sábado, 25 de fevereiro de 2017

CAPÍTULO 90

CENA 1: Valéria segue paralisada e se segura no corrimão da escada. William encara Valéria desafiadoramente e finge não conhecê-la.
-Tá tudo bem, moça? - fala William, irônico.
Bernadete estranha reação de Valéria e não percebe tom irônico de William.
-Eita Valéria... cê fez uma cara quando viu o William. Ele é o filho do Mauro, sabe? - fala Bernadete.
-Ah, sim... agora eu tenho certeza. Prazer, sou a Valéria. - fala Valéria, fingindo não conhecer William.
-Você tem uma carinha de Valéria mesmo. É você que teve filho por agora, né? - fala William, desafiando Valéria com o olhar.
Valéria compreende que William constatou que é pai da criança e tenta fugir da situação.
-Ah, sim... faz poucos dias. Inclusive eu vou subir pra ver se o Leozinho não tá precisando de nada...
Valéria sobe, apavorada. Ao chegar no quarto, Hugo estranha.
-Ué, voltou de mãos vazias? Achei que você ia preparar a água do banho do Leo...
-Eu ia, Hugo... mas aconteceu algo que me deixou apavorada.
-Me explica isso, tá na sua cara esse pavor...
-O William voltou ao Brasil e eu não sabia. E ele tá aqui, em casa.
-Como é que é? Faz quase vinte anos que esse sujeito não aparece aqui.
-Tá entendendo agora, Hugo? Pra ele surgir aqui, do nada, sem se anunciar, depois de tantos anos, no mínimo ele tá bem desconfiado ou já sacou que o Leonardo é filho dele, entendeu?
-Merda... o que a gente faz agora?
-E ocê pergunta isso pra mim? O cara tá aqui em casa, lá em baixo, se fazendo de morto...
-Como assim?
-Fingiu que não me conhecia. Ele não dá ponto sem nó, Hugo... eu tou apavorada!
-Só que agora a gente precisa buscar um jeito de manter a calma.
-Meio difícil, amor... quase impossível. Eu não sei o que ele quer. Mas tou sentindo que coisa boa não é...
-Ele já deve ter juntado as coisas e sabe que é o pai do nosso bebê...
-Disso eu não tenho dúvida. O meu medo é ele acabar ferrando com a vida da gente...
-Calma, amor... a gente vai encontrar um jeito de lidar com isso.
-Deus te ouça, Hugo... eu tou sem chão, tremendo de cima a baixo...
CORTA A CENA.

CENA 2: Bernadete, estranhando comportamento de Valéria, pede desculpas a William.
-Desculpe qualquer coisa, William.
-Desculpas pelo que? Você é sempre muito gentil, querida.
-Não... peço desculpas pela Valéria. Ela talvez não tenha sido muito gentil com você, mas você precisa entender que ela acabou de ser mãe... está bastante focada nisso.
-Imagina, Bernadete, eu entendo perfeitamente. Não se faz problema algum por causa disso, pelo contrário...
-Então... ela teve uma gravidez tumultuada, sabe?
-É mesmo? Conta mais...
-A criança não é filha legítima do Hugo...
-Olha só... de quem é?
-O Leonardo era o pai. Por isso o meu neto recebeu o nome do falecido pai.
-Ah, sim... seu neto, claro.
Nesse momento, Leopoldo chega e escuta conversa de William com Bernadete e começa a perceber o que está acontecendo.
-William, meu querido! Quanto tempo, hein? Nem sabia que tinha voltado ao Brasil! - fala Leopoldo, abraçando William.
-Pois é... faz pouco que voltei. Vim resolver umas pendências... e fiquei sabendo que tem um bebê nessa família, agora. Que se chama Leonardo. - fala William.
Leopoldo percebe expressão de William e constata que só pode ser ele o verdadeiro pai do filho de Valéria. Bernadete estranha silêncio entre eles e torna a falar.
-Bem, você podia ir conhecer o bebê. Vai ver como ele é lindo... - fala Bernadete.
-Meu pai mostrou fotos. É realmente um bebê encantador... - fala William.
Leopoldo junta as coisas e compreende que William descobriu por descuido de Mauro. Desesperado, mas buscando disfarçar o desespero, tenta manter William na sala.
-Então, William... você não quer um conhaque? Tenho um aqui de damasco que é o melhor de todos, na minh opinião... - desconversa Leopoldo.
William não percebe estratégia de Leopoldo e vai beber com ele. CORTA A CENA.

CENA 3: Instantes depois, William aproveita distração de Leopoldo e Bernadete e vai ao quarto de Valéria confrontar ela e Hugo.
-Quer dizer que os felizes papais de primeira viagem estão se escondendo da visita. Que feio, hein Hugo? Faz dezoito anos que a gente não se vê e ocê me apronta uma desfeita dessas, ora ora... - fala William, irônico.
-O que você quer, William? - questiona Valéria, apavorada.
-Olha, agora lembrou do meu nome? Que coisa, Valéria... lembrou de BH também? Daquela conversa que ocê me disse que, veja só, a gravidez era alarme falso? Olha que bonito esse alarme falso, né? Forte, também. A minha cara, inclusive... - dispara William.
-William, você não tem o direito de invadir nossa vida assim. Eu e Valéria estamos juntos e vamos nos casar. E o Leonardo é legalmente meu filho. - fala Hugo.
-Qualquer exame de DNA pode reverter esse quadro e aí você vai ter que aprender a perder, playboy... - devolve William.
-Peraí, William! Quem é que ocê pensa que é pra reivindicar alguma coisa aqui? Quando eu contei p'rocê que tava grávida, ocê me acusou de pilantra, golpista, vagabunda e pistoleira. Pra não dizer coisa pior. E eu nem sabia até aquele momento que ocê é rico. Eu não sabia de nada. Você mentiu pra mim, não eu! Como é que eu ia lidar com aquilo, me diz? Me defendi como pude sim. Inventei que era alarme falso, sim. E tem outra: eu sou a mãe. Eu sempre vou ter mais direitos sobre o Leonardo. - fala Valéria, firme.
-Eu exijo os meus direitos também! - fala William.
-Vai fazer o que? Sair falando pra todo mundo? - desafia Hugo.
-Exatamente. Vocês tem catorze dias, ou seja, duas semanas, pra contar tudo pra todo mundo. Caso contrário, eu mesmo faço sem pensar duas vezes. - determina William.
-Mas... você não pode chegar assim e... - fala Valéria, sendo interrompida.
-Posso sim. Sou o pai legítimo. Duas semanas e não se fala mais nisso.
CORTA A CENA.

CENA 4: Já com a noite avançada, Mauro estranha expressão enigmática de William.
-Não adianta me esconder nada, filho... eu sempre descubro.
-Nem vem com esse seu papo que não é assim desse jeito que ocê vai arrancar qualquer coisa de mim, viu pai?
-Não é minha intenção. Mas desde que ocê voltou do que foi fazer, tá com essa cara esquisita.
-Uai, é a minha cara de sempre. Não tem nada de esquisito.
-Tem sim. Antes de ir nesse lugar, você tava tenso, preocupado. Agora tá mais relaxado, parece até que mais confiante.
-Nossa, pai... não viaja, sério.
-Cedo ou tarde o motivo disso tudo vai aparecer.
-Pois espere sentado, pai... se ficar em pé, vai dar trombose. Na hora certa, ocê vai saber do que precisa saber.
CORTA A CENA.

CENA 5: Érico conversa com Guilherme sobre natureza do relacionamento deles.
-Sabe... já tem um tempinho que ando com umas coisas martelando aqui na minha cabeça...
-O que, Érico?
-Sobre nós dois. Sobre o rumo desse nosso relacionamento...
-O que é que tem? Pra mim tá ótimo do jeito que tá.
-E como cê entende nosso relacionamento, Gui?
-Como uma amizade colorida, não? Foi assim que a gente combinou antes, não foi?
-Foi, mas... às vezes eu sinto que a gente tá numa sintonia tão boa que isso podia virar algo a mais, né?
-Tipo namoro?
-Tipo namoro.
-Ainda não... você sabe como eu me preocupo com seus sentimentos, não sabe, Érico?
-Claro que sei.
-É por isso mesmo que não me sinto pronto pra algo mais sério. Sem saber se eu estaria entregue como você merece...
CORTA A CENA.

CENA 6: Ao visitar Elisabete, Fábio desabafa com a ex-esposa.
-Não tá sendo nada fácil esse final de gravidez da Cris, sabia?
-Ué, ela não tá passando bem? Ela não me disse nada...
-Não, Bete... não tá sendo fácil suportar tudo isso.
-Por que? Vocês não tem estado próximos?
-Sim, mas não é suficiente.
-Fábio, meu amigo... tenta entender que ela tá vivendo uma revolução hormonal diária. Isso passa.
-Sim... mas ela insiste em me culpar por ter tido um passado com a Arlete.
-É a maneira dela se defender das coisas da vida. Vai por mim, uma hora ela cansa de resistir.
-Mas enquanto isso eu fico como? Torturado...
-Paciência, é só o que dá pra ter agora...
CORTA A CENA.

CENA 7: No dia seguinte, Giovanna percebe Hugo tenso quando ele passa pela agência para visitar o pessoal.
-Desculpa me intrometer, Hugo, afinal de contas cê nem tá mais aqui, mas...
-Fala logo sem enrolação, Giovanna...
-Tá pegando alguma coisa? Tou notando você tenso.
-O William. O pai biológico do meu filho. Cê acredita que ele voltou de viagem e tá ameaçando eu e a Valéria?
-Que barra, hein... força, amigo... bem, eu preciso voltar pra minha sala. Boa sorte aí com essa situação...
Giovanna chega em sua sala e sorri.
-Tá tudo dando mais certo do que pensei... agora eu tenho que dar um jeito de meter ideias na cabeça desse tal William...
CORTA A CENA.

CENA 8: Horas depois, Mauro ouve sua campainha tocar e se depara com Giovanna, mas não a reconhece.
-Desculpe, você é mesmo quem?
-Ah, sim... Giovanna... creio que você não lembre muito de mim. Sou uma das sócias da Natural High.
-Sim, claro... estou começando a recordar. Entre, por favor.
-Obrigada. Fiquei sabendo que seu filho voltou de viagem e queria ter uma conversa com ele.
-Ah, sim. William está de volta. Quer que eu chame ele?
-Por favor. Tenho propostas a fazer para ele.
-Que maravilha! Eu tava mesmo querendo que ele não fosse mais embora do Brasil... segura aí que ele já vem, tá?
CORTA A CENA.

CENA 9: Cristina descansa em casa e acaba relembrando momentos felizes que viveu ao lado de Fábio, no começo de tudo.
-Ah, se eu soubesse desde o começo da Arlete, Fábio... teria sido tudo tão diferente...
Cristina segue lembrando e sorrindo.
-Tão divertido, tão atencioso, tão amoroso... e de repente vira um completo desconhecido diante de mim. Por que é que teve que ser assim, Fábio? A gente tinha tudo... e sua omissão acabou com tudo o que a gente tinha...
Cristina segue pensativa.
-Mas não consigo tirar esse homem da cabeça. Será que a mãe tem razão e eu tou sendo intransigente demais com ele? Ou será que esse final de gravidez tá me deixando besta?
Cristina fica pensativa sobre qual decisão tomar.
-É... mas que eu sinto falta dele, isso eu sinto...
CORTA A CENA.

CENA 10: Ao final do dia, Ricardo estranha quando Giovanna chega mais tarde que ele.
-Eita, amor... não bastava as correrias extras de sábado, completamente fora do comum, você ainda chega depois de mim? Quer morrer de tanto trabalhar?
-Ah, Ricardo... cê sabe como sou nessa época do ano. Se não sou eu pra cuidar de tudo, quero ver como a agência se sustenta...
-Tou exausto, amor... vem tomar um banho comigo?
-Vai você. Eu vou preparar um jantarzinho gostoso pra gente, tá?
-Tá bem...
Ricardo percebe sorriso malicioso em Giovanna e estranha.
-Giovanna... cê tá tramando alguma coisa que eu não possa saber, por um acaso? Esse seu sorrisinho... tá esquisito...
Giovanna se assusta. FIM DO CAPÍTULO 90.

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