CENA 1: Mônica percebe choque de Giovanna e estranha.
-Não entendi a razão de tanto assombro, Giovanna.
-Cê ainda pergunta, Mônica? Querendo ou não, eu já fui casada com o Ricardo.
-E daí? Também fui. Nem por isso fiquei abalada ou triste.
-Esquece o café. Eu preciso ficar sozinha.
-Mas Giovanna, não é agindo dessa maneira que as coisas vão melhorar pro seu tratamento...
-Mônica... por favor. Eu preciso do meu momento de pensar com meus botões.
-Você que sabe. Mas pelo menos toma o café antes, que é pra estimular um pouco mais a mente.
-Agora não. Eu vou pra minha sala.
-Você que sabe.
Giovanna sai desarvorada em direção à sua sala e Valéria percebe destempero dela, indo atrás.
-Giovanna... ocê tá bem?
-Tou tentando, Valéria. Tou tentando.
-Por que ficou assim?
-Não sei se você me entenderia sem julgar.
-Giovanna... pode colocar pra fora. Mesmo. Eu sei que isso é importante pro tratamento.
-Cê tá sabendo que a Glória e o Ricardo vão casar?
-Sim. Eles comunicaram a todos.
-A Mônica me contou. Eu não queria ficar abalada do jeito que eu fiquei com isso, mas fiquei.
-É natural. Por mais que ocê não tenha tido um grande amor pelo Ricardo, foi casada com ele.
-Não é só por isso. Tem mais coisas.
-Quer falar sobre?
-É meu medo de nunca mais ser capaz de ter filhos.
-Quer seu medicamento? Eu tou notando que ocê tá tremendo.
-Quero. Por favor.
Valéria entrega o medicamento e Giovanna toma.
-Sabe, Valéria... eu sinceramente não sei como ia ser se não tivesse o seu apoio e o apoio do Hugo.
-Ocê ia continuar sendo essa guerreira, Giovanna. Não tenho dúvidas disso e sei que existe muita força aí.
-Queria poder ter essa mesma crença em mim mesma.
-Basta querer. Ainda mais que o tratamento tá sendo levado a sério agora...
-Tenho medo de perder a sanidade de vez. De ficar esquecida na vida.
-Nossa... a notícia do casamento do Ricardo te deixou bem abalada mesmo, né?
-Mais do que eu pensei que ficaria. São essas coisas que me assustam.
-Relaxa. Existe a consciência de tudo isso, não existe? É o que importa.
-Queria pode ter concluído essas coisas lá atrás.
-Não foi assim, agora é seguir em frente.
-Ainda dói saber que fiz tanto mal sem necessidade de fazer.
-Tenta esquecer disso.
-É quase impossível, Valéria...
-Foca no trabalho, que vai ser melhor.
-Sim. Eu tenho sorte de ter tido liberação pra trabalhar de dia.
-Então, boba! Lembra disso. Do progresso que já vem acontecendo. Ocê vai passar por tudo isso e sair ainda mais fortalecida!
CORTA A CENA.
CENA 2: Valéria flagra Mônica comentando reação de Giovanna e a chama num canto.
-Mônica, vem cá um instante que eu preciso dar uma palavrinha, por favor. - pede Valéria.
Mônica acompanha Valéria.
-Fala, Val...
-Que que foi aquilo?
-Ah, só tava comentando com o pessoal que achei estranha a reação da Giovanna.
-E dando abertura pra burburinho e fofoca desnecessária? Segura essa língua, Mônica!
-Ué... mas o que é que tá acontecendo pra você me tomar desse jeito? Eu sei que a Giovanna andou fora de si, mas...
-A coisa é mais grave do que parece.
-Sério?
-Sim. Ela tem várias personalidades. Foi confirmado. O transtorno dela se chama transtorno dissociativo de personalidade. Dependendo do tipo de experiência a qual ela é submetida, ela assume uma personalidade diferente. Então eu peço que evitem essas conversas paralelas, esse diz-que-me-diz sobre a condição e o comportamento dela. Se ela pega vocês assuntando sobre isso, pode ser ruim pra ela e pra todo mundo aqui na agência.
-Gente... eu nunca nessa vida que pensei que as coisa estivessem nessas proporções! Estou horrorizada!
-Não fique horrorizada. Tenha respeito e empatia que já tá de bom tamanho.
-Tudo bem. Vou avisar o pessoal.
-Repasse a todos o que eu disse. Sem mudar uma vírgula, por favor.
-Deixa comigo.
CORTA A CENA.
CENA 3: Cristina acaba ficando distante no trabalho e termina por ligar para Vitório.
-Alô, Vitório? Tá podendo falar?
-Tou, né... cê sabe que não é fácil prum apenado conseguir emprego...
-Eita. Sabe o que é? Eu tou precisando falar. Colocar umas coisas pra fora.
-Coloque. Não precisa sufocar nada aí dentro. É sobre o Fábio?
-Sou tão óbvia, não sou?
-É mesmo.
-Tá, Vitório... eu sei que cê tá doido pra dar sua opinião cheia de mistérios e verdades.
-Mas quem ligou foi você. Desabafe você que eu digo o que eu acho.
-É tudo confuso, meu amigo... muito confuso. Eu sinto falta dele e ao mesmo tempo sinto um impulso de repelir ele.
-Não consegue esquecer o machismo dele?
-Exatamente.
-Francamente, Cris: você me perdoou e eu fiz coisa infinitamente pior. O que é que te impede de perdoar o Fábio?
-É completamente diferente: não tenho interesse romântico em você, Vitório.
-Em essência não é diferente. É por amar esse homem que você devia aprender a deixar de ser tão turrona, teimosa e cabeça dura.
-Cabeça dura, eu?
-Sim, você. Aprende a ser mais flexível, Cris! Porque do jeito que você conduz as coisas, acaba afastando todo mundo...
Cristina fica pensativa. CORTA A CENA.
CENA 4: Instantes depois, Gustavo vai até a sala de Cristina e pede para conversar com ela.
-Cris... tá muito ocupada?
-Nunca, cunhadinho, pode falar.
-Então... nem se preocupe que pretendo ser breve.
-Esquece isso, bobo. Sem pressa. Senta aí e leve o tempo que for preciso.
-Sabe o que é? Eu nem sei como pedir um trem desses...
-Pedindo, bobo. Pode falar.
-Eu ando precisando de umas duas semanas de descanso.
-Tenho mesmo te notado exausto, não anda rendendo da mesma forma que antes. A Dani chegou a comentaer comigo.
-Então... eu realmente ando precisando descansar.
-Será que é só isso, Gustavo? Não rem nada que você queira me dizer ou desabafar nesse momento?
-Não, por que?
-Querido, se precisar falar qualquer coisa, eu sou sua amiga e sua cunhada antes de ser sua chefe.
-Não tem nada. São algumas questões pessoais que nem você nem a Daniella podem resolver, só isso.
-Isso já não é o nada. É alguma coisa e se isso está te afetando, é sinal de que algo precisa ser feito nesse sentido.
-Sim. É por isso que eu mesmo vou resolver. E vou conseguir.
-Tá certo. Quer que eu já lance no sistema essas folgas? Esteja ciente que vou descontar das férias.
-Pode ser...
CORTA A CENA.
CENA 5: Nicole e Bernadete se empolgam ao receber os vestidos de noiva reformados e acabam por experimentar os vestidos ao recebê-los. Nicole elogia Bernadete.
-Dete, sua doida! Não é que você continua com essa cinturinha maravilhosa?
-Olha quem fala, Marilu. Você tá ainda mais magra do que era quando a gente era adolescente.
-Ah, minha filha... isso aqui foi custando muito exercício, porque se dependesse do meu apetite...
-E eu não sei? Tá sempre com fome, não é a toa que seu apelido era Magali!
-Boba. Mas para de desviar o foco. O vestido ficou maravilhoso no seu corpo.
-Sabe que nem eu sei como eu consegui me manter? Porque o problema no coração me deixou um bom tempo parada...
-A gente teve sorte, hein? As duas cinquentonas com tudo em cima!
-As duas vírgula que nem aos cinquenta você chegou ainda, Marilu!
-Abafa! Tou quase lá, boba.
-É, mas nunca vi essa coisa de querer ter mais idade, eu hein.
De repente, as duas ouvem batidas na porta.
-Quem é? - grita Bernadete.
-Sou eu, amor! - fala Sérgio.
-E eu também tou aqui! Vocês já estão de segredinho outra vez? - questiona Leopoldo.
-Não, seus enxeridos! Fiquem aí do lado de fora que a gente tá experimentando os vestidos que vocês não podem ver! - fala Nicole.
-Ah, então é isso, Leopoldo. As duas estão fazendo todo um mistério com esses vestidos de noiva. - fala Sérgio.
-É bom que vocês saiam daqui porque senão a gente mesmo expulsa vocês! - brinca Bernadete.
CORTA A CENA.
CENA 6: José conversa com Idina sobre suas expectativas relacionadas à candidatura.
-Amor, eu tava pensando numas coisas sobre tudo...
-Sobre a gente ou sobre a sua candidatura?
-Sobre a candidatura.
-Acho bom que você possa falar sobre isso. O que exatamente você tá pensando agora?
-Sobre o quanto não devo ter grandes expectativas.
-Concordo. Mas também não acho prudente nem justo ficar completamente ausente de expectativas.
-Nem eu disse isso. Espero conseguir um bom número de eleitores, fidelizar essa gente. Mas não espero ser eleito.
-Excelente. Você tá pegando bem o espírito da coisa.
-Foi o que a Larissa me disse.
-Então pode acreditar mesmo que tá no caminho certo, porque se a presidente nacional do partido te disse isso, é porque ela sabe muito bem do que tá falando. E o principal: ela acredita em você.
CORTA A CENA.
CENA 7: Carla chama Margarida e Érico para sala, ao chegar em casa.
-Mãe, mano! Venham aqui comigo na sala, por favor? - fala Carla.
-Por que tem que ser na sala? Tava aqui bem de boa lendo livro... - protesta Érico.
-Deixa de ser implicante, filho! A sua irmã quer nos mostrar algo... - fala Margarida.
-Então, gente... não é bem algo. É alguém. Mais precisamente, meu namorado. Ele veio comigo. - esclarece Carla.
-Ah, quer dizer que não sou só eu que tou namorando? Gente, passado que seu namorado existe! Pensei que fosse mais uma binada, cilo! Digo, uma cilada, bino! - brinca Érico.
Carla ri.
-Venham comigo na sala. Ele quer conhecer a minha família.
Margarida e Érico acompanham Carla até a sala, onde Maurício aguarda sentado no sofá.
-Bem, gente... esse é Maurício. Meu namorado. - fala Carla.
-Prazer, Maurício. Sou Érico, irmão da Carla. - fala Érico.
-E eu Margarida, a mãe dos dois. - fala Margarida.
-É um prazer imenso conhecer vocês. Quando a Carla disse que a família dela morava perto de onde eu moro, eu nunca na vida pensei que fosse tão perto! - fala Maurício.
-Foi coisa do destino mesmo, gente. Ele foi me achar nas redes sociais e se interessar por mim logo quando eu tava no exterior... - fala Carla.
-Não pensem que foi fácil dobrar essa canceriana aí, viu? Se defendeu de tudo quanto foi jeito! - fala Maurício.
-Claro, né! Fui ser achada pelo cara perfeito quando eu tava em outro continente, né! Já tava me sentindo a azarada maior do universo! - argumenta Carla.
-E foi aí que eu comecei a luta diária pra ir conquistando... não é que deu certo, gente? - prossegue Maurício.
CORTA A CENA.
CENA 8: Pouco antes de encerrar seu expediente, Cristina pensa em Fábio e considera a possibilidade de ir vê-lo.
-Será que vou ver o Fábio? De repente o Vitório tem razão e eu preciso aprender a ser menos turrona... - fala Cristina, consigo mesma.
Cristina pega seu celular e disca para Vitório, que não atende.
-Ai, caramba! Onde é que o Vitório se enfiou que nem a merda do celular ele é capaz de atender?
Cristina fica pensativa.
-Será que procuro o Fábio sem falar com o Vitório antes? - questiona a si mesma.
CORTA A CENA.
CENA 9: Daniella se empolga fazendo planos com Gustavo para aproveitar dias que ele conseguiu de folga.
-Amor, bem que a gente podia aproveitar melhor essas duas semanas, né?
-Como assim, Dani?
-Sei lá. Duas semanas é um tempo considerável. A gente pode aproveitar que tem mais tempo livre junto pra fazer algumas coisas assim, até sem planejar. Umas loucuras básicas...
-Será?
-E por que não? Quer melhor maneira de aproveitar o tempo que essa?
-É, realmente não tem.
-Tá vendo? Então me ajuda a pensar em coisas que a gente pode fazer, amor... que eu tou cheia de ideias, mas quero ouvir as suas também.
CORTA A CENA.
CENA 10: Fábio se prepara para dormir quando ouve sua campainha tocar.
-Ah, não! Eu não acredito que o Maurício resolveu trazer a Carla aqui uma hora dessas! Eu avisei que queria dormir cedo! - esbraveja Fábio, consigo mesmo.
A campainha toca insistentemente e Fábio se impacienta, a gritar.
-Já vai, caramba! Não sabe esperar, não? Eu, hein!
Ao abrir a porta, Fábio se surpreende ao se deparar com Cristina.
-Você aqui? Eu não pensei que... quer dizer, eu pensei que fosse o Maurício.
-Notei pelos gritos.
-Entra, por favor. Quer um chá.
-Aceito. Mas antes a gente precisa ter uma conversa. Definitiva.
Fábio se surpreende. FIM DO CAPÍTULO 183.
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