CENA 1: Fábio se empolga.
-Quer dizer então que você tá revendo as coisas? Maravilha!
-Sim. Mas é aquela coisa... revendo até a página dois...
-Como assim?
-Em relação aos seus direitos como pai desse bebê, você pode ficar seguro que nada disso vai ser negado em momento algum.
-Não esperava outra atitude sua. Então vou poder registraa o bebê?
-Claro que vai! Você é sempre vai ser o pai dessa criança. Isso nunca vai mudar.
Fábio se emociona.
-Eu posso te abraçar?
-Ai, eu não me aguento vendo homem chorar. Claro que pode!
Cristina fica mexida com o abraço, mas se afasta e disfarça.
-Fábio... acho melhor deixar alguma distância ainda entre a gente.
-Eu só queria que você me perdoasse.
-Eu te perdoei. Quem eu não perdoei foi a mim mesma. E eu não posso me entregar a você enquanto isso não tiver acontecido. Eu sinto muito.
-Não sei mais o que fazer.
-Deve ser porque não tem nada que você possa fazer. A sombra da Arlete entre nós é mais uma criação minha. E sou eu que preciso lidar com isso, entende?
-Entender eu entendo. Não significa que eu concorde. Você se fecha, como um eremita, Cristina...
-É meu jeito de recuperar minhas forças, Fábio. Isso é mais forte que eu, é a minha natureza. Não é fácil, eu sei... e não é um simples perdão que vai fazer com que a sombra que eu criei da Arlete entre a gente vá sumir. O buraco é bem mais embaixo. E eu não sei se isso vai ter uma solução um dia...
-Só queria deixar claro que eu te amo. E eu espero por você... o tempo que for preciso.
-Eu também te amo, Fábio... mas não espere por mim. Eu não sei se um dia eu vou me libertar completamente de tudo isso...
-Não sou capaz de te julgar. Eu entendo muito o que você sente.
-Fica tranquilo, Fábio... o tempo vai resolvendo essas coisas. Vamos ter um filho... e isso já é um laço que não se desfaz... eu preciso ir embora. Mas tenha certeza que eu não vou mais sumir. Nem esconder nada de você.
-Promete?
-Prometo. Confia em mim...
Cristina vai embora. CORTA A CENA.
CENA 2: Gustavo chega com Flavinho à mansão dos di Fiori e Bernadete o recebe calorosamente.
-Gustavo, meu querido! Quase nunca te vejo, mas gosto tanto da sua energia! Veio jantar com a gente ou veio só fazer visita de médico à sua irmã? - fala Bernadete.
-Ah, eu vim jantar, eu acho... Flavinho que pode responder melhor... - fala Gustavo, tímido.
-Ele tá sendo tímido, como todo escorpiano que conheço. Claro que eu convidei ele pra jantar e ficar por aqui essa noite. - esclarece Flavinho.
-Ai, melhor ainda! Acho que temos muito o que conversar. Gosto de saber que tem gente nesse mundo fazendo a alegria das crianças doentes... - divaga Bernadete.
-Faltam uns quinze minutos pro jantar ainda, né? Porque eu acho que o Gustavo quer falar com a Valéria, já... - fala Flavinho.
-Ei! Eu sou tímido, mas posso falar isso! - brinca Gustavo.
Os três riem.
-Vão lá, queridos. Eu vou arrumar a mesa pra vocês... - fala Bernadete.
Gustavo e Flavinho sobem e Valéria se alegra ao ver o irmão chegar.
-Ocê não disse que vinha junto, mano! Que coisa bem boa! - alegra-se Valéria, abraçando o irmão.
-A gente resolveu fazer uma surpresa... - esclarece Flavinho.
-Uai, surpresa por que? Vai ficar pra dormir aqui, mano? - pergunta Valéria.
-Sim. Ia ficar meio tarde pra eu voltar pro meu apartamento e eu deixei minha moto no estacionamento da clínica... - esclarece Gustavo.
-Engraçado, isso... eu fico com a clara sensação de que vocês andam próximos demais. E antes que o Flavinho venha dizer que tou insinuando coisa sem ir direto ao ponto, eu falo na lata mesmo porque tou diante do meu irmão e do meu melhor amigo, então dane-se as convenções: ou eu tou bem enganada, ou tá começando a pintar um clima entre ocês dois... quase posso tocar nessa energia! - fala Valéria.
Flavinho fica tenso.
-Mas que ideia sem pé nem cabeça, gente! O Gustavo é meu amigo há tanto tempo, sabe? Conheço vocês dois faz uma vida... - fala Flavinho.
-Exatamente. Mana, eu sei que ocê gosta de ver adiante, como boa aquariana, mas dessa vez ocê foi meio longe demais, nessa viagem... - fala Gustavo.
-Vocês dizem isso agora. Mas o tempo vai provar quem tem razão. Ah, se vai! E daí, meus queridos, eu vou ter de dizer aquela frase que ocês detestam que eu diga: eu avisei.
Os três riem e seguem conversando. CORTA A CENA.
CENA 3: Horas depois, após o jantar, Gustavo se prepara para dormir no quarto de Flavinho quando se pega admirando Flavinho, que se troca na frente dele. Ao perceber que se sente atraído, Gustavo recua.
-Eu acho melhor eu me trocar no banheiro, Flavinho...
-Que bobeira! Deu pra ter pudor depois de todo esse tempo?
-Então... deixa pra lá. Eu pensei que você podia se sentir constrangido, mas foi besteira minh a, eu acho.
-Com certeza foi besteira sua.
-Sabe, Flavinho... não quero parecer influenciável, mas...
-Mas o que? Ói, se for aquele trem que a Valéria falou, fica tranquilo que eu não levo a mal...
-Sabe o que é? Eu fico me perguntando até que ponto isso é só coisa da cabeça dela.
-Dá pra ser mais direto?
-Não sei se consigo. Nós somos amigos há tanto tempo e eu fico com medo de estragar isso.
-A gente nunca vai deixar de ser amigo, que besteira...
-É que... bem, às vezes eu me sinto mais ligado a você do que pensava que era, entende?
-Entendo. Isso é amor. Amigos se amam, não se amam?
-Sim... mas às vezes eu penso que posso estar confundindo as coisas.
-Deixa pra lá tudo isso, Gustavo... vai por mim: é melhor a gente não mexer em time que tá ganhando...
-Tem razão...
CORTA A CENA.
CENA 4: Elisabete desabafa com Maria Susana.
-No final das contas é isso, sabe, Susi?
-Mas você não disse que tudo isso foi acidental?
-E foi! Não era pra ser desse jeito. Eu sempre guardo os segredos que me contam... só que essa situação fugiu ao meu controle.
-Querida... cê nem tinha como adivinhar que justamente naquele momento o Fábio estaria escutando a conversa entre você e o seu filho...
-É, mas se a gente tivesse esperado ele ir embora pra tocar no assunto da gravidez da Cris, ele não teria descoberto assim, por acidente. Me sinto culpada por isso.
-Mas não devia. Não é culpa sua.
-Eu sei no fundo que não é. Mas não consigo deixar de sentir essa culpa.
-Aprende uma coisa, Bete... as coisas sempre acontecem do jeito que precisam acontecer. Às vezes a gente custa a entender ou aceitar isso. Mas é tudo como tem que ser, no final das contas. E tá tudo bem.
-Eu queria relaxar em relação a tudo isso. De verdade.
-Pois eu tenho uma ideia.
-Lá vem...
-Acho que a gente podia passar o dia juntas. Vai ser bom, não acha?
-Disso eu tenho certeza...
CORTA A CENA.
CENA 5: Mônica percebe que Sérgio está incomodado.
-Sérgio, vai adiantar se fechar desse jeito? Tá na cara que alguma coisa tá incomodando você...
-E você sabe muito bem o que é.
-Se você não disser, eu não vou adivinhar.
-Você anda ocupada demais. Não tem tido tempo pra mim.
-É seria mesmo essa sua reclamação? Porque você sabe muito bem que eu não tenho opção no momento.
-Podia ter, se não tivesse aceito substituir o seu ex enquanto ele tá de férias.
-Sério mesmo que você vai começar com ciúme logo do Ricardo? Me poupe, se poupe, nos poupe!
-Não é ciúme...
-É o que, então?
-Você acabou acumulando coisa demais. A gente mal se vê, a gente mal namora, sabe?
-Sérgio, meu querido... você sabia exatamente onde tava se metendo quando se envolveu comigo. Só mais um pouquinho de paciência, tá? É tudo o que peço... daqui alguns dias, tudo isso vai estar resolvido...
CORTA A CENA.
CENA 6: Mauro vai novamente à mansão dos di Fiori e Leopoldo conversa com ele no escritório.
-Então, meu querido! Já pensou na proposta?
-É por isso mesmo que eu vim aqui, Leopoldo.
-Significa que você aceitou?
-Sim. Andei considerando tudo e achei mais prudente que aceitasse esse seu investimento. Mas queria deixar claro que, no que depender de mim, esse vai ser um investimento simbólico.
-Ué, por que isso, Mauro?
-Simples: é pra dar uma satisfação pra receita federal.
-Continuo sem captar essa sua mensagem.
-Vou me fazer mais claro: eu tenho um dinheiro extra. Uma grana que corre por fora.
-Quando você diz que essa grana corre por fora... é o que eu tou pensando, Mauro?
-Se o que ocê tá pensando é dinheiro não declarado... sim, é exatamente isso.
-Peraí... então cê não tá só aceitando minha proposta de investimento. Cê tá querendo me colocar de laranja nos seus cambalachos!
-Leopoldo, meu querido... não é de hoje que nós trocamos favores. Você sabe disso, não sabe?
-Não precisa jogar na minha cara, Mauro.
-Às vezes eu acho que precisa, sim. Você finge que é cheio de escrúpulos, mas sabe muito bem das ordens que me deu pra manter o seu filho longe da cidade...
-Deixa isso pra lá. Melhor não remexer nisso. Leonardo está morto. Não tenho outra saída senão ser seu laranja, não é?
-Sinceramente? Não tem.
-Só não vai me quebrar, cara... nós temos uma amizade de anos, lembra disso...
CORTA A CENA.
CENA 7: Após notar atitude evasiva de Valéria com Mauro, Hugo conversa com ela a sós.
-Amor... que foi que te deu?
-Ocê notou?
-Tinha como não notar? Cê ficou tremendo feito vara verde perto do seu Mauro!
-Ai, Hugo... eu tenho uma suspeita em relação a ele. Uma suspeita que, sinceramente, me deixa de cabelo em pé...
-Fala, Valéria... é melhor botar essa sua aflição pra fora.
-O velho é a cara do William, em ponto mais velho.
-Peraí... o filho do Mauro se chama William também... será que é o que eu tou pensando?
-Se ocê tá fazendo essas ligações, imagina eu, amor? Eu tou apavorada! Logo agora que as coisas estão indo bem, eu e você juntos, sabe? Não seria justo o avô do meu filho aparecer assim, do nada...
-Mas talvez não seja ele...
-Hugo, vamos ser realistas? O William é a cara do velho. O filho do velho se chama William e tá na faixa dos trinta. Só junta as coisas que ocê vai perceber que as chances são bem maiores dele ser o avô do meu filho do que de não ser.
-Não seria melhor esquecer disso? Esse sujeito vem aqui uma vez ou outra, não acho que seja motivo pra alarme.
-Tem razão, amor... mas é que fico com medo. Vai que o William resolve voltar pro Brasil?
-É um direito dele, ué. Até lá, eu espero que a gente já tenha se casado...
-Assim espero, Hugo. Assim espero. Esse é um passado que não faço a mínima questão de relembrar ou revisitar.
CORTA A CENA.
CENA 8: Glória atende ligação internacional em seu celular e presume se tratar de Ricardo.
-Alô, Glória?
-Ricardo! Pensei que fosse você mesmo quando vi que era número do exterior! Como cê tá, querido?
-Indo maravilhosamente bem! Muito melhor do que cê possa imaginar.
-Nossa... Helsinki é tudo isso?
-Tudo isso e muito mais. Esse lugar mudou a minha vida, Glória. Pra sempre!
-Eita! Mas isso é maravilhoso, não é? Bem que eu notei que cê andava desanimado por ter ficado tanto tempo sem férias... falando nelas, você volta quando?
-Em poucos dias. E tenho muitas novidades.
-Mesmo? Quais, por exemplo? Desculpa a curiosidade, mas você sabe como eu sou...
-Ainda não posso dizer, querida. Quero fazer uma grande surpresa quando voltar.
-Grande surpresa? Mas do jeito que cê fala sobre isso, faz parecer que é algo realmente grandioso.
-Não sei se pras pessoas vai ser, mas pra mim é grandioso demais!
-Eita! Querido... eu vou precisar desligar agora. Ainda tenho muito trabalho por aqui... a gente se vê quando você voltar. Beijo!
-Beijo!
Glória desliga e Mônica percebe sua expressão empolgada.
-Nossa, Glória, viu passarinho verde?
-Ainda não, querida... mas acho que vou desencalhar!
CORTA A CENA.
CENA 9: Daniella percebe Gustavo distante quando almoça com ele.
-Engraçado... eu pensei que cê ia estar mais empolgado que eu vim almoçar com você.
-Desculpa, Dani... ando com a cabeça cheia de coisa.
-Cheia de coisa ou cheia de alguém, Gustavo?
-Do que ocê tá falando? Não entendi...
-Do Flavinho, simples...
-Ah, não. Até você?
-Querido... tá tudo bem se você estiver se envolvendo com ele. Afinal de contas, eu e você somos amigos antes de mais nada, não somos?
-Claro que a gente é amigo, mas... Dani, não viaja. Vocês tão vendo coisa onde não tem. Já bastava a minha irmã...
-Presta bem atenção no que tá acontecendo, Gustavo. Não é ao acaso que a Valéria e eu percebemos essas coisas. Só vocês que ainda não perceberam...
-Vamos mudar de assunto, por favor? Acho que esse papo não vai nos levar a lugar algum...
CORTA A CENA.
CENA 10: Após passarem o dia juntas, Elisabete e Maria Susana conversam.
-É uma pena que eu tenha que voltar pra minha casa e voltar à realidade...
-Você não precisa voltar, se não quiser, Bete...
-E deixar o Maurício? Meu filho não gosta de nada não planejado.
-Ai, olha... ele já tem mais de vinte anos e não depende de você... fica aqui, fica...
-Susi... do jeito que você fala, eu acho que nem tenho como resistir.
-Então não resiste...
-Eu acho que... bem, deixa pra lá.
-Fala, Bete...
-Eu acho que tou gostando de você de um jeito que nunca gostei de ninguém. Eu tou apaixonada por você.
Maria Susana se emociona. FIM DO CAPÍTULO 75.
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