhor pra esse seu filho, não vai?
-Claro que sim!
-Então agora é o momento. Segunda tá aí, eles vão acabar vindo e o Vitório não vai ter como ficar atrás de vocês se vocês forem ter conversa de mulher pra mulher.
-De fato...
-E digo mais: o tonto do Vitório tem total confiança em mim. Acha que eu sou a favor das barbaridades que ele faz. E nem desconfia que eu dou uma ajudinha pra ele dormir toda noite...
-Onde você quer chegar?
-A dona Valentina confia no que eu digo. Sabe que sou de fé. Eu posso participar da articulação o tempo todo que o Vitório nem vai ficar desconfiado. Ele sabe que sou amiga da mãe dele.
-Gente, você é uma pessoa iluminada. Já te disseram isso?
-Para com isso que eu fico sem graça, Cristina...
-Você é boa. Dá pra ver nos seus olhos, Margarete.
-Que seja. A gente precisa arranjar um jeito de chamar a dona Valentina pra conversar com a gente. A sós. Pra poder explicar toda a situação e articular uma situação que favoreça a fuga...
CORTA A CENA.

CENA 2: Guilherme desabafa com Armênia antes de dormir.
-Sabe, mãe... eu ando chateado com o que o Érico anda fazendo da vida dele.
-Como assim, filho?
-Não ficou sabendo que ele tá namorando o Flavinho?
-Sim. A Margarida me contou. Achei tão maravilhoso isso, sabe? Sinal de que ele tá seguindo em frente...
-Não, mãe... é o exato oposto disso.
-É o que, então?
-Ele ainda tá muito ferido pelo fim do nosso namoro.
-Você acha mesmo isso, filho?
-Com certeza.
-Não devia se preocupar, se for esse o caso.
-Por que, mãe?
-Ora, Guilherme... a culpa não é sua, simplesmente. Não tem sentido nenhum se preocupar com isso.
-Mas eu me sinto responsável.
-Não devia, filho... porque você não é.
-Difícil não sentir isso, mãe... afinal de contas eu sinto que não o amei como ele merecia...
CORTA A CENA.

CENA 3: Bernadete conversa com Flavinho e lhe faz perguntas.
-Querido... eu sei que você tem motivos e razões suficientes pra ter medo de se abrir comigo, mas não precisa mais disso. Você é um filho dentro do meu coração e eu sou sincera quando digo isso.
-Eu sei, mas é que fico com medo de ocê ficar espantada com as minhas coisas...
-Besteira. Se eu me espantar, eu tenho dois trabalhos: me espantar e deixar de me espantar.
-Bem, sendo assim... acho que não custa falar.
-Não custa mesmo, meu filho. Pode contar tudo da sua vida pra mim, que assim a gente se mantém mais próximo e eu posso te ajudar.
-Então... eu tou namorando com o Érico.
-Cê jura? Com aquele menino que mora na rua da antiga casa da Nicole e do Sérgio?
-0 próprio.
-Fico feliz, mas também receosa.
-Receosa? Não entendi...
-Sabe o que é, querido? Eu fico com a nítida sensação que cê tá fugindo de algo.
-Impressão sua...
-Espero que seja. Tem um lado meu que tem quase certeza que você ainda não superou o irmão da Valéria.
-A gente se esforça pra tocar a vida como pode, né...
-Vê lá o que cê tá fazendo, filho... enquanto você tá só enganando a si mesmo, até se admite, mas quando isso se estende aos outros, já complica um pouco...
CORTA A CENA.

CENA 4: Giovanna, antes de dormir, imagina como seria se estivesse grávida de verdade e fala consigo mesma.
-Ah, Deus... como posso ter perdido meu bebê? Eu tava disposta a estragar meu corpo, a ganhar estrias se fosse preciso. Abriria mão da minha vaidade por essa vida. Essa vida que nunca foi. Mas que podia ter sido.
Giovanna chora e segue falando consigo mesma.
-Ele podia estar aqui. Crescendo. Me transformando. Transformando a minha vida e a vida do Hugo. Mas tudo isso acabou pra sempre e a culpa disso tudo é da Valéria. Sempre essa mineirinha acabando com tudo. Eu só queria o perdão dela, era só disso que eu precisava. E ela não quis. Me disse coisas horríveis. Pois então tá certo... não quis me perdoar? Eu também não te perdoo, sua desgraçada. Nunca vou te perdoar por me fazer perder meu filho! Nunca! Vou cobrar essa conta até o fim dos meus dias!
CORTA A CENA.

CENA 5: Gustavo passa a noite com Daniella e Patrícia e desabafa com elas.
-Sabe gente... eu sei que pode até ser duro pra Pati ouvir isso, mas eu preciso colocar pra fora... - fala Gustavo.
-Deixa de bobeira, Gustavo. Eu tenho feito tratamento. Tenho consciência de tudo. Ocê é meu amigo antes de qualquer coisa e eu sempre trato de lembrar disso. - fala Patrícia.
-Tá vendo, Gustavo? Eu não ia trazer a Pati pra morar aqui comigo se não tivesse total confiança nela. Eu sempre acreditei no potencial dela. Pode desabafar com a gente sem susto... - estimula Daniella.
-Ai gente... sabe o que é? Eu sinto que tou perdendo o Flavinho. Eu achei que o jogo tava a meu favor e agora ele começa a namorar com o Érico... eu acho que perdi ele. - desabafa Gustavo.
-Gustavo, ocê vai me desculpar, mas eu entendo o Flavinho, viu? Ele não ia ficar parado, esperando um milagre resolver esse impasse aí... - fala Patrícia.
-Mas gente, quem criou esse impasse foi ele e o preconceito sem sentido contra bisseuxuais... - segue Gustavo.
-Às vezes a pessoa só aprende quebrando a cara. Deixa a teimosia taurina dele levar ele onde ele tiver de ir. Não podemos ter controle sobre isso. Aliás, controle sobre nada... - prossegue Daniella.
Os três seguem conversando. CORTA A CENA.

CENA 6: Hugo desabafa com Bernadete quando ela sai do quarto de Flavinho.
-Mãe, pode me dar um minutinho?
-Quantos você quiser, meu filho...
-Sabe o que é? Eu ando com medo que a Valéria nunca mais volte pra cá.
-Deixa disso. Eu sei que ela vai voltar. Tenho a mais absoluta certeza disso.
-Queria ter essa certeza. Mas não sinto isso.
-Filho, cê precisa confiar mais na vida, porque apesar da sua traição, eu sei que vocês se amam.
-Mas eu caguei tudo. E ela tem uma história com o William. Além do Leozinho ser filho biológico dele.
-Hugo, meu filho... não dá pra entregar os pontos assim, logo agora. As coisas podem e devem melhorar, você vai ver.
-Mãe, eu preciso ser realista. Ela pode se apaixonar outra vez por ele.
-Depois de tudo o que ele fez ela passar no começo da gravidez? Duvido muito...
-Nesse caso eu e ele estamos quites. Eu traí ela.
-Uma coisa não se compara com a outra. Não tem sequer uma linha comparativa possível, filho...
-Como que não?
-Porque você não duvidou do caráter dela. Nem chamou de golpista pra baixo. Ele fez tudo isso. Isso acaba pesando. Senão num primeiro momento, no momento que as lembranças começam a ser reviradas. Confia mais em si mesmo, filho...
CORTA A CENA.

CENA 7: Pela manhã, Bruno atende uma ligação de número desconhecido em seu celular.
-Alô, quem fala?
-Você é Bruno Salmerón?
-O próprio.
-Maravilha. Sou Irina Fischer.
-Como? A maior fotógrafa da América Latina?
-Eu mesma. Eu vi o seu material. Quero que você faça umas fotos para mim. O cliente é uma loja de moda e moda íntima masculina. Tanto eu quanto o nosso cliente queremos você trabalhando conosco.
-Isso é sério?
-Seríssimo. O meu cliente exige que você seja o nosso garoto propaganda.
-Para fotos e comerciais?
-Exatamente. Tem como vir me encontrar ainda hoje?
-Claro que sim! Só me dizer o horário e o local.
Bruno anota as informações e desliga radiante. Mônica percebe felicidade dele.
-Eita Bruno, logo pela manhã recebendo notícia boa?
-Você não sabe o que acabou de acontecer, Mônica! A Irina Fischer me quer trabalhando com ela!
-Viu só? Isso é mérito seu, meu querido. Não precisou passar por cima de ninguém. Parabéns!
CORTA A CENA.

CENA 8: Nicole toma café da manhã com Daniella e desabafa sobre Cristina.
-Eu sei que cê pode achar que eu tou ficando doida, filha...
-Ué, doida por que?
-A Pati já foi mesmo? Não quero que ela escute...
-Deixa de besteira, ela é de confiança. E sim, ela acabou de pegar o carro pelo aplicativo.
-Eu sinto que a sua irmã tá pra voltar. É mais forte que eu.
-Você podia ter falado isso na frente da Pati, sabia?
-Como assim?
-Ela me disse que sente a mesma coisa. O que andam colocando na água de vocês pra vocês andarem sensitivas desse jeito, hein?
-Tá vendo? Até ela sente. Eu não sei explicar, filha... mas de alguma forma eu sinto que esse pesadelo todo tá pra acabar.
-Que assim seja, mãe... porque dói demais esse desaparecimento da mana...
CORTA A CENA.

CENA 9: Antes do jantar, Cristina consegue chamar Valentina para uma conversa a sós no quarto. Valentina estranha quando se depara com Margarete já no aguardo das duas.
-Margarete? Tá arrumando alguma coisa aqui? - pergunta Valentina.
-Não, dona Valentina. Aqui é o único local dessa casa que não tem escuta nem câmeras. - explica Margarete.
-Eu fui sequestrada, Valentina. Eu não voltei com o Vitório. Seu filho me mantém cativa aqui. - explica Cristina.
-Eu suspeitei disso, querida. Não tive coragem de falar. Me recusei a crer... mas sei que meu filho é um mafioso. E sei que ele não admite perder. Não sei como ele se tornou esse homem... - lamenta Valentina.
-Por isso que eu tou aqui, dona Valentina. Eu sei que juntas nós somos mais fortes e encontramos um jeito de tirar a Cristina dessa enrascada. - fala Margarete.
-Já sei. Cristina, minha filha... você finge passar mal, a gente te leva pro hospital e de lá você foge, afinal de contas, num hospital os capangas do meu filho não podem se infiltrar... - sugere Valentina.
Cristina fica apreensiva. FIM DO CAPÍTULO 144.

sexta-feira, 28 de abril de 2017

CAPÍTULO 143

CENA 1: Flavinho fica ansioso pela resposta de Érico.
-Não vai me dizer que mudou de ideia... eu fui trouxa de não aceitar na hora, não fui?
-Calma, Flavinho... primeiro, entra. A mãe já foi dormir.
-Vai ou não vai me responder se quer namorar comigo?
-Vou. Quer dizer... quero.
-Sério?
-Claro que é sério. Não fui eu quem te pedi em namoro ainda mais cedo? É tudo o que eu mais quero nesse momento...
Os dois se beijam.
-Érico... agora a gente precisa colocar algumas coisas em pratos limpos.
-Acho justo. Afinal a gente se conheceu há pouco tempo e já tá encarando um namoro...
-É justamente por isso. Eu quero que a gente sempre possa ser sincero um com o outro.
-É o certo.
-Pois então... eu quero falar exatamente o que tá me passando pela cabeça...
-Fala, ué...
-Essa história precisa ser nossa. Só nossa. Independente de todas as formas do Gustavo pela minha parte e do Guilherme pela sua. Aqui, somos eu e você, descobrindo um sentimento que pode vir a se tornar intenso. Mas tudo isso precisa ser nosso. Tudo isso precisa ser só nosso. A nossa história... com os nossos erros e com os nossos acertos, mas que seja eu por você e você por mim... de acordo?
-Acho correto. E sinceramente eu fico feliz e aliviado de ouvir você me dizer isso. Porque o que eu mais quero é estar completamente desligado da minha história com o Guilherme. Quero manter ele na minha vida sim, mas como amigo.
-Digo o mesmo em relação ao Gustavo...
-Fica aqui, comigo, essa noite? É que agora a gente é namorado...
-Claro que fico. Só espera eu avisar a minha mãe... digo, a Bernadete?
-Vai lá e avisa. Acho tão fofo você chamar ela de mãe assim, por acidente...
CORTA A CENA.

CENA 2: Cristina se recusa a comer durante almoço e Vitório se preocupa.
-Essa sua falta de apetite não é normal.
-Ah, cê jura, Vitório? E essa situação por um acaso é normal? Eu devia estar no Brasil tomando café da manhã uma hora dessas. Ao lado da minha filha e do meu amor. Você espera mesmo que eu esteja cheia de apetite?
-Desse jeito vai ser pior pra você. Saco vazio não para em pé.
-Eu não tou com vontade de comer.
-Tenta, pelo menos.
-Você fala como se estivesse realmente preocupado comigo.
-Claro que me preocupo. Eu amo você.
-Não é o que parece, me prendendo aqui nessa casa, fora do meu país, me cerceando a liberdade dessa forma.
-Deixa esse papo pra essa hora. Tenta se alimentar melhor, senão cê fica desnutrida.
Cristina tenta comer, mas sente náusea.
-Não dá, Vitório. Eu não consigo.
-É algo com a comida? Está ruim?
-Não. Eu devo estar enjoada de nervoso, só. Não tem nada de errado com a comida. Eu só não tou conseguindo...
CORTA A CENA.

CENA 3: Fábio visita o filho e desabafa com ele, durante café da manhã.
-Tá desesperadora a situação, Maurício...
-Eu posso imaginar, pai. Nada de pistas sobre o paradeiro da Cristina, ainda?
-Nada, filho.
-De repente era uma boa voltar a Fernando de Noronha com algum dinheiro no bolso, vai que...
-Não, Maurício. Isso seria corrupção, meu filho.
-Por acaso cê tem tempo a perder, pai?
-Não tenho. Mas não é assim que as coisas vão se resolver.
-Vão se resolver como?
-Filho... eu tou perdendo as esperanças...
-Não pode isso, pai! Não pode! Ela é seu grande amor, não é? E a minha irmãzinha? Tão bebêzinha ainda...
-Maurício, meu filho... a realidade precisa ser encarada. Cristina pode ter sido morta por aquele maluco...
-Que horror, pai. Você não devia dizer uma coisa dessas nem de brincadeira. Isso deve ser trauma pela morte da Arlete...
-Eu sou escaldado, filho. É meu jeito de sobreviver a essas dores...
CORTA A CENA.

CENA 4: Daniella chega cedo em casa e Patrícia fica surpresa.
-Gente, que foi que aconteceu? Eu sei que ocê não gosta da clínica, mas...
-Não dá. Eu tou completamente sem cabeça, Pati.
-Deixou os meninos no lugar?
-Sim, é neles que eu confio.
-É por causa da sua irmã que ocê tá assim, não é?
-Claro que é. É minha única irmã... é a pior sensação que existe nessa vida essa incerteza.
-Posso imaginar.
-É um vazio, uma dor... uma coisa inexplicável.
-Ela vai voltar. Eu sei disso. Não me pergunta como... mas de alguma forma eu sei... é como se eu sentisse ela por perto. Eu quase posso ver ela. E sei que ela tá bem.
-Não sabia desse seu lado meio vidente...
-Muito menos eu. Só falo do que sinto...
CORTA A CENA.

CENA 5: Anoitece. Flavinho é surpreendido por Érico na saída da clínica.
-Gente... que coisa boa que ocê veio! Nem avisou, mas eu adorei!
-Eu sabia que cê ia gostar. Por isso eu vim.
-Desse jeito você me deixa mais apaixonado, hein?
-Oh, não! Droga... você descobriu meu truque!
-Minha mãe biológica era canceriana, bobo. Conheço essas artimanhas de quem faz que não quer nada...
-Vamos indo pra parada de ônibus, então?
-Pera, ocê tá me convidando pra ir pra sua casa?
-Isso! Avisa a sua mãe se não for problema...
-Tá certo...
Instantes depois, com os dois já esperando pelo ônibus, Guilherme passa por eles. Érico o chama.
-Ei, Guilherme! Sabia que eu tou namorando com o Flavinho? - fala Érico.
-É mesmo? Que maravilha! Parabéns pros dois! Boa sorte nesse namoro! - fala Guilherme, genuinamente feliz.
Flavinho percebe postura de Érico e fica incomodado. CORTA A CENA.

CENA 6: Giovanna recebe Hugo na clínica em que está internada.
-Achei que você tinha me esquecido aqui largada.
-Jamais, Giovanna.
-Então por que demorou tanto?
-Recomendação vindo daqui.
-Sei. Engraçado que isso parece uma justitificativa que cai como uma luva. Deve ser uma desculpa sua.
-Eu tou aqui, não tou?
-Sim...
-Como tem sido os seus dias?
-Um tédio absoluto. Mas fora isso, tenho me sentido melhor. Os medicamentos não me deixaram tão pancada como eu pensei que ia ficar.
-Tá vendo? Os seus preconceitos vão se desconstruindo.
-É, que seja... mas não vai pensando que eu sou maluca, não. Eu sou completamente sã. Isso daqui é só uma fase.
-Eu sei.
-É? Então por que me olha com essa cara? Não sou nem nunca vou ser nenhuma coitadinha.
-Tá...
-Você vem me ver mais vezes?
-Claro que venho.
-Promete?
-Sim.
-Vou cobrar.
-Eu preciso ir agora... fica bem.
Hugo deixa a clínica e Giovanna fala consigo mesma.
-Vai achando que eu tou mansinha, Hugo... vai achando. Nem você nem a Valéria vão ter paz. Eu fico sem meu filho, mas vocês não ficam juntos nunca mais!
CORTA A CENA.

CENA 7: Margarete acode Cristina quando ela passa mal.
-Não conta pra ele, tá?
-Por que não, Cristina?
-Pra ele parar de querer me enfiar goela abaixo essas comidas. Acho que tem algo nelas.
-Deixa de besteira. Sou eu mesma que cozinho. E não deixo ele chegar perto de nada, em momento nenhum.
-Ele deve ter algo escondido. Alguma coisa tá acontecendo comigo...
-O que tá acontecendo com você, minha querida, se chama gravidez.
-Que? Não, Margarete. Eu ando assim por tudo...
-Vai por mim. Minha intuição não falha. Você tá grávida.
-Gente, não pode ser! O Fábio pode nunca mais me ver se esse maluco não me soltar... seria pior ele descobrir, sei lá, depois de anos, que teve mais um filho...
-A gente vai descobrir se você tá mesmo grávida. E pensar num jeito de acabar com isso.
-Não vejo a hora de me livrar de tudo isso...
CORTA A CENA.

CENA 8: Valéria e William se divertem antes de dormir com lembranças do passado.
-Lembra aquela vez que ocê ficou branco feito uma folha de ofício?
-Nem fala. Eu não podia dar na cara que tinha medo de altura.
-Tava era querendo bancar o macho alfa que eu sei! Custava dizer que tinha medo da roda gigante?
-Ah claro, pro Flavinho, pro Leonardo e p'rocê rirem da minha cara?
-Foi pior, a gente riu ainda mais!
-É verdade, né? Eu fui bobo.
-O bobo mais lindo que tinha naquele parque de diversões.
Um clima acontece entre os dois e eles acabam se beijando. William se afasta lentamente.
-Será que tá nascendo uma nova afeição aqui?
-Acho que sim. Vamos tentar?
-É o que eu mais quero! Esperei demais por esse momento.
-Mas é um passo de cada vez, tá? A gente já se machucou bastante antes...
CORTA A CENA.

CENA 9: Nicole janta com Sérgio e os dois sofrem pelo desaparecimento de Cristina.
-Olha, Nicole... eu sei que é chato remexer nessa ferida outra vez...
-É sobre a Cris? Eu ainda não desisti dela.
-Nem eu...
-O que terá sido da nossa filha, Sérgio? Dá um aperto no peito só de imaginar o que pode ter acontecido...
-Que ela esteja bem. É preciso manter o otimismo.
-Como, Sérgio? Não sabemos de nada mais dela...
-Não sei. Mas a gente precisa tentar.
-O que me mata é essa sensação de impotência.
-A mim também, Nicole... a mim também.
CORTA A CENA.

CENA 10: Margarete procura Cristina.
-E aí... o inútil dormiu?
-Como uma pedra. Mal percebe que eu dou uma ajudinha pra ele dormir toda noite.
-Você é incrível, Margarete.
-Parada que eu não posso ficar diante de um absurdo desses.
-Você me lembra a dona Nicole.
-A sua mãe?
-Sim. Acho até que regula de idade com ela.
-Que seja. O que importa é que eu já sei como a gente vai dar a volta no Vitório.
-Como é que é?
-Sim.
-De verdade?
-Sim. Eu andei pensando e vi que sei um jeito infalível de te tirar desse mausoléu.
Cristina se enche de esperança. FIM DO CAPÍTULO 143.

quinta-feira, 27 de abril de 2017

CAPÍTULO 142

CENA 1: Bernadete fica perplexa pela afirmação de Nicole.
-Como é que uma coisa gravíssima dessas acontece e nem você nem o Sérgio me contam nada? Nem mesmo o Leopoldo sabia disso! Que horror!
-Faz dias que a gente tá nessa aflição.
-Devia ter desabafado antes, boba! A gente é amiga pra que?
-E causar algum problema pra você? Nunca!
-Tá doida? Amiga, eu não sofro mais do coração. Tou completamente curada depois da cirurgia, chega a ser ridículo todo mundo me tratando feito doente ainda. Eu fui capaz de atrocidades como rejeitar o amor do Flavinho! Melhor dizendo... do meu filho, do filho que a vida me deu. Não apenas não tou frágil como inclusive fiz besteira. Não tinha sentido nenhum me poupar de qualquer coisa.
-Eu sei, querida. Mas essa situação deixa tanto a mim, quanto ao Sérgio, a Daniella e até mesmo o Fábio de mãos atadas. Acredita que até voltar a Fernando de Noronha ele voltou pra ir atrás de alguma possível testemunha?
-Gente... que babado forte. E nada?
-Não, Dete. Absolutamente nada.
-Que aflição horrorosa que ele deve estar passando, viu?
-O Fábio?
-Ah, sim... também. Mas falo do Sérgio. Imagino que ele esteja passando por uma dor tão grande quanto ou ainda maior que a sua. A Cris sempre foi o xodó dele.
-Verdade... tanto que foi ele que fez a clínica pra ela.
-Queria poder fazer algo pra ajudar vocês...
-Tá vendo? É por isso que a gente não contou nada antes.
-Ué, por que?
-Eu sabia que você iria bancar a salvadora da pátria que quer resolver todas as coisas. Isso faz parte da sua natureza desde que a gente era menina. Lembra quando você era líder da turma e se sentia responsável até pelas brigas que aconteciam?
-Caramba, eu quase esqueci disso!
-É, mas tudo isso é bem do seu jeitinho, Dete...
-Só você, Marilu...
-Eu o que?
-Pra extrair coisa boa nesse momento de aflição e dor pra você...
CORTA A CENA.

CENA 2: Sérgio olha para o relógio e alerta Mônica.
-Querida, você não tá atrasando pra ir pra revista da agência?
-Hoje eu não tenho que chegar tão cedo, relaxa...
-É que eu não quero que você se prejudique.
-Não vou, Sérgio. Minha chefe imediata ainda é a Valéria, pelos poderes que foram concedidos a ela. Então tá tranquilo...
-Menos mal.
-Depois, a nossa conversa não acabou.
-Ih, lá vem pedrada da taurina que acha que sabe de tudo...
-Querido, não é que eu saiba de tudo, mas eu percebo um bocado de coisa, viu?
-Sei. E o que você acha dessa situação toda, pra estar se coçando pra falar?
-Acho que cê tá usando o desaparecimento da sua filha como desculpa pra não encarar o fato óbvio que tá fugindo do seu grande amor.
-Que absurdo! Minha filha possivelmente sequestrada e cê acha que eu tou pensando na Dete?
-Se estiver, não é pecado nenhum, sabia? A sua vida não parou. Vê se lembra disso.
CORTA A CENA.

CENA 3: Bernadete conta a Nicole sobre divórcio.
-No fim das contas, no meio dessa conversa toda, quase esqueço de te contar uma coisa...
-O que, Dete?
-Tou entrando pro seu time.
-Que time?
-Das separadas.
-Não vai me dizer que... eu não pensei que fosse pra tanto...
-Mas é. Tá tudo certo, tudo tranquilo. Apenas decidimos nos libertar desse casamento que já acabou.
-Quem diria. Leopoldo sempre tão católico... aceitando numa boa...
-Nossa família não é mais tão tradicional como antes. Meu filho que morreu era gay e eu nem sabia. Agora a vida me deu outro filho, o que meu coração escolheu. Gay também. A vida tá sempre dando novas chances pra gente. Você deveria aproveitar a sua, Marilu.
-Como assim?
-Vai atrás do Leopoldo. Não agora, mas daqui algum tempo. Eu acho que o amor de vocês nunca se resolveu totalmente...
CORTA A CENA.

CENA 4: Vitório tenta conversar com Cristina, que lhe vira a cara.
-Vamos, Cris... colabora! Pelo menos olha pra mim!
-Pra que?
-Poxa, cê tava tão afável comigo quando meus pais vieram...
-Ah, é? Quem sabe é porque eu tinha que fingir que essa porra aqui não é um sequestro?
-Eu pensei que...
-Pensou errado.
-Tenta lembrar de tudo de bom que a gente já viveu...
-Eu nunca esqueço. Mas isso faz parte do passado. É lá que devia ter ficado, se não fosse essa loucura que você inventou.
-Você ainda vai me agradecer... tou fazendo isso pelo nosso amor...
-Me deixa quieta, Vitório. Você ainda vai se arrepender do que tá fazendo...
-Tudo bem...
CORTA A CENA.

CENA 5: Érico se encontra com Flavinho no horário de lanche dele.
-Que bem que ocê veio, Érico.
-Sentiu minha falta, foi?
Nesse momento, Gustavo passa pelos dois e finge indiferença. Flavinho percebe que ele ficou enciumado e se surpreende.
-Senti sim, Érico.
-Você ficou com uma cara estranha de repente.
-Não foi nada. Quer que eu peça um quiche pra você?
-Deixa que eu escolho...
-Certo. Érico... fala uma coisa pra mim...
-O que?
-Ocê tá ficando comigo porque quer ou pra causar ciúme no seu ex?
-Não vou mentir. Quis chamar atenção dele. Mas gosto de você. Quero tentar...
CORTA A CENA.

CENA 6: Elisabete se zanga com Maria Susana.
-Poxa, amor... vai fechar a cara pra mim desse jeito?
-Me dá um motivo pra não ficar assim, Susi...
-Eu não tive culpa.
-Muito menos eu! Ou você acha que eu pedi pro sujeito parar no sinal e começar a chamar a gente de fanchona pra baixo?
-E precisava você descer a mão no cara?
-Só fiz isso porque você ficou calada! Não percebeu que ele podia ter nos assediado?
-E se o Miguel estivesse junto?
-Não estava! Não coloca isso sobre o seu filho!
-Desculpa.
-Amor, se eu fico brava é porque eu sei que você tem uma força incrível. Dói em mim ver que você mesma subestima a própria força de reagir ao preconceito.
-Eu sei que me acovardo. Mas é que eu tenho medo da violência...
-Você acha que eu não tenho? Eu tremo de medo só de pensar que nós podemos ser estupradas ou mortas.
-Mas não parece.
-Engano seu. É minha forma de revidar ao que podia me acovardar.
-Como você consegue?
-Acho que aprendi a enfrentar melhor meus medos depois que sobrevivi à tentativa de suicídio... resolvi abraçar tudo isso que a vida me oferece. A gente nunca sabe se o amanhã realmente vai chegar.
-Pensando por esse lado... chega a ser comovente parar pra pensar nisso, porque a vida é agora...
-E é isso justamente que eu preciso que você entenda, meu amor... eu faço isso pra gente ser feliz. E não gosto de te sentir acovardada. A gente tem que enfrentar. Justamente porque tudo o que realmente existe é só o agora...
CORTA A CENA.

CENA 7: Érico segue conversando com Flavinho durante horário de lanche.
-Sabe, Flavinho... no fim das contas tudo o que eu sempre quis foi um amor livre. Livre e seguro, ao mesmo tempo.
-Entendo. Mas será que o seu ex não te oferecia isso?
-Posso garantir que não. Acho que a gente nunca teria passado de amizade colorida se não fosse pela minha insistência.
-Entendi.
-Eu acho que a gente podia dar certo,
-Oi?
-Sim, eu e você.
-Érico... eu nem sei o que te dizer.
-Diz que aceita.
-Aceita o que? Ocê pediu alguma coisa?
-Não ainda, mas vou pedir. Quer namorar comigo?
-Érico... a gente se conhece pouco. Eu tou curtindo você, mas você sabe da minha história...
-Isso é um não?
-Não. Isso é um talvez. Só que eu preciso de tempo. Tudo bem?
-Claro...
CORTA A CENA.

CENA 8: Na volta do intervalo, Gustavo aborda Flavinho.
-O que significa aquilo, Flavinho?
-O que significa pergunto eu. O que te deu pra me tomar desse jeito?
-Tá na cara que ocê tá fugindo de mim. E ainda envolvendo outro cara nisso.
-Credo, não sabia que ocê se achava assim, Gustavo.
-Para com isso, Flavinho. A gente podia estar junto.
-Mas não é o caso.
-Porque ocê não confia em mim...
-Taí uma verdade. Mas a culpa não é sua, é minha por não conseguir conviver com algumas ideias.
-Pelo menos admite.
-Deixa eu tentar, Gustavo.
-Mas não se atirando nos braços do primeiro que aparece pedindo em namoro.
-Eu não acredito... ocê ouviu minha conversa com ele?
-Não foi por querer. Mas ouvi, sim.
-Pois saiba que eu namoro com quem eu quiser. E se for pra ser com o Érico, por que não?
CORTA A CENA.

CENA 9: Daniella consola Gustavo.
-Querido... cê precisa entender que o fato do Flavinho ser gay não isenta ele de preconceitos.
-Só que é duro pra mim... ver alguém que amo ser tão escroto.
-Ah, Gustavo... ninguém é perfeito. A gente tem preconceitos. Amanhã ou depois eu mesma me deparo com algum que eu não observei. Não é fácil desconstruir coisas que a gente aprendeu...
-Ele podia pelo menos se esforçar. Tá me machucando.
-Tá machucando porque cê gosta dele. Tá com ciúme.
-Ciúme, eu?
-Querido, escorpiano sem ciúme é humano sem ar!
Os dois riem. CORTA A CENA.

CENA 10: De noite, Érico é surpreendido pela súbita chegada de Flavinho.
-Eu até assustei com a campainha. Você não disse que vinha.
-Mas vim. Precisava te ver. E te perguntar uma coisa.
-O que?
-A sua proposta de namoro ainda tá em pé?
Érico fica surpreso.
-Isso é sério?
-Por que não haveria de ser?
-É que ainda hoje cê disse que...
-Sabe o que é? Eu cansei de dar murro em ponta de faca, de correr em pista que não leva a lugar nenhum. Se o seu pedido ainda estiver valendo, eu quero dizer que aceito sim namorar contigo.
Érico se emociona. FIM DO CAPÍTULO 142.