quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

CAPÍTULO 21

CENA 1: Flavinho tenta manter a calma, mas explode em um choro sentido e se ajoelha no chão. Júlia percebe que Flavinho acaba de receber uma notícia ruim.
-Tá conseguindo falar, Flávio? O que houve?
-Uma tragédia, Júlia... a pior de todas!
-Não estou compreendendo. Não era seu namorado ligando?
-Era o irmão dele. Leonardo sofreu um acidente durante a viagem. Está morto.
-Meu Deus... eu nem sei o que dizer! Que pena...
-Não diga nada, Júlia... mas eu vou precisar pelo menos de uns quinze minutos sozinho, com a minha dor. Eu acabei de perder o amor da minha vida...
-Querido... você não precisa ficar pra trabalhar hoje. Você não tem a mínima condição e eu seria uma monstra se exigisse de você alguma coisa hoje.
-Mas o que eu vou fazer, Júlia? Ele é do Rio de Janeiro... morreu a caminho de casa. Vai ser velado e enterrado por lá...
-Não tem problema.
-Como que não tem problema? Não tenho como sair daqui de BH.
-Pois vai ter, querido.
-Como?
-Eu pago sua viagem. Você precisa se despedir do seu amor. Tiro do meu próprio bolso, mas você não fica sem essa despedida. Não é justo com você. Todo mundo aqui sabe o quanto vocês se amavam, nós também estamos de luto. Ele era muito querido entre todos os médicos e enfermeiros...
-Você faria isso por mim? Mesmo?
-Não apenas faria como vou fazer. Você vai se despedir do Leonardo...
-Eu nem sei como agradecer. Não sei se vou ter como te pagar por isso um dia...
-Não estou emprestando esse dinheiro, Flávio. Estou dando. É por uma causa nobre.
-Júlia... você é mais que uma chefe. É uma amiga.
-Não podia ficar omissa diante de algo desse tamanho, querido. Vou te dar uma semana de folga, pra você ter tempo de se refazer minimamente dessa perda...
-Muito obrigado, de coração...
-Eu vou ali no caixa rápido, sacar o dinheiro procê. Vai ser o suficiente pra passagem de ônibus e mais alguns dias de hospedagem em algum hotel, caso precise. Cuida bem desse dinheiro e espalha se possível. Do jeito que os assaltos andam, é melhor prevenir...
-Vou fazer o possível, Júlia. Mas honestamente não tenho nem cabeça pra pensar em prevenção a assalto numa hora dessas.
-Eu entendo, querido. Mas é sempre bom se certificar que tudo vai sair como planejado. Você precisa dar um último adeus ao Leonardo... por você, por ele... por nós todos que estamos enlutados com essa morte estúpida...
-Muito obrigado, Júlia... mais uma vez, muito obrigado. Eu queria ter ido antes ao Rio... nunca imaginei que fosse ser nessas circunstâncias...
-Tudo isso é triste demais, Flávio... mas é o melhor a ser feito agora. Eu mesma não me perdoaria se não ajudasse de alguma forma, sabendo que tenho condições de fazer algo pra ajudar... ainda que seja pouco.
-Acredite, querida... não é pouco. Diante de tudo isso, o que você tá fazendo é nobre e grandioso.
Júlia abraça Flavinho, que chora a perda de Leonardo.
-Dói tanto, Júlia... tanto!
CORTA A CENA.

CENA 2: Gustavo chega ao quarto de hospital onde Valéria está se recuperando do acidente.
-Mano... que bom que você veio! Quem te contou?
-A minha namorada... que tragédia horrorosa, meu Deus. Mas por outro lado eu fico agradecido a Deus por você ter escapado... você e meu sobrinho.
-Nem me fala, Gustavo... foi tudo muito doido. Não digo que cheguei a sentir medo porque eu cheguei aqui em choque. Mas quando foi me caindo a ficha, que o Leonardo morreu... meu Deus, fiquei péssima. Como será que o Flavinho tá reagindo? Será que ele já sabe?
-Não sei se ele sabe, mana. E não tenho coragem de ligar pra ele agora e correr o risco de ser o portador dessa notícia. Que tragédia, meu Deus... que tragédia! Mas o que importa é que você ainda tá aqui... firme e forte.
-Não sei o que teria sido de mim se não tivesse sido socorrida logo depois do acidente, mano... sinceramente não sei.
-Não é mais hora de pensar nisso. Você tá viva. Vai ficar boa. Já está bem... agora é hora de refazer a sua vida por aqui no Rio...
-Então, mano... eu queria mesmo falar sobre isso com você, porque...
-Tem razão... a gente precisa falar, sim. Eu tinha deixado um bilhete com o porteiro co a cópia das chaves pra você. Você vem comigo depois que receber alta.
-Mas... Gustavo... eu preciso que ocê me escute... com atenção.
-O que foi? Aconteceu alguma coisa?
-Aconteceu, mano... aconteceu e eu nem tive tempo de entender.
-Fala então, uai.
-Aconteceu um grande mal entendido. A dona Bernadete pensa que o meu filho é filho do Leonardo... e eu quis esclarecer tudo, contar a verdade. Seu Leopoldo não deixou. Disse que a dona Bernadete precisa de mim, que pode não aguentar mais uma dor, mais uma decepção, depois de perder o filho e ainda descobrir que ele era gay...
-Mas isso é um absurdo! Quem esse cara pensa que é pra te obrigar a manter a farsa?
-Mano, eu não tou feliz com isso! Mas não tenho outra saída, será que você não vê?
-Não, não vejo! Você tem a mim, seu irmão, sangue do seu sangue, sua família!
-Mas me responde um troço aqui: você pode dar um nome pro meu filho? Não pode! Eu fui abandonada pelo pai do meu filho, ele foi pra outro país, pra outro continente, esqueceu disso? Meu filho precisa de um nome...
-Nisso, você tem razão. Sem pai ele não pode ficar... mas precisava ser desse jeito? Sustentando uma farsa?
-Eu não quis essa farsa. Não planejei nada, mano... simplesmente aconteceu. Pela sucessão de mal entendidos. E eu gostei da dona Bernadete. Me sentiria péssima se a saúde dela piorasse por minha culpa...
-Culpa que o pai do Leonardo fez questão de jogar em cima de você... mas é dele, só dele.
-Que seja, Gustavo. Cê percebe agora que não posso simplesmente pular fora dessa coisa toda que me colocaram?
-Percebo... mas tenho medo que cedo ou tarde isso acabe agravando as coisas.
-Não posso nem pensar nisso agora. Só consigo pensar que meu filho não tem culpa de nada... e que precisa de um nome quando nascer. Precisa de um pai. Mesmo que morto.
-Que situação difícil, mana... a vida é um trem doido, mesmo... de repente tudo muda, dá um giro de cento e oitenta graus e a gente fica sem saber direito até o que pensar...
CORTA A CENA.

CENA 3: Cristina chega em casa, acompanhada dos pais.
-Ai, gente... vocês tem certeza que não vou dar trabalho pra vocês? Vai levar um tempinho ainda pra eu me recuperar... - preocupa-se Cristina.
-Que trabalho, filha? Você saiu de dentro de mim. Quantas vezes perdi noites de sono pra cuidar de você quando você era só um bebê e morria de cólicas intestinais? Filha, eu sempre vou cuidar de você ou da sua irmã se vocês precisarem. - fala Nicole.
-E eu digo o mesmo. Onde já se viu a senhorita pensar que tá dando trabalho pra gente? A gente cuida de você o tempo que for preciso. Essa casa também é sua, nunca se esqueça disso. - fala Sérgio.
-Vocês são os melhores pais que alguém nessa vida poderia sonhar em ter... mas sabe... eu fico preocupada com essa recuperação. Me preocupo com tudo sobre esse transplante, por ele ser algo tão experimental e recente na medicina... - fala Cristina.
-Você vai ver como vai dar certo, filha... é normal a gente sentir medo e insegurança. Mesmo que fosse uma cirurgia mais fácil e mais comum, ainda assim não se teria nenhum tipo de garantia, sempre vai existir uma margem de sucesso e insucesso... você, como médica, sabe muito bem disso... - fala Nicole.
-Sua mãe tem razão, Cristina. Você é médica e eu já fui, também. Sabemos que tudo é feito de probabilidades. E esteja preparada para utilizar óculos ou lentes de contato pro resto da vida, depois da recuperação... a visão vai voltar, você vai ver. Mas você sabe que não vai ser cem por cento... - fala Sérgio.
-Não, disso eu sei... mas meu medo é que todo esse transplante acabe dando errado... qualquer transplante tem chances de rejeição... ainda mais quando se trata de um transplante pouco feito, com eficácia pouco comprovada... - prossegue Cristina.
-Deixa disso, querida... - fala Nicole.
-Como vou deixar de pensar nisso, gente? É tudo verdade... - desabafa Cristina.
-Pode ser que seja. Mas você está sendo bem orientada e, mesmo que não estivesse sendo, saberia como agir. - salienta Sérgio.
-Seu pai tá certo, Cris... você sabe perfeitamente todos os cuidados que deve tomar pra evitar a possibilidade de uma rejeição. Se vier a acontecer, não vai ter sido culpa sua, querida... mas não vamos pensar negativamente. Você precisa manter o otimismo, afinal de contas, você é sagitariana... - finaliza Nicole.
Cristina abraça os pais. CORTA A CENA.

CENA 4: Fábio conversa com Elisabete e Maurício durante café da manhã.
-Nossa... vocês não podiam ter me deixado dormir tanto. Perdi completamente a hora de chegar no serviço... - fala Fábio.
-E você acha mesmo que tem alguma obrigação de voltar ao trabalho antes do tempo, pai? Tecnicamente você ainda está de férias... e é melhor que esteja. - fala Maurício.
-Mais uma vez o Maurício disse uma coisa certa. Tá certo que você vai querer ocupar sua mente, mas acho que tá tudo muito recente ainda, querido... - fala Elisabete.
-Recente e dolorido. Preciso agradecer muito pelo apoio de vocês nesse momento. Vocês estão sendo uns lindos comigo... não sei se mereço tanto. - fala Fábio.
-Ah, tá... não merece como? Você foi meu marido por mais de vinte anos. Maurício é seu filho. É o mínimo que devemos a você.
-Eu sei... mas depois de tudo... ainda acho realmente impressionante. No bom sentido, claro. Mas me digam uma coisa: ontem naquela loucura toda eu cheguei a ouvir uma conversa sobre os órgãos que a Arlete doou. Fiquei feliz... ela sempre deixou claro que era doadora... fico feliz que vidas possam ter sido salvas... - fala Fábio.
-Então, pai... não é bem assim. Devido à gravidade do acidente e como o bloco de concreto atingiu em cheio o tronco da Arlete, não deu pra se aproveitar fígado e coração pra doação, por exemplo. Ambos estavam destroçados... o que deu pra ser aproveitado foram as córneas e retinas dela. Que foram doadas, por sinal. - explica Maurício.
-Nossa... eu tava com a cabeça tão longe que não cheguei a atentar pra esse detalhe, ontem. Tem mais alguma coisa que vocês ouviram o José, a Maria Susana ou a Idalina dizer? - questiona Fábio.
-Tem, sim. A receptora das córneas e retinas foi uma mulher. Uma jovem mulher, de aproximadamente vinte e nove anos. - explica Elisabete.
-Queria saber mais coisas sobre essa moça. Deve ser no mínimo interessante saber que alguém provavelmente não vai mais ficar cega, dependendo do problema que era, graças à Arlete. Preciso dar um jeito de localizar essa mulher... - empolga-se Fábio.
-Ih, pai... não vai confundir as coisas também, tá? - alerta Maurício.
-Que isso? Nem passou pela minha cabeça... eu sei que a Arlete morreu... - fala Fábio.
-Diga isso pro seu coração, Fábio... tome cuidado, meu querido. Você pode acabar confundindo as coisas... - alerta Elisabete.
CORTA A CENA.

CENA 5: Gustavo chega à clínica e estranha quando vê Daniella com expressão cansada em sua sala.
-Oi amor... eu vim dizer que tava de volta, pro dia de trabalho, mas pelo visto, seu cansaço tá grande, hein?
-Nem me fale, Gustavo... ultimamente eu ando me cansando cada vez mais...
-Por que?
-Ora, cê ainda me pergunta, amor? Você sabe muito bem que não nasci pra isso...
-Mas faz muito bem esse trabalho, ainda assim...
-Fazer bem não significa gostar do que se faz. Eu me sinto completamente sem energias, mais que cansada... quase esgotada, pra ser bem sincera.
-Você parece estar à beira de uma estafa, isso sim.
-Deus me livre disso, Gustavo! Não posso nem pensar em estafar, ainda mais agora que minha irmã precisa de mim. Não tenho saída.
-Eu sei que não tem. A Cristina sempre comandou a clínica da melhor forma, mas você não fica atrás em nada, viu?
-Cê diz isso porque é meu namorado, tende a ter uma visão generosa sobre mim e sobre tudo o que faço. Mas a verdade é que sempre fico com o medo de estar fazendo algo errado...
-Querida... se alguém tivesse reclamado da sua gestão, eu até entenderia. Não é seu caso.
-Não reclamam na minha cara... mas hoje mesmo ouvi a Adriana cochichando com o Juliano que eu só tinha liberado você pra visitar sua irmã no hospital que ela tá internada porque você é meu namorado, pode uma coisa dessas?
-Deixa falarem. Você sabe que rola fofoca em tudo que é lugar nesse mundo. Você e eu sabemos que tanto você quanto Cristina liberariam a mim ou a qualquer um nessa situação.
-Por falar nisso... como tá sua irmã?
-Bem... e tá metida numa enrascada. Mas outra hora te explico melhor... tem coisas que vão te deixar de cabelo em pé. Eu só acho que pelo menos hoje você podia fechar a clínica mais cedo.
-Bebeu, Gustavo? Se eu fizer isso, como ficam as crianças que precisam de tratamento? Não posso cometer uma insanidade dessas... de jeito nenhum!
-Amor... eu só quero dar um jeito nesse seu cansaço...
-Eu sei... mas vá trabalhar, Gustavo. Não tem nada que possa ser feito hoje.
CORTA A CENA.

CENA 6: Flavinho chega ao hospital e se depara logo de cara com Leopoldo.
-Você aqui, rapazinho? Pensei que tivesse um pingo de juízo nessa sua cabeça.
-Juízo? Quem é você pra falar de juízo? Eu acabo de perder o meu amor e você me fala de juízo? Saiba que graças à solidariedade da minha gestora que eu vim pra cá hoje. Ao contrário de você, as pessoas costumam ser solidárias com a gente quando a gente passa por uma barra dessas.
-O que você entende de dor, seu degenerado? Desencaminhando meu filho, fazendo ele achar natural viver com um homem como se fosse homem e mulher...
-E o que você entende de amor, hein, seu Leopoldo? Fácil pra você fugir, ignorar... mas você nunca soube amar o seu filho.
-Você tá insinuando que eu nunca amei Leonardo? Saia daqui.
-Não saio! Não disse que você nunca amou. Você só não soube amar. São coisas diferentes, pensei que você soubesse.
-Você é só um viadinho, um desviado, um degenerado. Você devia ter vergonha de ser essa aberração que você é.
-Não vejo motivo. E digo mais: o seu filho sempre foi gay. E nós nos amamos muito. Você não faz ideia do quanto.
-Tenho nojo só de imaginar o que esse amor representa. Faça pelo menos o favor de não comprometer a memória do meu filho, falando essas asneiras na frente da Bernadete ou de quem quer que seja. Eu te proíbo!
-Vai querer me proibir de me despedir do meu amor também, é isso? Então vamos ter problemas...
-Não... disso eu não posso te proibir. Mas vou ficar de olho. Você tá proibido de falar qualquer coisa comprometedora. Ou então eu mesmo te expulso desse hospital... aos chutes. Quer pagar pra ver?
-Nada vai me impedir de me despedir do homem que eu amei e dividi minha vida por três anos... nada!
Flavinho encara raivosamente Leopoldo. CORTA A CENA.

CENA 7: Bernadete anda pelo corredor do hospital quando se depara com Flavinho encarando Leopoldo.
-Olá... Flavinho? Que bom que você veio, querido! Gostei muito de você nas conversas por vídeo... que delicadeza você vir...
Bernadete abraça Flavinho, que se emociona. Leopoldo encara os dois e faz gesto ameaçador a Flavinho.
-Não podia deixar de vir, dona Bernadete... Valéria é uma grande amiga minha. Eu nem tenho palavras pra dizer o quanto sinto pela morte do seu filho...
Flavinho se emociona.
-Não precisa dizer nada, meu querido. Vejo nos seus olhos... dá cá mais um abraço. A gente vai superar essa dor... eu sei disso.
Flavinho e Bernadete choram, abraçados.
-Você é bom, Flavinho... Leonardo sempre me falou muito bem de você...
-Pode apostar que ele falou muito bem da senhora, também...
-Sem essa de senhora, Flavinho. Pra você eu sou só Bernadete. Gostei de você, querido. Achei de uma delicadeza admirável você vir aqui, nesse momento... se abalar de Minas até aqui... eu nunca vou esquecer disso, viu? Tudo isso é muito valioso... me faz ter a certeza que meu filho sempre foi muito querido.
-Não tenha dúvidas, Bernadete...
CORTA A CENA.

CENA 8: Hugo vai ao quarto de Valéria e a encara com reprovação.
-Ei... o que eu fiz, cara? Tá me olhando desse jeito por que?
-Meu nome é Hugo, não é cara, Valéria. Vim aqui pra dizer que você é uma biscate, uma golpista, uma oportunista barata. Vendida.
-Eu não tou entendendo a razão desses insultos. Não te fiz nada, Hugo...
-Mas tá fazendo com a nossa família. Aceitou aquela farsa inventada pelo meu pai. Eu e você sabemos que esse filho não pode ser do Leonardo...
-Você não sabe de nada, Hugo. Não sabe das coisas que eu passei nessa vida. Se soubesse, não questionaria meu caráter.
-Ah, é mesmo? Então por que você não prova que tem bom caráter?
-Do que ocê tá falando?
-Simples, Valéria: desista dessa farsa. Fale toda a verdade. Minha mãe é forte, muito mais do que parece ser. Vai sobreviver. Se você contar a verdade pra ela, quem sabe eu passe a considerar que você possa ter um bom caráter.
-Eu não sei se posso fazer isso. Você sabe porque...
-Não, não sei. Você decide... você que sabe.
Valéria fica tensa. CORTA A CENA.

CENA 9: Flavinho chega, acompanhado de Bernadete, ao quarto de Valéria. Ao olhar a amiga, os dois se emocionam fortemente e se abraçam, chorando um pranto sentido.
-Ainda não dá pra acreditar nessa tragédia toda, Valéria... que dor, meu Deus... que dor! - fala Flavinho.
-Foi tudo tão rápido, amigo... nem sei dizer como é que foi... eu nem sei o que posso dizer agora... - fala Valéria.
Hugo encara Valéria, que fica desconcertada e lembra do momento que ele a confrontou sobre falar a verdade. Bernadete começa a falar.
-Pelo menos no meio dessa dor, vem uma nova vida por aí... Leonardo deixou uma semente... - fala Bernadete.
Flavinho encara Valéria perplexo e intrigado.
-Pera... o que tá acontecendo aqui? - pergunta Flavinho.
-Flavinho... eu vou explicar tudo agora. Dona Bernadete, eu acho que a senhora...
Valéria nem termina de falar e Bernadete se apoia sobre a cama.
-Gente... acuda! Falta de ar... alguém me coloca pra sentar... - fala Bernadete.
Todos se assustam e Valéria desiste de contar a verdade. CORTA A CENA.

CENA 10: Horas depois, ao final do enterro de Leonardo, Bernadete percebe o sofrimento de Flavinho e o abraça.
-Oh, Flavinho... é tanta dor, não é?
-Nem tenho palavras, dona Bernadete...
-Não precisa dizer nada... a gente vai consolar as nossas dores...
Bernadete afaga os cabelos de Flavinho. Leopoldo encara a cena com olhar de reprovação.
-O caixão vai ser colocado na cova... segura aí, Flavinho...
Bernadete pega duas rosas, uma rosa e outra vermelha. Bernadete entrega a rosa vermelha para Flavinho, que se emociona, deixando Leopoldo atônito.
-Não dê essa rosa pro menino!
Bernadete estranha reação de Leopoldo. FIM DO CAPÍTULO 21.

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