CENA 1: Gustavo não percebe inicialmente choque de Flavinho diante de notícia e segue falando.
-Isso mesmo. A gente ainda vai acertar qual vai ser a data, mas se tudo correr bem, mês que vem eu e a Dani nos casamos! - fala Gustavo.
Cristina abraça a irmã.
-Parabéns, mana! Pelo menos você vai ter um rumo afetivo mais feliz que o meu. Quem diria, logo você que nunca quis saber de nada sério com ninguém... quem te viu, quem te vê... - fala Cristina.
Flavinho, ainda em choque, tenta disfarçar que se abalou ao saber da notícia e resolve parabenizar os dois.
-Poxa, gente... que legal, viu? Fico feliz de verdade que isso tenha sido decidido dessa forma... - fala Flavinho, quase chorando.
Daniella percebe abalo que Flavinho tenta disfarçar, mas nada diz e apenas observa.
-Queridos... eu preciso ir agora. Cris, me libera mais cedo? Eu tenho que resolver umas coisas em casa... - fala Flavinho.
-Claro que pode, querido. Vai lá. Deixa seu crachá aqui que eu bato o ponto pra você. - fala Cristina.
Flavinho deixa o crachá na mesa e se despede de todos.
-Tchau, gente! Até amanhã! - fala Flavinho, partindo com pressa.
-Amor... eu achei que o Flavinho não reagiu bem. Saiu com pressa daqui pra não dar na cara. Mas eu fiquei com a nítida sensação que ele ficou abalado, gente... - fala Daniella.
Gustavo fica impactado com observação de Daniella, mas tenta disfarçar diante dela.
-Ahm... será? Ele não tem motivo pra isso... - despista Gustavo.
-Eu e você sabemos que sim, há motivos. Só que é melhor deixar isso pra lá, porque é algo que tá além da nossa alçada, ou, como diria Daiane, minha ex colega do call center, “ossada”! - descontrai Daniella.
-O que importa é que vocês estão felizes por isso e certo da decisão que tomaram, não? - questiona Cristina.
-Não tem dúvida disso, chefinha! Sua irmã é importante demais na minha vida! - afirma Gustavo.
-E eu tou aceitando até me amarrar, coisa que nunca nessa vida considerei, por esse escorpiano aí... - fala Daniella.
Os três seguem conversando enquanto Gustavo disfarça diante delas que se abalou pela reação de Flavinho à notícia do casamento. Daniella se empolga fazendo planos. CORTA A CENA.
CENA 2: Durante jantar, Elisabete desbafa com Maria Susana sobre últimas decisões do ex marido.
-Fica difícil não pensar e não me preocupar com o Fábio, Susi...
-Eu me pergunto se você precisa dessa preocupação, amor... já basta tudo o que a gente passou...
-Amor, ele foi meu marido por mais de vinte anos. Releva.
-Eu relevo. Só me pergunto se é saudável pra você se preocupar com ele, sendo que suas questões ainda estão se resolvendo...
-Sabe o que é? Eu tou com medo por ele.
-Como assim?
-Conheço o pai do meu filho. Sei que emocionalmente ele tá destruído. Meu medo é que ele acabe cometendo uma loucura.
-Ele não me parece alguém que faria uma loucura.
-Tenho pra mim que ele sempre foi meio depressivo. Meu medo maior é que isso tome conta dele. Sendo que ele tem uma filha pequena e mais um bebê dele vindo pra esse mundo...
-Credo, amor! Bate na madeira três vezes! O Fábio é um cara inteligente...
-Inteligência não basta pra aplacar a dor.
-Ah, você entendeu o que eu quis dizer, não entendeu? Confia que tudo vai dar certo...
CORTA A CENA.
CENA 3: Flavinho chega em casa aos prantos e ao se fechar em seu quarto, Valéria e Bernadete escutam seu choro. Preocupadas, batem na porta de Flavinho. Bernadete teme que algo tenha acontecido.
-Abre essa porta, filho! A gente tá te ouvindo chorar. Deixa a gente te ajudar! Aconteceu alguma coisa ruim? - pergunta Bernadete.
-Isso, amigo... abre essa porta logo! Ocê não tá sozinho. - insiste Valéria.
Flavinho abre a porta e abraça as duas. Após se acalmar, Flavinho senta em sua cama e começa a explicar o motivo do choro.
-Eu fiz tudo errado, gente. Tudo! Perdi a chance da minha vida, perdi a chance de estar ao lado de quem eu realmente amo! Eu sou uma anta, um burro, um asno, um completo idiota! Gustavo nunca mais vai voltar pra mim, por minha causa... minha culpa! Só minha! - desabafa Flavinho.
-Amigo... eu sempre te disse que meu irmão e você tem tudo pra dar certo... - contemporiza Valéria.
-A gente podia até ter. Mas agora é tarde. Eu expulsei ele do meu coração e agora ele vai casar com a Daniella. Nada mais pode ser feito, mês que vem eles casam. - explica Flavinho.
-E daí, Flavinho? Ainda tem tempo! - estimula Valéria.
-Nunca nessa vida eu me prestaria ao papel de destruidor de lares. Nunca, tá me ouvindo? - fala Flavinho, chorando.
-Ele tá certo, Valéria. Não tem nada que possa ser feito. - conclui Bernadete.
CORTA A CENA.
CENA 4: Na manhã do dia seguinte, tomando café da manhã no apartamento de Gustavo, Daniella o percebe distante.
-Amor, que foi que aconteceu?
-Nada, uai. Por que essa pergunta?
-Porque cê tá com uma cara de quem tá com o pensamento lá longe, desde que a gente se acordou...
-Ah, é que eu tou pensando nos preparativos, sabe? Em como vai ser o casamento da gente...
-Sei. Pelo menos come esse mamão que você comprou ontem!
CORTA A CENA.
CENA 5: Daniella chega em casa e Patrícia a recebe cheia de empolgação e parabenizando-a.
-Aee! Quer dizer que a maior feminista que a gente respeita vai casar, hein? Quem diria! Se rendendo às garras desse amor gostoso!
-Para de graça, boba!
-Ei... ocê tá um tanto desanimada pra quem tá prestes a casar com o cara que ama.
-Sim, eu amo o Gustavo. Mas não sei se realmente fui talhada pro casamento, entende?
-Não, não entendo. Entendia quando ocê dizia que nunca chegaria a isso. Só que agora não faz sentido.
-Nem eu ando me entendendo, Pati. Deixei de fazer sentido a mim mesma. Talvez eu não devesse ter aceitado o pedido dele...
-Mas ocê não ama ele?
-Claro que amo. Só que amor não é suficiente, Pati. Não sei se fiz a coisa certa pra mim e pra ele. Não sei se o casamento é uma opção certa pra nós dois.
-Não custa tentar, custa?
-Talvez custe a dor de quem não merece sofrer...
CORTA A CENA.
CENA 6: Flavinho chega à clínica e vai diretamente conversar com Cristina.
-Alguma necessidade, querido?
-Sim, mas não tem a ver necessariamente com trabalho. Quer dizer, até tem, mas é mais coisa minha. Eu quero me demitir.
-Que? Eu não achei que você fosse...
-Cris... isso não é novidade. Eu só quero antecipar as coisas.
-Flavinho, a gente precisa de você aqui na clínica.
-Precisa pra que? Qualquer burro de carga com o ensino fundamental completo faz o que eu faço.
-De jeito nenhum! Pare de desmerecer e diminuir seu trabalho. Você é insubstituível.
-Pois é melhor ir pensando num substituto. Desculpa, Cris... mas pra mim, não dá mais.
-Tem a ver com o Gustavo, não tem?
-Prefiro não falar sobre isso. Ele vai ser seu cunhado, não vai? Melhor deixar isso quieto.
-Mas as crianças te adoram!
-Adoram mais o Gustavo. Sem mim elas ficam bem. É sem ele que elas não podem ficar.
-Não pense assim, Flávio. Todo mundo aqui nessa clínica te adora.
-Tá sendo pesado pra mim, Cristina. Por mais que eu goste do trabalho aqui, tá ficando complicado...
-Pensa um pouco mais antes de decidir isso, tá?
-Tudo bem. Eu penso. Mas acho difícil que eu mude de ideia.
CORTA A CENA.
CENA 7: Sérgio desabafa com Bernadete sobre suas preocupações em relação a Cristina.
-Eu tento não me preocupar com a Cris, amor... mas fica impossível.
-Você não engoliu mesmo essa farsa que ela criou, não é?
-Não mesmo.
-Tenta não julgar. De repente foi a maneira que ela encontrou de se manter sã diante de tudo...
-Uma maneira nada ortodoxa, diga-se de passagem.
-Se ela se arrepender, é uma questão de tempo. Até lá, deixa ela fingir que tá sim com o Vitório...
-O problema é justamente esse. Não confio nem um pouco nesse italiano.
-Mas é amigo dos pais dele.
-Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
-Tenta baixar a guarda, amor. Se o Vitório fosse fazer algo de ruim outra vez, ele já teria feito, não acha?
-Pensando por esse lado... faz sentido.
-Então relaxa, Sérgio. Independente do rumo que as coisas forem tomar, a única coisa certa é que a sua filha não corre riscos...
CORTA A CENA.
CENA 8: Horas mais tarde, Hugo e Valéria fazem planos para futuro e Hugo se empolga.
-Sabe, amor... eu pensei como vai ser depois que a gente casar.
-Nossa senhora, ocê foi longe mesmo nessa sua imaginação, hein? A gente ainda nem sabe quando vai ser...
-É que eu pensei que a gente podia ir tentando...
-Tentando o que, Hugo? Ter um filho? Ah, dá um tempo, amor... o Leozinho ainda é pequeno, não acha cedo demais pra pensar em outro filho?
-É que esse seria totalmente nosso.
-O Leonardo também é nosso. A única diferença é que ele não é seu filho biológico.
-Sim, mas é que...
-A gente pensa nisso daqui mais ou menos um ano, combinado?
-Fechado. Acho que é um tempo razoável.
CORTA A CENA.
CENA 9: Giovanna chega em casa e vai diretamente ao seu quarto, arrumar suas malas. Empolgada, Giovanna divaga consigo mesma em voz alta.
-Quem diria que depois de todas as besteiras que eu fiz na vida, das sacanagens que eu aprontei porque tava sem a mínima noção das coisas, eu teria essa chance. Tenho mesmo uma sorte do caramba nessa vida. Não tiro a razão do Ricardo desconfiar de mim. Eu feri o coitado, pensando só no meu próprio benefício o tempo todo. E no meio disso, os maiores prejudicados por mim não apenas conseguem me perdoar como ainda conseguem ter afeto por mim.
Giovanna se emociona, mas logo enxuga suas lágrimas.
-Mas sem choradeira. Sem choradeira que essa viagem há de ser maravilhosa pra mim. Tenho certeza que vou ficar mais leve ainda. E me livrar de vez, pra sempre, desses pensamentos esquisitos que ainda me invadem... é isso! Melhor nem alimentar essas coisas. Que é pra não dar oportunidade disso me cegar...
CORTA A CENA.
CENA 10: Bernadete recebe Madame Marie com um abraço caloroso.
-Até estranhei quando você ligou antes de vir. Quase sempre vem sem se anunciar.
-Queria ter certeza que a menina Valéria tava em casa.
-Quer que eu já chame ela?
-Prefiro que já chame, sim. Acho que ela lembra de mim.
-Claro que lembra. Espera aqui que vou chamar ela...
Valéria chega à sala e se surpreende ao ver Madame Marie.
-Madame Marie! Quanto tempo! Achei estranho quando a Bernadete disse que ocê veio aqui só pra falar comigo. Mas acho que ela se enganou, até porque ocê conhece todo mundo, né?
-Sim. Minha conversa podia ser com todos vocês, mas hoje o papo precisa ser só com você. É pra evitar problemas iminentes.
Valéria fica apreensiva. FIM DO CAPÍTULO 172.
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