sábado, 31 de dezembro de 2016

CAPÍTULO 42

CENA 1: Flavinho perde a paciência com a insistência de Bernadete sobre o assunto.
-Olha, você sabe que eu te adoro, não sabe? Mas não é porque tou morando na sua casa que eu vou ficar quieto diante desse tipo de situação. Bernadete, por favor, vê se entende: eu sempre fui, sou e sempre vou ser gay. É isso que eu sou. Não é doença, não é transtorno psicológico, não é amor menor. É meu jeito de amar. Só peço que respeite isso e não invada o meu espaço desse jeito... desculpa se eu peguei pesado.
-Eu entendo, meu querido. Mas também sei que tudo isso pode se reverter.
-Existe algo de errado para ser revertido?
-Não... não exatamente. Mas você acaba sofrendo com o preconceito das pessoas, a sociedade não entende, não aceita. As famílias expulsam de casa. Você não precisa sofrer.
-Você pensa que escolhi passar por tudo isso, Bernadete? Você mesma admitiu agora que não tem nada de errado comigo, mas com as pessoas... com a forma que elas encaram pessoas como eu. Pra que me entregar a esse jogo, me diz?
-Meu filho escolheu por um bom caminho.
-Por favor, Bernadete... já não é a primeira vez que ocê fala nisso. Pra que insistir nisso?
-Porque o exemplo de superação do meu falecido filho pode fazer você repensar sua vida... seus desejos, você me entende?
-Não entendo, não. Eu sei que eu gosto de meninos. Isso não vai mudar.
-Leonardo conseguiu mudar... eu sei que ele tinha esses... desejos indevidos. Mas foi forte, lutou, resistiu. Já estava liberto dessa tentação pouco antes de partir pra Minas...
-Ele conversava com você a respeito disso?
-Não. Sempre foi muito fechado...
-E com base no que você afirma que ele passou por tudo isso?
-Sou mãe, Flavinho... mãe sempre sabe de tudo. Eu pressenti todas essas coisas.
-Mas, mesmo assim... você pode ter presumido algumas coisas erradas, não?
-Não... na época eu andava cheia dos cansaços, antes de descobrir meu problema no coração. Acabei deixando na mão do Leopoldo que ele conversasse, apoiasse e ajudasse nosso filho.
-Peraí... quer dizer então que o Leopoldo repassava o que eles supostamente conversavam?
-Supostamente? Eles conversavam, sim... o Leopoldo jamais mentiria pra mim.
-Ah, claro... sim, isso deve ser verdade.
-Eu peço desculpa se te incomodei, Flavinho... mas precisava te dizer essas coisas. Porque gosto de você como um filho... e me preocupo dessa forma, entende? Não quero que você sofra...
-Já sofri e ainda sofro muitas coisas que independem da minha vontade, Bernadete... me acostumei com isso.
-Não leva a mal nada que eu disse, tá? É que eu realmente perdi o tato de lidar com certas coisas nos últimos anos...
-Tudo bem... só espero que não conversemos outra vez sobre isso, Bernadete. Gosto muito de você... mas tem certas coisas que acho que não vale a pena falar...
-Eu entendo. Bem, não vou ficar pedindo desculpa mais uma vez. Espero que você seja feliz... que supere esses sofrimentos. Eu vejo, percebo e sinto que você sofre...
-Você não faz ideia do quanto... mas não sei se quero falar sobre isso. Não sei se posso...
-Um dia, meu querido, se você quiser, eu vou estar aqui. Te ouvindo, procurando não julgar... sempre à sua disposição, tá? Não se esquece disso.
-Não vou esquecer... mas agora realmente preciso me organizar pra dormir... o dia foi bem longo e exaustivo pra mim, hoje...
-Tudo bem, querido. Durma com os anjos...
Bernadete deixa o quarto após dar um beijo em Flavinho e Flavinho senta perplexo em sua cama.
-Aquele velho infeliz... ele manipulou a tudo e todos, o tempo todo! Que espécie de monstro é o seu Leopoldo, meu Deus? Ele anulou e apagou a dona Bernadete... aniquilou com a luz dela! Meu Deus, que horror!
Flavinho chora. CORTA A CENA.

CENA 2: Na manhã do dia seguinte, Daniella se preocupa com os horários de Gustavo.
-Já falei que não precisava se incomodar de me levar em casa... eu podia pegar um uber...
-Ah, mas ainda tá tão cedo, Dani! Depois, a sua irmã não veria muito problema se eu me atrasasse uma ou outra vez pra chegar na clínica...
-Bem, se é você que tá me dizendo... não quero saber da Cristina me enchendo os ouvidos depois dizendo que sou eu que tou desencaminhando você...
-Deixa de besteira...
Os dois descem e chegam à moto de Gustavo. Gustavo se sente observado e Daniella percebe súbita expressão tensa do namorado.
-De repente você ficou com uma cara, sua expressão se fechou do nada...
-Sabe o que é? Não vai ficar tensa, mas...
-Vai me deixar tensa se ficar nessa de fazer suspense, isso sim...
-Eu acho que tem alguém observando a gente. Senti isso claramente.
-Não quis te assustar, Gustavo... mas desde que a gente desceu pro estacionamento eu senti a mesma coisa. Mas... quem poderia estar nos observando numa hora dessas? Tomara que não seja assaltante...
-Meu medo é que seja a Patrícia...
-Deixa disso, amor... vai ver é só uma paranoia que a gente tá tendo agora. De qualquer forma, acho bom a gente tomar cuidado redobrado saindo daqui...
Daniella sobe na garupa da moto.
-Tá certo. Se a gente notar qualquer movimentação diferente, ocê se segura firme que eu meto a mão no acelerador...
Os dois partem e não notam nada demais.
-Menos mal, amor... viu? Nem tinha Patrícia nenhuma...
-Muito menos assaltante. Acho que a gente anda precisando é relaxar.
-Gustavo, por que você não fica pro café da manhã lá em casa?
-E me atrasar mais ainda? Uma coisa é um atrasinho de leve, mas...
-A sua chefe ainda mora na minha casa, esqueceu disso? Ela te vendo chegar comigo, vai saber que cê não tá inventando desculpa nenhuma...
-Tá... eu vou... mas espero que a sua irmã não fique brava comigo...
-Cê tá falando da mesma Cristina que eu conheço?
-É, só que uma é sua irmã. A outra é minha chefe.
-Ai, Gustavo, às vezes você chega a ser cansativo de tão certinho, pelo amor de Inês Brasil...
-Tá, não vou mais me preocupar com isso.
-Acho bom mesmo, viu? Afinal de contas, tá comigo, tá com Deus!
-Você se acha um bocado, Dani...
-Mas é assim que você me ama, não é?
Os dois riem e seguem rumando para casa de Daniella. CORTA A CENA.

CENA 3: Após o café da manhã, Flavinho lê um livro em seu quarto antes de partir para mais um dia de trabalho, quando é surpreendido por Leopoldo batendo em sua porta.
-Desculpe se interrompi sua leitura... mas queria levar um papo contigo.
-Comigo, seu Leopoldo? Resolveu lembrar que eu também sou gente? Eu, hein...
-Dispenso suas ironias, Flávio. Eu realmente preciso falar com você.
-Então desembucha logo, porque não falta muito pra dar minha hora de sair pra trabalhar.
-Eu vim tentar entender porque você foi tão seco comigo hoje mais cedo, na mesa do café da manhã... mal tocou nas coisas que tinham pro desjejum...
-Nossa, você preocupado comigo? Com um sujeito que, como você mesmo disse uma vez e eu nunca esqueci, não merece nem ser chamado de gente? Tá treinando pra ser canonizado pela sua amada igreja católica depois que passar dessa pruma melhor, é?
-Eu não vim brigar. Eu realmente fiquei intrigado... quase preocupado com a sua postura. Aconteceu alguma coisa?
-Não que eu te deva satisfação, mas sim... aconteceu. Melhor dizendo: vem acontecendo há anos, muito antes de eu sonhar que ia acabar morando nessa casa.
-Pode ser mais claro? Ainda não entendi onde você deseja chegar.
-Na parte que eu sei de tudo o que você fez e andou fazendo nos últimos anos. Sobre as mentiras que você contou pra sua mulher. Sobre como você deixou o Leo acuado, sendo abusivo com ele.
-Você não sabe do que tá falando. Não tem como saber, não estava aqui... não sabe o que passei.
-Não sei? Pois posso presumir muito bem.
-Com base no que?
-A sua mulher é uma amiga querida minha. Quase uma segunda mãe... a gente conversa sobre muita coisa, ela me confidencia tanta coisa que ocê nem imagina. E numa dessas conversas, ela deixou claro que você levou ela a crer que o Leo tinha “se curado” do “problema” dele. Você induziu ela a pensar assim, a acreditar nessas coisas. Você manipulou tudo e todos como bem quis. Me pergunto qual é o real motivo dessa sua súbita preocupação comigo... ao que me consta, você nunca me suportou, muito menos eu te suportei. Será medo de que a sua máscara de bom pai caia e se espatife no chão?
-Você não sabe do que tá falando, Flavinho... eu não tive saída. Sou de um outro tempo, de outra formação.
-Resolveu me chamar pelo apelido, agora? Você realmente anda mudado, seu Leopoldo... não importa o seu tempo ou a sua formação. Caráter é uma coisa que independe de todas essas fugas e desculpas.
-Você poderia ser menos atrevido, rapazinho...
-E você poderia se colocar no seu lugar de vez em quando. Essa casa não é minha nem sua, é da sua mulher. Agora me dá licença que eu tenho mais o que fazer e não posso me atrasar pro meu trabalho...
CORTA A CENA.

CENA 4: Valéria passa pelo corredor e acaba se deparando com a porta do quarto de Hugo entreaberta e ele ainda dormindo.
-Hugo... acorda. Daqui a pouco é capaz da Giovanna materializar aqui cobrando pelo seu atraso...
Hugo se espreguiça.
-Que horas são, Valéria? Bom dia...
-Já passa das oito.
-Maravilha! Consegui dormir até depois das seis e meia...
-Mas ocê não tá nem um tantinho preocupado?
-Não. Tirei o dia de folga, hoje. Avisei a Giovanna antes. Hoje, nem ela nem ninguém vai me incomodar.
-Ai, eu não sabia... desculpa, acabei acordando você...
-Relaxa, eu já tava pra me levantar. Mesmo de folga nunca passo das nove, você sabe disso...
-Bem, se tá tudo certo, desce comigo! Sua mãe fez aquela torta de maçã que você costuma adorar...
CORTA A CENA.

CENA 5: Cristina termina de passar instruções a uma das enfermeiras e volta a sua sala. Ao tentar se concentrar em seu trabalho, acaba lembrando dos momentos que passou ao lado de Fábio.
-Ai, meu Deus... o que é que eu faço pra tirar você da minha cabeça, Fábio?
Cristina tenta se concentrar em seu trabalho, mas não consegue.
-E esse coração que não para de disparar só de lembar dele... foco, Cristina, foco! Você vai casar com o Hugo! Melhor fingir que o Fábio nunca existiu, que foi só uma... criação, uma ilusão da sua mente...
Cristina tenta novamente se concentrar no seu trabalho.
-Vamos, Cristina... foco! Você precisa ver como fica a escala de trabalho da Adriana pra próxima semana, isso precisa se resolver antes das cinco...
Cristina consegue ajustar escala de trabalho de sua funcionária.
-Isso! Tudo certo, agora...
Cristina novamente se distrai e lembra dos momentos que passou ao lado de Fábio, começando a chorar.
-Por que tinha de ser assim? Por que tanto amor? Por que agora? Por que você não apareceu na minha vida há três anos, hein Fábio?
Cristina se refaz do choro, mas ainda suspira apaixonada.
-Fazer o que... pelo menos tenho um grande amor pra lembrar. Muita gente passa pela vida sem isso...
Cristina sai de sua sala e anda pela clínica, tentando afastar seus pensamentos recorrentes. CORTA A CENA.

CENA 6: Flavinho aproveita seu horário de intervalo e vai almoçar em casa. Ao chegar, Bernadete o recebe.
-Querido... que bom que você veio almoçar em casa. Fiquei martelando sobre aquela nossa conversa...
-Que conversa, Bernadete? A gente fala tanto sobre tanta coisa...
-Aquela que eu me meti onde não devia me meter. Eu sei que agi errado, Flavinho... e te peço desculpas por isso.
-Deixa disso, Bernadete... você não me deve desculpas... mesmo.
-Claro que devo, meu filho... não fui correta nem justa de te tomar daquele jeito. De me meter na sua vida afetiva da maneira que quis me meter.
-Bernadete... isso já passou. De verdade. Só que você faz o que pode. Não sou capaz de te julgar por causa disso. Você não tem culpa diretamente por pensar da maneira que pensa... foi levada a isso. Foram os condicionamentos que a vida criou a você.
-Você é tão sábio, meu querido... me faz sentir tão pequenina diante dessas coisas, sabe? Não quero perder essa sintonia com você nunca...
-E não vai perder, se não quiser. Gosto de você como um filho gosta de uma mãe. Mas você precisa entender que nem todas as coisas nessa vida funcionam como os mais velhos dizem pra gente. Na teoria tudo pode se resolver fácil, quando a solução mágica se trata do alheio. Mas na vida real, tudo isso é muito diferente do que essas teorias católicas de mundo perfeito...
-Mas nem religião eu tenho, querido... não agi certo com você. Não tenho pensado o certo sobre a vida.
-Bem... isso é uma questão que você vai precisar resolver, mais cedo ou mais tarde, buscando a origem de tudo isso...
-Verdade. Você gosta de omelete de espinafre?
-Nossa, amo!
-Então vem almoçar logo antes que você perca a hora...
CORTA A CENA.

CENA 7: Hugo vai ao quarto de Valéria enquanto ela descansa assistindo TV.
-Vai passar a tarde toda aí, morgando na frente da TV?
-Fazer o que, ué? Se ocê me arranjar o que fazer, eu desligo essa TV na hora!
-Pois eu tenho um desafio, Valéria...
-Vish... lá vem. O que é que ocê tá tramando, posso saber?
-Você gosta de jogar?
-Essa pergunta é muito vaga, uai. Depende do jogo...
-War?
-Menino, eu era viciada nesse jogo! Sempre dava uma surra no Gustavo! Tinha que ver! Meu irmão todo cheio de si e sempre apanhando da caçulinha aqui...
-Ah, é? Será que é tão boa assim? Deixa eu pegar aqui em cima do armário...
-Não brinca que ocê tem War aí e eu não sabia?
-E no seu quarto, ainda por cima.
-Então se prepara pra surra, Hugo. Não jogo pra perder, teje avisado!
Hugo pega o tabuleiro e com a ajuda de Valéria, abre o jogo sobre a cama.
-Vamos ver se essa sua marra toda vai se confirmar jogando. Você tá falando com o maior mestre estrategista que já jogou War nessa casa, Valerinha...
-Ói pra isso, gente! Depois eu é que tou cheia da marra...
Hugo e Valéria se divertem jogando War. Bernadete passa pelo corredor nesse momento e flagra interação animada entre os dois. Bernadete se alegra e percebe o clima entre os dois, mas prefere não se mater e nem se fazer vista. CORTA A CENA.

CENA 8: Horas depois, Cristina encontra Giovanna no shopping.
-Olha ela! Chegou antes da hora marcada, amei!
-Consegui fechar a clínica uns quinze minutos antes, Giovanna. No sábado eu costumo me dar a esse luxo.
-Adorei. Já sabe por qual loja a gente começa?
-Eu tava pensando naquela que vende bijuterias que parecem joias.
-Tá maluca? Mulher, você é rica e fica pensando como pobre? Enfeite no vestido de casamento não tem que ter economia, não! Tem que ser lindo e fechativo, não importa o tanto que se gaste nele...
-Não falei pelo dinheiro, bobinha. É que eu amo aquela loja. Tem cada coisa linda lá que só vendo...
-Bem, se é você quem tá falando, quem sou eu na fila do INSS pra dizer que não...
-Boba. Vem comigo... você vai ver como tudo naquela loja é de excelente gosto.
-Vamos... ei, impressão minha ou a senhorita anda desanimada mais uma vez?
-Deve ser impressão sua. Giovanna.
-Impressão ou não, fico preocupada.
-Dessa vez não vejo razão pra preocupação.
-Bem, se é você quem diz, vou confiar. Mas é que às vezes aquelas nossas conversas acabam martelando na minha cabeça. Longe de mim querer me meter...
-Você pode se meter, boba... a gente é amiga. Te confidenciei muita coisa, inclusive que me envolvi com outro cara. Mas fica tranquila, porque uma das poucas certezas que tenho nessa vida é que eu vou me casar com o Hugo sim, é o melhor a se fazer. Melhor pra todos nós...
-Você não faz ideia do quanto isso me anima e me tranquiliza.
-Imagino, sim. Você às vezes parece mais animada com esse casamento do que eu ou o Hugo...
-Boba. É a primeira vez que vou ser madrinha de um casamento. Claro que quero ajudar com tudo o que puder...
-Tá, chega de enrolação que a gente precisa escolher ainda o que vai pro meu vestido.
CORTA A CENA.

CENA 9: Durante a noite, Flavinho dorme e acaba tendo um sonho com Leonardo. No sonho, eles ainda vivem na casa de Belo Horizonte e aguardam a chegada de Valéria.
-Amor, ocê não acha que a Valéria já tá demorando demais?
-Nada, Flavinho! Cê sabe como ela costuma demorar quando vai fazer exame pré natal. Ela e o William ficam tão empolgados que sempre dão um jeito de parar em algum lugar depois...
Flavinho escuta um barulho de chave na porta.
-Vish, amor... acho que ela chegou e mais uma vez não tá conseguindo abrir a porta. Já falei procê que era pra trocar essa fechadura... abre pra ela?
-Claro, amor...
Leonardo ruma à porta e quando a abre, Flavinho vê uma sombra puxando Leonardo pra fora. Leonardo se segura na porta e pede socorro.
-Flavinho, socorro! Me ajuda aqui! Eles querem me levar embora! Não deixa!
Flavinho se desespera e tenta puxar Leonardo de volta.
-Calma, Leo... eu tou te puxando...
-Faz mais força! Eu não tou aguentando isso mais!
Flavinho faz toda a força que pode, mas a cada vez que se esforça para puxar Leonardo pra dentro, mais ele é puxado pela sombra densa.
-Faz mais força, Flavinho! Eles estão me levando! Eu não quero ir embora, não agora! Eu te amo!
Leonardo é tragado pela sombra e Flavinho se acorda assustado gritando por ele. Bernadete escuta e tranquiliza Flavinho, que apenas chora e não consegue dizer nada. CORTA A CENA.

CENA 10: No dia seguinte, Daniella se exercita correndo na praia. De repente, se sente observada, mas prefere seguir correndo.
-Tira isso da cabeça, mulher! Chega de alimentar paranoia...
De repente, Daniella acaba esbarrando em Patrícia, que havia parado para amarrar seu tênis.
-Patrícia? Você tava me seguindo? O que tá acontecendo aqui?
Patrícia encara Daniella, assustada. FIM DO CAPÍTULO 42.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

CAPÍTULO 41

CENA 1: Daniella fica ansiosa pela resposta de Gustavo.
-Gustavo, eu acabei de propor que a gente se veja ainda essa noite. Você topa ou não?
-Tá certo... eu topo. Acho que vai ser bom a gente conversar sem ninguém por perto. Você quer que eu faça alguma coisa pra você?
-Não precisa... só me espera aí no seu apartamento.
-Certo. Tou esperando.
-Ótimo... é só o tempo de eu chamar um uber pelo aplicativo que eu já chego aí. Em menos de dez minutos.
CENA 1 – PARTE 2: Daniella chega ao apartamento de Gustavo e toca a campainha. Gustavo atende prontamente. Daniella o encara enquanto ele não diz nenhuma palavra.
-Pensei que pelo menos você ia me dar um oi...
-Entra, Daniella...
Daniella entra e se acomoda no sofá.
-Olha, Gustavo... eu nem sei por onde começar. Eu sei que só pedir desculpa não vai apagar nada do que eu disse e julguei de você.
-É bom que você saiba. Só quero saber o que pode ser feito de efetivo aqui.
-Efetivo? Quer dizer que finalmente você tá aberto a considerar acabar com esse tempo entre a gente?
-Dani... se eu tivesse desistido de ocê, não tinha pedido um tempo... tinha terminado logo.
-Isso me deixa mais tranquila. Sabe, amor... eu sofro com essa nossa distância. Sofro mais por saber que fui eu que cavei essa situação pra gente. Mas você precisa entender que apesar de tudo o que existe de nebuloso nessa história, eu gosto da Pati... de verdade.
-Nem eu pensei em impedir que vocês se falem ou sejam amigas. Só que o que me machucou não foi isso. Cedo ou tarde eu vou ter que engolir ela.
-Eu imagino que você tenha se incomodado mais com o fato de que eu coloquei o seu caráter em dúvida. Eu queria poder apagar isso da nossa história.
-Não se apaga o que já foi. Mas a gente pode tentar.
-Você me perdoa?
-Sempre te perdoei. Resta saber se você se perdoa.
-Claro que sim! Quer dizer... eu tento não alimentar qualquer sentimento de culpa. Tenho tentado assumir a responsabilidade pelas coisas erradas que eu faço.
-É melhor assim... somos humanos. Imperfeição é normal.
-Então quer dizer que você aceita que a gente volte numa boa?
-Sim. Mas com uma condição.
-Você pode falar o que quiser... tem esse direito. Não tou em condição de contrariar nada agora.
-Não entenda mal, Dani... isso não é imposição. Só que é uma questão de honra. Não vou admitir que ocê questione minha conduta outra vez. É a minha condição.
-Acho justo. No seu lugar, se eu tivesse meu caráter e minha conduta colocados em cheque por quem eu amo... eu nem sei o que faria. De verdade. Me faltou empatia, na hora que eu tava de cabeça quente. Não consegui me colocar no seu lugar... só pensei em mim.
-Viu? Cê foge tanto de situações abusivas que acabou agindo de uma maneira abusiva... e sem querer.
-Acho que entendi o ponto... muitas vezes a gente se torna abusivo sem querer ou perceber... isso é meio assustador, mas nos faz mais humanos...
-Chega de conversa? Eu sofri um bocado longe de você, minha pimentinha...
Os dois se beijam, apaixonadamente. Daniella continua a falar logo depois.
-Então é isso... nada de desconfiar mais de você.
-Promete?
-Preciso mesmo prometer? É muito ruim ficar brigada com você...
Os dois se abraçam, cheios de ternura.
-Passa a noite aqui comigo?
-Tava só esperando pelo convite... é o que eu mais quero, Gustavo...
CORTA A CENA.

CENA 2: Na manhã do dia seguinte, Cristina e Hugo se reúnem com Giovanna no salão de festas da mansão dos di Fiori, para organizar maiores detalhes da decoração da festa de casamento.
-Então. Giovanna... eu tava pensando que em vez da mesa com o equipamento de som ficar praticamente ao lado da cozinha do salão, ela podia ser colocada mais pro centro da parede. - opina Hugo.
-Acho que o Hugo tá certo. Até porque, pode ser que não deixe o ambiente tão espaçoso como ficaria com a mesa de som mais pro canto, mas vai dar, penso eu, um efeito muito mais interessante de boate... o pessoal sentindo a proximidade do DJ com a pista de dança. A gente podia colocar um pequeno palco pra mesa, inclusive. Pra reforçar essa impressão. - continua Cristina.
-A ideia de vocês é genial, queridos... eu devia ter pensado nisso antes. Assim, a festa vai ter mais chances de ser inesquecível pra todos os convidados... - constata Giovanna.
-Não tou falando? Essa festa tem tudo pra ser a melhor de todas. Bem, vocês me desculpem, mas preciso ir voando pra agência... - fala Hugo.
-Você podia esperar meia hora, não? Eu também tenho que ir pra agência... - argumenta Giovanna.
-Fica aí... preciso agilizar algumas coisas hoje. Não quero atrapalhar a organização dos detalhes da festa... fica. - fala Hugo.
Hugo vai embora e Cristina se volta a Giovanna.
-Ai, Giovanna... essa organização toda... me deixa pensando em tanta coisa...
-Normal, querida. Não é todo dia que a gente se casa, né...
-Essa proximidade tá me deixando mais nervosa do que eu pensei que ficaria?
-Isso é bom, não é? Sinal de que você tá ansiosa pelo momento...
-Não... é o oposto disso. Tou ansiosa pela proximidade, sim. Mas porque não sei se quero que esse momento chegue tão logo assim... não sei se é a melhor decisão casar com o Hugo.
-Mas a gente já não falou sobre isso, Cris? Você não concordou que é a decisão mais sensata?
-Sensata é. Mas as renúncias que tou fazendo talvez nunca sejam esquecidas... isso pode acabar se tornando um problema.
-Problema do que? Cristina, você tá maluca de questionar o casamento a essa altura do campeonato? Poxa vida! O que eu faço com você, me diz?
-Nossa, Giovanna... eu sei que você torce pelo nosso casamento, mas precisava quase gritar comigo?
-Desculpa, querida... às vezes eu me excedo...
-Percebi... só não entendi a razão desse quase descontrole.
-Bem, deixa tudo isso pra lá. Por que a gente não foca na idealização da organização de tudo aqui?
Cristina encara Giovanna desconfiada. CORTA A CENA.

CENA 3: Horas depois, Giovanna chega ao trabalho e Hugo estranha sua expressão decontrariedade ao vê-la chegar na sala.
-Credo, Giovanna! Achei que você ia chegar pelo menos mais bem humorada do encontro com a Cristina, viu? Já são quase meio dia, você vai até trabalhar menos hoje...
-Impressionante a sua capacidade de dissimular, Hugo. Você não era assim...
-Dissimulando, eu? Imagina, Giovanna... de onde cê tirou isso?
-Você mudou, Hugo... e continua mudando todos os dias. Antes era honesto, claro, cristalino, não deixava dúvidas em relação às palavras ou em relação às atitudes. Com quem é que você andou aprendendo a mentir desse jeito? Porque tá mentindo muito mal, pro seu governo.
-Autocrítica passou longe daí, né? A única pessoa que mente, dissimula, engana e faz jogo duplo aqui é você, Giovanna. Não projete em mim o que for espelho, faça-me o favor.
-Dá pra ver que você aprendeu o que não devia. Saiu do meu controle. Você sempre foi tão bonzinho comigo, sempre fez tudo o que eu pedi...
-As coisas mudam, Giovanna. As pessoas mudam.
-Mas não você. Não sem a minha permissão, tá me ouvindo?
-O que foi isso, agora? Você não é minha dona.
-Posso não ser sua dona, mas sou a principal responsável por você ter chegado exatamente onde chegou. Não fosse por mim, você continuaria sendo um playboy rebelde que enchia seus pais de preocupação. Eu dei um rumo pra sua vida.
-E você espera que eu eu estenda um tapete vermelho toda vez que você chegar? Me poupe, Giovanna.
-Um pouco de gratidão não ia cair mal. A Cristina tá indecisa ainda sobre o casamento, acredita? Esse tipo de coisa não poderia acontecer agora, às vésperas do casamento de vocês.
-E por que não? Se ela quiser desistir, deixa ela...
-Vocês tem que casar de qualquer jeito. Não tem conversa.
-Não entendo porque tem que ser ela.
-Não te interessa os motivos. Interessa a mim. Ou vocês fazem o que eu planejei, ou vocês dois vão arcar com as consequências, caso desistam!
-Isso é uma ameaça, Giovanna? O que é isso? A que ponto você tá chegando, meu Deus...
-Não é uma ameaça. Mas as coisas precisam ser exatamente do jeito que foi planejado todo esse tempo. Nada pode dar errado, tá me ouvindo?
-Certo... eu que não vou contrariar nada que você disser agora. Vá pra sua mesa, Giovanna. Preciso trabalhar e creio que você precise também...
Giovanna se afasta e Hugo fica assustado. CORTA A CENA.

CENA 4: José chega à casa de Maria Susana.
-Cheguei na hora certa?
-Sim, Zé... o Miguel chegou não faz nem dez minutos, da escola. Foi pro banho, agora.
-E você não foi acompanhar ele?
-Que nada! Nosso filho enfiou na cabeça agora que é “homem grande” e que não precisa de ajuda pra tomar banho, que não é mais um bebê, essas coisas todas...
-Parece eu quando tinha seis anos. Impressionante como tudo se repete...
-Que bom que você reconhece tanto de você no Miguel... sinal de que as coisas realmente mudaram aí dentro de você...
-Andam mudando... todos os dias, cada vez mais. Demorei pra perceber o óbvio...
-Que você foi racista? Bem, não adianta só as pessoas falarem isso pra você... precisava você entender isso de verdade. Compreender o impacto que isso teve na vida do nosso filho e no quanto isso acabou determinando o fim do nosso casamento...
-Pois é... não há um dia que eu não pense nisso tudo. Hoje sei que fui racista. E que ainda tenho muito racismo aqui pra vencer.
-Não vai ser fácil, meu querido... nunca é. A gente precisa manter o pensamento vigilante, mas sem autocobrança excessiva, sem essa de se culpar pelos pensamentos racistas que acontecem automaticamente. É um processo lento e contínuo superar tudo isso.
-Tenho feito o meu melhor, Susi... de verdade.
-É o que importa. Mas me diz... qual vai ser o roteiro de vocês hoje?
-Nada demais... nem ando com tanto tempo livre, assim. Sei que o nosso filho quer porque quer ir no circo, mas não vai ser dessa vez. Tenho alguns trabalhos bastante atrasados.
-Contanto que você esteja de volta com ele aqui até as 18 horas, tá tudo certo.
-Vou estar, pode confiar.
-Quer um café? O Miguel ainda demora no banho, certeza disso...
Os dois seguem conversando. CORTA A CENA.

CENA 5: Enquanto Sérgio lava a louça após almoço, Nicole conversa com o marido.
-Ando numa preocupação fora do normal...
-Notei isso, querida. Você mal tocou na comida hoje, justo quando eu fiz bobó de camarão...
-Nem consigo pensar em comer direito. Essa preocupação com a nossa filha tá começando a roubar a minha paz, o meu sono...
-Mas a Cristina te preocupando de novo? Não sei porque...
-Não se faça de desentendido, Sérgio... a possibilidade dela desistir de casar com o Hugo é real.
-Sim, mas a gente sabe disso. E daí? Se acontecer, a gente vai saber. Se não acontecer, a gente também vai saber.
-E você age nessa naturalidade, como se isso não fosse nem um pouco grave? Poxa vida, Sérgio! E os nossos amigos, como ficam nisso?
-Sabe, Nicole... eu me pergunto até que ponto você realmente se preocupa com o Leopoldo e com a Dete...
-Claro que me preocupo, Sérgio... mas que ideia...
-E com a nossa filha, você se preocupa?
-Onde você quer chegar, Sérgio? Conheço essas voltas que você dá...
-Você realmente se preocupa com eles ou com o escândalo?
-Óbvio que eu tenho medo do escândalo. Mas não é pelo que cê tá pensando, se você estiver pensando que eu ainda penso na alta sociedade...
-Difícil acreditar, mas se você diz...
-Vou subir. Não aguento esse tipo de dúvida da sua parte.
CORTA A CENA.

CENA 6: Bernadete descansa em uma cadeira no quintal quando é surpreendida por Madame Marie.
-Madame Marie! Que surpresa e que alegria te ver aqui! O Leopoldo abriu pra você?
-Sim... de cara fechada, como de costume. Como você anda, Bernadete?
-Vou indo... tentando melhorar. Superar a partida do Leonardo...
-Querida... vim pra te ver. Pra te consolar... o Leonardo foi embora porque tinha de ir. Era assim que as coisas deviam ser. Lá no íntimo dele, ele sabia disso. Tentou negar conscientemente, mas sabia.
-Se ele sabia, por que ele não buscou evitar, Madame Marie?
-Certas coisas não se evitam. No máximo se protela o momento... mas o que é do destino, ao destino se consuma, cedo ou tarde.
-Eu queria entender esses planos de Deus... esses desígnios que de tão insondáveis, fogem à minha compreensão.
-Quando foi que você se tornou uma carola católica porta-voz de seu marido?
-Não, Madame... eu não sou da mesma religião que ele... você sabe disso.
-Pois não parece. Esses anos de convivência com ele te macularam, Bernadete. Você repete o que ele diz, sem nem se ouvir falando.
-Por que você tá me dizendo essas coisas?
-Porque você vai precisar se reconectar com a sua verdadeira essência, muito em breve. Para enfrentar de frente e com generosidade a revelação de verdades que hoje, ainda são nebulosas...
-Coisas nebulosas?
-Sim, querida. Verdades escondidas em cofre seguro. Uma hora, esse cofre se abre... e todas as verdades escondidas ali se revelarão.
Bernadete fica intrigada. CORTA A CENA.

CENA 7: Idina, de visita no apartamento de José, se encanta por Miguel.
-Sabia que você é muito simpático, Miguel? - fala Idina.
-A senhora fala engraçado. - observa Miguel.
-Desculpa o meu filho, Idina... ele fala o que dá na telha... - justifica José.
-Parecido com o pai, né? Eu vou explicar, meu querido: eu vivo há muitos anos aqui no Brasil, mas sou francesa. O jeito engraçado que você escuta no meu modo de falar se chama sotaque. - explica Idina.
-E onde eu peço pro pai comprar um sotaque? Onde vende? - pergunta Miguel.
Idina e José riem.
-Não, meu filho. Sotaque é uma coisa própria de cada pessoa, dependendo da região que ela vive. Até aqui no Brasil, temos uma infinidade de sotaques. Nós que somos cariocas, por exemplo, falamos diferente dos mineiros, entende? - explica José.
-Mas não se fala brasileiro só aqui no Brasil? - questiona Miguel.
-Não é brasileiro que chama, querido... é português, lembra? - diverte-se Idina.
-A senhora é bonita, dona Idina. A senhora é a namorada do meu pai? - dispara Miguel.
José se constrange e Idina gargalha.
-Não, meu filho... ela é só uma amiga.
José segue constrangido e Idina se diverte com espontaneidade de Miguel. CORTA A CENA.

CENA 8: Horas depois, Flavinho se junta a Gustavo durante horário de descanso.
-Posso sentar aqui com você?
-Claro que pode, Flavinho. Sabe que tou achando um barato ocê ter vindo pra cá pro Rio e ainda vir trabalhar na clínica? Me lembra dos bons tempos de BH...
-Nem me fala, Gustavo... um lado meu morre de saudade da minha terra. Mas hoje nem tem como pensar em voltar. Tudo o que ficou lá, deixado pra trás, ainda causa muita dor.
-Posso imaginar, Flavinho. Eu realmente sinto demais por tudo o que aconteceu.
-Nem precisava dizer... sabe, Gustavo, eu sempre soube que ocê é um cara bom... mas não pensei que fosse tanto.
-Uai, como assim? Não sou tudo isso, não...
-Claro que é! E ainda é humilde. Tudo o que você faz pelas crianças daqui... é lindo. É uma prova de amor... amor à vida, acima de qualquer coisa.
-Exagero seu, Flavinho... não faço nada mais que a minha obrigação... de verdade.
-Não, Gustavo... o que você faz é muito mais que a sua obrigação. É um gesto de amor, de doação, de mandar energias positivas para aqueles anjinhos... é quase uma energia de cura. Sabe, essas coisas me lembram demais o Leo... de como eu conheci ele, de como desde o primeiro momento eu me encantei... desculpa falar.
-Eu que peço desculpa, Flavinho... sei que não deve ser fácil procê lembrar de tudo, sabendo que ele não está mais aqui, entre nós...
-Já foi mais difícil... o luto continua, mas ando focado em substituir esse luto pela saudade. Aquela saudade gostosa, sabe? De quem sabe que foi feliz...
-Mas você ainda pode ser feliz, não pode? Tem toda uma vida pela frente, planos a fazer, essas coisas...
-Claro que eu posso. Mas não agora... eu preciso do meu tempo particular. Pra me refazer totalmente de tudo isso. E ainda tenho que sufocar grande parte dessa dor, por causa da farsa criada pelo pai dele... não é nem um pouco fácil lidar com isso, sufocando tanta coisa...
-Por que você não se junta mais vezes comigo pra alegrar os pequeninos? Não existe nada mais terapêutico nessa vida do que transmitir alegria e esperança pras crianças, vai por mim. É uma troca linda...
-Tou quase me inclinando a aceitar.
-Se eu fosse você, não pensava duas vezes...
CORTA A CENA.

CENA 9: Horas depois, Gustavo e Daniella descem da moto dele e rumam para o apartamento dele.
-Amor, cê não acha melhor colocar uma corrente na sua moto aqui no estacionamento?
-Não... já é fechado, não precisa de tanto.
-Cê parece que tá distante...
-Não é distante. Na verdade, pensando num trem que o Flavinho me disse hoje.
-O que ele disse, Gustavo?
-Que eu sou um cara bom... por alegrar as crianças, sabe? De alguma forma, isso me tocou.
-Bobinho... você precisa aprender a receber elogios, sabia? Se ele disse isso, foi de coração. E ele tem razão: você é maravilhoso, inclusive. Não é só bom. O que você faz por aquelas crianças é algo que precisa ser valorizado, com certeza.
-Mas não faço pelo reconhecimento... faço porque acho que é o mínimo que posso fazer.
-E ainda é humilde! Vamos subir, meu herói, que eu tou seca por uma bela pizza.
Patrícia observa os dois, de longe, sem ser notada.
-Então é aqui o teu QG, Gustavinho... achou que podia se esconder...
CORTA A CENA.

CENA 10: Flavinho chega em seu quarto e toma um susto ao ver Bernadete ali.
-Ai, que susto! Não sabia que você tava aqui. Tudo bem, Bernadete?
-Comigo tudo bem. Quero saber como andam as coisas com você. Eu sei que você sofre pela sua... condição.
-Oi? Não entendi.
-Você pode mudar de vida, basta querer. Se me permitir, eu posso te apresentar uma garota.
Flavinho se choca com as palavras de Bernadete. FIM DO CAPÍTULO 41.