sexta-feira, 2 de junho de 2017

CAPÍTULO 173

CENA 1: Valéria começa a ficar assustada e Madame Marie percebe medos dela, procurando acalmá-la.
-Querida, em primeiro lugar não precisa desse susto todo. Você sabe que minha intenção nunca é assustar ninguém, na verdade é o oposto disso. Venha comigo...
Valéria segue Madame Marie até o quintal.
-Então... tem algo grave pela frente?
-Primeiramente... respira. Tá tudo certo. Isso aqui é uma conversa pra te acalmar e te orientar, certo?
-Certo.
-Então preste atenção ao que eu vou dizer, tudo bem?
-Tudo bem...
-Em primeiro lugar, eu queria te tranquilizar dizendo que você tem uma imensa proteção.
-Tenho?
-Claro que tem. Tem uma alma boa, um coração puro e verdadeiramente generoso. Isso não é pra qualquer pessoa. A espiritualidade sabe disso. E é por isso que você tá muito bem cotada, diga-se de passagem.
-Então por que ocê precisa conversar comigo?
-Porque você precisa sim confiar nessa proteção, mas nunca baixar a guarda.
-Não baixo a guarda.
-Baixa sim. Peço que tome cuidado por onde anda. E principalmente: com quem anda.
-Não consigo entender...
-Escute seu coração que ele te responde.
-Sinceramente não sinto nada de ruim por perto.
-Nesse momento de fato não há nada de ruim por perto. Mas tem algo se aproximando, eu posso sentir. Por isso que eu peço que você redobre o cuidado por onde anda. É pra garantir que nenhum mal te atinja ou cause algum dano permanente.
-Desse jeito eu fico assustada...
-Não fique. Confie... confie na proteção que tem. Confia em Deus, que nunca te abandona. Confia na sua avó que olha por você lá de cima...
-Eu confio, Madame...
-Então tá tudo certo. Não tema. Tá tudo sob controle. Se a tempestade vier, faça como Iansã e enfrente. Firme, mesmo no mau tempo.
Valéria se teanquiliza. CORTA A CENA.

CENA 2: Patrícia desabafa com Daniella sobre saudades que sente de sua terra.
-Amiga... eu sei que tou sendo demais aqui.
-Nunca, Pati. Você é uma irmã pra mim. De coração.
-Sabe o que é? Eu sinto falta da minha casa. Do meu chão... mesmo sabendo que nem mesmo uma casa me espera lá em BH... eu sinto falta, entende? Como se faltasse um pedaço de mim. E eu quero voltar pra lá, entende?
-Isso é sério?
-Muito sério. Eu andei pensando. Já pesquisei alguns lugares, preços de aluguel, essas coisas... eu quero voltar.
-Eu não queria isso. Vou sentir sua falta, Pati... você é parte da minha família hoje...
-E ocê é minha irmã. Sempre vai ser. Só que eu preciso disso.
-Te respeito. Se é o que você precisa...
-Não vai ficar chateada comigo? Depois de tudo o que ocê aguentou por mim...
-Claro que não, boba! As pessoas são ou não são livres? Então assim você é também...
-Vou sentir sua falta, mana...
-E eu a sua. Mas sei que isso é necessário pra você.
-Mais que eu imaginava. Eu preciso ressignificar meu passado. Preciso me ressignificar, que é pra saber quem eu realmente sou.
-Pensei que você soubesse...
-Em partes eu sei. Mas ficaram lacunas depois que comecei a me tratar. Eu preciso preencher o que puder...
CORTA A CENA.

CENA 3: Elisabete toma sua decisão em relação à proposta de Maria Susana.
-Amor... acho que já deu tempo de pensar bem em todos os prós e contras...
-Prós e contras do que, Bete?
-Tá desmemoriada, é? Da gente ir ou não pra Curitiba...
-Ah, sim... eu acabei não insistindo nesse assunto e acabei quase esquecendo, mas... me fala: o que cê acha?
-Pensei bem e resolvi aceitar. Acho que a gente merece uma chance de viver num lugar que pode acabar sendo mais tranquilo.
Nesse momento, Miguel chega na sala e ouve a conversa. Assustado, Miguel fala.
-Mas mãe... a gente vai mesmo pro Sul? E se eu não conseguir gostar? E se zoarem comigo no colégio? Já me zoam aqui porque eu sou negro, imagina lá? - preocupa-se Miguel.
-Filho, a gente tá pensando nisso tudo. Claro que a gente sabe que isso pode acontecer, mas daí a gente também tá tentando levar em consideração a qualidade de vida. E não se preocupe que a gente nunca vai deixar nenhum idiota te calar. A gente te defende até o fim do que for preciso, viu? Confia na mãe... - fala Maria Susana.
-Isso, querido. Confia na gente. Eu tava bem cheia de medo dessa ideia de ir pro Sul, mas se nada der certo por lá, a gente volta pro Rio. O máximo que pode acontecer é você perder um ano letivo e a gente até espera que isso aconteça... - contemporiza Elisabete.
CORTA A CENA.

CENA 4: Idina e José terminam de organizar o imóvel alugado para servir de comitê de campanha quando José escuta um barulho vir da janela.
-Amor, cê escutou esse barulho?
-Escutei sim, Zé. Parece que veio da janela.
-Vai olhar pra mim? Tou concentrado aqui no papel de parede...
-Vou ali checar.
Idina vai até a janela e se apavora ao ver que uma granada foi jogada para dentro do imóvel.
-Zé, amor! Vem cá agora. Deixa o papel de parede pra depois que a coisa é séria!
José chega e se depara com a granada.
-A gente precisa se livrar disso o quanto antes! Tem que chamar o esquadrão anti bombas pra detonar isso em local seguro...
-Isso é terror psicológico de algum reaça que quer te fazer desistir da candidatura... já esperava por isso.
-Confesso que nem a mim surpreende. Mas assusta...
CORTA A CENA.

CENA 5: Horas depois, José e Idina se deparam com Idalina a esperar por eles.
-Mãe, o que a senhora tá fazendo aqui? - pergunta José.
-Eu pressenti que algo de errado pode acontecer. Tou incomodando? - fala Idalina.
-É, minha sogra... sua intuição de mãe tá certeira. Jogaram uma granada no nosso comitê mais cedo... - fala Idina.
-Não era pra falar, amor... - recrimina José.
-Era pra falar sim, filho! Isso é assustador. Não seria o caso de desistir dessa loucura de se candidatar? - teme Idalina.
-Dona Idalina, isso era previsível. É obra de fascisctas que não aceitam a democracia e tentam intimidar os oponentes das formas mais abjetas... não é razão para desistir... - fala Idina.
CORTA A CENA.

CENA 6: Valéria fica agitada e não consegue dormir. Hugo percebe agitação.
-Amor... já falei pra tomar chá de camomila, não chá verde!
-Hugo, eu só gosto de chá verde.
-Mas você já tava agitada antes. Com cafeína é pior ainda.
-Não consigo sossegar, amor. As palavras da Madame Marie ficam se repetindo aqui na minha mente...
-Valéria, meu amor... por que você ignora a parte que ela sempre diz pra se tranquilizar?
-E eu sou boba por acaso? Tenho cancha suficiente pra saber que e a madame pode ser super bem intencionada, mas quando ela faz questão de tranquilizar, é porque vem chumbo grosso. Não vê o Flavinho? Naquela vez até a mãe de sangue dele cantou pra subir. Óbvio que eu vou ficar assustada!
-Mas ela não garantiu que você é protegida? Não faz sentido perder a calma agora. Sofrer por antecedência parece ser o mal desse século, vou te contar...
-É que eu tento entender tudo de uma maneira racional. Não consigo imaginar de onde possa vir esse mal que ela diz que eu tenho que me proteger, entende?
-Não sei se vale a pena remoer esse tipo de pensamento. Quando vê, é até esse tipo de pensamento que atrai negatividade...
-Tem razão, amor...
-Vem cá. Encosta aqui e relaxa...
CORTA A CENA.

CENA 7: Daniella é despertada por ruídos vindo do quarto de Patrícia.
-Tá tudo bem, Pati?
-Ai, desculpa... não queria te acordar, mas deixei cair minha necessaire...
-Eu tou ficando maluca ou cê tava pensando em ir embora na calada da noite, dona Patrícia?
-Ahm... bem, é que...
-Demorou pra falar. Eu não acredito que cê ia fazer isso, criatura. Cê pensa que tá no paraíso? Aqui é Rio de Janeiro, bicho!
-É que não sei lidar com despedidas. Queria evitar esse momento pra não doer muito...
-Boba. Espera amanhecer que eu vou com você na rodoviária. Mas não me inventa de sair agora que senão pode até ser pior...
-Não tenho medo, mas compreendo. Desculpa, tá? É que eu não sei lidar bem com todas as emoções, ainda.
-Relaxa. Eu te amo mesmo assim, mana.
-Eu também. Ai, droga. Vai me fazer chorar.
As duas se abraçam. CORTA A CENA.

CENA 8: Vitório, novamente na casa de Cristina, conversa com ela antes de dormir.
-Cris... eu andei pensando numas coisas aqui. Acho que talvez seja uma boa eu falar com o Fábio.
-Ficou maluco? Nem no país ele tá.
-E daí? O que é que tem? Redes sociais estão aí pra isso, ué.
-Ah tá, né queridinho! Cê acha mesmo que o Fábio ia querer conversa com você pela internet? Aliás, o que é que cê teria para conversar com ele, que eu mal pergunte?
-Coisas, né...
-Sei...
-Não custa tentar. Vai que ele é um cara aberto.
-Tenho medo do que cê possa falar pra ele. Algo me diz que cê contaria toda a verdade.
-A intenção é justamente essa. Cedo ou tarde ele vai saber que eu e você não nos relacionamos de verdade.
-Vitório... não se mete nisso. Por favor. Não agora...
CORTA A CENA.

CENA 9: Na manhã do dia seguinte, logo após café da manhã, Valéria e Hugo arrumam as malas para partirem em viagem.
-Nossa... nem parece que eu vou visitar minha terra outra vez. Dessa vez completamente livre de pendências com meu passado. Sem esconder nada de ninguém... a vida é realmente maravilhosa, não é?
-Nem fala, amor... sabe, Valéria... eu paro e penso que no fim das contas você veio pra minha vida pra me libertar das máscaras que eu usava todo dia.
-Verdade... confesso que não tinha parado ainda pra pensar por esse lado, mas ocê vivia uma vida de mentira. Manipulava e era manipulado. Mas não fui eu que te libertei... foi ocê que decidiu dar um basta nisso.
-Será? Às vezes eu penso que, sem você, talvez eu não tivesse sido suficientemente forte.
-Ia ser sim. Mas agora me ajuda aqui com essa mala que eu não sei se cabe mais coisa aqui dentro...
-Ah, cabe sim. Observe o mestre!
Hugo se atrapalha e tropeça. Valéria cai na risada.
-Mestre do desastre, só se for!
-Isso, Valéria. Ri mesmo!
Os dois se divertem. CORTA A CENA.

CENA 10: Giovanna toca a campainha da mansão dos di Fiori e é Flavinho que a atende, surpreendendo-a.
-Não esperava que cê fosse abrir pra mim, sabendo que era eu a caminho. Gostei de ver.
-Se eu fosse ocê, não cantava vitória antes do tempo.
-Do que cê tá falando, garoto?
-Não sei. Mas tenho a certeza mais absoluta que ocê sabe.
-Flavinho, eu juro que não sei.
-Pra você eu sou Flávio. Não te dei essa liberdade. Quero deixar claro que ocê pode enganar a Valéria, o Hugo e a quem quiser, mas não a mim! Eu conheço o seu tipinho! Tá só esperando a hora e a oportunidade de dar o bote!
Giovanna se espanta. FIM DO CAPÍTULO 173.

Nenhum comentário:

Postar um comentário