CENA 1: Giovanna segue sem dizer nada. Sua expressão mostra desagrado e desespero. Cristina estranha o silêncio de Giovanna.
-Giovanna, você ouviu direito o que eu acabei de dizer? Não me disse nada até agora...
-Cris... eu ouvi, sim. Mas confesso que, depois de tudo o que vocês passaram, pensei que você estivesse mais decidida. Tou sinceramente chocada.
-Percebo pelo tom da sua voz. Só não entendi esse abalo todo, amiga... eu ainda não decidi nada. Não determinei que vou ou não casar com o Hugo.
-E fazer ele passar por outro sofrimento? Cristina, onde você tá com a cabeça? Perdeu o juízo, foi?
-Eita, Giovanna! Precisava ficar assim, irritada?
-Desculpa, Cristina... mas o que você acabou de me dizer é cruel em tantos sentidos!
-Eu sei que pode parecer cruel, amiga... mas será possível que ninguém, nem mesmo você que é minha amiga, consegue parar pra pensar no que eu sinto, no que eu quero pra minha vida? Eu não sei mais como eu me vejo no futuro... de repente, tantas certezas que eu tinha já não são mais tão certezas assim... e eu preciso entender o que tá acontecendo aqui dentro de mim...
-Tem alguém nisso? Quer dizer, obviamente além do Vitório? Ou será que você ainda tem a capacidade de pensar em voltar com o Vitório depois de tudo?
-Calma, Giovanna... não tem ninguém, eu garanto. E nem cogito a possibilidade de reatar com o Vitório. Nossos mundos e nossas mentes se distanciaram de uma forma irreversível.
-Então qual é o drama, criatura? O que te impede de casar com o Hugo?
-Eu não disse que algo me impede. Talvez eu case com ele. Só não sei se essa seria a solução pra tudo. Se é que se precisa de uma solução...
-Finalmente um pingo de juízo, Cristina! É esse o ponto... quem precisa de uma solução pra tudo, sempre? A vida nos coloca sempre frente a tantos desafios que não é humanamente possível que a gente tenha uma solução mágica pra tudo.
-É... talvez seja essa a conclusão. Mas tenho medo de não fazer o Hugo feliz. Ou ainda pior: de acabar ficando infeliz ao lado dele. Não é justo com um cara bom como ele é...
-Vai por mim, Cris... casa com ele. Se não der certo amanhã ou depois, vocês separam. Hoje em dia, casamento não é garantia de nada. Não é algo que obriga você a fazer tudo pra durar toda a vida. Se não der certo, acaba... você não acha?
-Bem, olhando por esse lado... tecnicamente nada me impede de casar com o Hugo. Vai que a coisa dá certo, né não?
-É disso que tou falando! O bom da gente considerar as possibilidades mais negativas é que se o positivo vier, é lucro!
-Só não entendo uma coisa, Giovanna...
-O que, querida?
-Por que você faz tanta questão que o Hugo case comigo?
-Não é que eu faça questão, boba... é que sei que vocês se gostam. E que merecem ser felizes.
-É que é estranho ver você, uma mulher na beira dos quarenta, que nunca quis se casar e sempre deixou isso claro, insistindo pra amiga e o amigo se casarem, sabe?
-Não tem nada de estranho. Casamento é uma coisa que não serve pra mim, não sinto essa vontade, essa necessidade na minha vida. Prefiro ser solteira e ter meus casinhos eventuais. A solidão não me assusta. Se eu faço alguma questão que vocês se casem é porque vejo como vocês, que são meus amigos, podem ser felizes um ao lado do outro.
-Nossa... isso é bonito da sua parte. De verdade.
-Falei de coração. Pensa com carinho, tá? Você e o Hugo merecem dar essa chance a si mesmos.
-Eu vou pensar em tudo, querida... pode deixar. Não quero tomar nenhuma decisão sem refletir bastante antes.
-Ótimo. Querida, agora eu preciso ir. Voltar ao que me resta de trabalho por hoje. Espero que logo você tire esses curativos.
Giovanna se despede de Cristina. Ao deixar o quarto do hospital, murmura consigo mesma.
-Essa tonta precisa casar com o Hugo, custe o que custar! CORTA A CENA.
CENA 2: Leonardo e Flavinho colocam as malas de Valéria e de Leonardo no porta-malas do carro.
-Ai, gente... isso parece que não tá acontecendo. De repente me caiu a ficha que pela primeira vez na vida eu tou indo embora de BH sem saber quando vou voltar... - fala Valéria, pensativa.
-Nem começa, garota... vai me fazer chorar agora? Não gosto... aliás, detesto despedida. Sempre fico desse jeito... - fala Flavinho, se emocionando.
-Ai, amigo... você foi o meu irmão nesses últimos anos. Cada coisa que a gente passou junto. Vou sentir tanto a sua falta! E vou sentir sua falta também, viu Leonardo? - fala Valéria.
Flavinho abraça Valéria.
-Quando eu puder ir ao Rio, eu juro que vou. Quem sabe até já casado com o Leo, olha que luxo? - fala Flavinho.
-No que depender de mim, é exatamente o que vai acontecer. Sei que agora tou indo pro Rio ver minha mãe e não tenho condições de peitar meu pai nesse momento delicado da saúde dela. Mas seu Leopoldo que me aguarde. Assim que minha mãe ficar boa, boto a boca no mundo com tudo! Não vou me esconder mais e tenho certeza que minha mãe vai me apoiar. Não vou mais perder tempo nenhum depois disso. - fala Leonardo.
-Ai, gente... acho tão lindo esse amor de vocês, de verdade... - comove-se Valéria.
-Ei, sua boba. A gente te ama também, viu? E muito! - fala Flavinho.
-É verdade. Valéria, você vai pelo menos estar em segurança lá no Rio. Vai morar com seu irmão... mas confesso que a gente vai sentir muito a sua falta... - fala Leonardo.
-Pelo menos você ainda vai me aturar por algumas horas até me deixar lá no meu irmão... - brinca Valéria.
-É uma bobona, mesmo, essa garota. Gente, não é querendo apressar as coisas, mas já tá ficando bem escuro por aqui. Se a gente demorar mais ainda pra sair, eu chego no Rio de madrugada, afinal de contas eu detesto dirigir em alta velocidade. - alerta Leonardo.
-Ai, Leo... de repente me deu um aperto aqui dentro... uma falta de ar, sabe? Uma sensação de que... sei lá, nem sei explicar esse trem que me deu aqui dentro... - fala Flavinho.
Leonardo abraça Flavinho e os dois se beijam, retornando logo após ao abraço.
-Isso, amor... me abraça. Me abraça forte, apertado... me faz sentir que ainda tá aqui... - fala Flavinho, chorando.
-Ei, Flávio... calma, amor. Vai ficar tudo bem. Eu vou voltar assim que puder, tá? Eu te amo demais, meu amor... mais que qualquer pessoa nessa vida. Às vezes acho que até mais que a mim mesmo. Vou sentir demais a sua falta também, mas preciso que você fique bem, senão vou viajar de coração doendo... - fala Leonardo.
-Tudo bem, querido... eu confio em você. Vão com Deus. Se cuidem, viu? Ainda mais que a Valéria tem uma criança crescendo dentro dela... - conclui Flavinho.
Valéria e Leonardo entram no carro e partem. Flavinho acena aos dois, emocionado.
CORTA A CENA.
CENA 3: Arlete é enterrada e todos se despedem dela, emocionados. Fábio resolve conversar com Elisabete e Maurício...
-Bete, meu filho... eu queria agradecer, do fundo do meu coração, por vocês terem vindo aqui nesse momento tão doloroso pra mim... - fala Fábio, agradecido.
-Que isso, pai... é óbvio que eu viria de qualquer jeito. Sempre apoiei sua felicidade. E gostava da Arlete. É tudo muito triste, sabe? Uma mulher tão nova, tão cheia de vida, ainda podia ter sido mãe... e tudo isso acabou. Ficou abreviado... desculpa, pai... eu sei que a maior dor é sua... - fala Maurício.
-Agora que eu vi a Arlete ali no caixão, antes do enterro, tão linda, nem parecia que tinha ido embora... acabei me dando conta de que no meu coração eu nunca deixei de ter a ternura por ela. Que me afastei por orgulho ferido. E sinto muito por isso, Fábio... eu passei feito um rolo compressor sobre vocês dois porque pra mim nada mais importava na vida senão manter a qualquer custo o que eu acreditava que era sinônimo de sucesso na vida... ou seja: nosso casamento. Infelizmente não posso voltar no tempo, Fábio... mas se eu pudesse, teria dado o divórcio antes mesmo de você se envolver com a Arlete... ai, nem sei mais o que tou falando... desculpa, não quero te deixar pior... - fala Elisabete.
-Você não sabe o quanto me faz bem ouvir tudo isso, minha querida. Não tou mentindo... me faz um bem danado saber que você tá amadurecendo. Apesar do horror que tem sido esse momento pra mim, saber que você alcançou tanta compreensão sobre tudo é como um bálsamo no meio de tanta dor. Eu te amo, Elisabete... sempre vou te amar. Só que como um amigo. Sei que hoje você entende isso... - fala Fábio.
-Não conseguiria entender isso se não fosse a participação do seu filho nisso... Maurício esteve sempre ao meu lado, mas nunca passando a mão na minha cabeça. Nosso filho é uma pessoa muito madura. Muito mais que eu, talvez até mais que nós dois juntos... - fala Elisabete.
-Ah, mãe... pode parar. Assim eu fico envergonhado. Até parece que eu sou tudo isso... - envergonha-se Maurício.
-Mas tudo isso que a sua mãe disse é a mais pura verdade, meu filho... você sempre teve a cabeça no lugar. Nunca deixou que as brigas entre eu e sua mãe tomassem proporções piores... - reconhece Fábio.
-Nada disso, pai... as brigas de vocês jamais chegariam a outros termos, porque apesar de toda a mágoa que se acumulou nos últimos onze ou doze anos entre vocês, vocês sempre tiveram antes de mais nada muita amizade e muita consideração, muita empatia um pelo outro. Isso conta mais do que qualquer coisa que eu tenha dito pra apaziguar os ânimos entre vocês... - argumenta Maurício.
Elisabete e Fábio abraçam Maurício, orgulhosos.
-Chega, gente... já entendi que vocês estão orgulhosos. Só não acho que é pra tanto... - fala Maurício.
-Fábio... escuta, não vai me entender mal, mas eu imagino que pelo menos hoje e nos próximos dias você não vai querer voltar pro apartamento de vocês... a lembrança da Arlete deve estar em cada canto daquele apartamento... então eu pensei que você podia vir com a gente. Pela amizade... - fala Elisabete.
-Eu vou, sim. Não tenho a mínima condição de voltar lá agora. Cada canto daquele lugar transpira a presença da Arlete, como se ela ainda vivesse... - fala Fábio.
Os três partem do cemitério. CORTA A CENA.
CENA 4: Leopoldo dorme enquanto Bernadete não consegue pegar no sono. Bernadete tenta pegar no sono, mas não consegue parar de pensar na chegada de Leonardo e se revira na cama, o que acaba por despertar Leopoldo.
-Tá com dificuldade pra dormir, amor?
-Ai, Leopoldo... desculpa. Não queria ter te acordado.
-O erro foi meu, querida. A gente não devia ter ido deitar cedo, sabendo que nosso filho tá pra chegar. É isso que tá te inquietando?
-É, Leopoldo... eu fico preocupada, sabe?
-Mas preocupada com o que, Bernadete? Não tem nada pra se preocupar... ou tem?
-Acho um perigo andar pela estrada de noite. Vai que acontece alguma coisa?
-Mas o que pode acontecer, querida? Nosso filho sempre foi bom motorista e nunca ultrapassou os limites de velocidade. Ele deve estar vindo direto pra cá, com a Valéria.
-Bem... se você diz, fico mais tranquila. Aliás, tou doida pra conhecer a nossa nora. Ela deve realmente ser uma menina muito especial, pra ter conquistado o coração do nosso filho... não é qualquer mulher que conseguiria isso.
-Não entendi, Bernadete... o que você quer dizer com isso?
-Você não entenderia, Leopoldo, mas eu sou mãe... eu sinto. Sei que Leonardo teve... bem, digamos que ele tenha tido dúvidas em relação aos afetos. Confusões, entende?
-Não, não entendo...
-Você me leva a mal se eu for pro quarto dele? Acho que eu consigo pegar no sono se for pra lá.
-Cê que sabe, querida... só acho que você devia tomar um chá antes, pra se tranquilizar. Quer que eu faça?
-Se não for incômodo...
-Incômodo algum, querida.
-Então vai lá... faz aquele de hortelã com morango que eu gosto?
-Claro que faço...
-Ótimo... eu vou pro quarto do nosso filho, certo? Você leva o chá lá, tá bem?
-Perfeito.
Bernadete se dirige ao quarto de Leonardo e suspira, cheia de expectativa.
-Meu filho tão querido... mal posso acreditar que daqui a pouco você vai estar aqui, nos meus braços... parece um sonho bom! - fala Bernadete consigo mesma.
Leopoldo traz o chá e Bernadete bebe o chá, olhando para as paredes do quarto de Leonardo. CORTA A CENA.
CENA 5: Flavinho custa a pegar no sono e resolve olhar álbum de fotografias dele e de Leonardo, com as fotos que os dois tiraram juntos nos últimos três anos.
-Quem diria, hein seu Leonardo? Que naquela noite estranha eu tava cruzando o meu caminho com o amor da minha vida... ah, meu amor... quando eu vi a luminosidade da sua alma, eu soube naquele exato momento que tava perdidamente apaixonado por você...
Flavinho olha uma foto tirada no dia que conheceu Leonardo, ainda no hospital com Leonardo fantasiado para alegrar as crianças.
-É essa sua alma pura, meio de criança, que sempre me encantou. Essa facilidade de sorrir... de ver todas as coisas da vida sempre pelo melhor lado. Impossível ter tempo ruim ao seu lado. E você veio assim, de repente... transformando meu mundo, minha vida, tudo o que sou... logo eu, que sempre fui tão impaciente, aprendi a ter paciência com você. Aprendi a ser otimista com a sua alegria de viver. Você desperta o que há de melhor em mim, Leo...
Flavinho segue olhando as fotos que foram tiradas ao longo dos anos e suspira, apaixonado.
-Imaginar que logo a gente vai estar casado de verdade, meu amor... mal dá pra acreditar que no meio desse caos todo que anda acontecendo no Brasil e no mundo, com tanta ameaça de retrocesso, ainda vamos poder realizar esse sonho que a gente alimenta com tanto amor...
Flavinho suspira e se empolga com o futuro. CORTA A CENA.
CENA 6: Elisabete e Maurício fazem um lanche antes de dormirem.
-Achei que o pai vinha fazer o lanche com a gente.
-Que nada, filho... o Fábio chegou aqui em casa, disse que não queria dormir por nada nesse mundo, ligou a TV no nosso quarto e cinco minutos depois, tava capotado! Completamente exausto...
-Pudera, mãe... não foi um dia fácil. Não foram dias fáceis...
-Nem me fale, Maurício... pensei que eu não ia sentir a perda da Arlete do jeito que tou sentindo... se dói em mim, imagina nele?
-Sabe, mãe... vocês falaram mais cedo que tinham orgulho de mim, mas na verdade eu é que tou sentindo um orgulho danado de você...
-Por que, filho?
-E você ainda me pergunta?
-Claro que sim... não acho que eu tenha feito nada que seja motivo de orgulho. Não fiz mais que minha obrigação de acolher seu pai aqui por esses dias tensos...
-É maior que isso, mãe... você perdoou a si mesma, de alguma forma, ao perdoar a Arlete por algo que nem ela nem o pai nunca foram culpados. Antes tarde do que nunca... e isso me deixou muito orgulhoso de você, mãe... de verdade.
-Ah, filho... quem diz que não é pra tanto agora, sou eu. Sabe, eu sempre ouvi dizer dos mais antigos que os mistérios da vida eram insondáveis. Acho que só agora comecei a entender como isso funciona, na prática... e esses mistérios são mesmo insondáveis. Isso assusta, mas ao mesmo tempo fascina.
-Depois você me diz que não tenho que me orgulhar, mãe... é lindo ver você compreender tudo isso...
Os dois se abraçam. CORTA A CENA.
CENA 7: Durante viagem, Valéria percebe que Leonardo parece estar com expressão preocupada enquanto dirige.
-Impressão minha ou cê tá com a cabeça fervendo num trem complicado?
-Não é impressão sua, Valéria... de repente senti uma preocupação grande tomar conta.
-Uai, mas por que? Não tem nem sentido... a gente tá praticamente chegando no Rio, não tá?
-Ainda falta mais ou menos uma hora, querida... mas não é isso...
-É o que, então?
-De novo me bateu aquele medo de não dar tempo de ver minha mãe... nunca mais.
-Ai, credo, viado! Vira essa boca pra lá, eu hein! Sua mãe vai estar melhor que ocê imagina quando chegar lá na sua casa, pode apostar.
-Queria ter essa certeza. Mas e esse aperto que não sai do meu peito?
-Eu tenho uma ideia. A gente passou esse tempo todo sem ligar o som... não tá sentindo falta de uma música pra animar e distrair a gente?
-Gente, como não pensei nisso antes? Claro! Liga o som pra ver qual CD que tá aí, nem lembro qual é... deve ser um daqueles que o Flavinho grava pra acompanhar a gente com as músicas que a gente gosta.
Valéria liga o som.
-Gente, amo essa do Ricky Vallen! Posso colocar de novo depois?
-Claro, querida. Mas agora deixa essa do Phil Collins tocar que eu sou apaixonado por essa!
-Tá bem...
CORTA A CENA.
CENA 8: Cristina e Hugo se divertem falando sobre diversos assuntos no quarto de hospital.
-Vem cá, Hugo... a conversa foi andando, mas... que horas são, agora?
-Vish, nem eu olhei o relógio. Já são quinze pra meia noite!
-Hugo, cê tá doido? Nem tinha que estar aqui mais, vai correr pra sua casa que é hoje que o seu irmão chega de Belo Horizonte...
-Por mim, eu ficava aqui sem problema nenhum.
-Ah, nem venha com esse romantismo de botequim, passar a noite no hospital significaria que você ia dormir todo atravessado e se acordar todo torto amanhã. Negativo, Hugo: vá pra casa, eu não vou ser devorada pelo bicho papão... - brinca Cristina.
-Boba. Desse jeito até faz parecer que você quer me ver pelas costas.
-Dramático, você... olha só onde fui amarrar meu burro... mas sabe, Hugo... cê tem certeza que é comigo que você quer casar?
-Por que tá me perguntando isso?
-Porque sou cheia de defeitos, amor... olha tudo o que já te fiz passar...
-Não foi sua culpa.
-Mas foi minha responsabilidade. Minhas escolhas erradas...
-Esquece isso, Cris...
-Talvez eu não seja a mulher certa pra você, Hugo...
-Cê tá falando isso porque ainda tá convalescendo aqui com os curativos, deve estar com medo de ficar cega, ainda... eu preciso ir agora, mesmo... mas a gente se fala quando você estiver mais tranquila, tá? Te amo, sua boba. Você é a mulher certa pra mim, sim.
Hugo se despede de Cristina com um beijo na testa. CORTA A CENA.
CENA 9: Bernadete olha álbum de fotografias antigas de Leonardo.
-Ah, filho... você era tão cheio de alegria quando criança! Sempre sorrindo, sempre ajudando alguém...
Bernadete olha fotos da adolescência de Leonardo.
-De repente foi perdendo esse sorriso, parecia ter medo. Medo do que, filho? Eu dava tudo pra voltar no tempo e saber o que tava se passando na sua cabecinha. Eu via que você tava sofrendo... mas tive medo de saber o motivo. Não quis ver... pelo menos agora sua vida parece estar nos eixos. Vem logo, filho... mal posso esperar pra te ver aqui, sorrindo na minha frente, me dando aquele abraço apertado que só você sabe dar...
Bernadete segue olhando as fotos, até que adormece. CORTA A CENA.
CENA 10: Valéria sente sono.
-Leo... eu preciso urgentemente dormir um pouco. Tou quebrada! Ocê se importa se eu for pro banco de trás?
-Só me faça um favor: coloca o cinto de segurança, tá?
Valéria se acomoda no banco de trás após fazer um “contorcionismo” para passar.
-Ai, bem melhor...
Leonardo olha para Valéria se acomodando e Valéria vê um tronco se soltando do caminhão da frente, se apavorando.
-Leo, cuidado! - grita Valéria.
Leonardo tenta desviar, mas ao fazer a curva acentuada, capota o carro. Valéria, que estava ainda sem os cintos de segurança, é lançada para fora do carro durante capotagem, caindo desfalecida no gramado do acostamento. FIM DO CAPÍTULO 19.
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