CENA 1: Giovanna segue rindo de Hugo.
-Ah, coitado... se acha tão homenzinho. Tão independente. Cheio de si, pensa que tem vontade, coitado... quem fez suas vontades fui eu, Hugo. Eu fiz você. Tudo o que você é hoje... deve inteiramente a mim.
Giovanna relembra quando conheceu Hugo, há mais de 10 anos.
-Era só um moleque saindo da adolescência e precisando de limites...
Inicia-se um flashback, retrocedendo para 2004. Giovanna quase é atropelada por Hugo, que dirigia em alta velocidade.
-Olha por onde anda, moleque! Isso aqui não é seu condomínio não!
-Desculpe... eu não vi que você vinha atravessando...
-Podia ter me atropelado. Pior, podia ter me matado! Podia ter sido com qualquer outra pessoa, uma pessoa idosa, inclusive!
-Desculpe.
-Suas desculpas não vão suavizar o susto que acabei de levar.
-Cê tá tremendo, ainda... não quer que eu te dê uma carona?
-Ficou louco, moleque? Cê tava a quase cem por hora numa avenida e ainda quer me dar carona?
-Eu juro que ando na velocidade certa. Sem maluquice. Você ainda tá se tremendo demais... precisa se acalmar. Aceita a carona, vai! Preciso desfazer essa péssima impressão que deixei. Me chamo Hugo, e você?
-Giovanna. Tá, eu aceito a carona. Moro aqui perto. Mas nada de alta velocidade, senão já sabe...
-Pode confiar.
Meses depois. Hugo está no apartamento de Giovanna após uma noite de sexo.
-Hugo... cê nunca pensou em abrir uma empresa?
-Nunca, por que?
-Porque eu acho que cê tem um talento incrível pra agenciar modelos.
-Você andou falando com meu pai, foi?
-Andei sondando. Ele quer um braço forte pra editora dele. Algo que sustente além dos patrocínios eventuais. Acho que tá na hora da gente abrir uma empresa.
-Mas eu ainda tenho dezoito anos, Giovanna.
-E daí? Eu te ajudo nisso. Tenho experiência, esqueceu? Já agenciei modelos de todo o mundo, você sabe disso...
-Tá certo... eu tenho a ideia de um nome. Não ri, tá? Pensei em Natural High... tá, eu sei que é ridículo...
-Ridículo? Hugo, esse nome é sensacional! Genial! Vou fazer uma pesquisa e se não houver nada registrado nesse nome, não vamos nem precisar gastar com naming, olha que mão na roda!
Meses depois.
Hugo aparece com uma garota, que vai ao toalete. Giovanna observa a tudo na boate e chama Hugo pra conversar.
-E então, Giovanna? O que achou da Aline?
-Ah, é Aline o nome dela? Nem tinha gravado. Não serve.
-Por que?
-Olha só pra ela... tonta demais. Previsível demais. Ia ser daquelas que cedo ou tarde ia ficar na sua cola... na nossa cola, se é que você me entende...
-Tá certo...
Giovanna volta das lembranças, sorrindo.
-Ah, Huguinho... desde o começo você comeu na minha mão. Nesses doze anos, você foi se tornando a cada dia mais meu. Você não sabe e nem pode viver sem mim...
CORTA A CENA.
CENA 2: Horas depois, Hugo chega em casa quando todos já dormem e Flavinho prepara um sanduíche na cozinha.
-Oi, Flavinho... achei que cê já tava dormindo...
-Nada! Nem a Valéria pregou o olho, ainda... vim aqui preparar um troço pra eu comer, porque vivo com fome... tava conversando com ela até agora.
-Não sei como você não engorda. Quase sempre te vejo comendo alguma coisa...
-Deve ser sorte da genética... enfim. Tou notando ocê com uma cara meio triste. Aconteceu alguma coisa?
-Tem acontecido, Flavinho... há muito tempo. Já perdi a conta de quanto tempo faz...
-Isso tem a ver com aquela conversa que a gente teve?
-Exatamente.
-Quer falar mais sobre? Sou todo ouvidos...
-Vou querer sim, Flavinho... você me entende. E o melhor: não me julga. O fato é que eu realmente não sei mais quem sou. Se é que um dia eu soube... acho que não tive tempo de saber. Não me deixaram descobrir.
-Não te deixaram? Quem?
-Tanta gente... tanta gente!
-Essa gente tem nomes, pelo menos?
-Não pense que não confio em você, meu amigo... mas sinto que não posso falar muito. O que posso dizer é que desde que me entendo por gente, sempre teve alguém decidindo meu rumo por mim. Nunca eu mesmo. Primeiro, os meus pais...
-Engraçado... mas não vejo a dona Bernadete sendo controladora.
-E não é. Só que você sabe como é meu pai. De certa forma, eu responsabilizo ele pelo que aconteceu ao Leo... desculpa te dizer isso, eu sei que vocês iam se casar...
-Não é nada diferente do que eu já tenha pensado, Hugo... relaxa.
-Eu sinto que permiti... eu deixei que fizessem isso comigo. Não me opus em nenhum momento... não me impus. Não soube impor minhas vontades. E hoje, nem sei mais quais são minhas vontades. Me vejo diante do espelho e não sei mais quem vejo. Eu sou alguém? Não sei... talvez eu seja ninguém...
-Mas Hugo... talvez as coisas não sejam bem assim. Você é um jovem empresário, bem sucedido. Tem o seu valor.
-Valor pra quem, Flavinho?
-Pra você mesmo, não?
-Nenhum. Meu valor interessa a quem espera alguma coisa de mim. Todo mundo espera alguma coisa de mim... menos eu. Eu não sei o que eu espero de mim.
-Você não tá exagerando?
-Não tem nenhum exagero nisso, sério... hoje eu percebo: a vida inteira, desde sempre, eu fui escravo das decisões alheias. Das projeções que fizeram sobre como deveria ser minha vida. Eu aceitei isso. Me deixei escravizar.
-Você não acha meio pesado afirmar isso?
-Maior é o peso que tá nas minhas costas... o peso de não ter o direito nesse momento nem a saber quem eu realmente sou no meio de tantos desejos, tantas vontades, tanta manipulação... bem, desculpa por mais esse desabafo. Mas é que só confio em você pra falar essas coisas...
-Eu agradeço pela confiança. Espero do fundo do coração que você saiba encontrar essas respostas. E que seja mais feliz. Vou subindo agora... até amanhã, Hugo. Fica bem, viu?
CORTA A CENA.
CENA 3: Flavinho termina de fazer uma leve refeição em seu quarto quando Valéria o procura.
-Menina... achei que ocê já tinha ido dormir. Bateu insônia de novo?
-Acho que sim, Flavinho... sabe aquelas noites que você custa a dormir e não sabe muito bem o motivo?
-Sei, sim. Mas acho que a senhora sabe muito bem o motivo.
-Ah, não, amigo! De novo aquele papo eu não tou nem um pouco disposta.
-Que papo? Euzinho aqui não disse nada.
-Quem não te conhece que te compre, Flavinho. Sei muito bem que ocê dá voltas pra induzir a gente...
-Quem, eu?
-Você mesmo...
-Eu mesma, capciosa mello! Boba... eu só acho que tá meio óbvio.
-Esse é o problema: ocê acha coisa demais, Flavinho... nem sempre as coisas são o que parecem.
-Que seja. Falando no bonito, ele andou desabafando uns troços comigo...
-É mesmo? O que?
-Valéria... o Hugo é um cara mais sozinho do que parece ser. Chega a cortar meu coração pelas coisas que ele disse quando desabafou comigo.
-Cê deve achar que eu tenho cara de burra, né? Certeza que tá falando tudo isso pra me amolecer.
-Queridinha... menos, bem menos! Tou contando isso procê porque ele desabafou umas coisas que me deixaram com dó dele, só isso. Agora, se ocê não quer saber, já é outra coisa...
-Tá... eu sei que ocê tá doido pra me falar. Pode falar, então...
-Menina... ele diz que não sabe quem é de verdade. Que viveu a vida inteira sendo um escravo dos desejos e das decisões dos outros. Diz que não consegue saber mais o que ele quer por ele mesmo e o que as pessoas decidiram por ele.
-Nossa... eu nunca esperava que um cara como ele fosse sentir essas coisas...
-Tou dizendo, amiga... ele é o oposto do que parece ser.
-Será que ele se sente sozinho? Talvez ele precise de amigos, vai saber...
-Se sente, sim. Pelo menos a mim ele já tem de amigo. Mas ele continua sendo muito só.
-Viado, ocê não me olha com essa cara que eu não sou obrigada a nada...
-Eu disse alguma coisa?
-Não precisa dizer. Eu sei bem o que seus olhares querem dizer...
-Valéria... vai dormir, vai. Cê tá se defendendo demais...
CORTA A CENA.
CENA 4: Valéria acaba escutando por acidente conversa de Hugo e Giovanna ao telefone, antes de chegar a seu quarto. Num impulso, resolve ouvir atrás da porta.
-Giovanna... tudo o que tou te pedindo é pra você dar um tempo. Sair um pouco de cima de mim. Você sequer dá tempo de eu pensar direito nas coisas. Eu preciso de um tempo.
-Você tá fugindo, Hugo. Me enganando. Pode não ser sua intenção, mas você me engana. Pequenas mentiras também são mentiras, não são?
-Quem é você pra falar de mentira, Giovanna? Faz questão de manter o nosso caso em segredo há mais de dez anos. Se tem uma coisa da qual você entende, é de mentira.
-Mas você nunca se opôs a isso.
-Talvez tenha sido esse o meu erro, Giovanna... ter aceitado tudo calado. Sem nunca me opor. Sem nunca parar pra pensar no que eu realmente queria.
-Mas você ainda me quer, não quer? Ou vai dizer que apareceu outra na jogada?
-Não tem outra nenhuma na jogada. Eu só preciso de um tempo, Giovanna. Não deixei de querer você. A gente sabe como se entende sempre na cama.
-Bem, pelo menos isso ainda tá garantido. Mas você não tente me passar a perna. Não tem como terminar bem.
-Eu tou cansado, Giovanna... preciso descansar. Colocar a cabeça no lugar. A gente se fala amanhã...
Valéria, perplexa, constata que Hugo mantém um caso com Giovanna em segredo.
-Meu Deus... é ela! Eu sabia... nunca fui muito com as fuças dessa mulher. Ela tem um caso com o Hugo... há anos! Será que é disso que ele tá tentando fugir? Eu nem devia ter me metido nisso... maldita hora que parei pra ouvir... ele continua sendo um cafajeste. Da pior espécie!
CORTA A CENA.
CENA 5: No dia seguinte, Sérgio estranha ao ver Nicole se arrumando toda elegante.
-O que te deu, Nicole? Tá se vestindo toda elegante, toda chique... colocando maquiagem boa... tem algum compromisso que esqueci?
-Eu vou visitar a Bernadete, ué...
-E precisa dessa produção toda?
-Sérgio... por mais que eu e você sejamos ricos, não esqueça que eles são milionários.
-Ah, claro... e só por causa disso precisa dessa produção toda?
-Não posso me arrumar como manda o figurino, não? Eu, hein... achei que você já tinha superado essa sua fase de regular o que eu posso ou não vestir...
-Você e eu sabemos que não é bem isso.
-Não entendi onde você pretende chegar, Sérgio... não sei se quero entender. Eu vou sim ver a minha amiga Bernadete, pelo menos duas vezes por semana. Algum problema?
-Será que você não anda com outros interesses?
-Seja mais direto, Sérgio. Você sabe que não tenho paciência pra falta de objetividade.
-Por um acaso você tá querendo forçar a barra pra pertencer à alta sociedade?
Nicole tem uma crise de riso.
-Quantos anos você acha que eu tenho, cara?
-Mas quando você tinha vinte e poucos você desejava isso...
-E daí? Isso já faz muito tempo. As meninas eram pequenas. Me respeite, Sérgio! A Nicole de quarenta e nove anos não é a mesma Nicole do começo dos anos noventa, pro seu governo... ou você esqueceu que a Bernadete é minha amiga desde antes de eu te conhecer? Aliás, sua amiga também. Você acha mesmo que eu frequento a casa dela e do Leopoldo por interesse? Francamente, Sérgio... eu esperava esse tipo tosco de julgamento de qualquer um, menos de você!
-Me desculpa, Marilu...
-Chega, Sérgio. Além de tudo, fica nervoso e me chama desse nome horroroso... eu até ia te convidar pra vir comigo, mas pelo menos hoje, não tem condição. Fica aí com a sua consciência e depois a gente se fala melhor sobre tudo isso.
Nicole parte.
-Eu sou mesmo uma anta! Como pude fazer isso com a Nicole? - lamenta Sérgio, consigo mesmo. CORTA A CENA.
CENA 6: No horário de almoço, Gustavo percebe que Daniella mal consegue comer.
-O que te deu, amor? Você sempre tá cheia de apetite e hoje mal tocou na comida...
-Preocupações, Gustavo... preocupações...
-Tem a ver com o que eu não consigo dizer? Se for isso, eu sinto muito... mas ainda não consigo...
-Relaxa, amor... não tem nada a ver com isso. Tem a ver com o rumo ou a falta de rumo da vida da minha irmã.
-Preocupação com a Cristina? Essa pra mim é nova... você não diz que ela sempre foi a mais centrada?
-E foi, Gustavo... durante quase trinta anos. Só que ultimamente ela desandou a fazer tudo o que queria e nunca teve coragem.
-Pensei que você fosse apoiar isso...
-Não é tão simples quanto parece... ela manteve muita coisa adormecida, por muito tempo. E essas coisas, quando acumulam, são feito água... pensa numa represa... que vai enchendo de água... até que chega o momento que ela se rompe. Quando ela se rompe, a água já é muita, uma quantidade incalculável... que vai levando tudo pelo caminho, destruindo sem olhar pra que direção vai. E vai por todas as direções por onde puder ter vazão... entende por que me preocupo?
-Acho que entendi... você percebe que ela tá sem rumo... e agindo de forma aleatória, desordenada...
-Exatamente, amor... exatamente.
-Queria poder tirar essa preocupação de dentro de você.
-Eu sei disso, amor... e esse seu cuidado, esse seu amor por mim, são coisas que realmente me comovem. Eu te amo, Gustavo... por tudo o que você representa pra mim.
Os dois se beijam. CORTA A CENA.
CENA 7: José se encontra com Idina no Cantinho Francês – Idina's Jazz Lounge antes que o pub seja aberto.
-Demorei muito?
-Chegou na hora marcada, José. É bom que conversemos com bastante antecedência pra não atrapalhar o dia de hoje aqui no pub.
-Podemos ir direto ao ponto?
-Por favor...
-Então, Idina... eu preciso de algumas orientações de como seguir, como proceder com o divórcio da Maria Susana...
-Certo. Vamos começar pelo começo. Você sabe se ela já entrou em contato com algum advogado ou juiz solicitando a entrada nos papeis do divórcio?
-Que eu saiba, ela ainda não fez nenhuma movimentação nesse sentido.
-Perfeito. Mesmo que ela tenha procurado, eu ainda vou poder lhe ajudar, lhe orientar. Nem que seja de maneira informal. Como uma amiga.
-Amiga? Pensei que era só eu que tinha simpatizado com você...
-Eu também simpatizei. Você é um bom homem, apesar dos graves erros que cometeu.
-Nem sei como agradecer. Você deveria ser a última pessoa a me querer por perto.
-Vejo potencial em você, José. Você se condicionou a ser, durante anos, uma coisa qualquer... muito aquém do que você realmente é.
-Não sei se mereço tanta generosidade de sua parte. Você é linda, sabia?
Idina fica balançada e José se aproxima dela, na intenção de beijá-la. Idina se esquiva.
-Acho que estamos desviando o foco... voltemos. - ordena Idina.
CORTA A CENA.
CENA 8: Hugo chega mais cedo em casa e é surpreendido por Valéria na sala.
-Olha ele! Chegou cedo hoje, hein? Será que tá cansado da vidinha dupla?
-Do que cê tá falando, garota?
-Não sei... você sabe? Acho que sabe, hein?
-Não tou com paciência pra nenhum enigma. Ainda mais vindo de uma oportunista feito você...
-Engraçado você falar que sou isso, que sou aquilo, me chamar de golpista, pistoleira e coisas piores. Você não se olha no espelho, Hugo? Quem é você?
-Peraí... o Flavinho andou falando com você?
-Falar o que? Cê acha mesmo que eu perco meu tempo falando sobre um cafajeste feito ocê? Pode ficar tranquilo... o Flavinho é ingênuo. Ele é amigo dos amigos. Ao contrário de você.
-Onde você quer chegar?
-Preciso responder, Hugo? Você sabe. Vou te dar uma dica: saiu do trabalho porque não aguenta muitas refeições na mesma semana? Pega essa, Hugo...
-Cê tá vendo coisa onde não tem. Não tem sentido essa conversa. Vou subir que ganho mais.
Hugo sobre, intrigado com palavras de Valéria. CORTA A CENA.
CENA 9: José visita sua mãe Idalina, antes de voltar pra casa.
-Que bom que você veio, filho. Fiz seu prato preferido. Fica pra jantar?
-Fico... mas tou com pouco apetite.
-Imagino a razão... bem, isso tudo era um tanto quanto previsível e inevitável.
-É, mãe... meu casamento subiu o telhado, mesmo.
-Agora o jeito vai ser encarar tudo isso de frente. Você consegue, meu filho. Eu sei que consegue.
-Também sei que consigo, mas machuca tanto! Dói demais...
-Claro que machuca. Evidente que dói... mas somos humanos. E a condição humana nos permite errar. Claro que precisamos arcar com as consequências... mas podemos, acima de tudo, aprender com esses erros. Dá cá um abraço na sua velha mãe que você tá precisando é de um pouco de mimo...
José abraça a mãe e começa a chorar.
-Isso, meu filho... coloca pra fora. Não guarda nada aí dentro... chorar faz bem.
CORTA A CENA.
CENA 10: Fábio segue pesquisando informações na internet sobre Cristina. Elisabete o censura.
-Você devia esquecer disso, Fábio. Onde já se viu pegar o nome da moça com o médico?
-Consegui, não consegui? Agora já sei que ela se chama Cristina Blanco Oliveira. Só falta descobrir no que ela trabalha. Melhor dizendo: onde ela trabalha. Que ela é médica pediatra eu já sei...
-Fábio, Fábio... cuidado com isso.
-Achei! Ela tem a própria clínica! Claro... por isso que eu demorei pra encontrar as informações.
-Meu querido... presta atenção. Você tá obsessivo atrás dessa informação. Você não está bom da cabeça... só falta agora se apaixonar pela moça...
Fábio encara Elisabete, lívido. FIM DO CAPÍTULO 28.
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