CENA 1: Giovanna faz menção de ir até eles, mas antes de ser percebida por Valéria e Hugo, recua.
-Não, Giovanna... essa não é a melhor hora de meter os pés pelas mãos...
Giovanna segue olhando entrosamento entre Hugo e Valéria, lívida. Em determinado momento, Giovanna sente um enjoo.
-Preciso sair daqui sem ser vista. Essa situação tá me deixando com vontade de vomitar...
Giovanna volta à sala e Bernadete estranha ao vê-la ali.
-Giovanna? Você por aqui? Nem sabia que você tinha voltado de viagem... cê tá bem? Tá pálida... - fala Bernadete.
-Oi, Bernadete. Voltei hoje mesmo. Não tou legal, acho que não me alimentei bem... devo estar com uma baixa de pressão... - fala Giovanna.
-Senta aqui, Giovanna. Eu não aprovo o que você fez com a Cristina e com meu filho, mas não sou doida de te destratar num momento assim.
-Assim como, Bernadete?
-Cê tá com algum problema de saúde. Dá pra ver...
-Besteira, Bernadete. Eu sempre tive pressão baixa.
-Bem, que seja. Quer que eu traga um copo dágua?
-Na verdade eu não tou com sede. Pode ficar tranquila. Tou confortável aqui no sofá.
-Por que cê veio aqui?
-Ah, sim... foi pra fazer uma surpresa. O Hugo já sabia que eu tava pra voltar, só não sabia que ia ser hoje, então resolvi fazer essa surpresa.
-Desculpa a pergunta, mas você não acha meio inconveniente da sua parte, depois de todo o incidente?
-Pelo contrário, Bernadete. Minha intenção é recuperar a amizade que temos.
-Não sei se encaro isso com bons olhos.
-Bernadete, não me julgue.
-Impossível não te julgar depois de saber do que eu soube.
-Você ainda não soube da minha versão dos fatos.
-E nem sei se quero saber. Não sei se é uma boa ideia você entrar nesse assunto estando de pressão baixa, mal alimentada e recém retornada da viagem.
Leopoldo percebe que Giovanna não se sente bem, ao retornar.
-Cê tá boa, Giovanna? De repente ficou pálida. - fala Leopoldo.
-Deu baixa de pressão nela, amor. - explica Bernadete.
-Mas já vou ficar bem, não se preocupem. Eu vim aqui mesmo foi pra tentar fazer uma surpresa pro Hugo, mas penso que ele nem deve estar aqui, mas sim na agência. Então vou deixar o presente que comprei pra ele... - fala Giovanna.
-Agradeço pela delicadeza de lembrar dele... - fala Leopoldo.
-Lembrei de vocês também. Trouxe lembranças pra vocês, de Helsinki. - fala Giovanna.
-Por essa eu não esperava. Gostei disso, Giovanna... - surpreende-se Bernadete.
-Eu pego ali na bolsa, pra vocês... - fala Giovanna.
-De jeito nenhum, querida. Cê tá pálida, ainda. Eu tenho uma gorgonzola aqui pra você comer, pra subir sua pressão. Quer um pedaço? - fala Leopoldo.
-Aceito. Mas não quero me abusar de vocês. Sei que vocês devem estar chateados comigo e com toda a razão. - fala Giovanna.
-Cê não tá legal. Nesse momento, não existem diferenças. Come a gorgonzola e vê se fica sentada nesse sofá. A sua bolsa, ficou onde? - pergunta Bernadete.
-Ficou em cima da mesa ao lado da saída pro quintal. - fala Giovanna.
Bernadete pega a bolsa e entrega a Giovanna.
-Aqui estão as lembranças de vocês. Eu sei que não é muito, mas achei uma graça esses chaveiros de Helsinki... - fala Giovanna.
-Achei muito bonitos! - fala Bernadete, pegando o seu chaveiro.
-O presente certo que não tem como dar errado... muito bonito, Giovanna. Obrigado. - fala Leopoldo.
-Eu preciso ir agora. O presente de Hugo ficou ali na mesa, Bernadete. Você deve ter visto a caixa. Quando ele chegar da agência, entregue a ele, sim? - fala Giovanna.
-Fica mais um pouco, menina. Você ainda tá pálida... - fala Bernadete.
-Não dá, gente... já tou me sentindo bem e ainda nem cheguei na minha própria casa... - fala Giovanna.
-Mais uns quinze minutos, Giovanna. Desse jeito, cê pode até sofrer um acidente... - fala Leopoldo.
-Tá, eu fico... mas não mais que quinze minutos, ok? - finaliza Giovanna.
CORTA A CENA.
CENA 2: Ricardo chega à agência e Glória é a primeira a perceber sua presença.
-Não acredito! Você nem avisou que voltava hoje, seu tratante!
-Ah, é assim, Glória? Não vai nem dar um abraço no seu velho amigo?
-Claro que vou, mas antes cê tava merecendo era uns bons tapas, isso sim!
Glória abraça Ricardo.
-Senta aqui, Ricardo... sei que cê tá de férias ainda, mas...
-Glória, tenho tanta novidade pra te contar!
-Pois é, menino! Fiquei esperando a tal surpresa que cê disse que tinha.
-Cê nem vai acreditar quando eu disser...
-Que foi? Ganhou na loteria? Não... descobriu que é herdeiro de uma herança milionária?
-Boba... é outra coisa. Eu casei.
Glória fica chocada.
-Que? Cê tá falando sério, Ricardo? Mas você nem passou tanto tempo assim na Finlândia. Não acredito que você casou com uma...
-Casei com uma brasileira, simples assim...
-Pera... e você fazendo esse mistério... esse suspense. Eu conheço essa mulher?
-Conhece.
-Não vai me dizer que é...
-Se você tá pensando na Giovanna... acertou. Eu me casei com a Giovanna.
Glória fica perplexa.
-Eu não sei nem o que te dizer. Cê tá feliz?
-Tou! Mais feliz que nunca!
-Então é isso que importa...
-Nossa, pensei que cê ia me dar parabéns, pelo menos.
-Eu adoraria. Mas até hoje só tive motivos pra ter má impressão dela. Eu espero estar enganada. E que ela te faça feliz. Que dê a você o filho que você tanto sonha, que esteja à altura do homem que você é...
-Besteira. Eu que não sei se tou à altura de uma maravilha como ela. Tenho é muita sorte de ela ter se apaixonado por mim... preciso ir agora. Volto em poucos dias...
Ricardo vai embora e Mônica flagra Glória pensativa.
-Nossa, que te deu, Glória? De repente você ficou com uma cara de tacho...
-E você nem sabe... Mônica, cê sabe quem acabou de vir aqui?
-Não.
-Ricardo. Agora segura essa marimba, monamu: ele casou.
-Que? Gente, achei que ele já tinha dobrado o cabo da boa esperança em relação a isso. Quem é a milagreira?
-A Giovanna, dá pra crer?
-Menina, que babadíssimo! Eu imagino que você esteja se sentindo mal...
-Vou sobreviver. Pelo menos tem o lado positivo que agora a maluca larga de vez o nosso chefe de mão.
-Né não? Mas bora trabalhar que a gente ainda tem muita coisa por hoje...
CORTA A CENA.
CENA 3: Hugo e Valéria se assustam ao entrar na sala e se depararem com Giovanna, que finge surpresa ao ver Hugo.
-Hugo! Achei que cê tava na agência... seus pais não disseram que cê tava aqui... - fala Giovanna.
-Que surpresa te ver aqui, Giovanna... tudo bem? - fala Valéria, surpresa e desconfortável.
-Tudo bem, Valéria. - responde Giovanna.
-Faz tempo que cê tá aqui? - pergunta Hugo.
-Não muito. Eu vim aqui de surpresa, queria entregar os presentes que comprei pra vocês. Aliás, quase todos vocês, porque me esqueci da Valéria... me desculpa, querida. - fala Giovanna.
-Tranquilo, Giovanna. Eu realmente não esperava que ocê fosse lembrar de mim. Mas cadê a Bernadete e o Leopoldo? - pergunta Valéria.
-Estavam aqui ainda agora. Devem ter ido ali na cozinha. Passei mal da pressão, por isso fiquei um pouco mais. - explica Giovanna.
-Sei. Cê tá diferente, Giovanna. Sei lá, algo em você mudou... - observa Hugo.
-Ah, sim! Gente, quase esqueci de contar a novidade pra vocês... - fala Giovanna.
-Que novidade é essa? - fala Valéria, desconfiada e assustada.
-Casei! - dispara Giovanna.
-Que?! - espantam-se Hugo e Valéria, ao mesmo tempo.
-Foi, gente. Casei com Ricardo, cês acreditam? Viajamos juntos pra Finlândia... e fomos nos envolvendo. Quando a gente deu por si, a gente tinha se casado por lá mesmo. Só falta regularizar a situação por aqui pra afirmar que tou cem por cento casada... - fala Giovanna.
-Confesso que eu não esperava por isso... mas fico feliz por você, Giovanna. De verdade. - fala Hugo.
-Nem eu esperava. Parabéns pelo casamento. É bom saber que você tá feliz. - fala Valéria.
-Bem, queridos... eu preciso ir agora. Já tou me sentindo bem. Deixem meus beijos pra Bernadete e pro Leopoldo. Seu presente tá em cima da mesa na frente da porta pro quintal, Hugo.
Giovanna parte. Valéria permanece tensa e Hugo percebe.
-Que foi, amor? A Giovanna casou, a gente talvez não precise mais se esconder...
-Será, Hugo? Eu ainda acho cedo pra cantar vitória. Não tenho motivos pra confiar na Giovanna. Muito menos você...
-Relaxa, Valéria... ela tá em outra agora.
-Deus te ouça, Hugo...
-Deixa de ser pessimista, sua aquariana neurótica...
-Não é pessimismo, amor... é cautela. Com a Giovanna, todo cuidado é pouco...
CORTA A CENA.
CENA 4: Flavinho conversa com Gustavo.
-Ói, ocê me desculpa me meter na sua vida...
-Que isso, Flavinho... ocê nunca se mete. Te dou liberdade pra dar o pitaco que quiser.
-Então, como diria nossa querida Inês Brasil, segura essa marimba...
-Eita que tou sentindo que lá vem pedrada?
-Ocê não tá me dizendo que eu posso dar o pitaco que quiser? Então lide com isso.
-Nossa, cheguei a sentir minhas orelhas ferverem agora.
-Nem... não acho que seja pra tanto. É sobre a Daniella.
-Uai, mas o que tem ela? A gente é amigo.
-Não se dependesse de você.
-Não importa mais. A gente tomou rumos diferentes, é melhor assim. Eu sei o que eu sinto por ela e ela sabe o que sente por mim. Só que ela não quer compromisso sério e eu não tenho como forçar alguém livre como ela a mudar de opinião.
-Mas tá na cara que ocê ainda tem esperança dela mudar de ideia, não tem?
-Sabe que eu até tinha? Mas isso foi até algum tempo atrás... acho que relaxei em relação a isso. Quem sabe meu caminho não seja ela...
-Como assim?
-Nem eu sei dizer ainda, Flavinho. Às vezes eu prefiro não saber.
-Não entendi...
-É que talvez meu coração possa bater forte por outra pessoa.
-Mas isso tá acontecendo?
-Não. Quer dizer... não ainda. Vamos mudar de assunto, por favor?
-Vamos. Mas acho que ocê precisa se desligar dela. Pro seu próprio bem.
CORTA A CENA.
CENA 5: Cristina atende ligação de Fábio.
-Não esperava que você fosse ligar...
-Quero saber como você e o bebê estão.
-Estamos ótimos.
-Muito trabalho?
-Nem me fala. Tocar a clínica não é a coisa mais simples desse mundo, não.
-Quisera eu ter muito trabalho agora.
-Quem mandou você se demitir? Agora vai ter que aguentar até conseguir outro emprego.
-Acho que consigo logo, mas enfim... e você, como tem passado?
-Fábio... eu já disse que eu e o bebê estamos bem. Onde você pretende chegar com isso?
-Cê sabe, Cristina...
-Não, não sei. Fábio, não me obrigue a ser indelicada e nem a desligar na sua cara. Não vejo como a gente possa voltar agora. Amanhã eu não sei. Mas não força essa barra, por favor...
-Eu só pensei que eu podia tentar aos poucos...
-Pensou errado. Eu preciso desligar. Fica tranquilo que eu te informo de qualquer coisa. Beijo.
Cristina desliga. CORTA A CENA.
CENA 6: Valéria conversa com Hugo sobre suas preocupações.
-Não sei, Hugo... nada me tira da cabeça que a Giovanna não deixou de ser um perigo.
-Deixa disso, amor. Ela não casou?
-E por acaso mulher casada vira santa?
-Não, mas...
-Hugo... depois de tudo o que já aconteceu, ocê não pode simplesmente subestimar o poder destrutivo da Giovanna.
-E o que você sugere, Valéria?
-Abrir o jogo com sua mãe. Contar tudo. Tim tim por tim tim. Não tem mais a desculpa da saúde dela, que agora anda muito bem...
-Mas e se ela ficar muito abalada?
-Tem dois trabalhos: abalar e desabalar. Chega de tentar poupar sua mãe, Hugo. Ela já é uma mulher saudável outra vez. Chega de esconder a verdade dela. Pelo menos essa, já que seu pai enfiou a gente em tantas outras mentiras...
-Quer saber? Cê tem razão...
-Aleluia! Pensei que ocê nunca ia concordar comigo.
-Só que a gente não vai correr pra falar com ela agora.
-Ai ai ai, Hugo... e a gente vai fazer o que? Esperar o momento apropriado? Tem clima específico pra isso? Temperatura, umidade relativa do ar? Não, Hugo... tem que ser hoje.
-E eu disse que ia ser outro dia?
-Não, mas... deu a entender.
-Vai ser hoje. Mas precisa ser num momento calmo.
-Acho que tou entendendo... ocê prefere que seja de noitinha, é isso?
-Exatamente. Pro pai estar junto. Pra não restar dúvidas em relação ao mal que Giovanna me fez.
-É isso, amor! Meu orgulho!
Valéria abraça Hugo. CORTA A CENA.
CENA 7: Patrícia está numa sala de espera e liga para Daniella.
-Oi, Dani... te atrapalho?
-Nada. Acabei de sair do ensaio.
-Sabe o que é? Eu procurei aquele psicólogo que você indicou.
-Qual, o Fabiano Garcez?
-O próprio. Tou aqui na sala de espera do consultório dele. Tem dois caras na minha frente.
-Maravilha, Pati! Arrasou na decisão de procurar o Fabiano!
-Eu tou com medo, Dani...
-Medo do que, querida?
-De descobrir que tenho alguma coisa séria. Ser condenada a ser louca.
-Tira isso da sua cabeça, boba. Loucura é um conceito antigo, relativo e nem devia ser utilizado. Nenhum de nós nesse mundo é completamente normal. Fica tranquila. Cê tá procurando ajuda. É isso que conta.
-É, mas vai que o cara percebe que precisa me encaminhar pro psiquiatra?
-E daí? Tem gente que toma anti depressivos, ansiolíticos e outros medicamentos... e mesmo assim, levam uma vida normal.
-Eu não quero ser escrava de um medicamento...
-Pati... não sofra por antecedência. Fica tranquila e depois me procura, tá?
-Tá...
CORTA A CENA.
CENA 8: Guilherme conversa com Érico.
-Sabe, Érico... eu acho você um cara sensacional. De verdade.
-É uma pena.
-Pena? Não entendi.
-É uma pena sim... que você me ache sensacional, mas não o suficiente pra ser algo mais que só um amigo...
-Ai, Érico... não fala assim, não faz assim. Eu acabo me sentindo meio mal por não corresponder.
-Não, deixa disso... não quero que você se sinta mal ou responsável. Eu sei que posso parecer infantil de vez em quando, mas sei que tudo isso é responsabilidade minha.
-Acredite, Érico... eu queria gostar de você. Acho que você é um cara atraente, te adoro. Mas é preciso mais que isso. Desculpa...
-Não peça desculpas. Só de você ser sincero comigo, já me é mais que suficiente.
-Quem sabe um dia as coisas possam mudar, né? Só não te prometo nada.
-Nem deve prometer. É melhor pra eu não alimentar falsas esperanças.
CORTA A CENA.
CENA 9: Patrícia entra no consultório do psicólogo.
-Olá. Você é a Patrícia, certo?
-Isso mesmo.
-Sinta-se à vontade pra falar do que quiser, se quiser. Nesse primeiro momento, estou aqui para te ouvir.
-Então, doutor Fabiano...
-Não sou doutor, sou psicólogo. Prossiga.
-Certo. Eu vim aqui pra tentar entender o que acontece comigo.
-E o que exatamente acontece com você, que você possa identificar e descrever?
-Eu sinto raiva.
-Todo mundo sente raiva, Patrícia.
-Não é uma raiva qualquer. Ela me cega, me domina...
-Fale mais...
-Eu perco o juízo. Tomo decisões erradas, movida pela raiva. E às vezes ela não vai embora. Ela fica, remoendo e se revirando dentro de mim.
-Prossiga.
-Eu queria ter controle sobre isso, mas parece mais forte que eu.
-Como uma força dominadora que te roubasse o juízo?
-Exatamente! É assim que me sinto.
-Continue... eu acho que tenho uma ideia do que pode ser.
Patrícia segue falando de si para o psicólogo. CORTA A CENA.
CENA 10: Valéria e Hugo chamam Bernadete e Leopoldo para conversar.
-Não entendi esse chamado. Parece que vai ser feito um comunicado importante... - fala Leopoldo.
-Fiquei com essa mesma sensação. Aliás, não tou gostando nada da sua cara, Hugo... parece que vai falar sobre alguma coisa grave. - fala Bernadete.
-Bem... não é que seja grave. Mas é importante que vocês saibam tudo. - fala Valéria.
-É bem como a Val disse. Eu preciso falar umas verdades sobre a Giovanna. - fala Hugo.
-Que ela foi sua amante a gente já sabe. Mas ela foi tão delicada de vir trazer lembranças pra gente... - fala Bernadete.
-Sua mãe tem razão, Hugo. Não vou com a cara dela, mas...
-Mas vocês estão completamente equivocados em relação à Giovanna. Desde o começo ela me dominou. Comandou minhas vontades. Eu nunca quis ter a vida que eu tenho hoje. - revela Hugo.
Bernadete e Leopoldo se chocam. FIM DO CAPÍTULO 80.
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