segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

CAPÍTULO 91

CENA 1: Ricardo segue firme com Giovanna, que permanece sem dizer nada ao marido.
-Giovanna... eu te fiz uma pergunta.
-Eu sei. Só achei tudo isso completamente sem sentido, Ricardo...
-Sei. Eu nunca te vi com essa cara antes...
-Amor... posso te perguntar uma coisa?
-Uai, claro...
-Você mal chegou em casa e já andou bebendo, foi isso?
-Ah, pode parar. Bebi minha dose de licor de sempre.
-Pois não parece. Deu pra ver coisa onde não tem, agora...
-Será que não tem?
-Claro que não, Ricardo! Mas que ideia mais esdrúxula? Foi a Glória, não foi? Aquela fofoqueira... sempre tentando me sabotar...
-Ela não tem nada a ver com isso... a sua cara tava estranha. Ainda tá. Você se assustou quando te questionei.
-Ai, Ricardo, não me torra a paciência, vai! O que foi que te deu? Que bicho que te mordeu? Você nunca foi de me tomar desse jeito, ainda mais sem nenhum fundamento, eu hein!
-Desculpa, Giovanna... só fiquei surpreso de te ver com a cara que eu vi.
-Que cara? A minha? Ora, tenha santa paciência, amor! A minha cara é a minha cara e deu, entendeu? Tem nada de mistério nisso.
-Mas eu podia jurar que cê tava satisfeita.
-E quer saber? Tou mesmo.
-Ah, eu sabia!
-Só que não é segredo nenhum, ué. Deu pra entender agora?
-Sei. E o que é então?
-Nada de grande importância. Apenas consegui algo que eu queria faz muito tempo... isso eu posso dizer sem erro.
-E do que se trata?
-Nada que vá afetar nossa vida de casal, então não é que seja segredo, Ricardo... você sabe que sou franca com você, não sabe?
-Claro que sei.
-Então vou ter que ser direta e te dizer que, mesmo não sendo um segredo... não é pro seu bico. É coisa de mulher... entende?
-Falando em coisa de mulher...
-Vish... quando cê me olha com essa cara... é coisinha, né?
-Serviço completo. Você tá linda. Me deixando doido... você quer?
-Claro que sim. Você sempre me acende, Ricardo...
Os dois se beijam e, cheios de paixão, vão ao quarto e transam.
Instantes se passam e, após transar com Ricardo, Giovanna acaba indo à cozinha para preparar um chá.
-Gente, não é que esse pato realmente tem um dos melhores sexos que já experimentei na vida? - fala, consigo mesma.
Giovanna segue preparando o chá e começa a rir silenciosamente, se sentindo vitoriosa.
-Agora eu já tenho tudo do jeito que eu queria. O controle de todas as coisas mais uma vez nas minhas mãos. O destino daquela mineirinha vigarista na palma da minha mão... e basta que eu saiba conduzir as peças desse tabuleiro pra esmagar a Valéria. Feito uma barata. Acabar com o amor de novela dela... o Hugo vai entender de uma vez por todas com quem tá lidando. E que nunca podia ter feito o que fez comigo... nunca! Agora é esperar pro William pensar em toda a proposta que eu fiz... ele não tem nada a perder, afinal de contas... não tem como recusar a minha ajuda. Eu ainda acabo fazendo uma boa ação pelo verdadeiro pai do filho da mineirinha vigarista, veja só... depois disso tudo resolvido, eu volto a ocupar o lugar na vida do Hugo que sempre foi meu. O lugar que aquela sonsa tirou de mim... mas que eu vou tomar de volta. Nem que seja a força. O que é meu é meu. E o Hugo é e sempre vai ser meu. Só meu!
CORTA A CENA.

CENA 2: Durante a noite, Cristina sente contrações e se assusta.
-Não pode ser... essa menina não pode nascer agora!
Cristina sai do quarto e Nicole vê a movimentação da filha, indo atrás dela.
-Tá tudo bem, filha?
-Espero que esteja, mãe...
-Cê tá pálida...
-Eu tou apavorada!
-O que tá acontecendo?
-Tive duas contrações fortes, mãe... não pode ser agora! Não pode ser!
-Ah, filha... eu bem que te avisei!
-Mas eu tou me cuidando!
-Ah, claro... na reta final da gravidez e sem reduzir em nada o ritmo de trabalho desde o quinto mês! Tem certeza que não sabe mesmo a razão dessas contrações?
-Pode parar, mãe. Gravidez nunca foi doença!
-Mas você tá adoecendo e não percebe.
-Ah, mãe... do jeito que você fala, faz parecer que eu trabalho de pedreira, chefe de obras, qualquer coisa do tipo...
-Mas você anda estressada, filha...
-Não acho que seja um bom momento de parar.
-Me responde uma coisa...
-O que?
-Cê já contou pro Fábio que a filha de vocês vai se chamar Arlete?
-Eu não!
-Pois então trate de contar logo, porque se você não largar o trabalho agora e não deixar a sua irmã no lugar, a menina nasce antes do próprio pai saber do nome dela!
-Cê não vai desistir mesmo, né mãe?
-De jeito nenhum.
-Tá certo. Eu vou antecipar minha licença.
-Que mané antecipar, Cristina! Essa é a hora, filha!
-E como eu me acerto com a Dani? Ela não contava com isso agora...
-Deixa que com a sua irmã eu me acerto amanhã pela manhã.
-O duro vai ser ela passar mais esse tempo longe do teatro.
-Todo mundo lá tá ciente de tudo.
-O que não vai diminuir a frustração dela...
-Filha... agora é hora de pensar em você e na Arlete. Vocês precisam estar saudáveis. O resto a gente resolve depois. Fica tranquila, viu?
-Tá, mãe...
-Você não vai ao trabalho nem amanhã mais...
-Nem amanhã? Nossa, mãe...
-Vai ser melhor assim...
CORTA A CENA.

CENA 3: No dia seguinte, Gustavo se surpreende ao se deparar com Daniella na sala de Cristina.
-Dani? Mas hoje não era dia da Cris?
-Era... mas ela entrou em licença maternidade já...
-Que? Mas ela não disse que ia esperar até a véspera do parto?
-E ia. Mas ela e a mãe andaram conversando bastante sobre as coisas, principalmente porque a Cris tem tido contrações antes da hora, entendeu? Tudo isso por causa do estresse...
-Bem, sem querer me meter, mas acho que não é bem o trabalho a causa do estresse da sua irmã...
-E eu não sei, Gustavo? Mas vai explicar isso pra cabeça dura da dona Nicole, vai explicar! Nada entra naquela cabeça quando ela resolve se fechar...
-Pelo menos ela tá tentando preservar a Cris, né?
-Sim. Mas acho que esse problema todo só vai se resolver no dia que a Cris entender que o lugar dela é ao lado do Fábio...
-Até as crianças daqui já sacaram isso...
-Vai falar isso pra ela, vai! Vira uma fera...
-Conheço bem a peça. Mas me diz uma coisa: cê acha que vai dar conta de tudo isso aqui?
-E por que não? Que pergunta mais sem pé nem cabeça...
-Uai, só perguntei...
-E eu só respondi. Não entendi mesmo porque cê me perguntou isso. Já fiquei tanto tempo no comando dessa clínica e nunca nada deu errado...
-Bem, isso é verdade, mas...
-Ah, eu tou sacando esse seu joguinho, seu bandido!
-Ah, droga! Fui pego!
-Achou mesmo que eu ia cair nesse joguinho da zoação? Não mesmo, Gustavo... na escola que você tá graduando, eu sou bacharelada!
Os dois riem.
-Acho incrível isso, sabe?
-O que, Gustavo?
-A gente conseguir se dar tão bem.
-E por que não seria assim? A gente é tão amigo... nada mais natural que a gente se dar bem. Não ia ser amiga de quem não vou com a cara...
-Bem... é que eu às vezes sinto falta... de nós dois, sabe?
-Não pense nisso... não agora. Nossas vidas estão em outro momento...
CORTA A CENA.

CENA 4: José observa Idina se arrumando para mais um dia. Idina percebe olhar admirado de José.
-Gente, o que foi que eu fiz?
-Nada... nada além do fato de ser a mulher mais linda do mundo...
-Ah, para com isso, Zé... eu sei que você me acha linda, amor... mas não sou nem a mais bonita de Marselha, quanto mais do mundo...
-Além de tudo é modesta. O que mais eu podia pedir a Deus?
-Podia pedir pra ser menos exagerado, por exemplo.
-Eita! Um beijo pra Bela Gil!
Os dois riem.
-Sabe, Idina... eu quero casar com você.
-Peraí... deixa ver se entendi direito: você tá me pedindo em casamento?
-Sim... Idina, você aceita casar comigo?
-Sim e não.
-Como assim?
-Eu quero. Mas não agora. Entende?
-Tou tentando compreender...
-É uma questão de tempo... de estarmos os dois completamente prontos e entregues pra mais esse passo...
-Mas já vivemos juntos, praticamente...
-Sim, é verdade. Mas ainda temos muito a resolver. Sua vida pública, por exemplo. Sua militância mal começou... ainda precisa se consolidar. Você vai acabar se tornando uma pessoa pública.
-O ideal não seria casarmos antes da minha candidatura?
-Pra que? Pra eu ser reduzida ao posto de esposa? Isso diminuiria o valor simbólico da minha atuação, na política, entende?
-Bem, olhando por esse lado...
-Vamos precisar de paciência. Mas depois disso, se você não tiver desistido de mim, a gente se casa... combinado?
-Não existe a mínima possibilidade de eu desistir da gente... eu te amo.
José beija Idina. CORTA A CENA.

CENA 5: Idalina visita Maria Susana.
-Que bom que você veio, mãezinha...
-Minha palavra é sempre uma só, Susi querida... se eu digo que venho, eu venho... mas me conta, como andam as coisas?
-Cada vez melhores, sabia?
-Que maravilha! E a Bete, como vai?
-Ótima! Ela tem uma garra, sabe? Uma firmeza pra defender o nosso amor diante de qualquer coisa...
-Não me surpreende... alguém que vence a si mesma se torna mais forte ainda.
-Verdade. Às vezes custo a crer que ela teve uma depressão tão severa que chegou a levar à tentativa de suicídio. A Bete de hoje é outra pessoa. Cheia de si, não leva desaforo pra casa...
-Mas e você, querida? Como anda dando conta de tudo? Essa casa é imensa...
-Dá uma canseira, sabe? Sou só eu e o Miguel aqui durante a semana.
-Por isso mesmo, filha... cê não acha que tá na hora de colocar essa casa pra vender?
-Gente... eu não tinha pensado nisso antes...
-Seria uma excelente opção pra você e pra Elisabete, não seria?
-Claro que sim! Ela já falou sobre morarmos juntas, mas a gente sempre esbarra na indecisão de saber se sou eu que me mudo pro apartamento dela ou ela que se muda pra cá...
-Pode não ser nem uma coisa, nem outra, ué. Vocês podem comprar uma casa juntas...
-Não é que é uma excelente ideia? Te amo, mãezinha!
-Ah, Susi... também te amo como uma filha, sabia?
-Eu vou falar com a Bete ainda hoje sobre tudo isso.
-Fala mesmo! Essa casa merece ser bem utilizada por uma família grande...
CORTA A CENA.

CENA 6: Giovanna aproveita o fato de estar completamente sozinha em sua sala e resolve ligar para William.
-Alô, William?
-Ah, é você, Giovanna?
-Sim, eu mesma.
-O que você quer?
-Nossa, pensei que você fosse ser um pouco mais gentil e cordial comigo, eu hein...
-Somos amigos? Não...
-Ainda não. Mas podemos nos tornar grandes amigos. Vai depender única e exclusivamente de você.
-Sabe, eu andei pensando melhor em tudo...
-Excelente. Sinal de que você tem juízo e apreço por tudo aquilo que é seu de direito.
-Foi justamente por pensar melhor em tudo que eu gostaria de te fazer uma pergunta.
-Faça, William.
-Qual é a sua?
-Ué... a minha é de uma pessoa que não tolera nenhum tipo de mentira ou injustiça.
-Não consigo acreditar em você.
-Pois faça um esforço. Estou ao seu lado.
-Independente. A decisão e a condução das coisas em relação ao meu filho é total responsabilidade minha.
-Nem em tou dizendo o contrário... mas estou à sua disposição pro que precisar.
-Sei. Preciso desligar agora. Nos falamos mais depois. Essa conversa não terminou.
CORTA A CENA.

CENA 7: Valéria desabafa com Hugo sobre seus medos.
-Amor... eu tou apavorada com esse prazo que o William deu pra gente.
-Mas não é o que a gente queria? Assim a gente desfaz a mentira que meu pai alimentou.
-Eu queria que fosse simples desse jeito, Hugo... mas não é. Isso foi longe demais e vai acabar afetando principalmente ao Flavinho... ele e a Bernadete se afeiçoaram, mas ele nunca teve a oportunidade de dizer que foi noivo do Leo... entende?
-Ah, mas não acho que isso vá ser um problema.
-Meu medo é que, além da sua mãe não nos perdoar, isso acabe respingando no Flavinho...
-Não acho que isso seja possível, amor...
-Como eu quero que ocê tenha razão, amor... como eu quero...
-Você vai ver, Valéria... o religioso conservador é meu pai.
-É, mas sua mãe sofreu a influência direta dele durante mais de trinta anos, ininterruptamente... isso pode ter encaretado ela...
-Duvido... duvido muito.
-Eu fico com medo dos estragos que a verdade pode causar nessa altura das coisas...
-Ei... não importa o que aconteça... temos um ao outro, viu?
Hugo abraça Valéria. CORTA A CENA.

CENA 8: Margarida fica perplexa com relato de Érico.
-Como assim a coisa aconteceu no carnaval e você só me contou agora, Érico?
-Porque eu sabia que cê ia ficar desse jeito, mãe...
-Mas me contasse! Bem que naquele dia eu senti um aperto no peito...
-É, mas o Guilherme tava lá pra me livrar da agressão.
-Sorte a sua que vocês já tinham começado a ficar. Aliás, vocês deviam namorar...
-Também acho, mas fala isso pra ele... enfim, o que importa é que saí ileso daquele incidente.
-Filho, posso te pedir uma coisa?
-O que?
-Nunca mais faz isso comigo... sério.
-Isso o que?
-Levar meses pra me contar algo seu.
-Mãe... eu só quis te preservar. Te poupar...
-Filho... mãe sempre sabe das coisas. Se não sabe, sente. Eu sabia ainda no carnaval que alguma coisa não tava indo bem.
-Mas terminou tudo bem, não terminou?
-Sim, filho... eu sei. Mas não deixa de me contar as coisas, promete?
-Prometo.
CORTA A CENA.

CENA 9: Nicole tenta convencer Cristina a dar uma chance a Fábio.
-Filha, cê não percebe que tá fazendo questão de sofrer e sem a necessidade de passar por isso?
-Engraçado cê me dizer isso, mãe... tendo se separado do pai depois de trinta anos...
-As coisas são completamente diferentes. Eu e seu pai tivemos de fato uma história. Vocês... tudo a que tínhamos direito. Não tem comparação possível com você e Fábio. Não enquanto a história de vocês ficar assim, suspensa.
-No que depender de mim, interrompida.
-Não devia. E eu acho que assim que a Arletinha nascesse, cê devia dar uma chance a ele.
-Cê acha que não pensei nisso?
-Se pensou, o que impede de se jogar?
-Medo...
-Ah, chegamos onde eu queria... o medo é seu. Responsabilidade sua. Não jogue essa carga sobre ele.
-Nossa... um soco no estômago teria doído menos.
-Foi a intenção, querida... quem sabe assim, cê cai na real.
-Ai, mãe... eu tento vencer meus medos... eu tento...
CORTA A CENA.

CENA 10: Distraída em sua sala, Giovanna segue olhando para a tela do computador quando a porta da sala se abre e pensa se tratar de Ricardo.
-E aí, amor... como foi cobrir o evento?
Giovanna é surpreendida por William se parando em sua frente e se impondo.
-Não é o seu amor.
-Ai credo, William! Parece fantasma! Custava avisar antes que tava vindo aqui?
-Custava sim. Cê ia se esquivar.
-Não sou mulher de me esquivar. Fala o que cê quer.
-Você me fala o que ocê quer...
-O que? Não tou com paciência pra charada agora, garoto. Tenho mais o que fazer.
-Em primeiro lugar: a vida é minha, os problemas são meus. A maneira como eu lido com eles também é minha, portanto trate de não se meter nas coisas que não são da sua conta, sua mexeriqueira!
Giovanna fica perplexa com atitude de William. FIM DO CAPÍTULO 91.

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